terça-feira, 3 de abril de 2012

A EVOLUÇÃO SEGUNDO O ESPIRITISMO

qua, 20 de fevereiro, 2008

Baseado na apostila do Instituto de Difusão Espírita de Juiz de Fora - MG
Allan Kardec, em toda a sua obra, procurou demonstrar que o Espiritismo nada tem a ver com o maravilhoso e o sobrenatural, e não guarda relação com nenhum tipo de superstição. Assim, a teoria da evolução no espiritismo está intimamente atrelada à da ciência. Claro, é preciso reconhecer que, na codificação de Kardec, está atrelada ao que se sabia de ciência de SUA época, com todas as suas falhas e preconceitos (e daí advém as críticas de que Kardec era racista, e tal). Mas, como o próprio Kardec postulou: "Caminhando de par com o progresso, o Espiritismo jamais será ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrassem estar em erro acerca de um ponto qualquer, ele se modificaria nesse ponto. Se uma verdade nova se revelar, ele a aceitará". Assim, cabe aos espíritas a atualização da doutrina através de um contínuo estudo.
O diferencial aqui é que, no espiritismo, toda a explicação da evolução do universo, planetas e seres se processa de acordo com a ciência, mas possui sua causa em uma inteligência (ou inteligências), durante todo o processo. Creio que seja análoga a Teoria do Design inteligente, que é diferente da Teoria do Criacionismo e do Pastafarianismo.
A Formação da vida na Terra
Acredita-se que a vida na Terra tenha surgido há cerca de 2 bilhões de anos, e, segundo a teoria que hoje prevalece (de Oparin e Müller), o primeiro ser vivo surgiu da combinação de elementos químicos presentes na Terra primitiva.
A fim de romper as moléculas dos gases simples da atmosfera e reorganizar as partes em moléculas orgânicas, era preciso energia, abundante na Terra jovem. Existia calor e vapor d'água. Tempestades violentas eram acompanhadas de relâmpagos que forneciam energia elétrica. O Sol bombardeava a Terra com partículas de alta energia e luz ultravioleta. Essas condições foram simuladas em laboratório, e os cientistas demonstraram que assim se produzem moléculas orgânicas. Entre elas, estão alguns aminoácidos, os importantes blocos de construção das proteínas, componentes fundamentais da matéria viva.
Em seguida, na seqüência que conduziu à vida, esses compostos foram levados da atmosfera pelas chuvas e começaram a se concentrar em certas áreas do oceano. Algumas moléculas orgânicas tendem a se agarrar no oceano primitivo, esses agregados provavelmente tomaram a forma de gotas, envolvidos por fina película protetora. Denominam-se esses seres de coacervados. Essas estruturas, apesar de não serem vivas, têm propriedades osmóticas e podem se unir, formando outro coacervado mais complexo. Da evolução destes coacervados, surgem as primeiras formas de vida. Os primeiros seres vivos, segundo se acredita, eram heterótrofos (buscavam o alimento fora deles), habitante das águas, unicelular e com um único sentido: o tato.
Emmanuel, através da mediunidade de Chico Xavier, escreve no livro "A Caminho da Luz" que todo esse processo admirável não foi obra do acaso, resultado de forças cegas, inconseqüentes, e sim, a conseqüência de um trabalho bem elaborado dos Espíritos superiores, responsáveis pelo destino de nosso planeta. Emmanuel nos informa que Jesus (ele mesmo) e sua falange de engenheiros, químicos e biólogos siderais estiveram presentes todo o tempo, acompanhando fase a fase o despertar da vida no planeta. Não podemos também desconsiderar a presença do princípio inteligente (que poderíamos chamar de "Deus") que, como "campo organizador da forma", deve ter exercido um papel preponderante no processo de gênese orgânica.
Emmanuel nos diz:

"E quando serenaram os elementos do mundo nascente, quando a luz do Sol beijava, em silêncio, a beleza melancólica dos continentes e dos mares primitivos, Jesus reuniu nas Alturas os intérpretes divinos do seu pensamento. Viu-se então, descer sobre a Terra, das amplidões dos espaços ilimitados, uma nuvem de forças cósmicas que envolveu o imenso laboratório em repouso. Daí a algum tempo, podia-se observar a existência de um elemento viscoso que cobria toda a Terra. Estavam dados os primeiros passos no caminho da vida organizada."

Este relato, obviamente que de forma romanceada, sugere elementos da Panspermia, teoria marginalizada pela ciencia até poucos anos e que sustenta que o "detonador" da vida na Terra foram elementos provenientes do espaço (trazidos por cometas, meteoritos e nebulosas).
Nas questões 43, 44 e 45 de "O Livro dos Espíritos" (de 1857), a Quimiossíntese e a Teoria dos Coacervados, de Alexander Oparin (de 1936), são prenunciadas pelos Espíritos, com palavras diferentes, mas com a mesma idéia.

A Evolução Orgânica
Não mais se discute hoje a realidade do processo evolutivo. A evolução das espécies é um fato inquestionável. Através de processo múltiplos e fenômenos diversos, os primeiros seres vivos, unicelulares e simples, foram os precursores de todas as formas complexas de vida. Mas qual o mecanismo dessa evolução? Duas teorias, agindo conjuntamente, sem se excluírem, tentam explicar a evolução:
Darwinismo: lançado em 1859, por Charles Darwin (No livro "A Origem das Espécies"). O Darwinismo se baseia na seleção natural, ou seja, os seres mais aptos sobrevivem, enquanto os menos aptos desaparecem.
Mutacionismo: teoria que teve em Hugo de Vries seu idealizador, baseia-se no conceito de mutação (toda alteração no patrimônio genético dos seres, que se transmite às espécies descendentes). Segundo essa teoria o aparecimento de espécies novas seria o resultado de várias mutações ocorridas nas espécies anteriores.
Como o macaco se tornou homíneo até hoje é uma incógnita. Nunca encontramos realmente o "elo perdido", a espécie biológica que represente esta transição. Já chegamos bem perto, mas ainda falta "algo". Tal vácuo dá espaço até para teorias de seres alienígenas que ficaram responsável por esta transição, com alterações in vitro e por meio de reprodução controlada inter-espécies (teoria esta não de todo maluca, se formos pesquisar nas lendas dos povos antigos, como os sumérios, índigenas e asiáticos).
Mas vejamos o pensamento de Kardec, em seu tempo, numa ciência ainda fortemente influenciada pelo modelo grego em que beleza = evolução, vemos no livro "A Gênese", de Allan Kardec, cap. 11, a "Hipótese sobre a origem do corpo humano":
Bem pode dar-se que corpos de macaco tenham servido de vestidura aos primeiros Espíritos humanos, forçosamente pouco adiantados, que viessem encarnar na Terra, sendo essa vestidura mais apropriada às suas necessidades e mais adequadas ao exercício de suas faculdades, do que o corpo de qualquer outro animal. Em vez de se fazer para o Espírito um invólucro especial, ele teria achado um já pronto. Vestiu-se então da pele do macaco, sem deixar de ser Espírito humano, como o homem não raro se reveste da pele de certos animais, sem deixar de ser homem.
Fique bem entendido que aqui unicamente se trata de uma hipótese, de modo algum posta como princípio, mas apresentada apenas para mostrar que a origem do corpo em nada prejudica o Espírito, que é o ser principal, e que a semelhança do corpo do homem com o do macaco não implica paridade entre o seu Espírito e o do macaco.
Admitida essa hipótese, pode-se dizer que, sob a influência e por efeito da atividade intelectual do seu novo habitante, o envoltório se modificou, embelezou-se nas particularidades, conservando a forma geral do conjunto. Melhorados os corpos, pela procriação, se reproduziram nas mesmas condições, como sucede com as árvores de enxerto. Deram origem a uma espécie nova, que pouco a pouco se afastou do tipo primitivo, à proporção que o Espírito progrediu. O Espírito macaco, que não foi aniquilado, continuou a procriar, para seu uso, corpos de macaco, do mesmo modo que o fruto da árvore silvestre reproduz árvores dessa espécie, e o Espírito humano procriou corpos de homem, variantes do primeiro molde em que ele se meteu. O tronco se bifurcou: produziu um ramo, que por sua vez se tornou tronco.
O tempo passou, aprendemos coisas como ecosistema, beleza só não põe mesa, a natureza não dá saltos, jacarés e ornitorrincos estão muito bem, obrigado, nada se perde, tudo se transforma, etc. A questão evoluiu no espiritismo pelas mãos de Chico Xavier e Emmanuel, que nos esclarecem que muitas das transformações que se verificaram nos seres foram, anteriormente, promovidas em suas estruturas perispirituais, entre uma existência e outra (ou seja, no plano espiritual!). Os Espíritos construtores, sob a supervisão de Jesus, retocavam, em vezes sucessivas, as formas perispiríticas, e estas alterações criariam o campo magnético para as futuras mutações.
Conta ainda que os seres atuais não tinham, no princípio da vida, suas formas biológicas totalmente definidas. Experiências múltiplas, no patrimônio genético dos nossos antepassados, coordenadas por geneticistas siderais, foram modelando aquelas formas que deveriam persistir até os tempos atuais. A seleção natural se incumbiria de fazer desaparecer as formas primitivas inaptas. Ou seja, uma mistura de Mutacionismo, Design Inteligente e Darwinismo. Interessante.
Emmanuel volta a dizer:

Extraordinárias experiências foram realizadas pelos mensageiros do invisível. As pesquisas recentes da ciência sobre o tipo de Neanderthal, reconhecendo nele uma espécie de homem bestializado e outras descobertas interessantes da Paleontologia, quanto ao homem fóssil, são um atestado dos experimentos biológicos a que procederam os prepostos de Jesus, até fixarem no primata as características aproximadas do homem futuro. Os séculos correram o seu velário de experiências penosas sobre a fronte dessa criatura de braços alongados e de pelos densos, até que um dia as hostes do invisível, operaram uma definitiva transição no corpo perispiritual pré-existente, dos homens primitivos, nas regiões siderais e em certos intervalos de suas reencarnações. Surgem os primeiros selvagens de compleição melhorada, tendendo à elegância dos tempos do porvir.


A evolução espiritual
Quanto à origem dos Espíritos, quase nada se sabe. Allan Kardec diz: "Desconhecemos a origem e o modo de criação dos Espíritos; apenas sabemos que eles são criados simples e ignorantes, isto é, sem ciência e sem conhecimento, porém perfectíveis e com igual aptidão para tudo adquirirem e tudo conhecerem. Na opinião de alguns filósofos espiritualistas, o princípio inteligente, distinto do princípio material, se individualiza e elabora, passando pelos diversos graus da animalidade. É aí que a alma se ensaia para a vida e desenvolve, pelo exercício, suas primeiras faculdades. Esse seria, por assim dizer, o período de incubação. Haveria assim filiação espiritual do animal para o homem, como há filiação corporal."
Hoje não resta mais dúvida de que os Espíritos, em sua longa trajetória, têm percorrido os diversos reinos da natureza. O pensamento de Léon Denis, de que "a alma dorme na pedra, sonha na planta, move-se no animal e desperta no homem", está plenamente incorporado ao corpo doutrinário do Espiritismo.
André Luiz, no livro "Mecanismos da Mediunidade" explica que "Temos, hoje, o Espírito por viajante do Cosmo, respirando em diversas faixas de evolução, condicionados nas suas percepções, à escala do progresso que já alcançou". E que tal progresso, estampado no campo mental de cada alma, vai ser condicionado por duas variantes: "o tempo de evolução, ou seja, aquilo que a vida já lhe deu, e o tempo de esforço pessoal na construção do destino, ou seja, aquilo que ele próprio já deu à vida".
 
No livro "No mundo Maior", André Luiz completa o seu pensamento: "Não somos criações milagrosas, destinadas ao adorno de um paraíso de papelão. Somos filhos de Deus e herdeiros dos séculos, conquistando valores, de experiência em experiência, de milênio a milênio".
Assim, no reino mineral, o princípio espiritual refletiria a sua presença nas manifestações das forças de atração e coesão com que as moléculas se ajuntam em característicos sistemas cristalográficos.
No reino vegetal, mostraria maiores aquisições pelo fenômeno de sensibilidade celular.
No reino animal, o princípio inteligente somaria novas aquisições refletidas nos instintos.
No reino hominal, todo esse cabedal de experiências estaria ampliado pelos novos lastros da concientização, a carregar consigo, raciocínio, afetividade, responsabilidade e outras tantas condições que caracterizam esta fase.
_____________________________ Princípio Inteligente
mineral - atração
vegetal - sensação
animal - instinto
hominal - razão
_____________________________


Reino Mineral
Acredita-se que antes de unir-se ao elemento material primitivo do planeta, (o "protoplasma", na expressão de Emmanuel), dando início a vida no orbe, o princípio inteligente encontrava-se nos cristais, completando seu estágio de individualização em longuíssimo processo de auto-fixação, ensaiando, aos poucos, os primeiros movimentos internos de organização e crescimento volumétrico.
Até hoje constitui fato pouco explicado pela ciência acadêmica, de determinadas substâncias arranjarem-se sob a forma de cristais perfeitamente arrumados segundo linhas geométricas definidas, o que não deixa de ser uma organização, ainda que não um organismo.
"O cristal é quase um ser vivente", disse Gabriel Delanne. Naturalmente que não iremos pensar numa inteligência própria da matéria. Todavia, o cientista Jean Emille Charon declarou que "o comportamento das partículas interatômicas revela vida incipiente".

Reino Vegetal e Animal
Após adquirir a capacidade de aglutinar os diversos elementos da matéria em sua peregrinação pelos minerais, o princípio espiritual vai iniciar outra etapa de sua longa carreira evolutiva. Identifica-se com os vírus, logo a seguir com as bactérias rudimentares, as algas unicelulares e, sucedendo-as, com as algas pluricelulares. O princípio inteligente passa então a vivenciar as experiências nos vegetais mais complexos, melhor estruturados, onde ele vai adquirir a capacidade de reagir direta ou indiretamente a qualquer mudança exterior (irritabilidade) e depois a faculdade de sentir, captar e registrar as alterações do meio que o cerca (sensação) - conquistas do princípio espiritual em seu percurso pelo reino vegetal.
Mais tarde, assinala-se o ingresso da "energia pensante", no reino animal. O princípio inteligente vai desdobrar-se entre os espongiários, os celenterados, os equinodermos e crustáceos, anfíbios, répteis, os peixes e as aves, até chegar aos mamíferos. Neste imenso percurso, o elemento espiritual estará enriquecendo a sua estrutura energética, aprimorando o seu psiquismo rudimentar e assimilando os valores múltiplos da organização, da reprodução, da memória, da auto-preservação, enfim, dos diversos instintos, preparando-se para a sublime conquista da razão.
Afirma-se que a conquista maior do princípio inteligente em sua passagem pelos animais foi o instinto.
Denomina-se instinto às formas de comportamento dos organismos que não são adquiridas durante a vida, mas herdadas. São impulsos naturais involuntários pelo qual os seres executam certos atos de forma mecânica, sem conhecer o fim ou o porquê desses atos (como o gato enterrar suas fezes e urina, ou certos pássaros fazerem seus ninhos de certa forma).
No entanto, em muitos animais, especialmente nos animais superiores (macaco, cão, gato, cavalo, muar e o elefante), já identifica-se uma inteligência rudimentar. Além dos atos instintivos, observa-se, às vezes, atitudes que demandam certo grau de perspicácia e lucidez. Seria uma forma primitiva de inteligência relacionada apenas a coisas que importam à auto-preservação do animal.
André Luiz diz que nos animais superiores observa-se um pensamento descontínuo e fragmentário, a partir do qual vai desenvolver-se o pensamento contínuo do reino honimal.
_____________________________ Conquistas do Princípio Inteligente
Atração: capacidade de aglutinar os elementos da matéria;
Sensação: faculdade de reagir aos estímulos do meio;
Instinto: atitudes espontâneas, involuntárias, reflexas, características da espécie;
Razão: consciência que o indivíduo tem de si mesmo e do meio que o cerca.
_____________________________


Reino Hominal
Afirma André Luiz que, para alcançar a idade da razão, com o título de homem, dotado de raciocínio e discernimento, o ser automatizado em seus impulsos, no caminho para o reino angélico, despendeu nada menos que um bilhão e meio de anos.
Com a conquista da razão, aparece o raciocínio, a lucidez, o livre-arbítrio e o pensamento contínuo. Até então, o progresso tinha uma orientação centrípeta, ou seja, de fora para dentro; o ser crescia pela força das coisas, já que não tinha consciência de sua realidade, nem tampouco liberdade de escolha. Ao entrar no reino hominal, o princípio inteligente - agora sim, Espírito - está apto a dirigir a sua vida, a conquistar os seus valores pelo esforço próprio, a iniciar uma evolução de orientação centrífuga (de dentro para fora).
Mas a conquista da inteligência é apenas o primeiro passo que o Espírito vai dar em sua estadia no reino hominal. Ele deverá agora iniciar-se na valorosa luta para conquistar os valores superiores da alma: a responsabilidade, a sensibilidade, a sublimação das emoções, enfim, todos os condicionamentos que permitirão ao Espírito alçar-se à comunidade dos Seres Angélicos.

Ler em espanhol (por Teresa)

Bibliografia:
Evolução em Dois Mundos - André Luiz/Chico Xavier - Waldo Vieira
No Mundo Maior - Cap. IV - André Luiz/Chico Xavier
Mecanismos da Mediunidade - André Luiz/Chico Xavier
Morte Vida Renascimento - Hernani Guimarães Andrade
Impulsos Criativos da Evolução - Jorge Andréa
A Caminho da Luz - Emmanuel/Chico Xavier
Evolução Anímica - Gabriel Delanne
Biologia - Helena Curtis

Campanha “Amor à Vida! Aborto, Não!” _ Revista Reformador

O Aborto na visão Espírita


I – Considerações Doutrinárias

A Doutrina Espírita trata clara e objetivamente a respeito do abortamento, na questão 358 de sua obra básica O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec:

Pergunta – Constitui crime a provocação do aborto, em qualquer período da gestação?

Resposta – “Há crime sempre que transgredis a lei de Deus. Uma mãe, ou quem quer que seja, cometerá crime sempre que tirar a vida a uma criança antes do seu nascimento, por isso que impede uma alma de passar pelas provas a que serviria de instrumento o corpo que se estava formando”.

Sobre os direitos do ser humano, foi categórica a resposta dos Espíritos Superiores a Allan Kardec na questão 880 de O Livro dos Espíritos:

Pergunta – Qual o primeiro de todos os direito naturais do homem?

Resposta – “O de viver. Por isso é que ninguém tem o de atentar contra a vida de seu semelhante, nem de fazer o que quer que possa comprometer-lhe a existência corporal”.

Início da Vida Humana


Para a Doutrina Espírita, está claramente definida a ocasião em que o ser espiritual se insere na estrutura celular, iniciando a vida biológica com todas as suas conseqüências. Na questão 344 de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec indaga aos Espíritos Superiores:

Pergunta – Em que momento a alma se uns ao corpo?

Resposta – “A união começa na concepção, mas só é completa por ocasião do nascimento. Desde o instante da concepção o Espírito designado para habitar certo corpo a este se liga por um laço fluídico, que cada vez mais se vai apertando até ao instante em que a criança vê a luz. O grito, que o recém-nascido solta, anuncia que ela se conta no número dos vivos e dos servos de Deus.”

As ciências contemporâneas, por meio de diversas contribuições, vêm confirmando a visão espírita acerca do momento em que a vida humana se inicia. A Doutrina Espírita firma essa certeza definitiva, estabelecendo uma ponte entre o mundo físico e o mundo espiritual, quando oferece registros de que o ser é preexistente à morte biológica.

A tese da reencarnação, que o Espiritismo apresenta como eixo fundamental para se compreender a vida e o homem em tua sua amplitude, hoje é objeto de estudo de outras disciplinas do conhecimento humano que, através de evidências científicas, confirmam a síntese filosófica do Espiritismo: “Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sempre, tal é a Lei.”

Assim, não se pode conceber o estudo do abortamento sem considerar o princípio da reencarnação, que a Parapsicologia também aborda ao analisar a memória extracerebral, ou seja, a capacidade que algumas pessoas têm de lembrar, espontaneamente, de fatos com elas ocorridos, antes de seu nascimento. Dentro da lei dos renascimentos se estrutura, ainda, a terapia regressiva a vivências passadas, que a Psicologia e a Psiquiatria utilizam no tratamento de traumas psicológicos originários de outras existências, inclusive em pacientes que estiveram envolvidos na prática do aborto.

Aborto Terapêutico


O procedimento abortivo é moral somente numa circunstância, segundo O Livro dos Espíritos, na questão 359, respondida pelos Espíritos Superiores:

Pergunta – Dado o caso que o nascimento da criança pusesse em perigo a vida da mão dela, haverá crime em sacrificar-se a primeira para salvar a segunda?

Resposta – “Preferível é se sacrifique o ser que ainda não existe a sacrificar-se o que já existe.’

(Os Espíritos referem-se, aqui, ao ser encarnado, após o nascimento.)

Com o avanço da Medicina, torna-se cada vez mais escassa a indicação desse tipo de abortamento. Essa indicação de aborto, todavia, com as angústias que provoca, mostra-se como situação de prova e resgate para pais e filhos, que experimentam a dor educativa em situação limite, propiciando, desse modo, a reparação e o aprendizado necessários.

Aborto por Estupro


Justo é se perguntar, se foi a criança que cometeu o crime. Por que imputar-lhe responsabilidade por um delito no qual ela não tomou parte?

Portanto, mesmo quando uma gestação decorre de uma violência, como o estupro, a posição espírita é absolutamente contrária à proposta do aborto, ainda que haja respaldo na legislação humana.

No caso de estupro, quando a mulher não se sinta com estrutura psicológica para criar o filho, cabe à sociedade e aos órgãos governamentais facilitar e estimular a adoção da criança nascida, ao invés de promover a sua morte legal. O direito à vida está, naturalmente, acima do ilusório conforto psicológico da mulher.

Aborto “Eugênico” ou “Piedoso”


A questão 372 de O Livro dos Espíritos é elucidativa:

Pergunta – Que objetivo visa a providência criando seres desgraçados, como os cretinos e os idiotas?

Resposta – “Os que habitam corpos de idiotas são Espíritos sujeitos a uma punição. Sofrem por efeito do constrangimento que experimentam e da impossibilidade em que estão de se manifestarem mediante órgãos não desenvolvidos ou desmantelados.”

Fica evidente, desse modo, que, mesmo na possibilidade de o feto ser portador de lesões graves e irreversíveis, físicas ou mentais, o corpo é o instrumento de que o Espírito necessita para sua evolução, pois que somente na experiência reencarnatória terá condições de reorganizar a sua estrutura desequilibrada por ações que praticou em desacordo com a Lei Divina. Dá-se, também, que ele renasça em um lar cujos pais, na grande maioria das vezes, estão comprometidos com o problema e precisam igualmente passar por essa experiência reeducativa.

Aborto Econômico


Esse aspecto é abordado em O Livro dos Espíritos, na questão 687:

Pergunta – Indo sempre a população na progressão crescente que vemos, chegará tempo em que seja excessiva na Terra?

Resposta – “Não, Deus a isso provê e mantém sempre o equilíbrio. Ele coisa alguma inútil faz. O homem, que apenas vê um canto do quadro da Natureza, não pode julgar da harmonia do conjunto.”

Em O Evangelho segundo o Espiritismo, Cap. XXV, a afirmativa de Allan Kardec é esclarecedora: “A Terra produzirá o suficiente para alimentar a todos os seus habitantes, quando os homens souberem administrar, segundo as leis de justiça, de caridade e de amor ao próximo, os bens que ela dá. Quando a fraternidade reinar entre os povos, como entre as províncias de um mesmo império, o momentânea supérfluo de um suprirá a momentânea insuficiência de outro; e cada um terá o necessário.”

Convém destacar, ainda, que o homem não é apenas um consumidor, mas também um produtor, um agente multiplicador dos recursos naturais, dominando, nesse trabalho, uma tecnologia cada vez mais aprimorada.

O Direito da Mulher


Invoca-se o direito da mulher sobre o seu próprio corpo como argumento para a descriminalização do aborto, entendendo que o filho é propriedade da mãe, não tem identidade própria e é ela quem decide se ele deve viver ou morrer.

Não há dúvida quanto ao direito de escolha da mulher em ser ou não ser mãe. Esse direito ela o exerce, com todos os recursos que os avanços da ciência têm proporcionado, antes da concepção, quando passa a existir, também, o direito de um outro ser, que é o do nascituro, o direito à vida, que se sobrepõe ao outro.

Estudos científicos recentes demonstram o que já se sabia há muito tempo: o feto é uma personalidade independente que apenas se hospeda no organismo materno. O embrião é um ser tão distinto da mãe que, para manter-se vivo dentro do útero, necessita emitir substâncias apropriadas pelo organismo da hospedeira como o objetivo de expulsá-lo como corpo estranho.

Conseqüências do Aborto


Após o abortamento, mesmo quando acobertado pela legislação humana, o Espírito rejeitado pode voltar-se contra a mãe e todos aqueles que se envolveram na interrupção da gravidez. Daí dizer Emmanuel (Vida e Sexo, psicografado por Francisco C. Xavier, cap. 17, ed. FEB): “Admitimos seja suficiente breve meditação, em torno do aborto delituoso, para reconhecermos nele um dos fornecedores das moléstias de etiologia obscura e das obsessões catalogáveis na patologia da mente, ocupando vastos departamentos de hospitais e prisões”.

Mulher e homem acumpliciados nas ocorrências do aborto criminoso desajustam as energias psicossomáticas com intenso desequilíbrio, sobretudo, do centro genésico, implantando nos tecidos da própria alma a sementeira de males que surgirão a tempo certo, o que ocorre não só porque o remorso se lhes estranha no ser mas também porque assimilam, inevitavelmente, as vibrações de angústia e desespero, de revolta e vingança dos Espíritos que a lei lhes reservava para filhos.

Por isso compreendem-se as patologias que poderão emergir no corpo físico, especialmente na área reprodutora, como o desaguar das energias perispirituais desestruturadas, convidando o protagonista do aborto a rearmonizar-se com a própria consciência.

No Reajuste


Ante a queda moral pela prática do aborto não se busca condenar ninguém. O que se pretende é evitar a execução de um grave erro, de conseqüências nefastas, tanto individual como socialmente, como também sua legalização. Como asseverou Jesus: “Eu também não te condeno; vai e não tornes a pecar.” (João, 8:11.)

A proposta de recuperação e reajuste que o Espiritismo oferece é de abandonar o culto ao remorso imobilizador, a culpa autodestrutiva e a ilusória busca de amparo na legislação humana, procurando a reparação, mediante reelaboração do conteúdo traumático e novo direcionamento na ação comportamental, o que promoverá a liberação da consciência, através do trabalho no bem, da prática da caridade e da dedicação ao próximo necessitado, capazes de edificar a vida em todas as suas dimensões.

Proteger e dignificar a vida, seja do embrião, seja da mulher, é compromisso de todos os que despertaram para a compreensão maior da existência do ser.

Agindo assim, evitam-se todas as conseqüências infelizes que o aborto desencadeia, mesmo acobertado por uma legalização ilusória. “O amor cobre a multidão de pecados”, nos ensina o apóstolo Pedro (I Epístola, 4:8).

II – Considerações Legais e Jurídicas


Alteração do Código Penal

Tramita no Congresso Nacional Projeto de Lei que altera o Código Penal Brasileiro, nos seus artigos 124 a 128, elaborado por uma comissão especialmente criada com esse fim, e que já recebeu a acolhida do Ministério da Justiça e da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados.

O Código vigente, Decreto-Lei 2.848, de 7-12-1940, pune o aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento (art. 124), o aborto provocado por terceiro (art. 125), o aborto provocado com o consentimento da gestante (art. 126), e prevê formas qualificadas em caso de superveniência de lesões graves ou morte da gestante (art. 127). No art. 128, expressa não ser punível o aborto praticado por médico: “(...) II – Se a gravidez resultante de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal”, além, claro, daquele autorizado para salvar a vida da gestante (inciso I).

O anteprojeto de alteração do Código Penal Brasileiro vai além, em especial no seu artigo 128, com a ampliação de sua área de abrangência, ou seja, permitindo a prática do aborto: a) não só quando houver perigo de vida à gestante, mas também para, em caráter amplo, “preservar a saúde” da mulher (inciso I), ou b) não só em razão da gravidez originada de estupro, mas também quando a gravidez for resultado da “violação da liberdade sexual ou do emprego não consentido de técnica de reprodução assistida” (inciso II) e c) quando houver fundada probabilidade de o nascituro apresentar graves e irreversíveis anomalias físicas ou mentais, mediante constatação e atestado afirmado por dois médicos (inciso III).

Dada a gravidade da questão, eis que as alterações propostas ampliam a descriminalização do aborto e implicam o poder de decidir sobre a vida de um ser humano já existente e em desenvolvimento no ventre materno, oferecendo à gestante inúmeras alternativas legais, não há como permanecer em silêncio, sob a pena de conivência com um possível procedimento que, frontalmente, fere o direito à vida, cuja inviolabilidade tem garantia constitucional. À vista dessas propostas, é necessário que se dê ênfase à responsabilidade assumida por todos quantos participem da perpetração do ato criminoso, desde a atividade legislativa e sua promulgação, convertendo em lei o leque abrangente da prática do abortamento, até quem o autoriza, com ele consente e o executa.

Vale notar que existem outros projetos de lei no Congresso sob o mesmo enfoque e, recentemente, o Sr. Ministro da Saúde, através de Norma Técnica, procurou antecipar a prática de procedimentos abortivos no sistema SUS.

O Direito À Vida


O direito à vida é amplo, irrestrito, sagrado em si e consagrado mundialmente. No que tange ao direito brasileiro, a “inviolabilidade do direito à vida” acha-se prevista na Constituição Federal (artigo 5º “caput”), o primeiro entre os direitos individuais, quando essa lei básica, com ênfase, dispõe sobre os direitos e garantias fundamentais.

O ser humano, como sujeito de direito no ordenamento jurídico brasileiro, existe desde a sua concepção, ainda no ventre materno. Essa afirmativa é válida porque a ciência e a prática médica, hoje, não têm dúvida alguma de que a criança existe desde quando fecundado o óvulo pelo espermatozóide, iniciando-se, aí, o seu desenvolvimento físico. Tanto correta é essa afirmativa que, no ordenamento jurídico brasileiro, há a previsão legal de que “a personalidade civil do homem começa pelo nascimento com vida, mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro” (artigo 4º do Código Civil – grifou-se). Entre esses direitos está, além daqueles que ostentem caráter meramente econômico ou financeiro, o primeiro e o mais importante deles, vale dizer, o direito à vida.

Surge, aqui, uma conclusão: a de que a determinação de respeito aos direitos do nascituro acentua a necessidade legal, ética e moral de existir maior e quase absoluta limitação da prática do abortamento. Uma exceção, apenas, há: quando for constado, efetivamente, risco de vida à gestante.

Essa limitação quase absoluta da permissibilidade do abortamento, com a exclusão da responsabilidade tão-somente no caso do inciso I do artigo 128 do atual Código Penal (risco de vida à gestante), afasta, moralmente, a possibilidade do abortamento em virtude do estupro (constrangimento da mulher à conjunção carnal, mediante violência ou grave ameaça), embora permitido no inciso II do dispositivo legal em tela. Isso porque, analisando-se o fato à luz da razão e deixando de lado, por ora, os reflexos do ato, na gestante, estar-se-ia executando autêntica pena de morte em um ser inocente, condenado sem que tivesse praticado qualquer crime e – o que se afigura pior e cruel -, sem que se lhe facultasse o direito de defender-se, direito esse conferido,legalmente e com justiça, até àqueles acusados dos crimes os mais hediondos.

Eis a razão do grito de repúdio ás propostas de alteração do Código Penal pátrio e, conseqüentemente, do alerta em defesa da vida, já que, no caso do abortamento, o destinatário do direito a ela se acha impossibilitado de exercê-lo. E mais: penalizam-se duas vítimas, a mãe que se submeterá ao abortamento, cuja prática pode gerar conseqüências físicas indesejáveis, além das de ordem psicológica, e o filho, cuja vida é interrompida, enquanto que o agressor, muitas vezes, remanesce impune, dadas as dificuldades que ocorrem, geralmente, na apuração da autoria do crime cometido.

Diante dessa situação, deve ser preservada a vida da criança como dádiva divina que é não obstante as circunstâncias que envolveram a sua concepção. Se, contudo, a mãe não se sentir com estrutura psicológica para aceitar um filho resultante de um ato sexual indesejado, a atitude que se afigura correta e justa é que se promova sua adoção por outrem, oferecendo-se a ele um lar onde possa ser criado e educado, enquanto é desenvolvido trabalho para reequilíbrio da mãe, com a superação (ainda que lenta e dolorosamente, mas saudável para seu crescimento moral, social e espiritual) dos efeitos nocivos do crime de que foi vítima. Não será, evidentemente, o sacrifício de um ser sem culpa, que desabrocha para a vida, que resolverá eventuais traumas da infeliz mãe, sem falar na possibilidade de sofrer ela as conseqüências físicas e psicológicas já referidas, além do reflexo negativo de natureza espiritual.

Há necessidade urgente de que se tenha consciência do crime que se pratica quando se interrompe o curso da vida de um ser. Não importa se, como no caso, esse curso esteja em sua fase inicial. Não se pode, conscientemente, acobertá-lo com o manto de questionável “legalidade”,

Cabe a cada um de nós amar a vida e dignificá-la, tanto quanto cabe aos homens públicos e, principalmente, aos legisladores e governantes criar as condições necessárias para que o respeito à vida e aos direitos humanos (inclusive do nascituro), a solidariedade e a ajuda recíproca sejam não só enunciados, mas praticados efetivamente, certos, todos, de que, independentemente da convicção religiosa ou doutrinária de cada um, não há dúvida de que somos seres criados por Deus, cujas Leis, entre elas, a maior, a Lei do Amor, regem nossos destinos.

Espera-se que, como resultado deste alerta que o quadro social está a sugerir, possa ser vislumbrada a gravidade contida nas alterações legislativas propostas. É urgente e necessário que todas as consciências responsáveis visualizem, compreendam e valorizem o cerne do problema em questão – o direito à vida -, somando-se, em conseqüência, àqueles muitos que, em todos os segmentos da sociedade, o defendem intransigentemente.

A análise e as conclusões aqui expostas, como decorrência lógica do pensamento espírita-cristão sobre o aborto, representam contribuição à ética, à moral e ao direito do ser humano à vida. Não há, no contexto desta mensagem, a pretensão de que todos que a lerem aceitem os princípios do Espiritismo. Espera-se, todavia, confiantemente, que haja maior reflexão sobre tão importante assunto, notadamente ante a observação de que conquistas científicas e médicas atuais, comprovando de forma irrefutável a existência de um ser desde a concepção com direito à vida, oferecem esclarecimentos e razões que orientam para que se evite qualquer ação, cujo significado leve à agressão à vida do ser em formação no útero materno. Afigura-se, assim, de suma importância qualquer manifestação de repúdio aos propósitos da alteração legislativa referida. Esse o objetivo desta mensagem.

Enquanto nós, os homens, cidadãos e governantes, não aprendermos a demonstrar amor sincero e acolhimento digno aos seres que, de forma inocente e pura, buscam integrar o quadro social da Humanidade, construindo, com este gesto de amor, desde o início, as bases de um relacionamento realmente fraternal, não há como se pretender a criação de um ambiente de paz e solidariedade tão ansiosamente esperado em nosso mundo.

Não há como se pretender que crianças, jovens e adultos não sejam agressivos, se nós os ensinamos com o nosso comportamento, logo de início, e até legalmente, a serem tratados com desamor e com violência.

Amor à Vida! Aborto, não!


(Este texto – O aborto na visão espírita – aprovado pelo Conselho Federativo Nacional em sua Reunião Ordinária de 13 a 15 de novembro de 1999, em Brasília, constitui o documento que a FEB está levando, como esclarecimento, à consideração das autoridades do Governo Federal, do Congresso Nacional e do Poder Judiciário. As Entidades Federativas estaduais, por sua vez, realizam o mesmo trabalho junto aos Governadores, Deputados Estaduais, Prefeitos, Vereadores, outras autoridades e ao público em geral, em seus Estados.)

Revista Reformador, Nº 2051, Fevereiro de 2000

A Visão Espírita do Aborto


O aborto é a expulsão de um “concepto” inviável. É esta a denominação que se dá ao feto que pesa até 500 gramas e cujo comprimento máximo é de 16 cms. Embora conste da literatura médica o caso de um feto que sobreviveu tendo um peso de apenas 397 gramas, os dados agora referidos são os que são aceites para a sua definição.
Sob o ponto de vista médico, há muitas classificações para o aborto, mas aqui vamos só referir-nos (e resumidamente) ao aborto provocado ou intencional.

Eticamente, há duas atitudes a tomar perante o embrião. Uma, é a de quem o considera uma coisa que pode ser descartada, que não tem uma dignidade intrínseca e da qual se pode dispor sem problemas. Esta é a ideia do “embrião-coisa”, que predomina na mente das pessoas que aceitam o aborto. Um exemplo típico desta atitude é a entrevista que Molly Yard (à época Presidente da Organização Nacional das Mulheres dos EUA) concedeu à revista brasileira “Isto É/Senhor”, de 23/08/89, e na qual afirmou:

“Num aborto praticado no primeiro trimestre da gravidez, o que se perde são algumas colheradas de células, mais nada. Aquilo não tem a menor viabilidade de ter vida independente fora do útero da mulher.” Esta é a visão distorcida do embrião, que é difundida pelas militantes pro-aborto – sobretudo pelas feministas –, com o objectivo de reduzir o extraordinário fenómeno da vida a um acontecimento banal e sem qualquer importância.

Quando se divulga a ideia de que o embrião não é senão uma “colherada de células”, uma “massa informe”, “aquilo”, ou algo que “pertence” à mulher, é óbvio que nela está implícita a noção de que é uma “coisa”. No entanto, científicamente falando, não há nada mais falso! Mas é óbvio o que se pretende obter com este rebaixamento: procura-se reduzir o embrião ao estado de “coisa”, para colocá-lo sob a exclusiva “competência” da mãe e completamente dependente do seu organismo, a fim de dar à grávida a “autonomia” para decidir se este vive ou morre. Tenta-se assim justificar o injustificável, isto é, negar ao zigoto (a célula-ovo) e ao embrião, o direito inalienável à vida!

Calcula-se que na Rússia são praticados cerca de seis milhões de abortos por ano, e nos Estados Unidos, no mesmo período, um milhão e seiscentos mil. Portanto, de dois em dois anos, os russos exterminam uma cidade de 12 milhões de habitantes e os Estados Unidos fazem o mesmo, mas de oito em oito anos.
A estatística mundial calculada por Steve Jones, director do mais antigo laboratório de Genética do mundo – o Galton Laboratory –, é assustadora: anualmente são provocados 60 milhões de abortos, contra os 90 milhões de crianças nascidas por ano (1).

Felizmente, há uma segunda atitude: a da personificação. O termo persona exprime o rosto humano, o aspecto irredutível da sua personalidade, “o mistério de ser o fim em si mesmo” (2). Deste modo, a pessoa tem o seu valor intrínseco, a sua dignidade ontológica, que consiste no simples facto de existir. No caso do “embrião-persona”, aplica-se-lhe o conceito de pessoa, embora as suas potencialidades não se tenham ainda desenvolvido. A Bioética Personalista privilegia este modelo. Neste paradigma, o embrião usufrui de um bem que lhe é outorgado: o direito à vida.
Do que fica dito, infere-se que as atitudes de “coisificação” ou de “personificação” do embrião, são as que vão determinar se se aceita ou não, o aborto provocado.

As razões científicas contra o aborto:
À primeira vista, pode parecer que as razões contra o aborto provocado estejam exclusivamente ligadas às questões religiosas, mas uma análise mais aprofundada mostra que estas têm raízes na própria ciência.

Vejamos qual é, para as Ciências da Vida, o verdadeiro significado do zigoto (a célula-ovo fertilizada). Para Moore e Persaud (3) “o desenvolvimento humano é um processo contínuo que começa quando o ovócito de uma mulher é fertilizado pelo espermatozóide de um homem. O desenvolvimento envolve muitas modificações que transformam uma única célula – o zigoto – num ser humano multicelular”. Ainda segundo estes ilustres embriologistas, o zigoto e o embrião inicial são organismos humanos vivos, nos quais já estão fixadas todas as bases do indivíduo adulto. Sendo assim, não é possível interromper qualquer ponto do continuum – zigoto, feto, criança, adulto, velho – sem provocar danos irreversíveis no bem maior que é a própria vida.

O caso é que os especialistas conhecem as qualidades da célula-ovo ou zigoto. Em nenhum outro momento da vida humana se vai ver um desenvolvimento semelhante: de 130 micrómetros (medida dimensional histológica), ela passará a um aumento ponderal de dez mil vezes, apenas nas primeiras 4 semanas. E há muito mais a dizer-se sobre a célula-ovo porque, em potência, esta contem nela própria todo o projecto de um novo ser, único e insubstituível.

A ciência oficial reconhece que não tem uma explicação para o processo da ontogénese. O Nobel de Bioquímica, François Jacob, afirmou que se sabe muito pouco sobre os processos reguladores dos embriões e sobre a sua capacidade de produzir tecidos e órgãos tridimensionais a partir das sequências unidimensionais existentes nas bases que estruturam os genes (4).

Dado o espaço, não é possível trazer aqui os outros argumentos que desenvolvemos no nosso livro “O Clamor da Vida”, tais como os que retirámos dos estudos sobre a origem da vida e o seu significado científico, com todas as consequências que daí advêm para as discussões bioéticas, morais, políticas e religiosas.
Mas pelo exposto, já se pode constatar não ser verdadeira a imagem passada pelos “opinion makers” (formadores de opinião) e pelas feministas, de que o embrião é uma massa informe, uma colherada de células sem importância. Esta orquestração anti-científica tem um objectivo muito claro: fazer da vida uma coisa banal, para manipular o embrião com mais liberdade.

O respeito pela Lei Divina:
Os últimos estudos e pesquisas científicas apontam para uma verdade clara como o cristal: a vida é um bem outorgado e, portanto, indisponível.
A “coisificação” do embrião é, por consequência, uma atitude errónea que precisa de ser revista.
Sendo a vida um bem concedido por Deus, sempre que se interfere para a destruir, está-se a cometer um crime passível de penalização.

Allan Kardec perguntou aos Espíritos se é racional ter para com o feto a mesma atenção que se tem para com o corpo de uma criança viva.
Na resposta, os Instrutores Espirituais realçaram a importância do respeito que se deve ter pela obra divina mesmo quando ainda está incompleta, porque esta obedece aos seus desígnios e estes ainda são insondáveis para nós, seres imperfeitos (5).

Salientaram também que o aborto é um crime (6) porque a mãe, ou qualquer outra pessoa, está a impedir que essa alma passe pelas provas de que precisa para se aperfeiçoar, as quais lhe são concedidas através do corpo físico. Os Instrutores também disseram a Kardec que só é permitido que se intervenha, quando há um perigo de vida iminente para a gestante (7) e se se tem a intenção de salvar-lhe a vida e não de destruir o feto – embora isso possa acontecer como consequência do salvamento. No entanto, hoje em dia, estes casos são cada vez mais raros devido aos avanços da tecnologia médica.

Como é que se pode compreender que a consciência da mulher não a acuse pelo crime do aborto que está prestes a cometer?
Por que é que ela expulsa o feto que abrigou nas suas entranhas, contrariando assim todos os sentimentos (para os quais foi psiquicamente construída durante milhões de anos de evolução) e concretiza essa violência contra si própria?

Sabemos que há inúmeros factores que levam a mulher a cometer um aborto, mas os que inegavelmente têm mais peso são a falta de informação quanto ao seu próprio corpo e às possibilidades de um planeamento familiar, e o egoísmo, agravado por uma visão hedonista da vida. Nós, que ficamos horrorizados por pensarmos que podemos pisar um ovo de pássaro e destruir a avezinha que está lá dentro a desenvolver-se, somos levados a acreditar – através do raciocínio materialista – que o embrião humano não tem nenhum valor, pelo que pode ser extirpado, sem que os responsáveis tenham qualquer problema de consciência.
E não podemos esquecer-nos de que o gesto intencional que determina a morte do feto é um dos mais cruéis e cobardes, porque a vítima não se pode defender…

Consequências psicofísicas e espirituais:
Embora a maternidade tenha um apelo acentuado no psiquismo da mulher, a razão nem sempre é um guia infalível e o resultado é que a mãe acaba por praticar o acto violento contra o filho e contra si própria, quando todo o seu ser foi construído para resguardar a vida que se desenvolve no seu seio. Nos casos do aborto provocado, a razão é deturpada “pela má educação, pelo orgulho e pelo egoísmo” (VIII).

Devido à pressão do homem que não assume a paternidade – por vaidade e interesses egoístas – ou pelo facto de dar ouvidos a informações erróneas, como a de que o feto é um amontoado de coágulos de sangue, a mulher acaba por abafar a voz da consciência e expulsar o ser que devia proteger e defender até ao nascimento, numa missão para a qual foi preparada – por repetição atávica – há milhões de anos.

Quando o aborto é provocado, tanto a mulher como os outros implicados nessa prática, faltam ao respeito à Lei Maior que governa o Universo e ficam sujeitos, como é natural, às sanções da Justiça Superior. Assim, todos vão sofrer penalizações, embora as aplicadas à mulher sejam as mais rigorosas, por ter sido a ela que Deus confiou, mais directamente, a missão de preservar a vida.

Em termos didácticos, diremos que há dois períodos para as consequências orgânicas, psicológicas e espirituais do aborto: as que surgem na mesma existência em que este foi praticado, e as que vão aparecer numa vida posterior.
A obsessão espiritual é um dos danos mais frequentes e catastróficos que costumam acontecer à maioria dos homens e mulheres envolvidos no crime do aborto. Os espíritos impedidos de nascer passam a exercer (geralmente a partir da consumação do acto), uma influência negativa sobre os responsáveis pela sua frustração. Tanto a mulher, como o seu companheiro e também a equipa médica, passam a ser alvo de acções espirituais vingativas na mesma existência em que estiveram ligados a essa prática.
Outra consequência muito habitual do aborto, na mesma existência, é a depressão. Os estados negativos de humor, com o seu cortejo de fenómenos e sinais caracterizados principalmente pelo estado de tristeza, estão presentes na vida de muitas mulheres que o praticaram.

A analista e seguidora de Carl Jung, Hanna Wolff, pôde constatar ao longo da sua carreira de terapeuta esta ligação entre aborto e depressão. Afirma ela: “A facilidade com que hoje se pode abortar, é precisamente a causa das depressões de imensas mulheres na menopausa. Aquelas que antigamente eram as primeiras a defenderem o direito de “gerirem o próprio corpo”, são as que vamos encontrar agora de rastos, mergulhadas na sua própria infelicidade. A psique não conseguiu superar a selvajaria do aborto. Sobre isto os legisladores nada percebem e muito menos os “especialistas” a que estes mesmos legisladores recorrem para resolver o assunto” (9).
Mas, e quanto à mulher que reconhece – ainda durante a encarnação – as dívidas que contraiu por ter feito um aborto? O que deve fazer para tornar-se moralmente melhor, antes de que venha a morte?

A esta pergunta, feita por muitas mulheres, respondem os Benfeitores Espirituais: “Quem abandonou os próprios filhos, pode hoje afeiçoar-se aos filhos alheios, precisados de carinho e de abnegação. O próprio Evangelho do Senhor, através das palavras do Apóstolo Pedro, previne-nos quanto à necessidade de criarmos uma intensa caridade entre uns e outros, porque a caridade cobre a multidão dos nossos pecados.” (10)

Bibliografia:
(1) – A Linguagem dos Genes, cap. 15
(2) – Embriologia Básica – Moore, Persaud, p.2, Ed. Guanabara Coogan, 5ª ed., 2000
(3) – La Bioéthique et la Dignitée de la Personne, cap. II, p.34
(4) – Dieu, Existe-t-il? Non répondent...pp.64, 65 e 66 e Conexão Cósmica, de Ervin Lazlo, pp.98 e 99
(5) – O Livro dos Espíritos, Pergunta 360 Allan Kardec, Ed. FEB
(6) – O Livro dos Espíritos, pergunta 358
(7) – O Livro dos Espíritos, pergunta 359
(VIII) – O Livro dos Espíritos, pergunta 75
(9) – Jesus Psicoterapeuta, pp. 111, Ed. Paulinas, 2ª. ed. - 1990
(10) – Evolução em Dois Mundos, cap. XIV, psicografia Chico Xavier, Espírito André Luiz, Ed. FEB, 2ª. ed.

Dra. Marlene Nobre
Médica ginecologista, escritora e presidente da Associação Médico-Espírita do Brasil (AME) e da AME Internacional.

O ABORTO NA VISAO ESPIRITA

Do aborto, segundo a visão espírita  em http://www.topgyn.com.br/conso25/religioes/conso25a12.php
1. INTRODUÇÃO
É indiscutível que o aborto deve ser abordado de forma ampla, pois envolve aspectos biológicos, psicológicos, sócio-culturais, legais e espirituais. É necessário que entendamos todos os aspectos que o envolvem para a formação de conceitos fortemente embasados. O primeiro conceito a ser entendido é o de o que é o aborto (ou abortamento): “Abortamento é a morte do ovo, embrião ou feto”, ou seja, a interrupção da gestação desde a concepção até o parto. Com isto podemos avaliar que em qualquer período compreendido entre a união de gametas e o início de trabalho de parto é considerado um aborto. Outro conceito fundamental para a visão espírita é o de quando ocorre a união da alma ao corpo. A pergunta 344 do Livro dos Espíritos nos esclarece: “A união começa na concepção, mas não se completa senão no momento do nascimento”.

2. TIPOS DE ABORTO
Espontâneo ou provocado; de repetição; Legal ou criminoso; Social; Terapêutico; Eugênico.

3. ABORTO LEGAL
A nossa legislação prevê que em casos de estupro e em casos de risco materno seja autorizado o aborto. Estuprar é “constranger para conjunção carnal por ameaça ou violência”. Será presumida a violência se a mulher: a) Tiver menos que 14 anos; b) For débil mental e o agente conhecia esta circunstância; c) Não podia oferecer resistência. Já começamos a perceber uma lei mal elaborada quando é omissa, assim, quando um homem usa de violência sexual mas, sem no entanto ter uma “conjunção carnal” (não havendo penetração) o aborto não seria legal, pois o ato não foi um estupro e sim, um “atentado violento ao pudor”. Nestes casos por comparação, são realizados os abortos ditos “sociais”, que não deixam de ser ilegais. Outra forma legal de aborto é aquela que ocorre para proteção da mãe, denominada de aborto terapêutico
A pergunta 359 do Livro dos Espíritos. questiona sobre isto e a resposta é: "É preferível sacrificar o ser que não existe a sacrificar o que existe". No entanto, não esqueçamos que a medicina tem condições de prever os casos em que a gravidez coloca a mãe em risco, podendo se antecipar para evitar a gestação. É interessante citar que, consultando profissionais especialistas na área, nenhum consegue citar caso em que tiveram que indicar aborto terapêutico.

4. MEDICINA FETAL
Os avanços da medicina criaram fábulas no estudo dos fetos, assim, a partir de 12 semanas de gravidez, é possível à mãe saber se terá um filho saudável. Por um lado, começamos a verificar maravilhas no sentido de proporcionar tratamentos intra-uterinos, mas por outro, mães passaram a ter o conhecimento precoce de que seus filhos eram portadores de aberrações cromossômicas (por exemplo a Síndrome de Down). A sugestão de autorização de aborto nestes casos não foi acatada em nosso país e se chama aborto eugênico.Todo aborto tem conseqüências legais, físicas, psicológicas e espirituais para todos os envolvidos na sua prática: a mãe, o aborteiro e aquele que o estimula.

5. CONSEQÜÊNCIAS LEGAIS
Para a gestante, de 1 a 3 anos de detenção; para o aborteiro, de 1 a 4 anos se houve o consentimento, e de 3 a 10 anos se não houve o consentimento. Estas penas são agravadas se houve lesão corporal da “vítima” elevando a pena para de 2 a 8 anos. Ainda no que diz respeito ao aborto no plano material, nem todos comportam-se de maneira a ignorar o feto como ser humano desde a concepção. Desta forma ignoram a crueldade física em que transcorre um aborto. Para aqueles que se negam a crer, o filme “The silent scream” ou o “Grito silencioso” mostra de forma absolutamente científica o que acontece, durante um aborto, com o feto. O Dr. E. Nathanson, é um profissional que após anos fazendo o procedimento, resolveu lutar pela sua extinção. Neste filme pode-se ver um feto na 12a semana de gestação tranqüilo na cavidade uterina e poucos segundos após, com o início do procedimento, movimentos desesperados na tentativa frustrada de esquivar-se do instrumental cirúrgico. Talvez, a ciência possa vir a reforçar a postura espiritualista dando ao feto o mesmo valor que se dá a qualquer vida humana.

6. ASPECTOS ESPIRITUAIS
ABORTO ESPONTÂNEO:
Muitos casais desejam ardentemente um filho, porém infelizmente não conseguem. Os motivos são pregressos, ou solicitaram a infertilidade como prova, ou a receberam como expiação. De alguma forma o casal colaborou na interrupção da gravidez de outrem no passado, ou eles próprios o fizeram. Da mesma forma o concepto era cúmplice dos dois. Todos tem culpa no processo e ninguém pode ser considerado inocente. O aborto é, portanto, conseqüência de débitos cármicos do casal em relação à entidade desencarnante. Além dos abortos motivados pelos débitos do casal, há aqueles em que o reencarnante teme o novo nascimento. É o caso daqueles que deverão retornar com alterações deformantes no corpo físico e da antipatia aos membros da nova família. Assim, mesmo nas encarnações compulsórias o livre arbítrio é respeitado. Quando especificamente, a desarmonia é com a mãe, as emanações energéticas agem no chakra genésico desequilibrando e alterando as suas ligações ao perispírito fetal, predispondo-se a romper-se. Rompidas estas ligações, o feto, sem espírito torna-se inviável por falta de modelo biológico organizador.

ABORTO EUGÊNICO:
As más formações congênitas são decorrentes, materialmente falando, de alterações genéticas e infecciosas, porém, sob o aspecto espiritual, há de se considerar porque um casal conceberá um deficiente físico; ou ainda por que uma criança será portadora de deficiência. O reencarnante fixa-se ao óvulo e será atraído o espermatozóide mais adequado, assim sua compleição física e imunidade são determinantes do próprio espírito reencarnante. Quanto aos pais, terão aceitado previamente esta prova. Desta forma o aborto provocado com a finalidade de evitar o nascimento de um deficiente é interferência nos planos espirituais previamente concebidos.

ESTUPRO:
No estupro existem vários envolvidos. O agressor e a “vítima” podem não ter-se encontrado por mera coincidência, mas por sintonia de vibrações. A fatalidade pode ser, na verdade, predisposição. A entidade reencarnante muitas vezes é o obsessor da “vítima” e está ligado a ela por forte atração magnética. Havendo a agressão e a condição física predisponente, o plano espiritual aproveita a oportunidade para adormecer a entidade e colocá-la em condição de filho daquela que odiava. É importante colocar que o estupro e a gravidez não foram programados, a espiritualidade apenas utiliza o mal para fazer o bem. Entendendo que a gestação decorrente do estupro é uma oportunidade para que espíritos adversos entrem em sintonia, o aborto é, além de uma agressão, uma anulação desta oportunidade de perdão mútuo. Nestes casos deve-se considerar ainda os familiares que estarão assumindo as conseqüências espirituais de um aborto, desequilibrando toda a estrutura doméstica. Do contrário, compartilharão do auxílio fraternal à mãe e à esta entidade que reencarnará naquele meio. Nos casos de a “vítima” não ter capacidade para assumir a maternidade, a melhor solução é a adoção pela própria família, ou na sua impossibilidade, encaminhamento para adoção por terceiros.

7. CONSEQUÊNCIAS FÍSICAS E PSICOLÓGICAS DA MULHER
As lesões físicas podem ser precoces como hemorragia, perfuração uterina, perfuração de intestinos, embolia pulmonar, etc; mas também podem ocorrer tardiamente causando infertilidade por alterações uterinas. Entre as alterações psicológicas existem uma variedade muito grande que vão de quadros mais leves de depressão até profundas alterações decorrentes do sentimento de culpa. Estes sintomas podem-se agravar pela obsessão do espírito rejeitado.

8. CONSEQÜÊNCIAS ESPIRITUAIS
As conseqüências espirituais são maternas, fetais, para o aborteiro e também para aquele que induz ao ato.

CONSEQÜÊNCIAS ESPIRITUAIS PARA A GESTANTE:
Primeiro devemos lembrar que o espírito enviado para reencarnar era um ser que havia sido preparado para reconciliação e portanto já se encontrava sob esquecimento do passado. Feito o aborto, voltam as lembranças e as suas vibrações atingirão a esfera psíquica materna agravando a sua situação psicopatológica.

Outro aspecto a ser considerado é a infração às Leis Naturais:

Livro dos Espíritos 358: “Há sempre crime no momento em que se transgride a lei de Deus”. Desta forma há evidente conseqüência espiritual do abortamento. Ao desencarnar, a mulher terá, conforme o grau de responsabilidade, alterações energéticas no perispírito que só poderão ser eliminadas na próxima encarnação através de expiação ou prova (sofrimento físico e moral), e reparação (fazer o bem àquele que foi prejudicado). A expiação não é punição e sim uma conseqüência do desequilíbrio energético patente no perispírito. No livro “Evolução em dois mundos” André Luiz explica que tais desequilíbrios influirão no sistema reprodutor feminino causando inúmeras alterações que predisporão a mulher ao abortamento ou ao trabalho de parto complicado. Não só o chakra genésico se desequilibra com o abortamento; também são conhecidas disfunções a nível do chakra cardíaco e coronário para aquelas mulheres que se desequilibraram respectivamente na esfera afetiva e psicológica. A expiação e a prova, não são, entretanto, a única forma de resgate do ato praticado. Lembrando a 1a epístola de Pedro (4:8): "...Porque a caridade cobrirá uma multidão de pecados ". O remorso e a culpa são posturas estáticas decorrentes do erro, devemos transformar esta experiência em algo produtivo e a opção pelo amor e caridade são a melhor forma de crescer em créditos espirituais.

CONSEQÜÊNCIAS PARA O PAI:
Muitas vezes o pai é o mentor intelectual do crime. Seu desequilíbrio imediato seria no chakra coronário predispondo à obsessão e posteriormente às alterações do chakra genésico, na próxima encarnação, o predisporá às conhecidas patologias que levam à infertilidade masculina.

CONSEQÜÊNCIAS PARA O ABORTADO:
Antes de tecermos maiores considerações, é importante lembrar que toda reação será proporcional à intenção da agressão e também à evolução do espírito agredido. Vejamos o que o Livro dos Espíritos coloca sobre a conseqüência do aborto para o encarnante na pergunta 357: "Para o espírito uma existência nula a recomeçar". Para os espíritos mais evoluídos que, muitas vezes, encarnariam para restabelecer a paz doméstica, a recusa de sua encarnação não será motivo de ódio ou ressentimento, provavelmente, continuará vibrando por aquele lar na espiritualidade, aguardando nova oportunidade de auxílio. Por outro lado, aqueles ainda pouco evoluídos terão reação agressiva. Permanecerão ligados ao chakra genésico materno, causando alterações como as mencionadas na obra “No mundo maior” – cap. X, onde André Luiz relata o episódio em que a revolta do encarnante foi tanta que, passou a alterar magneticamente o útero materno, causando profusa hemorragia, seguida de distúrbio cardíaco e, finalmente ao desencarne materno. A ligação ao chakra genésico materno, poderá ser contínua, gerando alterações ginecológicas futuras, inclusive infertilidade. Por outro lado a ligação pode ser feita com o chakra esplênico, sugando as energias vitais maternas, num verdadeiro vampirismo.

CONSEQÜÊNCIAS PARA O ABORTEIRO:
Muitas vezes a ignorância de princípios básicos de religiosidade, são atenuantes à culpa do profissional (médico ou não) que executa o aborto. Este fato, no entanto não os exime da culpa da realização do aborto e das suas conseqüências. No livro “Nosso Lar” André Luiz conta em seu capítulo 31, sobre as distonias energéticas visualizadas sobre o corpo espiritual de uma mulher que se dedicava ao aborto e ao infanticídio. São relatadas formas “viscosas e aderentes, deformadas e animalizadas” vinculadas aos médicos e quiropráticas. Na presente encarnação, tais profissionais, já podem perceber conseqüências físicas e afetivas, por interferência direta dos obsessores. Nas encarnações seguintes, todos os chacras poderão estar desequilibrados e, portanto, todo sofrimento ligado ao desequilíbrio genésico e coronário como também esplênico e cardíaco.