quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Etapas da Transformação Interior do Espírita - 6ª Etapa - 13/04/11


A singularidade é a identidade cósmica da criatura. Sua marca pessoal na obra da criação. Ser singular significa ser verdadeiramente quem você é. Portanto, essa etapa da transformação interior só pode ser atingida quando quando conquistamos uma maior harmonia com nossa sombra inconsciente.
Só é possível enxergar quem somos quando mergulhamos no mundo das ilusões que construimos no inconsciente, para aprender a garimpar os dimantes de nossos valores e qualidades, talentos e vocações. Enxergar significa aceitar. Aceitar quem somos. Essa 6ª etapa da transformação, em verdade, é o resgate do que já está em nós e ainda não expressamos.
A vida mental pode ser considerada madura quando atingimos esse estágio de aceitação e relação pacífica com a vida interior.
Aceitar quem somos não quer dizer que tenhamos que viver de conformidade com as tendências e desejos, mas olhar para eles com dignidade e se perguntar: o que eu vou fazer com o que descobri sobre mim? Aceitar não é conformar e sim ter coragem para examinar e refletir, conversar e discutir sobre o que acontece na intimidade.
Como diz Jung: “Nenhuma circunstância exterior substitui a experiência interna. E é só à luz dos acontecimentos internos que entendo a mim mesmo. São eles que constituem a singularidade de minha vida”. - C.G.Jung, “Entrevistas e Encontros”; editora Cultrix
Ser quem somos! Não será essa talvez a maior finalidade da existência?
Quando tentamos levar uma existência totalmente sob orientação dos modelos que nos foram ensinados e cobrados, certamente passaremos pela dolorosa experiência da depressão. A depressão, em síntese, é um recado da vida mental solicitando autenticidade e expressão pessoal.
O livro “Prazer de Viver”, de Ermance Dufaux, nos trouxe orientações preciosas sobre singularidade. Ela diz que na infância os pais escolhem para nós. Na juventude, os grupos sociais determinam nossas opções. Depois os cônjuges passam a constituir as referências mais importantes. E, por fim, já na meia idade, quando os filhos crescem e o casal começa a avaliar sua vida pessoal, depois de toda essa trajetória, quase sempre a pessoa chega à seguinte indagação: e eu, o que é que eu quero da vida?
Nessa altura da reencarnação, já lá pelos 35, 40 ou 50 anos, sob o peso de muita frustração, instabilidade e insatisfação começamos a sentir essa necessidade da alma, pedindo socorro para se manifestar. No início desse movimento interior sentimos muita culpa por pensar ou desejar um caminho diferente daquele que nos foi “imposto”. Depois, pouco a pouco, vamos aprender o que fazer com o que estamos sentindo.
O mais importante nesse momento da vida para não trocarmos alhos por bugalhos, ou seja, para não sairmos da insatisfação para novas ilusões, será achar o COMO encerrar os ciclos da nossa vida com dignidade e honestidade.
Para muitas pessoas esse será um momento de rupturas. Para outras, será um momento de adequações e reexames. Mas, para todos, sem exceção, será um momento de transformação que vai nos levar a estar mais perto daquilo que aqui viemos fazer na Terra. É a singularidade que constrói sentido à existência. Ela cria uma ressonância com a marca de Deus em nós. Ser singular é sem quem somos. Para isso viemos à reencarnação.
Em síntese, as seis etapas da transformação interior caminham nessa ordem: adquirimos o conhecimento que nos desperta, assumimos o compromisso de mudar nossa forma de viver, todavia, o propósito último de todo esse esforço é essa descoberta transformadora sobre quem somos nós – a fonte de libertação e manifestação da grandeza de Deus que está em nossa consciência.

Etapas da Transformação Interior do Espírita - 5ª Etapa - 06/04/11




A renovação de atitudes acontece de forma expressiva quando soubermos gerenciar com habilidade o que está dentro de nós, assunto abordado na etapa anterior.
Querer fazer reforma no comportamento sem aprender lidar com a sombra é querer queimar uma etapa natural no processo de crescimento espiritual. Quanto mais aprendemos sobre as forças inconscientes, mais poder de renovação adquirimos.
Quando estamos em paz com nossa sombra, surge a serenidade e, através dela, reunimos melhores condições para três atitudes básicas para nos transformar:
1)    Fazer escolhas mais conscientes;
2)    Adiar gratificações sem tombar nas ilusões que nos atraem;
3)    Ser mais adequado em nossa conduta em cada situação que a vida nos apresenta.
A atitude renovada é fruto de uma coerência entre PENSAR, SENTIR e FAZER.
Uma pessoa em paz interior está mais protegida das atitudes de irritação, impulso, desonestidade, infidelidade, desrespeito, abuso, vingança, ambição e outras tantas ações que são manifestações perturbadoras de nosso equilibrio.
Kardec foi brilhante ao conceituar: “Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más.” – O Evangelho Segundo o Espiritismo – capítulo XVII – item 4.
A transformação interior é individual, processual e singular. Violentar esses quesitos é abrir caminho para a hipocrisia. Por essa razão será muito valoroso que nossas comunidades se organizem com muito respeito e sinceridade uns com os outros, para não darmos mais valor a padrões de ser espírita do que à autenticidade que cada um é portador.
Vamos ilustrar o assunto tomando por base cada etapa já descrita nos ARTIGOS ANTERIORES. Acredito que será a melhor forma de entender essa 5º etapa e aproveitar para rever as demais.
Suponhamos que uma pessoa renasce com uma forte carência afetiva e toma contato com o Espiritismo. Vamos ver essa situação em cada etapa até à renovação de atitudes?
1º ETAPA – PROJEÇÃO TÓXICA E AUTO-OBSESSÃO
Habitualmente, essa pessoa carente chega à doutrina muito sofrida. Foi mau amada ou desamada pelos pais ou por um dos dois. Já desde criança sente-se rejeitada, agredida e vítima. Ao encontrar a doutrina, fará fortes projeções nos pais, nos colegas de trabalho e nos relacionamentos afetivos acerca de sua dor. Por meio das palestras, começará a cogitar que foram pessoas que ela lesou no passado e que hoje voltam ao seu lado, mas mesmo aqui há uma projeção, isto é, elas voltam ao lado para cobrar ou para vingar na sua percepção. Essa criatura ainda não se vê dentro do processo e nem tem sua mágoa e sentimento de rejeição amenizados por esse conhecimento espírita que lhe é transmitido.
2º ETAPA – IDENTIFICAÇÃO INTELECTUAL DAS IMPERFEIÇÕES
Essa pessoa sofrendo de carência afetiva começa a entender mais sobre seu drama e admite intelectualmente que também ela, de alguma forma, pode ter feito algo para merecer suas dificuldades. Ainda assim, por conta da projeção psicológica intensa, joga o assunto para as outras reencarnações e quando consegue um pouco de coragem para falar de sua responsabilidade no presente, assume sua postura de vítima da vida.
3º ETAPA – RECONHECIMENTO EMOCIONAL DAS IMPERFEIÇÕES
Importante frisar que as conjecturas intelectuais que a pessoa faz com o novo conhecimento espírita nem sempre ameniza sua dor que, em verdade, é totalmente emocional. A doutrina pode lhe ter explicado as razões da dor mas ela ainda não aprendeu o que fazer com sua dor. Uma coisa é você saber o PORQUE DA DOR e outra muito diferente é saber PARA QUE A DOR, ensina-nos Ermance Dufaux, em seu livro “Prazer de Viver”. Nesse estágio a pessoa já está esgotada de ser agredida, lesada e com um ardente desejo de ser amada e de amar. Por fim, exaurida, ela começa a desejar dar um fim em sua situação. Ela começa a dizer: “chega! Ou eu mudo isso, ou já vi que ninguém fará isso por mim!” É aqui se inica a reforma. A criatura assume pelo coração que está em sua mão dar direção consciente à sua existência. Chama para si a tutela do seu destino. E isso acontece em nível emocional. Quando há essa postura, abre-se um caminho novo de vivências rumo à libertação. Ao mesmo tempo, intensifica o sofrimento porque está fazendo o autoenfrentamento. É aqui o momento certo para uma terapia e o pedido urgente de socorro.
Apenas um dado importante que tenho observado como terapêuta: cada pessoa em sua vida tem um trajeto pessoal, mas costumeiramente essa  3ª etapa, em boa parte das pessoas, acontece lá pelos 30 a 40 anos, tenha ela ou não o conhecimento da doutrina. Por isso, essa idade cronólogica se torna a idade dos medos. A pessoas está cortando o “cordão umbilical” com o que ainda a impossibilita de ser quem é. Isso da muito medo. Medo de estar tomando decisões erradas ou de estar obsidiada. Medo de ferir quem ama. Medo de mudar e tantos outros medos. No caso do espírita, esse medo está, sobretudo, em olhar com autenticidade para aquilo que sente e se perguntar o que quer fazer com aquilo. Há uma repressão assustadora em nossas ações de esclarecimento doutrinário em torno deste assunto. É uma pena! Isso é que estimula e favorece a falsidade...
4º ETAPA – DESENVOLVIMENTO DA HABILIDADE DE CONTATO COM A SOMBRA
Se a pessoa carente resolve determinadamente manter sua busca, mesmo em meio à dor intensa, ela vai aprendendo como agir consigo mesma. Desenvolve a habilidade do autoconhecimento e, por consequência, a capacidade de entender seus sentimentos e as motivações que lhe fazem sentir tanta carência. Ela se tornará mais serena e isso lhe permitirá vigiar mais as suas escolhas. Ela perceberá que precisará de um período de “silêncio afetivo”, isto é, parar de se entregar ào suposto amor que os outros lhe oferecem. Pessoas carentes tem uma campo energético propício para atrair agressores, exploradores, inseguros e acomodados que usam a palavra amor para esconder interesses infelizes. Não é por outro motivo que tantos relacionamentos deterioram de uma hora para outra.
5º ETAPA – RENOVAÇÃO DE ATITUDES
Depois de muita dor e orientação emocional, o carente passa a farejar esse tipo de energia em si e nos outros. Isso mudará completamente sua atitude. Aqui sim começa a renovação de atitudes.
Via de regra, o grande trabalho que uma pessoa carente terá que construir é o do amor que necessita expressar a si mesmo, em primeiro lugar. Quando uma pessoa carente se achar uma boa companhia a si mesmo, começa esse autoamor.
Gostar de si será a mudança de conduta que liberta da carência afetiva, porque uma pessoa que mendiga o amor dos outros detesta a si própria.
Se você tiver alguma pergunta sobre sobre o tema, vá ao MENU PERGUNTE-ME aqui em meu blog. Vamos aprender juntos e intercambiar nossas vivências. Um abraço.

Etapas da Transformação Interior do Espírita - 4ª ETAPA - 30/03/11


Antes de qualquer palavra, vamos deixar bem definido o conceito de sombra, um termo técnico da psicologia junguiana.

“É a parte da personalidade que é por nós negada ou desconhecida, cujos conteúdos são incompatíveis com a conduta consciente.” -(trecho extraído da obra “Psicologia e Espiritualidade” do escritor espírita e psicólogo Adenáuer Novaes)

A sombra é a aquela parte de nosso inconsciente que desconhecemos, para a qual são destinados todo o conteúdo psíquico que não conseguimos elaborar conscientemente. A sombra tem também valores, talentos, vocações e não significa algo “tenebroso ou escuro”, mas algo desconhecido.

Apesar de encontrar-se no inconsciente, seu poder de influência e ação na nossa vida consciente é maior que podemos imaginar. É nessa sombra que está nosso “homem velho”, nossas tendências e nossos hábitos que necessitam ser superados.

Agora, voltemos a sequência de nossos artigos.

Na 1ª etapa temos a necessidade de mudança que comanda o interesse em fazer algo diferente (isso cria desconforto). Na 2ª etapa é o conhecimento que predomina incentivando a crítica na busca do que fazer (isso gera cobrança e conflito). Na 3ª etapa é a angústia de reconhecer seu interior diante do autoenfrentamento (angústia de se entender). E, agora, na 4º etapa surge a habilidade decorrente do autoenfrentamento. Essa habilidade consiste no COMO eu preciso fazer para que a minha angústia de renovar se torne uma realidade ou como transformar minha angústia em mudança.

Como as etapas são todas encadeadas e dinâmicas, com interação entre si, é importante destacar que a habilidade desenvolvida nessa 4ª etapa é comprovada por meio da renovação de atitudes criando um sentimento de bem-estar, alcançando, portanto, a 5ª etapa. Quando surge esse sentimento percebemos que estamos lidando bem com o que acontece em nosso interior e vamos entendendo melhor esse COMO fazer.

A angústia presente na 3ª etapa torna-nos uma pessoa muito cinestésica, ou seja, muito focada no que sentimos. Isso é fundamental aqui na 4ª etapa, porque de tanto se esforçar por entender a nós mesmos desenvolvemos a habilidade de gerenciamento da sombra.

O conjunto desse desenvolvimento interior denominamos inteligência emocional.

Vamos anotar de forma bem prática algumas habilidades que são indicadoras de inteligência emocional, para que tenhamos uma noção sobre como é importante essa capacidade de gerir a vida interior:

  • Saber DENOMINAR as emoções. Conhecimento ampliado do que significa e como denominar cada sentimento em si mesmo.
  • Uma AUTOPERCEPÇÃO real de si mesmo resultante do autoenfrentamento.
  • AUTOMOTIVAÇÃO persistente diante de frustrações e obstáculos da vida. A pessoa encontra força dentro de si para caminhar sem desânimo e com bom humor.
  • CONTROLE consciente sobre impulso antes não detectados e nem sob domínio.
  • Foco mental no PRESENTE sem ânsia pelo resultado ou gratificação pelas realizações pessoais ou sociais.
  • Capacidade de destacar os talentos alheios. Uma grata disposição para ver somente o lado bom da vida e de todos com muita EMPATIA na relação.
  • Abertura para críticas. Um acolhimento afetuoso diante de reprovações porque a pessoa tem um JUÍZO SÓLIDO de si.

Essas e muitas outras características de inteligência emocional nos capacitam para saber O QUE e COMO fazer com o “homem velho”, a nossa sombra interior.

Recordando um aspecto importante, a sombra não contém apenas elementos inconscientes prejudiciais. Nela também encontramos qualidades, talentos e vocações.
A reforma íntima não significa apenas tirar algo ruim de nós e colocar algo melhor no lugar, mas descobrir o que de bom já está em estado adormecido na intimidade profunda. Ter consciência de valores que podemos educar.
Com inteligência emocional seremos compassivos com nossas tendências, usaremos de autoamor para construir o homem novo. E amor a si é a primeira condição de saúde mental e espiritual para realizar qualquer movimento de crescimento. Com estima a si, avançamos dentro da realidade. Quando brigamos conosco “avançamos” com ilusões.
O que fomos um dia faz parte do patrimônio de nossa evolução. Se eu abortei, matei, traí, fui desonesto, enfim, se perdi oportunidades, tenho que olhar com sabedoria e perdão para esse meu passado. Entender que naquele momento era o que eu queria ou podia fazer. Agora que tenho um novo conhecimento surge a culpa e ela existe para que saibamos como nos posicionar em relação às crenças que temos, inclusive as crenças sobre o nosso passado.
Se eu renasço com carência afetiva, isso, sem dúvida é um carma. Todavia, o carma existe para fazer progredir e não para passar por uma dor que fizemos alguém passar. Essa noção tóxica de carma é idolatrada pelos inimigos do bem nas organizações da maldade no astral (vide “Os Dragões” de Maria Modesto Cravo – Editora Dufaux). Eu venho então com uma prova como a carência para APRENDER E EDUCAR na sua superação. Cada um de nós terá um ponto central a desenvolver e uma vocação particular a aprimorar.
Somente quando reunimos melhores habilidades para gerir esse mundo emotivo e todas as suas peculiaridades é que também arregimentamos poder transformador das atitudes, tema que será a nossa 5ª etapa na série de artigos.

Etapas da Transformação Interior do Espírita – 3º ETAPA - 16/03/11

Essa é a etapa em que começamos a olhar para dentro com mais intensidade, porque iniciamos a elaboração da vida emocional com mais foco. Mais do que conhecimento, nessa etapa importa-nos o que sentimos. Damos mais valor às vivências internas do que às atividades de movimentação exterior. Começamos a perceber que tarefa, conhecimento espírita, tempo de Espiritismo, cargos ou bagagem doutrinária não são suficientes para nos trazer o bem-estar íntimo por automatismo. 
É uma etapa de muita coragem porque temos que nos desnudar para nós mesmos. Começar a entender bem a razão emocional de nossas ações, de nossos pensamentos e de nossas escolhas. É o momento que sentimos uma dor psicológica muito intensa, a dor do crescimento. E junto dela, na maioria dos casos, vem a dor adicional do martírio porque ainda não sabemos como gerenciar esse mundo emotivo.
Temos uma abertura para sentir nossas imperfeições, porém, ainda não temos a competência para saber o COMO FAZER para direcioná-las a algo melhor. 
As nossas organizações espíritas não estão preparadas e, portanto, não estão preparando-nos para essa experiência. Ainda se trata muito pouco sobre esse o COMO nos nossos estudos doutrinários. Literaturas como as de Joanna de Angêlis, Hammed, Ermance Dufaux e outros autores espirituais tem sido de grande ajuda nesse desafio. 
Vou chamar essa etapa de reconhecimento emocional das imperfeiçoes. Algumas pessoas, ao entrarem para o Espiritismo, saltam muito rapidamente para essa 3º fase. Outros, como disse no primeiro artigo da série, podem passar uma vida inteira nesse reconhecimento emocional das suas imperfeições e gerarem uma terrível baixa autoestima. Aliás,tenho motivos de sobra para acreditar que aqui se situam a grande maioria de nós espíritas. Projetamos muito, sabemos muito e já começamos a progredir interiormente, embora sem habilidades suficientes para sabermos o que fazer com o que descobrimos sobre nós próprios.
Assim sendo, tornamo-nos nossos inimigos. Agredimo-nos por descobrir a nossa sombra interior. Queremos anular uma parte nós por não sabermos o que fazer com ela. Há uma exagerada fixação nas deficiências, nas doenças espirituais.  Há um traço acentuado desse estado emocional em nossa comunidade. É uma fase de cobranças muito violentas e de conflito. Infelizmente, a própria linguagem usada em nossos ambientes fortalece nossa decepção conosco e aumenta o medo que devemos ter de certos comportamentos.
Exemplo disso: as frases que expressam nossas dívidas do passado ou o medo que nos é passado sobre condutas como elogio, dinheiro, beleza e sexualidade.
Não somos educados para saber como ser espíritas de verdade, autênticos. Somos treinados para adotar condutas que foram exemplificadas por grandes líderes espíritas do passado que se aqui estivessem renascidos teriam novas condutas, estou convicto.
Não somos educados para saber o que tirar dos grandes exemplos destes líderes e fazer a nossa adeguação, todavia, somos treinados para ser igual a eles.
Daí surge o senso de imitação doentio que faz com que muitos companheiros de ideal, neguem a sua luz pessoal, para terem exito nos estilos de outros bem sucedidos trabalhadores da causa. São cópias de estilo que estrangulam a singularidade, a criatividade e, sobretudo, a naturalidade.
O futuro acena para a singularidade humana e não para cópias. O importante é florirmos onde e como somos chamados. Quanto mais padrão, menos legitmidade. Quanto mais uniformidade, menos criatividade. Quanto mais normas, menos autenticidade.
Reconhecer as imperfeições através do autoconhecimento é o primeiro grande passo de progresso na reforma interior. Contudo, quando usamos autoconhecimento para nos massacrar isso não está em sintonia com a proposta de desenvolvimento moral e espiritual à luz do Evangelho e do Espiritismo.
Diante deste quadro de nossas necessidades, mais que nunca mexemos com nossas feridas sem saber o que fazer com a dor provocada.
Por essa razão, até que nosso centros espíritas se tornem núcleos de educação para sabermos como desenvolver a nossa parte luminosa, teremos que recorrer à terapia, à ajuda profissional e a outros caminhos que nos auxiliem a avançar para a 4º etapa de nossa renovação, o desenvolvimento da habilidade de contato com a nossa sombra para aprender como dela extrair diamantes luminosos, que foram depositados em nós por Deus.
Se você tiver alguma pergunta sobre sobre o tema, vá ao MENU PERGUNTE-ME aqui em meu blog. Vamos aprender juntos e intercambiar nossas vivências. Um abraço.

Etapas da Transformação Interior do Espírita – 2º ETAPA - 02/03/11

Para facilitar o entedimento, vamos resumir as seis etapas dessa série de artigos em três e teríamos algo assim: na primeira entramos para o Espiritismo. É o contato com as idéias da doutrina. Na segunda, a doutrina começa a penetrar nossa intimidade e na terceira a doutrina começa a sair de nós em forma de ações renovadas.
A segunda etapa corresponde bem a isso: é quando começamos a absorver Espiritismo para nós. A doutrina entrando em nós. Começa a acontecer uma efetiva movimentação íntima no sentido de mudar o comportamento. 
Essa mudança ocorre ainda em níveis superficiais. Nem por isso, deixa de ser importante. Aliás, cada etapa da transformação deve ser examinada com muito respeito seja em nós ou nos outros. Cada reforma íntima obedece à particularidade do estágio de cada pessoa. Esse não é um assunto que pode ter regras ou conceitos fechados.
Essa é a etapa do “nós”. 
“Nós somos imperfeitos”, “nós somos falidos de outras encarnações”, “nós somos egoístas”, “nós somos, nós somos e nós somos”...
Já conseguimos identificar limitações em nossa intimidade mas fazemos isso ainda de forma muito intelectual através de informações que adquirimos em livros, palestras e outras formas de assimilar costumes e idéias na comunidade. 
Já temos um nível mínimo de aceitação para admitir algo sobre a nossa vida interior, por meio da instrução adotada por herança. Ainda é algo vindo de fora para dentro.
A mudança dessa etapa ainda é muito superficial porque ela tem duas caracteristicas:
1)    É absorvida apenas como conhecimento ainda não introjetado.
O conhecimento espírita em nossa vida, assim como qualquer fonte de instrução, pode ser apenas aquisição de instrução ou uma chave que pode nos abrir a vida mental e afetiva para o caminho da renovação. Em quaisquer situações a cultura espírita é valoroso tesouro para nossa vida. Todavia, entre adquirir conhecimento e consolidar uma mudança nos hábitos e nos sentimentos existe um enorme abismo a ser vencido que, para cada pessoa, tem um tamanho inerente à sua trajetória reencarnatória.
A princípio esse conhecimento apenas serve como um fermentador de idéias e não atinge profundamente a vida emocional. É algo assim: já sabemos o que devemos fazer, entretanto, ainda não consguimos sentir o que já sabemos.
Um exemplo bem singelo: estamos informados que devemos amar o nosso vizinho. O problema é que se ele nos mostra o carro última novidade que comprou, somos tomados pela inveja e podemos fazer um julgamento que nos desaproxima do amor aplicado.
Outro exemplo: sabemos que cobiçar a mulher alheia (ou o homem alheio) é algo que não serve ao bem de todos, mas se a nossa colega de trabalho apresenta um namorado bem bacana, a gente se sente um trapo ou não contém de interesse, talvez até desejo.
Mais dois exemplos:
Sabemos da importância de ser paciente no trânsito e não conseguimos conter ou transformar o que sentimos: ansiedade, medo, tensão.
Sabemos que somos orgulhosos e não conseguimos identificar pelo sentimento as manifestações dese orgulho em nossa conuta.   
2)    A reforma é feita por contenção e não por transformação. 
Isso talvez seja o que torna esse ciclo da transformação íntima ainda muito superficial. O conhecimento é usado apenas para inibir, reprimir, conter. Aprendemos, por exemplo, que é necessário ser paciente e o que fazemos é apenas conter a irritação, reprimir o desejo de chingar alguém ou explodir na atitude diante dos nervos atacados.
O fato de ser superficial, volto a frisar, não quer dizer que seja ruim. O fato de ser apenas contido não quer dizer que não faça parte do processo da melhora. É o que cada um de nós pode dar conta em certa fase da vida. Chamamos de superficial para deixar claro que ninguém faz reforma íntima verdadeira apenas matando coisas dentro de si ou reprimindo-as.
A propósito, se tem algo que nos foi ensinado de forma incoerente é essa idéia de matar o homem velho fazendo dele um inimigo dentro de nós. Jamais exterminamos o que temos dentro de nós, apenas transformamos. Não eliminamos o homem velho e sim aprendemos a como lhe dar uma direção nova.
Tudo que nós falamos no meio espírita que existe no homem velho e costumamos dizer que precisamos matar, foi colocado em nós para o bem. Só que não sabemos o que fazer com esse patrimônio.
Ermance Dufaux está escrevendo um livro falando exatamente sobre isso, embora ela já tenha dado dicas preciosas sobre o assunto no seu livro “Escutando Sentimentos” ao mostrar que nada é indigno dentro de nós. Precisamos sim é aprender o que fazer com o que consideramos indigno, tal como: a culpa, o medo, o arrependimento, as más ações não intencionais, a vaidade e até mesmo o próprio egoismo. 
A grande diferença nesse tema é que nos falta aprender e nos educar para saber como ter sob nossa gerência as expressões de nossa sombra interior, de nosso inconsciente.
A grande meta da libertação pessoal através da reforma íntima é saber como ter o nosso homem velho como um aliado de nós próprios. Existem dois livros ótimos sobre o assunto: “Dores da Alma”, de Hammed, e “Reforma Íntima sem Martírio”, de Ermance Dufaux.
Enfim, nessa 2º etapa da transformação, deixamos de lado um pouco mais as projeções e passamos à condição de filosofos da doutrina. Brincando um pouquinho com a coisa, podemos dizer que é a fase das “viajens na maionese”, quando usamos Espiritismo para explicar tudo e temos explicações para tudo, respostas para tudo. Isso acontece porque aquele conhecimento nos tocou, tem algo nele que vai ser muito útil à nós, conquanto ainda não saibamos como usá-lo para fazer o mais importante que é CONHECER A SI MESMO E CONSTRUIR SUA PAZ PESSOAL. Esse é o limite entre essa etapa e a seguinte na qual o conhecimento serve mais do que para viagens culturais, e começa a tocar as fibras do sentimento. 
Podemos dizer que é na 3º etapa que se inicia o processo da transformação verdadeira, enquanto as fases anteriores foram preparatórias, despertadoras.
Se você tiver alguma pergunta sobre sobre o tema, vá ao MENU PERGUNTE-ME aqui em meu blog. Vamos aprender juntos e intercambiar nossas vivências. Um abraço.
http://www.wanderleyoliveira.blog.br/artigos/etapas-da-transformacao-interior-do-espirita-%E2%80%93-2-etapa-02/03/11

Etapas da Transformação Interior do Espírita – 1º ETAPA


Sem  desejar fechar o assunto, farei algumas anotações práticas sobre os ciclos da transformação pessoal, recordando que para cada pessoa essas etapas vão variar em detalhes e conjugar fatores que são inerentes à singularidade de cada criatura. Por essa razão, podemos encontrar as mais infinitas variações no tema, mesclando elementos de uma com outra etapa ou, até mesmo, “queimar” algumas delas.Lembremos, portanto, que as seis etapas são dinãmicas e interagem entre si.
Minhas anotações serão construídas em 6 artigos aqui no blog até concluir a última das etapas que serão assim divididas:
1º ETAPA – Projeção tóxica e auto-obsessão
2º ETAPA – Identificação intelectual das imperfeições
3º ETAPA – Reconhecimento emocional das imperfeições
4º ETAPA – Desenvolvimento da habilidade de contato com a sombra
5º ETAPA – Renovação de atitudes
6º ETAPA – Singularidade
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Começemos!

A projeção é um mecanismo psicológico que mais frequentemente pode ser observado em pessoas que desenvolvem um forte desejo de mudança e tomam contato com o Espiritismo.
Nesse etapa, quase sempre há uma procura pela doutrina devido ao sofrimento, curiosidade ou despertamento pessoal e, seja por qual for o motivo, ainda não existe uma abertura mental amadurecida para absorver as verdades espirituais com incondicional inclusão de si próprio nos ensinos que são aprendidos.
Vou usar daqui para frente o “nós” para falar com mais naturalidade do tema. 
Nessa etapa é comum nos encantarmos com os ensinos espíritas, com os tarefeiros e com a energia do ambiente do Centro Espírita. Deslumbrados ou simplesmente tocados por tudo isso, começamos a experimentar uma forte motivação para estar nas reuniões, ler os livros, conversar sobre os assuntos, enfim, nos alimentarmos com o que está nos fazendo bem. 
Porém, o vislumbre saudável com a nova odem de idéias acarreta uma sutil experiência para a vida interior. As orientações começam a nos incomodar quando percebemos que estamos distantes das propostas espíritas-cristãs. Sentimos vergonha, medo e, por fim, criamos um clima de tensão emocional resultante do conflito entre o que estamos aprendendo e o que sentimos e vivemos.
Esse quadro mental para cada pessoa pode durar meses, anos, décadas e até mesmo reencarnações. Tudo depende do nível de maturidade individual e da forma como vamos lidar com todas essas situações na vida interior, a partir da intensidade do CONFLITO que se desenvolverá.
A atitude mais habitual de defesa diante dessa turbulência emocional é a camuflagem, isto é, a adoção de máscaras com as quais possamos, consciente ou inconscientemente, continuar nossa socialização no grupo que participamos e conseguir uma mínima taxa de auto-aceitação diante do que estamos experimentando nas emoções.
Com o tempo, porém, tais máscaras perdem o seu efeito de mecanismo protetor para constituirem conflitos exaustivos que podem trazer o desânimo e a aflição. O desânimo por não darmos conta de ser quem gostaríamos de ser e a aflição por sermos quem somos. É com base nesse quadro mental que surgem os mais conhecidos quadros de auto-obsessão.
Devido a essa intensa pressão interior, a projeção torna-se um mecanismo de fuga. É bem mais fácil ver o problema no outro, na família, nos colegas de trabalho, nos ambientes e até nos obsessores. Costuma ser a etapa que temos mais dificuldade para assumir responsabilidade sobre o que parte de nós.
Por conta dessa projeção tóxica começa um outro mecanismo cujo propósito é a defesa da vida psicológica: a idealização. Idealizamos o mundo e as pessoas em padrões fechados e alicerçados nas nossas concepções rigorosas de Espiritismo e de vida. Começamos a dizer para os outros o que é a verdade. Temos a nítida sensação de que achamos o caminho da existência e temos que salvar o mundo... Evidentemente, para cada pessoa isso toma uma proporção chegando muitos aos extremos doentios nessa atitude.
Essa idealização torna-se uma verdadeira fascinação do pensamento e a projeção mais comum é o que Ermance Dufaux chama de “síndrome de além-túmulo”, em seu livro “Mereça ser Feliz”. Projetamos o que há de mais essencial, ou seja, a vida com todas as suas implicações e relações, para o mundo espiritual. Vivemos, escolhemos e fazemos tudo pensando em como vamos chegar do lado de lá. Uma das mais tóxicas e milenares projeções dos religiosos de todos os tempos.
Muitos de nós podemos passar uma reencanração inteira nesse quadro, porque não damos conta ou não queremos avançar. Isso depende do desenvolvimento e da escolha pessoal.
Nesse quadro psíquico a cooperação nas atividades espíritas é superdimensionada e construímos um juízo ilusório sobre a importância pessoal. Quanto mais absorvemos a literatura e as informações sobre a vida espiritual, mais dilata-se a sensação de grandeza e superioridade moral. Entretanto, enquanto essa doença agrava-se, cada vez mais nos distanciamos dos nossos verdadeiros sentimentos. É a isso que os amigos espirituais chamam de “Espiritismo na cebeça e distante do coração”. É uma congestão de conhecimento espírita que não ajuda em nada ou quase nada para nossa paz interior, tão somente pelo fato de não termos sido orientados sobre como usar a informação para alcançar a transformação.
Esse comportamento projetivo é histórico na comunidade espírita. Na verdade, ele faz parte da história da religião na Terra. Sendo assim, o próprio formato como a grande maioria dos núcleos espíritas se organizaram, é um estimulador dessa doença que, infelizmente, cria condições para a falsidade e a arrogância nas relações humanas.
É por isso que uma das experiências mais comuns estão acontecendo na convivência entre espíritas: a mágoa. O castelo de ilusões que são construídos uma hora despenca e surge a decepção, a raiva criando o clima da mágoa pelas expectativas não atendidas.
Aliás, se tem um traço psicológico que marca essa etapa é a ilusão. Iludir-se é acreditar nas coisas ou nas pessoas construindo uma percepção irreal de todas elas. Acreditamos que algo ou alguém é de um jeito e nos apegamos naquilo. Depois, a realidade nos mostra outra perspectiva e isso é bem difícil de aceitar. Surgem muitas ilusões quando entramos para o Espiritismo. Algumas delas permanecem por longo tempo dependendo da maturidade individual.O que fazer para sair dessa etapa?  
Acho que só terei algumas considerações sobre essa pergunta quando for falar da 3º etapa, porque na 2º etapa existe ainda um efeito nocivo dessa projeção que vamos abordar no segundo artigo da série.
Se você tiver alguma pergunta sobre sobre o tema, vá ao MENU PERGUNTE-ME aqui em meu blog. Vamos aprender juntos, intercambiar nossas vivências e tomar aquele cafezinho. Um abraço.

Em http://www.wanderleyoliveira.blog.br/artigos/etapas-da-transformacao-interior-do-espirita-%E2%80%93-1-etapa-23/02/11

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Caps e Outros Serviços 
Relação de Centros de Atenção Psicossocial – CAPs - criados para ressocialização de usuários do sistema de saúde mental -, hospitais públicos e hospitais conveniados ao SUS.
        O Amor-Exigente (AE) atua como apoio e orientação aos familiares de dependentes químicos. O Programa eficaz estendeu-se também ao trabalho com Prevenção , passando a atuar como um movimento de proteção social já que Amor-Exigente, desestimula a experimentação, o uso ou abuso de tabaco, do álcool e de outras drogas, assim como luta contra tudo o que torna os jovens vulneráveis, expostos à violência, ao crime, aos acidentes de trânsito e à corrupção em todas as suas formas; são também propostas do Amor-Exigente.  http://www.amorexigente.org.br


    Grupos Familiares
Al-Anon do Brasil

  Um recurso para familiares e amigos de alcoólicos.
Alateen - É para jovens  cujas vidas foram ou estão sendo afetadas por contato comum alccólico.


GRUPO DE INCENTIVO A VIDA          Somos um grupo de ajuda mútua para pessoas com sorologia positiva ao HIV e dirigido também por portadores. Não temos finalidades lucrativas e somos destituídos de quaisquer preconceitos e/ou vinculações de natureza político-partidário ou religiosa.http://www.giv.org.br

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O alcoolismo na visão espírita


 A exemplo de André Luiz (Espírito), que nos mostra em seu livro Sexo e Destino, capítulo VI, págs. 51 a 55, como os Espíritos conseguem levar um indivíduo a beber e, ao mesmo tempo, usufruir das emanações alcoólicas, José Herculano Pires também associa alcoolismo e obsessão.No capítulo de abertura do livro Diálogo dos Vivos, obra publicada dez anos após o referido livro de André Luiz, Herculano assevera, depois de transcrever a visão do Espírito de Cornélio Pires sobre o uso do álcool: 
“A obsessão mundial pelo álcool, no plano humano, corresponde a um quadro apavorante de vampirismo no plano espiritual. 
A medicina atual ainda reluta – e infelizmente nos seus setores mais ligados ao assunto, que são os da psicoterapia – em aceitar a tese espírita da obsessão. 
Mas as pesquisas parapsicológicas já revelaram, nos maiores centros culturais do mundo, a realidade da obsessão. 
De Rhine, Wickland, Pratt, nos Estados Unidos, a Soal, Carrington, Price, na Inglaterra, até a outros parapsicólogos materialistas, a descoberta do vampirismo se processou em cadeia. 
Todos os parapsicólogos verdadeiros, de renome científico e não marcados pela obsessão do sectarismo religioso, proclamam hoje a realidade das influências mentais entre as criaturas humanas, e entre estas e as mentes desencarnadas”.
A dependência do álcool prossegue além-túmulo e, como o Espírito não pode obtê-lo no local em que agora reside, no chamado plano extrafísico, ele só consegue satisfazer a sua compulsão pela bebida associando-se a um encarnado que beba.


Um caso de enxertia fluídica
- Eis como André Luiz relata, em sua obra citada, o caso Cláudio Nogueira: 
Estando Cláudio sentado na sala de seu apartamento, aconteceu de repente o imprevisto. 
Os desencarnados vistos à entrada do apartamento penetraram a sala e, agindo sem-cerimônia, abordaram o chefe da casa. 
"Beber, meu caro, quero beber!", gritou um deles, tateando-lhe um dos ombros.
Cláudio mantinha-se atento à leitura de um jornal e nada ouviu. 
Contudo, se não possuía tímpanos físicos para registrar a petição, trazia na cabeça a caixa acústica da mente sintonizada com o apelante. 
O Espírito repetiu, pois, a solicitação, algumas vezes, na atitude do hipnotizador que insufla o próprio desejo, reafirmando uma ordem. 
O resultado não demorou. Viu-se o paciente desviar-se do jornal e deixar-se envolver pelo desejo de beber um trago de uísque, convicto de que buscava a bebida exclusivamente por si.Abrigando a sugestão, o pensamento de Cláudio transmudou-se, rápido.
 "Beber, beber!..." e a sede de aguardente se lhe articulou na idéia, ganhando forma. 
A mucosa pituitária se lhe aguçou, como que mais fortemente impregnada do cheiro acre que vagueava no ar.O Espírito malicioso coçou-lhe brandamente os gorgomilos, e indefinível secura constringiu-lhe a laringe.O Espírito sagaz percebeu-lhe, então, a adesão tácita e colou-se a ele. 
De começo, a carícia leve; depois da carícia, o abraço envolvente; e depois do abraço, a associação recíproca. 
Integraram-se ambos em exótico sucesso de enxertia fluídica. 
Produziu-se ali – refere André Luiz - algo semelhante ao encaixe perfeito. 
Cláudio-homem absorvia o desencarnado, à guisa de sapato que se ajusta ao pé.Fundiram-se os dois, como se morassem num só corpo.Altura idêntica. Volume igual. Movimentos sincrônicos. Identificação positiva. Levantaram-se a um tempo e giraram integralmente incorporados um ao outro, na área estreita, arrebatando o frasco de uísque. 
Não se podia dizer a quem atribuir o impulso inicial de semelhante gesto, se a Cláudio que admitia a instigação, ou se ao obsessor que a propunha. 
A talagada rolou através da garganta, que se exprimia por dualidade singular: ambos os dipsômanos estalaram a língua de prazer, em ação simultânea. Desmanchou-se então a parelha e Cláudio se dispunha a sentar, quando o outro Espírito investiu sobre ele e protestou: "eu também, eu também quero!", reavivando-se no encarnado a sugestão que esmorecia.Absolutamente passivo diante da sugestão, Cláudio reconstituiu, mecanicamente, a impressão de insaciedade.Bastou isso e o vampiro, sorridente, apossou-se dele, repetindo-se o fenômeno visto anteriormente. André aproximou-se então de Cláudio, para avaliar até que ponto ele sofria mentalmente aquele processo de fusão.Mas ele continuava livre, no íntimo, e não experimentava qualquer espécie de tortura, a fim de render-se.Hospedava o outro simplesmente, aceitava-lhe a direção, entregava-se por deliberação própria.Nenhuma simbiose em que fosse a vítima. 
A associação era implícita, a mistura era natural.Efetuava-se a ocorrência na base da percussão. Apelo e resposta.Eram cordas afinadas no mesmo tom.
Após novo trago, o dono da casa estirou-se no divã e retomou a leitura, enquanto os Espíritos voltaram ao corredor de acesso, chasqueando, sarcásticos...