sexta-feira, 6 de maio de 2011

HOSPITAIS ESPIRITAS

São Paulo
Marília – SP
Hospital Espírita de Marília
R:DR. Joaquim de Abreu Sampaio Vidal, 470
Fone: (14) 433-1055
Fax: (14) 433-1058
Psiquiatria Dinânica - Comunidade Terapêutica

Amparo – SP
Sanatório Ismael (Fazenda Palmeiras)
R. Quintino bocaiúva, 505 – Centro – CEP 13900-000
Fone: (19) 3807.3866 e 3807.6466
Araras – SP
Sanatório Espírita Luis Sayão

Av. Padre Alarico, 1253 – CEP 13601-900
Fone: (19) 541.3211
Araraquara – SP
Hospital Psiquiátrico Cairbar Schutel

Av. Cairbar Schutel, 454 – Jd. Arco Íris – CEP 14808-362
Fone: (16) 222.4466
Itapira – SP
Hospital Espírita Américo Bairral

R. Dr. Hortêncio Pereira da Silva, 313 – CEP 13970-905
Fone: (19) 3863.9400 –
E-mail: bairral@bairral.com.br e site: HEAB
Catanduva – SP
Hospital Espírita Mahatma Ghandi

Rua Duartina, 1311 – Vila Souza – CEP 15810-150
Fone: (17) 522.7211
Penápolis – SP
Hospital Espírita “Discípulo de Jesus”

R. Dr. Ramalho Franco, 1039 – CEP 16300-000
Fone: (18) 652.0033
Presidente Prudente – SP
Hospital Espírita Bezerra de Menezes

Estrada Bezerra de Menezes, km 1 –
Umuarama - Caixa postal 180 – CEP 19053-680
Fone: (18) 222.2111
São Bernardo do Campo – SP
Comunidade Terapêutica bezerra de Menezes

Rua Batuira, 400 – Bairro Assunção – CEP 09861-550
Fone: (11) 4109.6422 – Fax: 4109.7290
Unidade Paulínia
Rua Um, 300/388 – Parque Represa – CEP 13140-000
Fone: (19) 874.4916
São Paulo – SP
Av. Nova Cantareira, 3050 – Bairro Tucruvi – CEP 02340-000
Fone: (11) 203.5773
Cidade de Caieiras – SP
Hospital Espírita Fabiano de Cristo

Rua Canário 500 – Bairro Portal de Laranjeiras
Fones (11) 4441 8076 Fundado em 17/10/1992
CNPJ 69.127.678/0001-36
Entidade Pública Municipal –Dec 4555 27/11/2000 Caieiras-SP

Atendimento de retaguarda aos portadores de câncer.
Aberto diariamente das 8:00 às 18:00
Atendimentos: Serviço Social, Atendimento Médico,Fisioterapia, Psicologia Terapia de Apoio e Ocupacional e ainda uma Farmácia Comunitária p/ doações de medicamentos

Outros Estados
Belo Horizonte – MG
Hospital Psiquiátrico Espírita “André Luís”

Rua Úrsula Paulino, 7 – Bairro Salgado Filho – CEP 30570-000
Fone (31) 3374.2323
Ituiutaba – MG
Hospital Espírita José Dias Machado

Rua Dezesseis, 102 – CEP 38300-070
Fone: (34) 3261.5111
Curitiba – PR
Hospital Psiquiátrico Espírita Bom Retiro

Rua Nilo Peçanha, 1552 – Bom Retiro – CEP 80520-000
Fone: (41) 352.3011 (ligado à Federação Espírita do Paraná – (41) 223.6174)
Porto Alegre – RS
Hospital Espírita de Porto Alegre

Praça Simões Lopes Neto, 157 – B. Teresópolis – CEP 91720-440
Fone: (51) 334.3583
Anápolis – GO
Sanatório Espírita de Anápolis

Rua Allan Kardec, 39 – Santa Isabel – CEP 75083-560
Fone: (62) 318.1400 – 318.1433
Goiânia – GO
Hospital Espírita Eurípedes Barsanulfo

Via Ana Luzia de Jesus, s/n – Setor Rio Formoso – CEP 74370-030
Fone: (62) 289.1800

Outras Instituições
Batatais – SP
Associação Batatense Comunidade Terapêutica

Av. Gen. Osório, 96 – Caixa Postal 9 – CEP 14300-000
Fone: (19) 761.2215 e 761.3377
Campinas – SP
Fazendas Unidas – Unidade de recuperação de Alcoolismo e Drogas

R. Francisco Andreo Aledo, 22 – CEP 13085-720
Fone: (19) 289.1016
Campinas – SP
Associação de Recuperação “A Caminho da Luz” (instituição espírita)

Rua Santo Antonio Claret, 352 – CEP 13073-450
Fone: (19) 242.0308 / 242.2274
São Paulo – SP
Instituto Fraternal de Laborterapia (instituição espírita)

Rua Santo Amaro, 224 – Bela Vista – CEP 01315-000
Fone (011) 3104.6707
São Paulo – SP
Grupo Interdisciplinar de Estudo de Alcoolismo e Farmacodependência – Hospital das Clínicas

Rua Dr. Ovídio Pires de Campos, s/n – CEP 05403-010
Fone: (11) 3064.4973
São Paulo – SP
Associação Anti-alcoólica do estado de São Paulo

Viaduto Dona Paulina, s/n – Centro – CEP 01501-020
Fone: (11) 3106.0694
São Paulo – SP
Grupo Noel – Setor Alcoolismo (instituição espírita)

Av. Domingos de Moraes, 1905 – Vila Mariana – CEP 04009-003
Fone: (11) 571.1014
Araxa - MG
Sociedade de Promoção Humana

Av. Washington Barcelos, 52 Santa Rita -CEP 38181-292
Fone: (034) 3662.1180
Ipatinga - MG
Fazenda Água Viva

Rua Salmão, s/n - Forquilha - CEP 35164-009
Fone (031) 3827.1500
João Monlevade – MG
Comunidade Terapêutica Bom Samaritano

Av. Getúlio Vargas, 4232 – Centro – CEP35930-000
Fone: (31) 3851.3544
Santa Helena de Goiás – GO
Associação Nova Esperança

Rua Sebastião Ferreira de Souza, 714 – CEP 75920-000
Fone: (62) 614.1472
Salvador – BA
Espaço Viver Terapêutico

Av. Otávio Mangabeira, 1683 – Sala 206 – Pituba – CEP 41830-180
Fone: (71) 345.6084
Palotina – PR
Centro de Apoio a Toxicômanos e Alcoólatras

Rua 21 de abril, 971 – Caixa postal 107 – CEP 85950-000
Fone: (44) 649.4176
Porto Alegre – RS
Comunidade Terapêutica da cruz Vermelha Brasileira

Rua Independência, 993 – CEP 90035-076
Fone: (51) 221.5140
Aquidauana – MS
Grupo Martins Pescador

Praça Imaculada Conceição, 206
Caixa postal 86 – CEP 79200-000
Fone (67) 241.2789

quinta-feira, 5 de maio de 2011

A lei de talião

 EM http://licoesdosespiritos.blogspot.com/2011/01/lei-de-taliao.html#ixzz1LVsFUzlg

A expressão “lei de talião” advém do latim lex talionis, onde lex significa lei e talis significa tal, ou igual. É o estabelecimento da proporcionalidade da pena no mesmo grau percebido da ofensa. Suas primeiras referências históricas constam das leis 196, 197 e 200 do Código de Hamurabi (por volta de 1780 a.C.). Na Torá ou Lei de Moisés (estima-se ter sido escrita pelo profeta no século 13 a.C.), esta lei é expressa em trechos como Êxodo 21:23-25; Levítico 24:20 e Deuteronômio 19:21.

A lei de talião é conhecida pelas expressões “olho por olho, dente por dente”; “pagar na mesma moeda”; “aqui se faz, aqui se paga”, entre outras. Tal pena é frequentemente indicada para referir uma punição cruel. Porém, em nosso mundo íntimo, se não contivermos e modificarmos nossos instintos inferiores, podemos nos perceber acalentando essa ideia, se não pensamentos ainda piores.

Ao recebermos uma ofensa, podemos superá-la com o pensamento caridoso de que o ofensor é uma pessoa necessitada de esclarecimento e ajuda. Em vez disso, podemos desejar ofender na mesma proporção de ofensa por nós percebida, seguindo os preceitos de quase 3800 anos da lei de talião. E, pior, podemos desejar atos muito piores e desproporcionais. Veem-se, no quotidiano, brigas com lesões graves, originadas de acidentes leves de trânsito, onde tinham ocorrido apenas danos materiais. Meras divergências de opiniões ou interesses ainda geram de agressões a guerras, em pleno século 21 d.C. Notemos a gravidade da situação: tais atitudes nos situam moralmente na Antiguidade da História; eram ações apenas tidas como razoáveis há mais de quatro mil anos! Não podemos permanecer tão atrasados em questões morais — e é o fazemos quando afirmamos, orgulhosamente, que “não levamos ofensa para casa”, ou que “bateu, levou”.



Uma interpretação literal do Evangelho parece endossar a aplicação, por nós, da lei de talião. A Doutrina Espírita, buscando a essência moral dos ensinos de Jesus, alerta para erros como esse. À questão 764 de “O Livro dos Espíritos”, encontramos:


“Disse Jesus: Quem matou com a espada, pela espada perecerá. Estas palavras não consagram a pena de talião e, assim, a morte dada ao assassino não constitui uma aplicação dessa pena?

‘Tomai cuidado! Muito vos tendes enganado a respeito dessas palavras, como acerca de outras. A pena de talião é a justiça de Deus. É Deus quem a aplica. Todos vós sofreis essa pena a cada instante, pois que sois punidos naquilo em que haveis pecado, nesta existência ou em outra. Aquele que foi causa do sofrimento para seus semelhantes virá a achar-se numa condição em que sofrerá o que tenha feito sofrer. Este o sentido das palavras de Jesus. Mas, não vos disse ele também: Perdoai aos vossos inimigos? E não vos ensinou a pedir a Deus que vos perdoe as ofensas como houverdes vós mesmos perdoado, isto é, na mesma proporção em que houverdes perdoado, compreendei-o bem?’” [1]

Ou seja: se prejudicamos a alguém e perseverarmos nesse erro, sem darmos ouvidos à nossa consciência, acabaremos tendo de enfrentar erro similar imposto a nós, a fim de despertarmos. Contudo, não é esse o único caminho: se nos melhorarmos e trabalharmos por nosso aperfeiçoamento moral, pelo bem de nosso semelhante e de nosso planeta, não nos será necessária a pena de talião.

Deus, o Criador de tudo e de todos, é infinitamente justo e bom, e criou leis morais também perfeitas, como a Lei de Destruição, que não passa de uma transformação para melhor, como lemos à questão 728 de “O Livro dos Espíritos”.

Jesus propôs uma forma mais madura de buscar entender Deus. Na obra “A Gênese”, Allan Kardec, o Codificador da Doutrina Espírita, esclarece:

“A parte mais importante da revelação do Cristo, no sentido de fonte primária, de pedra angular de toda a sua doutrina é o ponto de vista inteiramente novo sob que considera ele a Divindade.

(...)
Já não é o Deus que faz da vingança uma virtude e ordena se retribua olho por olho, dente por dente; mas, o Deus de misericórdia, que diz: ‘Perdoai as ofensas, se quereis ser perdoados; fazei o bem em troca do mal; não façais o que não quereis vos façam.’” [2]


Somos, diariamente, convidados a destruir o ser humano da Antiguidade que ainda possa viver em nós, permitindo nascer um Espírito renovado, focado no bem da Humanidade, de forma coerente com a Lei de Amor enunciada por Jesus. Foi Ele quem apresentou a evolução da Lei de Moisés em tantos pontos, como o em foco:



“Tendes ouvido que foi dito: Olho por olho, e dente por dente.

Eu, porém, vos digo: Não resistais ao homem mau; mas a qualquer que te dá na face direita, volta-lhe também a outra;

(...)

Tendes ouvido que foi dito: Amarás o teu próximo e aborrecerás o teu inimigo.

Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem,

para que vos torneis filhos de vosso Pai que está nos céus, porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons, e vir chuvas sobre justos e injustos.” (Mateus 05:38-45)

Allan Kardec, o Codificador da Doutrina Espírita, assim comenta a passagem evangélica acima:

“Ao orgulhoso este ensino parecerá uma covardia, porquanto ele não compreende que haja mais coragem em suportar um insulto do que em tomar uma vingança, e não compreende, porque sua visão não pode ultrapassar o presente. (...)

Levado o ensino às suas últimas consequências, importaria ele em condenar toda repressão, mesmo legal, e deixar livre o campo aos maus, isentando-os de todo e qualquer motivo de temor. Se se lhes não pusesse um freio às agressões, bem depressa todos os bons seriam suas vítimas. O próprio instinto de conservação, que é uma lei da Natureza, obsta a que alguém estenda o pescoço ao assassino. Enunciando, pois, aquela máxima, não pretendeu Jesus interdizer toda defesa, mas condenar a vingança. Dizendo que apresentemos a outra face àquele que nos haja batido numa, disse, sob outra forma, que não se deve pagar o mal com o mal; que o homem deve aceitar com humildade tudo o que seja de molde a lhe abater o orgulho; que maior glória lhe advém de ser ofendido do que de ofender, de suportar pacientemente uma injustiça do que de praticar alguma; que mais vale ser enganado do que enganador, arruinado do que arruinar os outros. É, ao mesmo tempo, a condenação do duelo, que não passa de uma manifestação de orgulho. Somente a fé na vida futura e na justiça de Deus, que jamais deixa impune o mal, pode dar ao homem forças para suportar com paciência os golpes que lhe sejam desferidos nos interesses e no amor-próprio. Daí vem o repetirmos incessantemente: Lançai para diante o olhar; quanto mais vos elevardes pelo pensamento, acima da vida material, tanto menos vos magoarão as coisas da Terra.” [3]

A Codificação Espírita existe, também, para nos fazer aprender com exemplos de êxito na transformação moral, bem como os relatos menos felizes e que nos alertam acerca de caminhos a evitar. O livro “O Céu e o Inferno”, em sua segunda parte, intitulada “Exemplos”, traz relatos que muito ilustram, de forma prática, os preceitos da Doutrina dos Espíritos. Vejamos o caso da mendiga Julienne-Marie, relatado nessa obra:

“Evocado a 10 de junho de 1864, na Sociedade de Paris, o Espírito Julienne ditou a mensagem seguinte:

‘Caro presidente: obrigada por quererdes admitir-me ao vosso centro. Previstes, sob o ponto de vista social, a superioridade das minhas antecedentes encarnações, pois, se voltei à Terra com a prova da pobreza, foi para punir-me do vão orgulho com o qual repelia os pobres, os miseráveis. Assim, passei pela pena de talião, fazendo-me a mais horrenda mendiga deste país; mas, ainda assim, como que para certificar-me da bondade de Deus, nem por todos fui repelida: e esse era todo o meu temor. Também foi sem queixumes que suportei a provação, pressentindo uma vida melhor, da qual não mais tornaria ao mundo do exílio e da calamidade. Que ventura a desse dia em que a nossa alma rejuvenescida pode franquear a vida espiritual para aí rever os seres amados! Sim, porque também amei e considero-me feliz pelo encontro dos que me precederam.

(...)

Agradecei ao Senhor o permitir que os bons Espíritos vos orientem, a fim de animardes o pobre nas suas mágoas, e deterdes o rico em seu orgulho. Capacitai-vos de quanto é vergonhosa a repulsa para com os infelizes, servindo-vos o meu exemplo, a fim de evitardes o retorno à Terra, em expiação de faltas (...)’” [4]

Notemos um aspecto crucial da atitude de Julienne, que foi o enfrentamento, sem revolta, das dificuldades. Entendendo toda prova ou expiação como lições a aprender, e efetivamente buscando tal aprendizado, evoluímos moralmente, amadurecemos espiritualmente. Resignação, com trabalho em prol de nosso aperfeiçoamento, nada tem a ver com conformismo inerte e improdutivo.

Importante termos em mente que nem toda situação dificultosa pela qual passemos significa a aplicação da lei de talião. Nem tudo que sofremos é decorrente de erros de vidas passadas. Pensar assim reforçaria sentimentos de culpa e/ou de autocomiseração, e ambos não levam a progresso nenhum. Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, encontramos preciosas orientações a esse respeito:

“As tribulações podem ser impostas a Espíritos endurecidos, ou extremamente ignorantes, para levá-los a fazer uma escolha com conhecimento de causa. Os Espíritos penitentes, porém, desejosos de reparar o mal que hajam feito e de proceder melhor, esses as escolhem livremente.

Tal o caso de um que, havendo desempenhado mal sua tarefa, pede lha deixem recomeçar, para não perder o fruto de seu trabalho. As tribulações, portanto, são, ao mesmo tempo, expiações do passado, que recebe nelas o merecido castigo, e provas com relação ao futuro, que elas preparam. Rendamos graças a Deus, que, em sua bondade, faculta ao homem reparar seus erros e não o condena irrevogavelmente por uma primeira falta.

Não há crer, no entanto, que todo sofrimento suportado neste mundo denote a existência de uma determinada falta. Muitas vezes são simples provas buscadas pelo Espírito para concluir a sua depuração e ativar o seu progresso. Assim, a expiação serve sempre de prova, mas nem sempre a prova é uma expiação.” [5]

Examinemos nosso proceder diário, e veremos que poderíamos evitar muitos dissabores se agíssemos melhor para com nosso semelhante. Muito do que se pode pensar ser a pena de talião por vidas passadas, na realidade, são consequências de atos muito recentes:
“Remontando-se à origem dos males terrestres, reconhecer-se-á que muitos são consequência natural do caráter e do proceder dos que os suportam.

Quantos homens caem por sua própria culpa! Quantos são vítimas de sua imprevidência, de seu orgulho e de sua ambição!

Quantos se arruínam por falta de ordem, de perseverança, pelo mau proceder, ou por não terem sabido limitar seus desejos!

Quantas uniões desgraçadas, porque resultaram de um cálculo de interesse ou de vaidade e nas quais o coração não tomou parte alguma!

Quantas dissensões e funestas disputas se teriam evitado com um pouco de moderação e menos suscetibilidade!

Quantas doenças e enfermidades decorrem da intemperança e dos excessos de todo gênero!” [6]

Ao líder pacifista Mohandas Karamchand Gandhi é atribuída a frase: “olho por olho torna o mundo inteiro cego”. Perdoar e superar erros, tanto nossos como alheios, não é mero discurso bonito, mas uma necessidade urgente para nossa própria evolução. Não vivamos remoendo erros do passado: só temos um tempo para nos melhorar — e esse tempo é agora.





Leia também, neste blog, as postagens “O amor cobre uma multidão de pecados”, “Expiação, Prova e Missão”, “O Bem e o Mal”, “Vigiai e Orai”, “Inteligência e Instinto” e “Considerações sobre a pluralidade das existências”.



Bons estudos!

Carla e Hendrio

Referências:

[1] KARDEC, Allan. “O Livro dos Espíritos”. 66ª ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1987. Questão 764.

[2] KARDEC, Allan. “A Gênese”. 34.ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1991. Capítulo I, item 23.

[3] KARDEC, Allan. “O Evangelho Segundo o Espiritismo”. 97.ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1987. Capítulo XII (“Amai os vossos inimigos”), item 8.

[4] KARDEC, Allan. “O Céu e o Inferno”. 37.ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1991. Segunda parte, Capítulo VIII.

[5] KARDEC, Allan. “O Evangelho Segundo o Espiritismo”. 97.ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1987. Capítulo V, itens 8 a 9.

[6] Ibidem, item 4.

"O amor cobre uma multidão de pecados."

EM http://licoesdosespiritos.blogspot.com/2009/07/o-amor-cobre-uma-multidao-de-pecados.html

Conforme a primeira epístola de Pedro (I Pedro, 4:8), “o Amor cobre uma multidão de pecados”, podemos resgatar, através da prática do Bem, o mal praticado em outras instâncias.
No Capítulo VI de “O Céu e o Inferno”, o Codificador discorre sobre a não existência de penas eternas. Não há um determinismo inflexível no planejamento reencarnatório. O objetivo do Criador é que cumpramos com sabedoria a sua Lei.

Jesus, em Mateus 9:13, corrobora a citação de Oséias 6:6, quando diz: “Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifícios. Pois eu não vim chamar os justos, e, sim, os pecadores ao arrependimento” (leia, também, a respeito dessas duas citações bíblicas, a postagem "Reconciliação", neste blog).

Na Obra “Ação e Reação”*, o companheiro de estudos de André Luiz, Hilário, ao interpelar sobre se há um determinismo de ordem absoluta, recebe o esclarecimento do instrutor Sânzio: “Sim, nas esferas primárias da evolução, o determinismo pode ser considerado irresistível. E o mineral obedecendo a leis invariáveis de coesão e o vegetal respondendo, fiel, aos princípios organogênicos, mas, na consciência humana, a razão e a vontade, o conhecimento e o discernimento entram em função nas forças do destino, conferindo ao Espírito as responsabilidades naturais que deve possuir sobre si mesmo. Por isso, embora nos reconheçamos subordinados aos efeitos de nossas próprias ações, não podemos ignorar que o comportamento de cada um de nós, dentro desse determinismo relativo, decorrente de nossa própria conduta, pode significar liberação abreviada ou cativeiro maior, agravo ou melhoria em nossa condição de almas endividadas perante a Lei.” André Luiz questiona se isso se aplica mesmo às piores posições expiatórias, e recebe a orientação: “Como não? – falou o Ministro, generoso – imaginemos um delinqüente monstruoso, segregado na penitenciária. Acusado de vários crimes, permanece privado de toda e qualquer liberdade na enxovia comum. Ainda assim, na hipótese de aproveitar o tempo no cárcere, para servir espontaneamente à ordem e ao bem-estar das autoridades e dos companheiros, acatando com humildade e respeito as disposições da lei que o corrige, atitude essa que resulta de seu livre arbítrio para ajudar ou desajudar a si mesmo, a breve tempo esse prisioneiro começa por atrair a simpatia daqueles que o cercam, avançando com segurança para a recuperação de si mesmo.”

O esquema abaixo demonstra como uma resolução de melhoria pode afetar um planejamento encarnatório.

Um exemplo prático é retratado pelo Espírito Hilário Silva, no capítulo 20 do livro "A Vida Escreve"**, no qual descreve o fato de Saturnino Pereira que, ao perder o dedo junto à máquina de que era condutor, se fizera centro das atenções: como Saturnino, sendo espírita e benévolo para com todas as pessoas, pôde perder o dedo? Parecia um fato que ia de encontro com a Justiça Divina. Contudo, à noite, em reunião íntima no Centro Espírita que freqüentava, o orientador espiritual revelou-lhe que numa encarnação passada havia triturado o braço do seu escravo num engenho rústico. O orientador espiritual assim lhe falou: "Por muito tempo, no Plano Espiritual, você andou perturbado, contemplando mentalmente o caldo de cana enrubescido pelo sangue da vítima, cujos gritos lhe ecoavam no coração. Por muito tempo, por muito tempo... E você implorou existência humilde em que viesse a perder no trabalho o braço mais útil. Mas, você, Saturnino, desde a primeira mocidade, ao conhecer a Doutrina Espírita, tem os pés no caminho do bem aos outros. Você tem trabalhado, esmerando-se no dever... Regozije-se, meu amigo! Você está pagando, em amor, seu empenho à justiça..."

Veja também, neste blog, em relação ao tema, as postagens “Pecado — Hamartia — Peccatu”, “A lei de talião”, “Os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos”, “Tranquilidade no Retorno à Pátria Espiritual” e “Considerações sobre o aborto induzido”.

Bons estudos!

Carla e Hendrio

* XAVIER, Francisco Cândido. “Ação e Reação”. 19ª ed. Rio de Janeiro: RJ, FEB, 1998. Cap. 7.

** XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA, Waldo. “A Vida Escreve”. Rio de Janeiro, RJ: FEB. 1986.

CLÁUDIO LUCIANO - Palestrante Espírita: Dia Estadual da CONSCIÊNCIA ESPÍRITA

CLÁUDIO LUCIANO - Palestrante Espírita: Dia Estadual da CONSCIÊNCIA ESPÍRITA: "CONVITE Grande Expediente Especial em comemoração ao Dia Estadual da CONSCIÊNCIA ESPÍRITA, conforme a Lei nº 1460/2010 de autoria do Deputa..."

ARTIGOS ESPÍRITAS - JORGE HESSEN: ABERRAÇÕES INSTITUCIONALIZADAS NA ÁFRICA

ARTIGOS ESPÍRITAS - JORGE HESSEN: ABERRAÇÕES INSTITUCIONALIZADAS NA ÁFRICA: "A imprensa internacional tem divulgado que a violência sexual tem sido usada como uma arma na República Democrática do Con..."

terça-feira, 3 de maio de 2011

O mundo está melhor sem Bin Laden?

O mundo está melhor sem Bin Laden?

por Wellington Balbo 

A morte de Osama Bin Laden é apenas uma pequena amostra da ilusão que o ódio pode ocasionar na criatura humana. Integrantes da família universal podem, quando revestidos de sentimentos menos felizes, considerarem-se ferrenhos inimigos, como no caso em questão. Lamentável, pois, as atitudes dos terroristas que se voltam contra os EUA, como também é lamentável a felicidade com ares de vitória da terra do Tio Sam pela morte de Bin Laden. Em ocasiões assim não há vencedores. Todos perdem.  
Interessante que o desconhecimento das leis que regem a vida faz com que até mesmo figuras inteligentes percam-se em devaneios. Explico melhor:
André Trigueiro, jornalista da Globo News, no programa em que apresenta questionou renomado professor de História Contemporânea se o mundo ficaria melhor com a morte de Bin Laden. O acadêmico, impetuosamente respondeu: Obviamente que sim!
      Certamente o professor desconhece que despojado do invólucro de carne Bin Laden não perdeu sua ira. Ele não sumiu, apenas está sem o corpo físico. Não vejo, então, qual a melhora efetiva do mundo sem a presença física do terrorista. O mundo estaria melhor se ele tivesse mudado suas disposições íntimas, regenerando-se. Sabemos que nada disso ocorreu, portanto...
      Vale destacar também que o sentimento de pseudo-alegria de uma nação pela morte de alguém que os tem como inimigos somente acirra os ânimos exaltados de alguns fanáticos, fazendo a perpetuação do ódio e da vingança.
      A morte do corpo não significa a morte do sentimento ou da individualidade. Continuamos existindo e atuando em consonância com nossos propósitos e objetivos. E as vibrações destemperadas de alguns encarnados atingem em cheio o objeto de suas doentias emanações mentais.
      Portanto, fácil concluir que desprovido do corpo Bin Laden continuará atuando.
      Por isso recomenda-se o perdão das ofensas, para que as contendas não se transformem em ardilosos e nefastos processos de obsessão que perduram por tempo indeterminado, até que as partes envolvidas disponham-se a aparar arestas. É fácil perdoar, simples, passe de mágica? Todos sabemos que não. O perdão é uma construção daquele que busca estar em paz consigo e sua consciência. Muitos dizem: Mas como perdoar? Como conceder o benefício do perdão a um terrorista ou a alguém que tirou a vida de uma pessoa que eu amo? Primeiro é preciso compreender que o perdão beneficia quem o concede, porquanto o livra das correntes do ódio e da vingança.
      Aliás, a vingança é claro sinal de inferioridade. Conforme consta em O evangelho segundo na elucidativa mensagem de Júlio Olivier que transcrevemos parcialmente:
      A vingança é um dos últimos remanescentes dos costumes bárbaros que tendem a desaparecer dentre os homens. E, como o duelo, um dos derradeiros vestígios dos hábitos selvagens sob cujos guantes se debatia a Humanidade, no começo da era cristã, razão por que a vingança constitui indício certo do estado de atraso dos homens que a ela se dão e dos Espíritos que ainda as inspirem.
      Se buscamos seguir Jesus é inconcebível que vibremos com a desdita do outro. Se não é possível perdoar, ao menos não alimentemos a vingança. Se o perdão se faz impossível e nosso coração ainda não é brando o suficiente para concedê-lo, que ao menos não cogitemos de prejudicar quem quer que seja.
      Por essas e outras é que discordamos com veemência do professor que concedeu entrevista ao André Trigueiro.
      O mundo não está melhor nem pior sem a presença de Bin Laden.
      O mundo só estará melhor quando aprendermos a perdoar e o mundo só será o ideal quando aprendermos, de fato, a amar. Assim, nada de perdão, porquanto não estaremos mais no primitivo estágio de causar dano ao outro.
      Reflitamos com gravidade nesse momento e analisemos nossa postura como espíritas. O ódio não combina com aqueles que pretendem seguir Jesus.
      Pensemos nisso.

Wellington Balbo (Bauru – SP)  
Wellington Balbo é autor do livro "Lições da História Humana", síntese biográfica de vultos da História, à luz do pensamento espírita, palestrante e dirigente espírita no Centro Espírita Joana D´Arc, em Bauru.

Transiçao Planetária com Divaldo Franco

 1ª parte do Workshop Transiçao Planetária com Divaldo Franco realizado dia 01/05/2011 no Centro de Convenções da Bahia


A Filosofia Espírita e seus Aspectos Sociais


Escreve: Aylton Guido Coimbra Paiva
Em: Dezembro de 2010 EM http://www.viasantos.com/pense/arquivo/1296.html

1 - CONSIDERAÇÕES GERAIS

O Espiritismo como doutrina filosófica é constituído por um conjunto de princípios que servem de base à elaboração de suas posições no campo filosófico, religioso e político. Esses princípios, estabelecidos pelos espíritos em O Livro dos Espíritos, tocam todas as questões da vida humana em seus múltiplos aspectos: religioso, político, psicológico, físico etc.

Em O Livro dos Espíritos esses princípios aparecem enunciados de forma embrionária e seu desenvolvimento dependerá de nossos estudos, na pesquisa das consequências das premissas aí estabelecidas pelo plano espiritual. Desse modo, o Espiritismo não se caracteriza pela posição acabada dos sistemas filosóficos, mas foge do espírito de sistema [1], mantendo-se aberto a posições diferentes, desde que embasadas nos princípios estabelecidos em sua doutrina filosófica.

Essas considerações são de grande valia para compreendermos o espírito antidogmático e primordialmente democrático que embasa a Codificação e que por isso deverá permitir sempre que o movimento espírita adote posições diversas e diferentes soluções, especialmente nas questões onde a ciência ainda não tenha estabelecido suas verdades práticas [2], ou seja, nas questões onde se trabalhem teorias e onde se testem hipóteses.

É dentro dessa visão que iremos analisar as posições ou princípios estabelecidos pelos espíritos no livro base da Doutrina, O Livro dos Espíritos, quanto às questões sociais. Analisaremos também as consequências desses princípios.

2 - ESPIRITISMO E DIREITOS HUMANOS

A parte III de O Livro dos Espíritos, ao estudar a Lei Divina inscrita em nossas consciências, estabelece também claramente os direitos humanos.

Na Lei da Adoração fica demonstrado o direito de culto e pontifica a liberdade de ritos, embora esteja firmada a ação para o bem como a melhor forma de adoração (questão nº 654).

Na Lei do Trabalho, estabelece a necessidade do trabalho para todos, considerando-o como expiação e meio de aperfeiçoamento da inteligência sem o qual o homem não se desenvolve (questão nº 676).

Como consequência dessa posição, o espírita não pode estar concorde com sistemas políticos que favoreçam a recessão, aumentem o desemprego, nem com sistemas que exijam do homem trabalho além de suas forças ou tipos de atividades em que não se possa aperfeiçoar a inteligência (questões nº 67º, 683, 684 e 685-a).

Na Lei da Reprodução, defende o direito à união sexual monogâmica, o direito à vida da mãe acima do direito à vida do feto, combate o controle da reprodução para satisfação de prazeres egoísticos ou a pura sensualidade. Como consequência, o espírita não pode ser a favor da poligamia, não apoiará nenhum movimento que vise a satisfação do egoísmo humano, mas buscará sempre regular a reprodução de acordo com a necessidade (questão nº 693-a).

A Lei da Conservação, muito pouco estudada, traz posições político-filosóficas de suma importância.

A vida física, sendo necessária ao aperfeiçoamento dos seres, e não somente um castigo (questões nº 702 e 703), deve ser preservada e para isso a Terra produz o necessário a todos que a habitam.

Na Lei da Conservação está estabelecido como princípio doutrinário que só o necessário é útil, o supérfluo nunca o é (questão nº 704). Fica estabelecido também que o uso dos bens da Terra é um direito de todos os homens (questão nº 711), e definido por bens da Terra, tudo o que o homem produz (questão nº 706).

Ora, a consequência desses princípios é clara: todos os homens têm direito à abundância de que alguns apenas desfrutam e coisas que são supérfluas não são úteis. Assim, sistemas político-sociais que estimulem o consumo indiscriminado, que aumentem as necessidades até o supérfluo, ou que impeçam pessoas de ter acesso aos bens produzidos e necessários à vida humana, não podem ser aceitos pelos espíritas.

Na Lei da Destruição fica claro o direito do homem de destruir para renovar e melhorar. A destruição desnecessária não é direito de ninguém, é uma violação à Lei Divina (questão nº 735).

A consequência desse princípio é o respeito aos limites traçados pela própria natureza, às cadeias ecológicas, ao solo, às águas, enfim, ao direito à vida de todas as coisas e não apenas da vida humana.

As guerras fomentadas por homens que delas tiram proveito deverão desaparecer. O espírita é assim em todas as situações contrário às guerras, consciente de que elas atendem a interesses de grupos que as fomentam (questão nº 745).

A Lei da Sociedade mostra o direito do ser humano aos laços sociais, à convivência, à família (questão nº 774).

Isto leva a compreender o absurdo dos sistemas sociais que relegam milhões de crianças à marginalidade, que impedem a convivência familiar, que isolam o velho, o jovem, a criança, o doente mental...

A Lei do Progresso mostra o direito do homem, a civilização e, por consequência, o absurdo do isolamento do homem do campo, da marginalidade de populações da periferia, a ausência de arte, de tempo para cultura, de cursos para aperfeiçoamento contínuo do homem. (questões nº 775 e 776).

A Lei da Igualdade mostra que a desigualdade das condições sociais é obra do homem e que deverá desaparecer no futuro, quando haverá tão somente a desigualdade do merecimento (questão nº 806).

Como consequência, o espírita não pode aceitar sistemas sócio-político-econômicos que considerem a desigualdade como fruto do mérito, admitindo que as classes sociais se embasem na superioridade dos que dominam. Por isso é importante definir o que é essa desigualdade de merecimento que deverá permanecer no futuro.

A Lei da Liberdade estabelece o direito de liberdade de pensamento e de consciência, embora deixe claro que em sociedade é impossível se gozar de liberdade absoluta nos atos (questões nº 833, 837).

Cabe nessa questão também estudar as várias formas de controle social, compatíveis com a liberdade de pensamento para que possamos optar, segundo o nosso entendimento pelo tipo de controle que consideramos melhor para a sociedade, uma vez que não há possibilidade de uma liberdade de ação total.

É em questão como essa que podem ser definidas objetivamente como — "que tipo de censura pode o espírita aceitar?" — ou, — "em que consiste a desigualdade do mérito?" — e que cabe ao movimento espírita apresentar várias teorias e tentar várias soluções dentro do espírito democrático e a ausência de dogmatismo que caracterizam e embasam o Espiritismo.

Deve ser também objeto de estudos, com amplas e diversas posições, a definição do que seja correto segundo os princípios doutrinários com relação ao direito de propriedade. Isso porque na Codificação estão assentes dois princípios relativos ao direito de acumular bens:

1º) Propriedade legítima só é a que foi adquirida sem prejuízo de outrem.

2º) O direito de viver confere ao homem o de ajuntar o que necessita para viver e repousar quando não mais puder trabalhar, mas o homem deve fazê-lo em família, como a abelha e não como o egoísta que ajunta para si e para sua satisfação pessoal.

Esses dois princípios precisam ser mais aprofundados para que definamos:
1º) Quando eu prejudico meu semelhante ao adquirir uma propriedade. Eu o estarei prejudicando se lhe pago um salário pequeno, se o faço trabalhar muito, se exijo um trabalho bem feito, se deixo de exigir coisas que irão prejudicá-lo se não as fizer e que me beneficiarão, se fizer um "bom" negócio, enquanto o outro faz um "mau"?

2º) Seria possível organizar uma sociedade onde os homens somente pudessem ajuntar em família como as abelhas? Como seria essa sociedade e que tipo de sistema político permitiria tal prática? Que inconvenientes isso traria? (questões nº 881 e 883).

Tudo isto somado à afirmativa dos espíritos de que a origem da desigualdade das riquezas é a desigualdade das faculdades aliadas à velhacaria e ao roubo (questão nº 808), que o desejo de ser rico dificilmente é puro (questão nº 902) deve nos fazer pensar em como seria possível preservar a desigualdade do mérito, sem cair na velhacaria e no roubo e como ao mesmo tempo respeitar os princípios estabelecidos para o acúmulo de riquezas.

3 - ESPIRITISMO E ECOLOGIA

Se há campo para debates, estudos mais profundos e posicionamentos diversos quanto às questões dos direitos à propriedade, à liberdade, à igualdade, à questão da preservação do meio ambiente, do uso da natureza com parcimônia e respeito, o reconhecimento das condições diversas do ambiente e sua ação sobre o homem, estão clara e inequivocamente definidos nos princípios estabelecidos pelos espíritos.

Um aprofundado estudo da ecologia seria desejável para todo espírita e os órgãos de unificação deveriam abrir mais espaço para formar nos espíritas uma consciência ecológica mais atuante.

As questões citadas abaixo ajudam a esclarecer como o Espiritismo defende a preservação da Natureza em seus princípios.

Na questão nº 677 da Lei do Trabalho está clara a função dos animais e vegetais no equilíbrio da Natureza.

A Lei da Destruição e a da Conservação trazem implícitos os princípios das modernas correntes ecológicas. Definem o necessário e o supérfluo (questões nº 716, 717), estabelecem os limites ao bem estar humano que não pode ser conquistado às expensas do outro, nem nos enfraquecer o físico ou o moral (questão nº 719), definem a destruição como uma lei natural (questões nº 731 e 734 ) mas estabelecem a distinção entre crueldade e destruição (item V - questões 752 a 754).

CITAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS

(1) Ver citação de Herculano Pires em Introdução à Filosofia Espírita - Cap. III - item 2.
(2) KARDEC, Allan em "A Gênese", cap. I, item 55.

Fonte: Anais do 7º Congresso Espírita Estadual - Edições USE - 1ª edição - março de 1997. O evento foi realizado em Águas de São Pedro-SP, de 22 a 24 de agosto de 1986.

Aylton Guido Coimbra Paiva, escritor e bacharel em ciências jurídicas e sociais, reside em Lins-SP. É diretor do Departamento de Assistência e Promoção Social da USE - União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo, presidente do Instituto Espírita de Estudos e Pesquisas Sociais, do Hospital Espírita dr. Adolfo Bezerra de Menezes, de Lins-SP. Escreveu os livros Espiritismo e Política, O Espiritismo e a Política para a Nova Sociedade e Centro Espírita.
E-mail: paiva.aylton@terra.com.br

Principais Fatores que Impedem o Desenvolvimento da Ideia Espírita


  • Escreve: Humberto Mariotti
    Em: Dezembro de 2010

  • http://www.viasantos.com/pense/arquivo/1299.html


  • Porque se Mantém Vigente o Velho Mundo Espiritual e Social

    O mundo contemporâneo é um mundo adequado ao tipo de sensibilidade que responde aos interesses das instituições atuais, mantidas por aqueles que participam “interessadamente” deste mundo “estanque” do presente. Existem acordos gerais consistentes em não permitir a transformação dos organismos sociais, sejam estes filosóficos ou religiosos. Por exemplo, em religião só se admite o que diz a Igreja visto que, no atual estado de coisas, ela é a verdade e nenhum outro princípio religioso é permitido, já que a verdade religiosa, para a situação social contemporânea, é a católica (atualmente também um pouco a protestante).

    Se aparece um pensador ou escola que apresente ao mundo de hoje um novo tipo de religião, é de imediato rechaçado e perseguido por ser atentatório à “única verdade religiosa” que é a que representa o dogma, uma vez que, para a ordem atual, o dogma é tão sustentável quanto a lei da gravidade e, por essa razão, o homem religioso-dogmático fala de Deus trino, do Inferno, do diabo etc., como se estivesse tratando de questões tão reais e positivas como a eletricidade. Para comprovar o que afirmamos, basta falar com qualquer membro da Igreja e constataremos a anquilose mental (1) em que se encontra.

    Todavia, qual ê a causa essencial desta situação neste mundo “estanque” do presente? Cremos que tudo isso ocorre em razão do que esses dogmas representam para os interesses materiais da sociedade, uma vez que apóiam espiritual e psicologicamente a ordem geral e particular do atual estado de coisas.

    Uma ideia de Deus como a que apresenta o conceito espírita determinaria um grande estremecimento na ordem eclesiástica e derrubaria tudo quanto agora se conhece no seio da Igreja, como “sistema de hierarquia”. De modo que o mais conveniente é manter de pé esse “sistema” e não a verdade religiosa que o Espiritismo revela ao pensamento do homem. Por esse motivo a ideia espírita, tanto para a Igreja como para a presente ordem espiritual e social, é um perigo e uma ameaça para as velhas instituições eclesiásticas, que durarão até que as forças do progresso não as substituam por uma nova visão do Universo.

    No mundo contemporâneo o avanço da verdade, em todos os aspectos, está paralisado pelos interesses comuns das velhas instituições sociais. Vem daí que a evolução, ao ser detida em seu processo normal, se torna violenta até converter-se em revolução agressiva.

    A causa do extremismo comunista tem sua origem neste fenômeno repressivo da evolução, já que a transformação das estruturas sociais são necessárias em virtude da própria evolução do indivíduo e também porque o que deveria operar-se insensivelmente se vê na necessidade de ocorrer violentamente. Por tal motivo, em Allan Kardec lê-se a reflexão seguinte:

    “Sendo o progresso uma condição da natureza humana, não está no poder do homem opor-se-lhe. É uma força viva, cuja ação pode ser retardada, porém não anulada por leis humanas más. Quando estas se tornam incompatíveis com ele, despedaça-as juntamente com os que se esforcem por mantê-las. Assim será até que o homem tenha posto suas leis em concordância com a justiça divina, que quer que todos participem do bem e não a vigência de leis feitas pelo forte em detrimento do fraco.” (2)

    Pois muito bem: todos sabemos que estamos vivendo em uma época de total transformação. Os sistemas e valores seculares deverão ceder ante o novo espírito da humanidade. Entretanto, o mundo atual se aferra às velhas instituições, tratando de convencer o homem que tudo já foi oferecido definitivamente e que as estruturas atuais são inamovíveis e imutáveis. Mas esta atitude dos que assim sentem, ao mundo é antinatural, dando com isso origem à violência revolucionária.

    Esta é a causa pela qual o comunismo nega a Deus e a toda ideia transcendente do homem e da história, apresentando-nos um Estado totalmente naturalista, baseado no que se denomina “Materialismo Histórico”. A força revolucionária do comunismo passa por cima de toda concepção ideológica espiritual por considerá-la um sustentáculo da propriedade privada. Mas se os que dizem representar a democracia facilitassem o curso da evolução, esse fenômeno de violência que vemos na tática comunista seria interrompido sem dúvida alguma, uma vez que a modificação das coisas se daria com naturalidade e sem alterações bruscas nem dolorosas.

    Pelo que vemos podemos dizer que o comunismo é a consequência da repressão da evolução natural por parte dos que pretendem manter o estado atual do mundo. O próprio Espiritismo, que não emprega a violência para a propagação de seus ideais, sofre também a reação da velha ordem, pois que sua concepção religiosa e filosófica determina modificações radicais nesse aspecto. E aqueles que vivem como altos hierarcas, ocupando suntuosas posições no temporal e espiritual, tão pouco podem aceitar o Espiritismo como uma ideia amiga e como expressão da verdade. A respeito, vejamos o que diz “O Livro dos Espíritos”, na questão 798:

    O Espiritismo se tornará crença comum ou ficará sendo partilhado como crença apenas por algumas pessoas?
    — Certamente que se tornará crença geral e marcará nova era na história da humanidade, porque está na natureza e chegou o tempo em que ocupará lugar entre os conhecimentos humanos. Terá, no entanto, que sustentar grandes lutas, mais contra o interesse do que contra a convicção, porquanto não há como dissimular a existência de pessoas interessadas em combatê-los, umas por amor-próprio, outras por causas inteiramente materiais. Porém, como virão a ficar insulados, seus contraditores se sentirão forçados a pensar como os demais, sob pena de se tornarem ridículos.


    Nos parágrafos transcritos encontra-se a causa da tergiversação que se faz em torno da ideia espírita, desfigurando-a ante a opinião pública, a qual lamentavelmente é guiada e governada pelos que representam a antiga ordem do mundo. Por tal motivo o poder material atual nunca admitirá o Cristo tal como ele era, aceitando, em contrapartida, um Cristo-Deus vinculado a um representante terreno. E este tipo de Cristo-Deus é o único real para o poder oficial; os demais são heréticos ou, quando não, inspirados por Satanás, até mesmo o Cristo de amor e de verdade que a filosofia espírita nos apresenta.

    Mas, para que exista um monarca religioso na Terra, é necessário aceitar um tipo de Cristo como o que nos apresenta o dogma. Para que haja involução e imutabilidade espiritual e social, é preciso negar a pluralidade de existências; e para que nosso planeta seja o centro do universo, como ainda o aceitam os escolásticos e ortodoxos, é necessário negar a pluralidade dos mundos habitados. Sem estas duas pluralidades o Universo, o Ser e a História permanecerão fixos e a antiga ordem não correrá o risco de ser alterada em nenhum ponto de vista.

    Por esse motivo, o Espiritismo explode como um vulcão, resultando disso como que uma constrição através da qual se manifestam as forças reprimidas da evolução, ainda que desfiguradas pela violência. Daí sucede que toda ideia evolucionista é ocultada e não se lhe dá acesso nas universidades nem nos grandes órgãos de publicidade pois, para a cultura contemporânea só e aceitável aquilo que não afete o dogma nem a sociedade presente, já que estas duas instituições deverão manter-se indefinidamente tal como são, uma vez que representam os grandes interesses dos poderosos, os quais sem solução de continuidade, transmitem de família a família os bens e benefícios que os povos produzem para todos em geral.

    A velha ordem do mundo é o fato determinante do estado caótico em que vivem os povos de nossa época. Quando as leis de evolução sofrem reação, alteram-se os cursos naturais do progresso e sobreveem as mais terríveis catástrofes, as guerras e os procedimentos chamados totalitários e imperialistas. Enquanto a velha ordem não se decida a evoluir com o espírito do homem e da humanidade, haverá comoções sociais e revoluções violentas. É necessário que a velha ordem reconheça que deve promover a evolução da religião e da sociedade e, com elas, todas as estruturas materiais e espirituais.

    Enquanto existir um organismo mundial que pretenda representar a verdade divina, os valores religiosos e filosóficos do Espiritismo serão considerados ilegais, errôneos e inspirados pelo demônio. A massa de crentes, educada e conduzida por esse organismo eclesiástico mundial, como é lógico, levá-lo-á mais em conta do que a palavra dos que divulgam as verdades espíritas. Dir-se-á o contrário de tudo quanto o Espiritismo é e representa. Dir-se-á que os espíritas conversam com os mortos e que este ato é herético e sacrílego, já que para a Igreja os mortos são intocáveis, pertencem-lhe e são de sua absoluta incumbência. E a massa de crentes acreditará antes em seus pastores religiosos do que nos espíritas, no que respeita à verdadeira situação que ocupam os mortos na vida do mais além.

    A Igreja e os agora denominados “irmãos separados” (3) sabem impressionar bem os seus fiéis no que se refere aos mortos. Para eles são seres totalmente distanciados da Terra e recolhidos alhures, na ultratumba. Daí este conceito carente de toda base filosófica: “os mortos não falam nem se comunicam com os vivos” o que é arma indispensável na prédica antiespírita que realizam. Argumentam, ante os fiéis, que os mortos só podem comunicar-se com os vivos no seio da Igreja, pois que fora dela, não têm nenhuma relação com o homem como indivíduo, nem com a sociedade como instituição histórica e espiritual. E, desta forma, o Espiritismo é apresentado como “coisa repugnante” ante os que vivem mental e espiritualmente dentro da velha ordem, supondo que não passa de necromancia praticada por pessoas alienadas e cultores da magia negra.

    Eis aqui, pois, onde se situa a origem da resistência que o Espiritismo encontra na cultura contemporânea. Mas não nos esqueçamos de que toda “cultura” só merece aprovação quando não diverge do dogma e da sociedade presente. E também assim ocorre relativamente à democracia: esta é apenas “democrática” quando as liberdades que outorga não afetam o dogma e os interesses do sociedade. Mas, nem bem as liberdades concedidas denunciam os fenômenos contraditórios da ordem imperante, a democracia retira a livre expressão de pensamento por considerá-la atentatória à estabilidade social e religiosa. E passa, então, a ser julgada comunista.

    Mas, por que o Espiritismo, como movimento social, goza da liberdade em quase todos os países de caráter cristão? A resposta é fácil: o Espiritismo é tolerado em sua ação porque tende a aliviar a situação das massas trabalhadoras que os referidos países cristãos não se decidem solucionar. Pois, enquanto o Espiritismo secunda o Estado nesta tarefa de auxiliar aos indigentes e trabalhadores, mas sem entrar na análise da origem da miséria social, será bem visto, especialmente nos países chamados subdesenvolvidos. Entretanto, nem bem o Espiritismo inicie uma investigação de visu (4) no que respeita à origem da pobreza e da miséria que sofrem os povos, reclamando uma solução ante tão pavoroso problema, e a ideia espírita passará a ser perseguida, proibida e até mesmo qualificada de comunista. Pois que, ao fazer uma análise dos fenômenos sociais, bem como a do homem e do pauperismo em todos os aspectos, o Espiritismo se colocaria contra o dogma e a sociedade. Se duvidarmos, recordemos o episódio da crucificação de Jesus.

    Tenha-se presente que a ideia espírita forma no homem uma nova mentalidade, por meio da mais pura essência cristã da verdade e da justiça. Se bem que seja certo que a escola espírita ensina a tolerância, isto não impede que o homem espírita faça uso do sentido crítico no que respeita ao curso normal ou anormal da evolução e do progresso. E, este sentido crítico, não obstante a prática da tolerância, é o que impulsionará o espírita a refletir sobre os diversos fatos sociais e espirituais, para verificar que fatores favorecem ou não seu desenvolvimento.

    De maneira que as condições unilaterais que caracterizam a ordem atual não são as mais adequadas para o conhecimento da verdade, nem para um normal desenvolvimento da evolução e do progresso. Enquanto a cultura contemporânea só considerar como direitos sociais o conhecimento oficial, isto é, o que respeita ao dogma e sociedade antigos, a ideia espírita deverá desenvolver-se à margem da cultura do Estado, pois que, em caso de ser adotada pela Universidade como verdade real e demonstrada, seria recusada e rechaçada pelos interesses do dogma e da sociedade atuais, cujas bases se consideram as únicas reais e válidas.

    Não obstante, por que motivo o mundo está em plena comoção espiritual e social? Assim se encontra porque o processo histórico da evolução não pode ser detido pelos interesses terrenos de classes e castas que se arremetem obstinadamente contra a lei do progresso. E o que deveria realizar-se, sobre a base da compreensão e da paz, se realiza por meio de ásperas lutas, entre o passado e o futuro. A cultura oficial, o “realismo católico” e o “realismo socialista”, bem como o “realismo oficial” combatem o Espiritismo e isto tendo em vista a nova dimensão que ele descobre no Ser, na História e no Universo.

    Tanto para o “materialismo ateu” como para o “espiritualismo eclesiástico”, o Espiritismo não é uma verdade, já que sua visão difere tanto de um como de outro. E porque não enxergamos como “materialistas ateus” e “espiritualistas dogmáticos”, ambos se unem na negação dos princípios espíritas. Pois tanto em um como em outro setor existe uma mentalidade de classe social que vê neles fatores inadequados para a manutenção de suas respectivas posições ideológicas. Daí, pois, que o Espiritismo, através de seu movimento, deveria organizar-se mediante a união internacional dos espíritas, sobre a base dos postulados kardecistas. Esta união internacional lhe daria um poder espiritual e social, com o que se lhe abriria espaço para caminhar por entre a cultura contemporânea, cujo único interesse consiste em manter de pé o dogma e a sociedade presentes.

    Visto que o Espiritismo, por ser a verdade, não se mescla com nenhuma doutrina de nosso tempo; sua visão do mundo é completamente distinta tanto do capitalismo e do comunismo quanto do catolicismo, uma vez que cria um novo tipo humano, isto é, o Novo Homem, sobre a base firme da evolução, a qual dará nascimento ao mesmo tempo a uma nova ordem social onde o amor e a verdade, cristãos, serão seus mais sólidos alicerces.

    Buenos Aires, abril de 1968.


    NOTAS DO PENSE

    (1)
    O mesmo que ancilose: falta de movimento em alguma articulação, rigidez de ideias.
    (2) “O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec. Comentário à questão 783.
    (3) “Irmãos Separados” é uma frase usada pelos católicos para se referirem aos cristãos adeptos das igrejas reformadas ou protestantes.
    (4) “De visu” é uma expressão latina que significa “de vista”. Aplica-se à pessoa que presenciou o fato, à testemunha ocular, denominada testemunha “de visu”.

    Fonte: RIE - Revista Internacional de Espiritismo, Matão-SP.

    Humberto Mariotti (1905-1982), poeta, escritor, jornalista, conferencista e intelectual espírita argentino. Presidiu a Confederação Espírita Argentina em 1935/1937 e 1963/1967. Esteve, junto com Manuel S. Porteiro, no Congresso Espírita Internacional de Barcelona (1934). Foi também vice-presidente da Confederação Espírita Pan-Americana (CEPA) em duas gestões. Escreveu, dentre outras obras: Dialéctica y Metapsíquica; Parapsicologia y Materialismo Histórico; El Alma de los Animales a Luz de la Filosofia Espírita; En Torno al Pensamiento Filosofico de J. Herculano Pires; Victor Hugo, el Poeta del Más Allá.

    Contribuições do Espiritismo para uma Nova Família

    Escreve: Jaci Regis
    Em: Março de 2011

    http://www.viasantos.com/pense/arquivo/1338.html



    A família atual sofre ataques profundos em sua estrutura, apressando as mudanças, no conjunto das mutações que revoluciona o comportamento social, abalando velhas estruturas e tradições.

    Como conceituar a família atual, comparativamente à tradição? Como executar as funções de pai e mãe num momento tão inseguro como atualmente? Como encaminhar os filhos ou ensiná-los ao autogoverno, em meio a tantas variáveis e da imaturidade natural?

    Teria o Espiritismo contribuição objetiva para encaminhar a questão familiar de maneira a ajudar os pais e a família a encontrar um caminho de realização?

    Pretendo analisar as questões relativas ao núcleo familiar, na procura de indicações que formulem uma filosofia espírita da família, contribuindo para a dar ao núcleo doméstico a eficiência afetiva que é fundamental para o bom encaminhamento dos Espíritos que reencarnam.

    EM BUSCA DE UM NOVO MODELO

    Após 1945, a estrutura moral e de valores da sociedade foi definitivamente balada. Após os horrores da II Guerra Mundial do século 20, o modelo que vinha sendo corroído mais aceleradamente com a queda da moral vitoriana do século 19 e pelos efeitos da I Guerra Mundial de 1914-1918, mostrou-se inadequado, falso e hipócrita.

    Desde então buscam-se novas formas de relacionamento, sem encontrar um novo rumo. O que se vê é um não-modelo ou um modelo a procura de um sentido, moral e social, com fundas repercussões na instituição da família.

    A família nuclear de hoje, na cultura ocidental e cristã, com seu reduzido numero de participantes, é o retrato atual de um longo e diversificado processo de depuração da instituição familiar.

    O modelo de relação familiar que herdamos decorre da implantação do cristianismo no mundo ocidental. Analisando a conceituação básica do pensamento cristão, sob a ótica espírita, devido a visão de homem e de mundo adotada, podemos dizer que o cristianismo jamais entendeu a criatura humana, sua estrutura espiritual, medos e ansiedades. Centralizado na obsessão de salvar a humanidade, criou um sistema moralista baseado na negação do ser e na repressão sexual.

    A figura paterna passa por revisão avassaladora tanto pelos filhos, como pelo próprios pais. A mãe já não quer ser a rainha do lar, mas deseja participar social e profissionalmente e assumir a condição de mulher desejante, enfim, uma pessoa com direito à busca de si mesma, sem a tutela paterna ou do marido.

    Balançam as opções. Persistir no não-modelo , isto é, abandonar e desprezar todo o acervo histórico e moral existente e deixar as coisas correrem ao sabor das casualidades ou manter o modelo a procura de um sentido, resgatando parte do passado e buscando novas orientações, que é o que permanece no limbo das transições em curso.

    É verdade que não há como abandonar os fundamentos morais mais substanciais da doutrina cristã. O que incomoda e torna frágil a estrutura familiar é a falta de uma base conceitual límpida, sem coerção e pré-conceitos que se mostram antinaturais.

    MUTAÇÕES

    Analisarei alguns itens que transfornaram o velho modelo familiar.

    A - Liberação Sexual da Mulher
    Nada mais justo que a mulher tivesse conquistado o direito a sua sexualidade. Seria absurdo persistir no parâmetros que a Igreja cristã estabeleceu para a mulher, seja sexual, humana ou socialmente.

    As mulheres têm agora a liberdade de usar sua sexualidade conforme sua consciência. No uso do livre arbítrio, essa liberação será legítima conforme for utilizada de maneira equilibrada e responsável, de maneira a manter a dignidade da pessoa.

    É inegável que essa liberação abalou profundamente os alicerces da antiga família . Não apenas por essa elevação social e humana da mulher, mas por todas as transformações que daí decorreram e decorrem para as instituições do casamento, da divisão do trabalho no lar e pela eliminação do poder legal e institucional do homem na estrutura da família. Ou seja o rompimento da base sobre a qual a Igreja edificou o instituto da família.

    B - Questionamento do Casamento
    A indissolubilidade do casamento, pregada secularmente pela Igreja é um contrassenso, felizmente erradicada pela maioria dos países cristãos. As pessoas até nominalmente cristãs, sem dar importância à posição das igrejas em geral, casam e descasam.

    O Espiritismo sempre foi favorável ao divórcio. Kardec disse-o claramente.

    Muitas vezes os casamentos são desfeitos pelo voluntarianismo, pelo egoísmo e pela impaciência na adaptação. Outras, entretanto, são decorrentes de situações dramáticas, de sofrimentos e comportamentos que atingem a dignidade. Nesses casos, não há porque mantê-los. Eis o que diz O Livro dos Espíritos:

    940 . A falta de simpatia entre os seres destinados a viver juntos não é igualmente uma fonte de sofrimento, tanto mais amarga quanto envenena toda a existência?

    - Muito amarga, de fato: mas é uma dessas infelicidades de que, na maioria das vezes, sois a primeira causa. Em primeiro lugar as vossas leis estão erradas, pois acreditais que Deus vos obriga a viver com aqueles que vos desagradam?

    A própria instituição do casamento formal, legal, é questionada por muitos. Todavia, o anseio de construir uma família e a procura de uma convivência duradoura, dominam o cenário. Novas formas no relacionamento entre os cônjuges decorrerão do nivelamento mental, moral e até profissional dos parceiros. A antiga família contemplava a supremacia do homem, o “cabeça da família”, o que saía para prover os recursos e a submissão da mulher que devia ficar na casa para os serviços domésticos. O novo panorama exige a mudança desse modelo, com funções compartilhadas pelo casal. O casamento do futuro será baseado no afeto e no amor.

    C - Sexualidade Sem Compromisso
    Em virtude da liberação sexual da mulher, a sexualidade teve novos contornos na sociedade atual. Muitas máscaras caíram, muita hipocrisia desfez-se e também muito exagero e mesmo libertinagem se instalou. O alastramento da Aids é uma consequência dessa desestruturação moral. “Transar” já é normal. A virgindade feminina não é considerada fundamental. Entretanto, as famílias bem estruturadas deverão criar um clima de confiança e equilíbrio, de compreensão dos fatores sexuais, de modo a induzir os filhos a iniciar-se na sexualidade de maneira consciente, no seu tempo adequado, com apoio e acompanhamento dos pais.

    D - Limitação dos Filhos
    Na onda de transformações, as famílias encolheram. Dificuldades naturais e outros fatores levaram os casais na sociedade cristã a pensarem numa família nuclear reduzida. O problema da limitação dos filhos repercute na produção de remédios e métodos anticonceptivos. Alguns notadamente insensíveis e perniciosos, como a utilização do aborto como método anticoncepcional, o que não se pode aceitar. Parece-me, dentro da lei do livre arbítrio, que a decisão de limitar o número de filhos pertence ao casal. O planejamento, entretanto, não será legitimado se for baseado no egoísmo ou na futilidade.

    A paternidade realça o valor do homem para si mesmo, tanto quanto a maternidade eleva a mulher no seu próprio conceito. São estados de consciência que gratificam o Espírito, preparando-o para movimentar energias e possibilidades. (Amor, Casamento & Família, Jaci Regis, pág. 69).

    REESTRUTURAÇÃO MENTAL
    A introdução de um modelo renovador deve começar pela mudança da estrutura mental da pessoa e, posteriormente, pela reestrutura mental da sociedade. Sabemos que a sociedade cria sua própria moral que atua de forma condicionadora sobre o indivíduo. Logo a organização familiar estabelecida pela Igreja, séculos após séculos de indução, criou modelos mentais fixos, a custos reorganizados na mente.

    Quando Allan Kardec queixava-se da inexistência de um vocabulário específico para as idéias espíritas, sabia que uma palavra de significado consagrado em tradição secular correspondia a fixações mentais condicionadas.

    Assim, a palavra família, por exemplo, embora designe uma estrutura bem conhecida, essencialmente, tem entendimento diferente e contraditório quanto a sua real significação.

    No sentido de criação de uma mentalidade mais aberta, devemos considerar que tanto a concepção espiritualista univivencial, como também a materialista, entendem que a família é uma reunião fortuita e circunstancial de pessoas corporais dotadas, para os espiritualistas, de uma alma, criada no momento da concepção e para os materialistas apenas como um organismo vivo.

    A concepção espírita é totalmente diferente, uma vez que concebe a vida corpórea como um segmento da vida espiritual dinâmica e imortal. Isto é, que a sociedade humana atual é composta de Espíritos reencarnados, ou seja, seres inteligentes perfeitamente definidos e delineados, dentro da lei da evolução, da qual a reencarnação é instrumento.

    Dessa forma, postula que a família, antes de tudo, é um encontro de Espíritos. A família, na visão kardecista, é uma reunião de Espíritos afinizados em níveis de moralidade e evolução.

    Na visão cristã e materialista, os filhos, por exemplo, não escolhem a família. São gerados aleatoriamente pelos pais e têm que sofrer suas influências, sem poder dela se esquivar, imposta que foi, pelo azar ou pelo destino, a convivência com eles.

    Na compreensão kardecista, dentro de uma possível programação pré-reencarnatória, muitos filhos escolheram as famílias em que se encarnam, dentro da relação afetiva e sintônica que estabelece as ligações emotivas das pessoas.

    Na visão cristã e materialista, a criança é um ser inocente criada na gestação, entregue aos azares do destino, cujo futuro dependerá de situações aleatórias, que da qual ao crescer se exigirá caráter ilibado, bom. No caso materialista desembocando na finitude da existência e no cristão, para garantir, depois da morte, um lugar no céu ou condenação. ao inferno.

    Na visão kardecista a criança é, essencialmente, um Espírito com acervo evolutivo específico, que se submete a um processo de aprimoramento, na encarnação, da qual sairá mais experiente, em trânsito para a continuidade de seu projeto evolutivo, que recebemos como companheiro de jornada evolutiva.

    NOVO MODELO
    Primeiro é necessário definir como o Espiritismo analisa a vida corpórea.

    Aí a compreensão espírita permeia uma posição de extremo equilíbrio. Embora enfatizando a natureza imortal do ser, apoiada na visão evolutiva e da reencarnação, de modo algum a doutrina despreza ou diminui a vida terrena. Nem poderia, uma vez que ela não é uma exceção, nem castigo ou exílio, como às vezes se propala, dando seguimento à afirmação cristã da precariedade da vida humana, como mera transição para o céu ou o inferno.

    Em outras palavras, o Espiritismo dá grande ênfase à vida terrena. Para o espírita a encarnação não é um constrangimento.

    No nosso nível evolutivo, ela é uma decorrência natural, desejada e imprescindível. Na medida que o Espiritismo nos liberta das velhas contradições do cristianismo a respeito da ação divina e do pecado, vamos compreendendo que encarnar representa uma condição necessária e que cada vida corpórea, matizada pelo esquecimento do passado, representa uma aventura, um caminho a ser percorrido com surpresas, vitórias, fracassos.

    Nessa vida o Espírito exprime seus sentimentos, medos, desvios e acertos. Mas é também da sabedoria divina, que a encarnação promove um processo de desvinculação das personalidades anteriores e, embora guardando, como é compreensível, o imo de si mesmo, apresenta-se no mundo aberto, desguarnecido, pronto para receber influenciações que são decisivas para definir.

    Isto é, o esquecimento das vidas passadas é, justamente, o instrumento capaz de permitir ao reencarnado viver a vida como se fosse a primeira e única vez que o faz.

    Por isso esse modelo não cria qualquer diferença ou condena as manifestações comuns e naturais, sejam sexuais ou afetivas que geralmente constroem as relações familiares.

    Não encontro base para engessar o pensamento em formas expiatórias relativas a erros do passado. Ou seja, não considero que todas as agregações familiares sejam previamente combinadas antes da encarnação. Não descarto essa possibilidade, mas não a tomo como básica na compreensão das relações afetivas entre o casal e os filhos e no conjunto familiar em geral.

    Isso é necessário para libertar a mente de fantasmas e evitar justificar comportamentos agressivos, ódios, apegos excessivos ou outras formas que constituem uma grande parte da relação familiar, sempre com consequências funestas.

    O amor, a afeição são forças interiores da estrutura espiritual e não precisam de justificativas sobre possíveis ligações anteriores para se consolidarem.

    Vivendo intensamente a realidade do presente, embora com a visão ampla e libertadora da doutrina espírita, construiremos a família dentro de modelos dinâmicos, exercendo as funções paternais com desembaraço e consciência.

    O NÓ DOS CONFLITOS
    Os mecanismos da reencarnação são dispostos de modo que ao encarnar o Espírito, desvincula-se de suas personalidade, embora mantendo o acervo próprio de sua individualidade.

    Com isso, o Espírito pode reiniciar seu aprendizado terreno, como se fora a primeira vez que o fizesse. O esquecimento do passado é um instrumento básico para permitir a reciclagem das personalidades, condição indispensável à criação de oportunidades de crescimento e refazimento.

    Essa realidade nos livra de permanecer na relação humana na posição dúbia de querer ver além do tempo, a motivação pessoal de certos conflitos.

    Diante do cônjuge de difícil convivência não há como vê-lo como alguém que nos cobra a culpa por erros do passado, a pretexto de pagar dívidas passadas. Amá-lo, suporta-lo ou tolerá-lo ou não, será fruto da consciência dos fatores que cada um tem que analisar para a tomada de decisões. Da mesma forma o filho rebelde e difícil não tem que ser olhado como uma desafeto que volta para cobrar alguma coisa.

    São desafios difíceis, mas que podem ser enfrentados, a partir de uma visão menos utilitarista da vida

    Essa diversidade de visão caracteriza formas muitos diferentes de analisar a vida terrena e deveria desencadear motivações pedagógicas e comportamentais profundamente positivas na relação familiar, considerando a posição espírita.

    Muitos pais reclamam das dificuldades em criar um ambiente doméstico equilibrado e basicamente positivo. Dizem, com certa razão, que existem, hoje em dia, concorrentes poderosos à conivência familiar. A inserção da mulher no mercado de trabalho, por exemplo, tirou o papel de dona de casa . Se o casal trabalha fora, há de haver uma concentração mental e moral capaz de suprir a ausência com a criação de uma psicosfera familiar segura, de modo que os filhos se sintam importantes, notados e amados, ainda que sem a presença constante dos pais.

    Essa circunstância obriga a entregar os filhos em mão de terceiros, sejam parentes, empregados ou instituições, mas isso, como se pode comprovar, não afasta os filhos dos pais desde que, como disse, se deem aos filhos de maneira consistente.

    Na verdade, a maioria dos problemas dos filhos é decorrentes do abandono devido a futilidades e egoísmos materno ou paterno, de modo que vibracionalmente eles sentem que são deixados de lado, que não são importantes ou amados.

    A concorrência da televisão pode e deve ser contornada com a formação do hábito da conversa positiva, do diálogo e da união familiar em torno de tarefas de ideal, de serviço ao próximo, de utilidade humana, ao lado da merecida e equilibrada cota de laser, recreação, conforme as condições permitirem.

    Verificamos que a função paterna e materna, não se complica, mas exige uma atuação mais próxima, mais constante e uma abertura mental dos genitores para olhar os filhos com novo olhar.

    A visão imortalista produz efeitos benéficos na estrutura do ser. No caso de uma gravides, por exemplo, a mãe e, ao seu lado o pai, acompanharão o desenvolvimento do feto com ternura e expectativa, sabendo embora que aí se está gerando um corpo que servirá de expressão viva de um Espírito vivido, que virá ao encontro de seu lar para receber amor, compreensão, diretrizes.

    Certamente ele será um bebê, criança e viverão a realidade da convivência. Os pais chorarão por ele, se preocuparão com as doenças, com os problemas e o futuro dele. Mas tudo isso dentro de uma ótica mais equilibrada e compreensiva.

    CONSEQUÊNCIAS PRÁTICAS
    Bem compreendido o Espiritismo é instrumento de libertação e expansão da consciência. A reencarnação, como vimos, é um instrumento do processo evolutivo do ser imortal. É um segmento repetitivo, na nossa fase atual, de aprendizado e reajustamento psicológico, emotivo e moral.

    No vocabulário espírita, as expressões castigo, punição, expiação, provas , relativamente ao ser e à vida corpórea, devem ser entendidas, sobretudo, como oportunidades . Ou seja, a divindade não pune, oportuniza.

    Devido às realidades espirituais dos habitantes deste planeta e as implicações culturais, o lar só será o doce lar, conforme forem cultivados pelos seus componentes valores positivos. Isso não significa uma homogeneidade total, pois, pragmaticamente, a família é um polo de conflitos. De conflitos porque reúne em seu espaço afetivo todas as paixões e aspirações humanas. Nele reúnem-se Espíritos vivenciados, em busca de uma nova oportunidade de crescimento que a encarnação permite.

    Essa visão espírita é extremamente moral, mas não moralista. O Espiritismo baseia-se nos fundamentos da moral de Jesus de Nazaré. Todavia, a filosofia de vida é determina o comportamento. As informações e mesmo o conhecimento formal e intelectual das coisas, nem sempre consegue mudar os impulsos afetivos, nem direcionar convenientemente as emoções.

    O sentimento é que estabelece a forma de vivenciar.

    E o sentimento é produto de um complexo de percepções do Espírito, que tem que manipular, entretecer-se com variáveis afetivas que incluem o medo, o desejo, a rejeição e o amor, este compreendido, antes de tudo, como uma forma de sentir-se aceito, protegido, sustentado afetivamente.

    É a partir dessa matriz que o comportamento se realiza na relação, pois podemos saber que não devemos fazer algo mas fazemos, temos conhecimento que certas formas de agir são prejudicais e mesmo assim as executamos.

    Dito isto, consideremos a base moral das relações. É certo que existe uma moral social, coletiva, cultural. São crenças, costumes e leis que estabelecem os limites da relação entre as pessoas, nas quais a família se insere. Pois a moral, em resumo, é a maneira como cada um se relaciona consigo mesmo e com os outros.

    Todavia, é também da concepção espírita que existe uma Lei Natural que estabelece limites e canalizações da afetividade, de modo a que a pessoa se encaminhe, pelo melhor caminho possível, para encontrar uma relativa harmonização com a Lei.

    Essa compreensão será a baliza da moralidade.

    Fonte: Jornal de cultura espírita Abertura, maio de 2000, ano XIII, nº 148 - Santos-SP.
    Jaci Regis (1932-2010), psicólogo, jornalista, economista e escritor espírita, foi o fundador e presidente do Instituto Cultural Kardecista de Santos (ICKS), idealizador do Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita (SBPE), fundador e editor do jornal de cultura espírita “Abertura” e autor dos livros “Amor, Casamento & Família”, “Comportamento Espírita”, “Uma Nova Visão do Homem e do Mundo”, “A Delicada Questão do Sexo e do Amor”, “Novo Pensar - Deus, Homem e Mundo”, dentre outros.

    segunda-feira, 2 de maio de 2011

    REFLEXÕES SOBRE A MORTE DE OSAMA BIN LADEN


    Em tom solene, o presidente dos Estados Unidos da América, Barack Obama, anunciou oficialmente a morte de Osama Bin Laden, líder do grupo terrorista Al Qaeda, numa operação americana no Paquistão, na qual, o serviço de inteligência norteamericano -- em parceria com outros instituições internacionais -- obtiveram o "êxito" de localizar o homem então mais procurado do mundo e, juntamente, com a guarda que o dava guarida, finalmente executá-lo. Segundo as informações, Bin Laden teria sido executado com um tiro na cabeça e tido o cadáver sido jogado no mar.

    Obama expressou que "A justiça, enfim, foi feita". O reflexo dessa estratégia pode ser visto nas ruas dos EUA, em multidões comemoram a morte de seu inimigo.
     
    É bem sabido das terríveis ações da Al Qaeda, especialmente pelos atentados de 11 de setembro, em que aviões foram atirados contra o território americano. Igualmente sabemos dos desdobramentos que se sucederam e, provavelmente, se sucederão ainda por bom tempo -- dado que Osama Bin Laden era apenas mais um. No entanto, para nós espíritas, vale uma reflexão mais apurada da situação. A começar, por verificar a existência ou não dessa "justiça", que ora se propaga.
     
    Justiça não é igual a vingança.
     
    A lei do talião é válido aqui?
    Mas temos de considerar duas vertentes: uma diz respeito às leis humanas. E para as organizações federativas, as investidas terroristas de fato são passivas de respostas do nível de guerra. Por isso, legalmente -- pelas instâncias governamentais -- a caça a Bin Laden era uma questão de segurança nacional -- não apenas pelo que fizera ele, como também pela iminência de novos ataques. Guerra é guerra, portanto!
     
    A outra versão corresponde à justiça divina, cujo modelo está ilustrado em Jesus, pelo qual temos sentenças como: "Buscai a reconciliação com o teu desafeto enquanto estás em caminhada com ele"; "Dar a outra face"; "Aquele que com espada fere, com espada será ferido"; "Fazei ao outro aquilo que gostaria que ele vos fizesse".

    A briga entre EUA e a Al Qaeda -- e organismos similares -- tem raízes profundas e não pode ser medida apenas por eventos separados, como os ataques de 11 de setembro -- que foram consequências de outros ensejos, que somados todos, são suficientes para não condenar totalmente a um e justificar o outro lado.

    Quanto tem sido investido nessa guerra e quanto se tem pago para a pacificação? Qual teria o melhor custo-benefício?

    Portanto, não queremos aqui emitir julgamentos condenatórios. Levantamos uma outra possibilidade -- ainda que, momentaneamente utópica: a de Osama Bin Laden, ao invés de ser assassinado, ser convidado a liderar um movimento de aproximação entre esses "dois mundos extremos".
    O grau de impossibilidade dessa hipótese só reflete o quanto ainda a Humanidade em geral está atávica a um primitivismo de guerra, ganância e intolerância.
     
    Que nos cumpre, a nós espíritas? Vibrarmos por ambos: a Bin Laden, que se em vida foi um grande líder terrorista (sem entrarmos no mérito de suas intenções), poderá e certamente será um dia um grande Missionário da Luz; e trabalhará em nome de Jesus! Também vibremos pelo povo americano e a todos os mais que foram "vítimas" da Al Qaeda e associados, para que possam encontrar a força do perdão, da racionalidade e do senso da Bondade, Sabedoria e Justiça de Deus.
    Seria bom que essas pessoas que hoje festejam o desencarne daquele a quem chamam de "inimigo" soubessem que Bin Laden não está tão longe assim e que na espiritualidade, ele ainda poderá articular ainda mais ardilosamente novas investidas desgraçadas a seus assassinos. Diante disso, se em contrapartida ele recebesse vibrações fraternas, de ambas as frontes, muito mais cedo Bin Laden despertaria sua consciência para o bem maior, servindo assim a propósitos muito maiores do que a intrigas particulares de separações geográficas terrenas.
    Vibremos todos pela paz, a paz que beneficie a todos!