Estudo
Sistematizado da Doutrina Espírita
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Programa III: As
Leis Morais
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Ano 2
- N° 56 - 18 de Maio de 2008
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THIAGO
BERNARDES
thiago_imortal@yahoo.com.br Curitiba, Paraná (Brasil)
Apresentamos
nesta edição o tema no 56 do Estudo Sistematizado da
Doutrina Espírita, que está sendo aqui apresentado semanalmente, de acordo
com programa elaborado pela Federação Espírita Brasileira, estruturado em seis
módulos e 147 temas.
Se o
leitor utilizar este programa para estudo em grupo, sugerimos que as questões
propostas sejam debatidas livremente antes da leitura do texto que a elas se
segue.
Se
destinado somente a uso por parte do leitor, pedimos que o interessado tente
inicialmente responder às questões e só depois leia o texto referido. As
respostas correspondentes às questões apresentadas encontram-se no final do
texto abaixo.
Questões para debate
1. Como o
Espiritismo conceitua o aborto praticado sem causa justa?
2. Três
erros podem se destacar no aborto delituoso. Quais são eles?
3. Que
espécie de aborto é admitida pela Doutrina Espírita?
4. Que
doenças podem resultar diretamente da prática do aborto delituoso?
5. Que
conseqüências de natureza espiritual pode o aborto acarretar?
Texto para leitura
O aborto
delituoso é a negação do amor
1. O
aborto é, no entendimento unânime dos Espíritos superiores, um doloroso crime.
Arrancar uma criança ao seio materno é infanticídio confesso. Uma mãe ou quem
quer que seja cometerá crime sempre que tirar a vida a uma criança antes do seu
nascimento, porque impede ao reencarnante passar pelas provas a que serviria de
instrumento o corpo que se estava formando.
2.
Podem-se destacar três erros no procedimento dessas mães. O primeiro: impedir
que um Espírito reencarne e, por conseguinte, progrida. Segundo: recusar um
filho que talvez represente o instrumento que Deus tenha dado aos pais para
ajudá-los na jornada evolutiva, através dos cuidados, das renúncias, das
preocupações e trabalhos que teriam. Terceiro: transgredir o mandamento divino
“Não matarás” e de uma forma em que a vítima se encontra em situação de
desigualdade, sem a menor chance de se
defender.
3. O
aborto delituoso é a negação do amor. Esmagar uma vida que desponta, plena de
esperança; impedir a alma de reingressar no mundo corpóreo; negar ao Espírito o
ensejo do reajuste, representa, em qualquer lugar, situação e tempo, inominável
crime, de prolongadas e dolorosas conseqüências para o psiquismo humano.
4. A
Humanidade terrena encontra-se presentemente atacada por uma série de males.
São homicídios, assaltos, assassínios, doenças, fome, catástrofes, ignorância,
guerras, o que faz com que o mundo viva em constantes convulsões sociais. Um
crime, porém, existe mais doloroso, pela volúpia de crueldade com que é
praticado, no silêncio do santuário doméstico ou no regaço da Natureza – um
crime estarrecedor, porque a vítima não tem voz para suplicar piedade nem
braços robustos com que se confie aos movimentos da reação. Referimo-nos ao
aborto delituoso, em que pais inconscientes determinam a morte dos próprios
rebentos, asfixiando-lhes a existência antes que possam sorrir para a bênção da
luz.
Moléstias
de etiologia obscura decorrem do aborto
5. Em
muitos países, o aborto sem causa justa – e por causa justa devemos
considerar apenas o chamado aborto terapêutico, que objetiva salvar a vida da
gestante – encontra amparo na lei, mas, de acordo com a Doutrina Espírita, o
aborto não encontra justificativa perante Deus, a não ser em casos
especialíssimos, como o citado, em que o médico honrado, sincero e consciente
entende que a continuação da gravidez põe em perigo a vida da gestante.
Somente ao médico, porém, e a mais ninguém, dá a Ciência autoridade para
emitir esse parecer.
6. De
acordo com o ensinamento espírita, é o aborto delituoso um dos grandes
fornecedores das moléstias de etiologia obscura e das obsessões catalogáveis na
patologia da mente, que ocupam vastos departamentos de hospitais e prisões da
Terra. A mulher que o promove ou que venha a coonestar semelhante delito é
constrangida, por leis irrevogáveis, a sofrer alterações deprimentes no centro
genésico de sua alma, predispondo-se a dolorosas enfermidades, como a
metrite ([1]),
o vaginismo ([2]),
a metralgia ([3]),
o enfarte uterino ou a tumoração cancerosa, flagelos esses com os quais, muita
vez, desencarna, demandando o Além para responder, perante a Justiça divina,
pelo crime praticado.
7. É
então que se reconhece rediviva, mas doente e infeliz, porque, pela incessante
recapitulação mental do ato abominável, através do remorso, reterá por tempo
longo a degenerescência das forças genitais.
8. A
mulher que corrompeu voluntariamente o seu centro genésico – informa André Luiz
em Ação e Reação, pp. 210 e 211 – receberá de futuro almas
que viciaram a forma que lhes é peculiar, e será, assim, mãe de criminosos e
suicidas, regenerando as energias sutis do perispírito através do sacrifício
nobilitante com que se devotará aos filhos torturados e infelizes de sua carne,
aprendendo a orar, a servir com nobreza e a mentalizar a maternidade pura e
sadia, que acabará reconquistando ao preço de sofrimentos e trabalho justos.
O aborto
pode ser a porta que se fecha para os nossos amigos
9. As
conseqüências espirituais do aborto estão bem caracterizadas na experiência
seguinte que nos é relatada por Suely Caldas Schubert em seu livroObsessão/Desobsessão,
editado em 1981 pela Federação Espírita Brasileira. No cap. 9 da terceira parte
da citada obra, Suely Schubert relata três comunicações mediúnicas relacionadas
com o aborto e seus efeitos.
10. A
primeira é a de um médico que, enquanto encarnado, dedicou-se a essa prática.
Ora, o abortamento – exceto quando realizado para salvar a vida da gestante
posta em perigo – é considerado um crime aos olhos de Deus e nada há que o
justifique. O médico desencarnado apresentou-se, portanto, extremamente
perturbado, dizendo-se perseguido por vários Espíritos. Acusando-se a si mesmo
de criminoso, estava aterrorizado com seus atos. O arrependimento lhe chegara
já na vida espiritual; não obstante, demonstrava muito medo de seus
perseguidores, entre os quais se contavam algumas das vítimas de seu bisturi.
11. O
segundo comunicante era uma mulher que havia morrido durante a realização de um
aborto. Atormentada pelo remorso dessa ação, nutria um ódio especial pelo
médico que a atendera, a quem, agora, perseguia, desejosa de vingança.
12. A
terceira entidade a se comunicar era também uma mulher que cometera um aborto
em sua última existência na Terra. Sendo pobre e lutando com muitas
dificuldades para a manutenção dos filhos, a coitada desorientou-se ao
engravidar e procurou uma forma de abortar aquele que seria o sexto filho.
Praticado o crime, o arrependimento foi-lhe terrível e imediato. Jamais ela se
perdoou por esse gesto e, desse modo, sofreu duplamente ao carregar pelo resto
de seus dias o peso do remorso. Sua existência foi longa e difícil. Enfrentou
as asperezas e dificuldades da vida e, ao fim de prolongada moléstia,
desencarnou. O plano espiritual reservou-lhe, porém, uma surpresa. Ao
desencarnar, encontrou-se com o Espírito do filho rejeitado e grande foi seu
abalo ao verificar que ele era um ente muito querido ao seu coração,
companheiro de lutas do passado, que renasceria em seu lar com a finalidade
precípua de ajudá-la a tornar menos amargos os seus dias.
13. Espírito de certa elevação moral, ele há
muito lhe perdoara a atitude infeliz, mas ela jamais se conformou com o ato
praticado e agora, no plano espiritual, tomara a si a tarefa de socorrer as
pessoas tendentes a cometer o mesmo erro, para mostrar-lhes que o destino é
construção individual e que o aborto, longe de ser solução para as dificuldades
da vida, será sempre o agravamento dos nossos males, quando não a porta que se
fecha para os nossos melhores amigos.
[1] Metrite: inflamação do útero.
[2] Vaginismo: contração espasmódica do
músculo constritor da vagina.
[3] Metralgia: dor no útero.
Respostas às questões propostas
1. Como o
Espiritismo conceitua o aborto praticado sem causa justa? R.: No
entendimento unânime dos Espíritos superiores, o aborto sem causa justa é um
doloroso crime. Uma mãe ou quem quer que seja cometerá crime sempre que, sem
motivo válido, tirar a vida a uma criança antes do seu nascimento.
2. Três
erros podem se destacar no aborto delituoso. Quais são eles? R.: O
primeiro: impedir que um Espírito reencarne e, por conseguinte, progrida.
Segundo: recusar um filho que talvez represente o instrumento que Deus tenha
dado aos pais para ajudá-los na jornada evolutiva, através dos cuidados, das
renúncias, das preocupações e trabalhos que teriam. Terceiro: transgredir o
mandamento divino “Não matarás”.
3. Que
espécie de aborto é admitida pela Doutrina Espírita? R.: É o
chamado aborto terapêutico, que objetiva salvar a vida da gestante posta em
perigo com a continuação da gestação.
4. Que
doenças podem resultar diretamente da prática do aborto delituoso? R.:
Segundo o ensinamento espírita, o aborto delituoso é um dos grandes
fornecedores das moléstias de etiologia obscura e das obsessões catalogáveis na
patologia da mente, que ocupam vastos departamentos de hospitais e prisões da
Terra. A mulher que o promove ou que venha a coonestar semelhante delito é
constrangida, por leis irrevogáveis, a sofrer alterações deprimentes no centro
genésico de sua alma, predispondo-se a dolorosas enfermidades, como a metrite,
o vaginismo, a metralgia, o enfarte uterino ou a tumoração cancerosa, flagelos
esses com os quais, muita vez, desencarna, demandando o Além para responder,
perante a Justiça divina, pelo crime praticado.
5. Que
conseqüências de natureza espiritual pode o aborto acarretar? R.: A
obsessão e o sofrimento moral são algumas das conseqüências de ordem espiritual
ocasionadas pelo aborto delituoso. Suely Caldas Schubert trata do assunto em
seu livro Obsessão/Desobsessão, terceira parte, cap. 9.
Bibliografia:
O Livro dos
Espíritos, de Allan Kardec, itens 358 e 359.
Vida e Sexo, de
Emmanuel, psicografado por Francisco Cândido Xavier, 6a edição,
p. 76.
Luz no Lar, de
Autores diversos, psicografado por Francisco Cândido Xavier, 3a edição,
pp. 54 e 55.
O Pensamento de Emmanuel, de Martins
Peralva, 2a edição, pp. 124 a 126.
Após a Tempestade, de Joanna
de Ângelis, psicografada por Divaldo P.Franco, 2a. edição, pp. 67 e
68.
Ação e Reação, de André
Luiz, psicografado por Francisco Cândido Xavier, 8a. edição, pp. 210
e 211.