quarta-feira, 25 de maio de 2011

Arrependimento, expiação e reparação

Arrependimento, expiação e reparação

ORSON PETER CARRARA
de Matão, SP
WELLINGTON BALBO
de Bauru, SP em  http://artigosespritas.blogspot.com/2008/12/arrependimento-expiao-e-reparao.html



Solicito a atenção carinhosa do leitor para a crônica de Wellington – o parceiro desta série sobre o livro "O Céu e o Inferno", publicada exclusivamente neste mensário –, para em seguida vincularmos o assunto àquela obra da Codificação Espírita:
João enriquecera ilicitamente. Desde a adolescência se envolvera com as drogas e seu tráfico. Seu verbo inflamado e sua grande liderança lhe possibilitaram uma rápida ascensão naquele submundo. Na comunidade em que morava não foram poucas as mães que fez chorar, não foram poucos os jovens que conduziu ao caminho tortuoso das drogas. Muitas vidas foram ceifadas precocemente graças a sua terrível influência.
Ardiloso, não titubeava em eliminar quem lhe contrariasse, seu único interesse era fazer proliferar seus negócios escusos. Porém, com 65 janeiros, começava a colher as conseqüências de sua delinqüência, uma inquietação indescritível dominava sua alma, eram vozes que o atormentavam dia e noite, fantasmas que lhe apareciam em forma de gritos estrondosos em sua culpada consciência. Gastou fortunas em tratamentos, fez viagens espetaculares, Oslo, Roma, Londres, Paris, mas nada amenizava aquele sofrimento que parecia eterno. Todos os locais em que ele estava se resumiam em um só – O Inferno.
A culpa que sentia era tamanha que não havia palavras no dicionário que pudessem descrever sua amargura. Contudo, a dor, essa abençoada professora, começava a humanizar seu gélido coração. Uma ponta de arrependimento brotou em sua alma. E esse arrependimento lhe incutiu um pouco de esperança.
Por que semeara tanta dor? Por que plantara tanta desolação? Porém, apenas arrepender-se não lhe trazia paz de espírito, precisava fazer algo mais, necessitava reparar com o bem todo o mal que havia praticado. Se fazia mister enriquecer moralmente e intelectualmente a comunidade que ele mesmo auxiliara a empobrecer. Mas como? Como faria isso?
A vida em sua sabedoria veio ao seu socorro, e por ironia, o anjo em forma de mulher que cruzou seu caminho fora uma das muitas mães que tivera o filho abatido pelo poder nefasto das drogas que João ajudara a propagar. Aquela mulher se dispunha do fundo da alma a colaborar com João para seu soerguimento, preferira ao invés de acusá-lo, auxiliá-lo.
Uniram forças e construíram naquela pobre comunidade um Centro de Reabilitação para Dependentes de Drogas. Juntos, trabalharam como nunca pela bandeira do amor ao próximo. A fortuna que fora constituída a custa de tristeza, começava a enxugar algumas lágrimas. As trevas começavam dar lugar a luz!
O trabalho de ambos frutificava, eram oficinas culturais, cursos profissionalizantes, incentivo ao esporte e a leitura, João agora usava seu verbo inflamado para propagar uma vida sadia, sua liderança era utilizada para agregar nobres valores a comunidade. Quanto mais se dedicava a reabilitação aos que fez sofrer, mais edificava a própria vida, era como se aos poucos fosse quitando um débito com o próximo e consigo mesmo.
Após uma década de intensa labuta na Seara do Amor, João cerrava os olhos para a vida física, deixando um legado de belas realizações a comunidade que aprendeu a amar.
Contudo, o tempo não pára e do outro lado da vida sentiu necessidade de dar continuidade a seu trabalho, apoiado por benfeitor, dirigiu sincera prece ao Pai Celeste para que lhe concedesse a benção do recomeço na mesma comunidade que nascera há 75 anos…
Bela reflexão, não é mesmo? Pois bem, ela embasa nossos estudos sobre os itens 14 a 17 da citada obra, em seu capítulo VII no subtítulo Código Penal da Vida Futura, que está comemorando seus 140 anos de publicação (foi publicada em agosto de 1865). Allan Kardec aborda exatamente o tema que usamos como título desta matéria. A questão toda pode ser resumida na frase que consta do 17.° item: "A reparação consiste em fazer o bem àqueles a quem se havia feito o mal.". Antes, Kardec aborda sobre arrependimento e expiação. Mas somente a reparação devolve a paz de consciência, detalhe significativo no processo evolutivo. Indispensável que, vez por outra, voltemos a estudar este item, para nosso uso e reflexão pessoal, mas igualmente como embasamento em nossos estudos coletivos e mesmo em abordagens verbais ou textuais. A lucidez do Codificador e a clareza do Espiritismo não deixam dúvidas: sempre teremos que reparar os prejuízos causados a terceiros, ainda que de forma indireta, pois todo prejuízo causado ao próximo cria reclamos da consciência. E tais reclamos nos impedem de avançar… E como conclui Kardec no item 17: "E desse modo progride o Espírito, aproveitando-se do próprio passado". Sim, são as experiências que nos fazem mais atentos e vigilantes…
Agosto de 2005, edição n°. 235
 
Jornal Eletrônico Verdade e Luz
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Arrependimento e Perdão - estudos Espíritas

Estudos Espíritas
http://www.lardefreiluiz.org.br/reunioes/24a_reuniao.html
24ª Unidade:

  1. Evangelho em Seqüência
  1. Estudos Espíritas
  • Arrependimento e o perdão
IDÉIAS PRINCIPAIS:
"Há, porém, duas maneiras bem diferentes de perdoar: uma, grande, nobre, verdadeiramente generosa, sem pensamento oculto, que evita, com delicadeza, ferir o amor-próprio e a suscetibilidade do adversário, ainda quando este último nenhuma justificativa possa ter; a segunda é a em que o ofendido, ou aquele que tal se julga, impõe ao outro condições humilhantes e lhe faz sentir o peso de um perdão que irrita, em vez de acalmar. (...)"
"(...) Arrependimento, expiação e reparação constituem, portanto, as três condições necessárias para apagar os traços de uma falta e suas consequências. O arrependimento suaviza os travos da expiação, abrindo pela esperança o caminho da reabilitação; só a reparação, contudo, pode anular o efeito destruindo-lhe a causa. Do contrário, o perdão seria uma graça, não uma anulação. (...]"
Arrependimento e Perdão
"(...) Muito frequentemente interpretamos o perdão como sendo simples ato de virtude e generosidade, em auxílio do ofensor, que passaria a contar com absoluta magnanimidade da vítima (...).
Urge perceber, no entanto, que, quando conseguimos desculpar o erro ou provocação de alguém contra nós, exoneramos o mal de qualquer compromisso para conosco, ao mesmo tempo que nos desvencilhamos de todos os laços suscetíveis de apresar-nos a ele. (...)"
A mágoa retida é doença para o Espírito, que lhe corrói as forças físicas e envenena a alma. É necessário, para a própria paz, ante quaisquer ofensas, perdoar sempre.
Evidentemente, não aquele perdão proveniente apenas dos lábios, a se traduzir por mera fórmula social. O ato de perdoar deve ser um ato carregado de sentimento; deve ser puro, pois que proveniente do coração. É, sobretudo, uma forma de reconciliação. É necessário perdoar incessantemente, por isto Jesus disse a Pedro (Mateus, 18:15,21,22) que não se deveria perdoar apenas sete vezes, mas setenta vezes sete vezes.
"(...) Há, porém, duas maneiras bem diferentes de perdoar: uma, grande, nobre, verdadeiramente generosa, sem pensamento oculto, que evita, com delicadeza, ferir o amor próprio e a suscetibilidade do adversário, ainda quando este último nenhuma justificativa possa ter; a segunda, é a em que o ofendido, ao aquele que tal se julga, impõe ao outro condições humilhantes e lhe faz sentir o peso de um perdão que irrita, em vez de acalmar; se estende a mão ao ofensor, não o faz com benevolência, mas com ostentação, a fim de poder dizer a toda gente; vêde como sou generoso! Nessas circunstâncias, é impossível uma reconciliação sincera de parte a parte. Não, não há aí generosidade; há apenas uma forma de satisfazer ao orgulho. (...)"
No convívio familiar somos, constantemente, chamados a perdoar. Isto porque estamos diante de antigos desafetos de outras experiências reencanatórias, a se apresentarem, hoje, sob a forma de cônjuges, filhos ou familiares próximos. "(...) Precisamos muito mais de perdão, dentro de casa, que na arena social, e muito mais de apoio recíproco no ambiente em que somos chamados a servir, que nas avenidas rumorosas do mundo.
Em auxílio a nós mesmos, todos necessitamos cultivar compreensão e apoio construtivo, no amparo sistemático a familiares e vizinhos, chefes e subalternos, clientes e associados, respeito constante à vida particular dos amigos íntimos, tolerância para os entes amados, com paciência e olvido diante de quaisquer ofensas que assaltem os corações. (...)"
Assim agindo, teremos condições de entender o perdão de Deus para com todos nós. "(...) Ele perdoa concedendo ao devedor ou culpado prazo ilimitado, e facultando-lhe meio e possibilidades de resgatar o débito.
Ora, que mais pode desejar um devedor honesto e probo?
Seria, acaso, preferível que Deus dispensasse os devedores do pagamento de suas dívidas?
Certamente que não, por dois motivos ponderáveis.
Primeiro, porque é muito mais digno e nobre, para o devedor, pagar o seu débito, do que eximir-se desse dever por complacência, misericórdia ou compaixão do credor. (...) Outra razão não menos digna de nota é a seguinte: na luta empregada para preparar a culpa cometida, o Espírito desenvolve seus poderes de maneira que, no fim da refrega, se sente com suas faculdades aumentadas e, não raro, desdobradas em novas capacidades. (...)"
Deus está sempre disposto e nos perdoar e, "(...) a sua maneira de perdoar consiste em conceder prazo largo, e ao mesmo tempo, proporcionar ao devedor todas as possibilidades e meios de pagamento. (...)"
Devemos, porém, compreender que o perdão não é uma graça concedida por Deus. Há necessidade de uma atitude sincera e efetiva de arrependimento com a consequente rogativa do perdão.
O arrependimento é o reconhecimento verdadeiro pelo próprio infrator do mal ou erro cometido. É a confissão íntima e constrita da violação das leis morais, revelando-se não só pela insatisfação do ato, como o empenho de repará-lo e não mais incidir no mesmo cometimento.
"O arrependimento sempre se manifesta na consciência em débito para com a vida.
A princípio, ei-lo como lembrança da falta cometida de que já se não supunha existir qualquer sinal; posteriormente, a recordação do momento infeliz que se estabelece, mais tarde, a idéia rediviva dominante e por fim a obsessão do remorso, avassaladora".
"(...) O arrependimento, conquanto seja o primeiro passo para a regeneração, não basta por si só; são precisas a expiação e a reparação.
Arrependimento, expiação e reparação constituem, portanto, as três condições necessárias para apagar os traços de uma falta e suas consequências. O arrependimento suaviza os travos da expiação, abrindo pela esperança o caminho da reabilitação: só a reparação, contudo, pode anular o efeito destruindo-lhe a causa. Do contrário, o perdão seria uma graça, não uma anulação.
O arrependimento pode dar-se por toda parte e em qualquer tempo: se for tarde, porém, o culpado sofre por mais tempo. (...)"
Respondem os Espíritos a Kardec (questão 991 de O Livro dos Espíritos) que o efeito do arrependimento é o de "(...) desejar o arrependido uma nova encarnação para se purificar. O Espírito compreende as imperfeições que o privam de ser feliz e por isso aspira a uma nova existência em que possa expiar suas faltas."
A concessão renovadora para o infrator, traduzindo o perdão divino, somente se efetiva com a aceitação da programação cármica, pelo perdoado.
"(...) A expiação se cumpre durante a existência corporal, mediante as provas a que o Espírito se acha submetido e, na vida espiritual, pelos sofrimentos morais, inerentes ao estado de inferioridade do Espírito".
Após a expiação dos erros passados, vem, finalmente, o resgate. "A reparação consiste em fazer o bem àqueles a quem se havia feito o mal. Quem não repara os seus erros numa existência, por fraqueza ou má-vontade, achar-se-á numa existência ulterior em contacto com as mesmas pessoas que de si tiverem queixas, e em condições voluntariamente escolhidas, de modo a demonstrar-lhes reconhecimento e fazer-lhes tanto bem quanto mal lhes tenha feito. (...) Praticando o bem em compensação ao mal praticado, isto é, tornando-se humilde se se tem sido orgulhoso, amável se se foi austero, caridoso se se tem sido egoísta, benigno se se tem sido perverso, laborioso se se tem sido ocioso, útil se se tem sido inútil, frugal se se tem sido intemperante, trocando em suma, por bons os maus exemplos perpretados. E desse modo progride o Espírito, aproveitando-se do próprio passado".

Envie suas dúvidas para: duvidas@lardefreiluiz.org.br

ARREPENDIMENTO

TRAÇOS DO ARREPENDIMENTO

"Que conseqüência produz o arrependimento no estado corporal?

"Fazer que, já na vida atual, o Espírito progrida, se tiver tempo de reparar suas faltas. Quando a consciência o exprobra e lhe mostra um imperfeição, o homem pode sempre melhorar-se".

O Livro dos Espíritos - Questão 992.

Que adjetivo definiria melhor a nossa condição de Espíritos perante o mundo? Virtuosos, trabalhadores, esclarecidos, caridosos?...

A qualidade comum que estimula os passos da grande maioria das criaturas que agasalham a convicção nos princípios espíritas é o arrependimento. Almas arrependidas. essa é condição espiritual que fielmente nos define perante a vida.

Para muitos arrependimento seria apenas um estado emocional, todavia, é também um estado mental consolidada, que funciona como uma âncora de segurança e um impulso para a caminhada evolutiva das almas submissas aos grilhões da culpa, adquirida no mau uso da liberdade.

Muita vez, para alcançar semelhante estágio, a criatura precisa padecer longamente até saturar-se no "cansaço espiritual", passando a nutrir algum desejo de melhora e progresso em novas linhas de crescimento para Deus.

Três são os traços que caracterizam o arrependimento: desejo de melhora, sentimento de culpa e esforço de superação. Se tirarmos o esforço de superação dessa seqüência teremos o cruel episódio mental do remorso, ou seja, os arrependidos que nada fazem para se melhorar. As tendências mais marcantes dessas experiências interiores podem ser percebidas em algumas manifestações de "dor psíquica corretiva" que se diferencia da "dor psíquica expiatória". O arrependimento impulsiona, o remorso estagna. Esses três traços psicológicos e emocionais que determinam o ato de arrepender-se passam por metamorfoses infinitas, conforme a personalidade que o vivencia. Destaquemos alguns caminhos mais comuns dessa sua transmutação íntima para facilitar o entendimento de suas manifestações.

O DESEJO DE MELHORA no estágio em que nos encontramos está, quase sempre, sob o jugo da vaidade e pode expressar-se por mecanismos psicológicos variados. Desejar melhora é ter que reconhecer a própria penúria moral, assumi-la livremente em razão do idealismo nobre. É doloroso o encontro com as sombras interiores, mesmo quando queremos sinceramente nos ver libertos delas.

O impulso para crescer espiritualmente para nós é um desafio de proporções sacrificiais. Chamemos de "neurose de perfeição" ou perfeccionismo a necessidade obsessiva de fazer o bem com exatidão, uma profunda inaceitaçao de suas falhas e as dos outros, gerando melindre e intolerância, face ao nível de exigência e cobrança para consigo e para com o mundo à sua volta. A angústia decorrente do contato com o ego, o homem velho que queremos transformar, leva a ativar mecanismos de defesa para "acobertar" essa inferioridade que detectamos em nós; então entra em ação o orgulho, criando uma falsa imagem, uma imagem idealizada com a qual procuramos nos forrar de ter que olhar e admitir a pequenez da qual somos portadores. Essa luta nos recessos dos sentimentos e do pensamento traz à baila o conflito, a insatisfação e todo o tipo de incômodo interior, deixando a vida íntima em estado de intensas comoções e mudanças. Damos o nome de sentimento de culpa a todo esse conjunto de reações emocionais, quase sempre "indefiníveis" para quem os sofre.

O SENTIMENTO DE CULPA tem camuflagens e nuanças muito versáteis. Deixemos claro que em osso estágio e aperfeiçoamento podemos tomá-lo como um fator de impulsão para a melhora. Se a criatura arrependida não sentisse culpa, não garantiria a continuidade do seu progresso e desistiria, optando pela loucura ou pela queda moral. Digamos que a culpa é uma energia intrusa, porém necessária na sustentação do desejo de melhora. Jamais tomemo-la no entanto, como essencial, porque é um sentimento aprendido, um resultado de vivências anteriores e não uma virtude com a qual tenhamos sido criados. Suas manifestações podem ser percebidas na autopunição, no sentimento de desmerecimento e desvalor, nas fantasias de carma e dor, nas posturas de vítimas da vida, na inconformaçao, no azedume sistemático, nas crises de autopiedade ou ainda nos hábitos da lamúria e da queixa. É só estudar com atenção e perceberemos as relações entre esses processos de culpa e o orgulho que gerencia os mecanismos de defesa como, por exemplo, a "projeção", que se constitui de transferir para fora aquilo que não estamos suportando em nós mesmos, constatando nos outros o que não queremos ver em nossa intimidade.

O ESFORÇO é a ação que promove o equilíbrio o processo do arrependimento. Não existe arrependimento real sem reparação. Querer melhorar, sentir-se culpado e nada fazer é muito doloroso. Eis aqui a importância dos serviços de amor ao próximo que alivia e consola alguém, mas que também estabiliza os níveis energéticos de quem o realiza. É comum verificarmos companheiros de ideal doutrinário orando compungidamente e indagando o que falta para sentirem-se melhor e mais felizes, considerando que estão no esforço educativo e no trabalho do bem.

Oram sofregamente e com certa dose de desespero, sem saber as razoes de seus sentimentos de culpa, insatisfeitos com a sua realidade inferior diante de tanta luz que possuem no cérebro com os conhecimentos espíritas.

Todavia, assinalemos, a quantos vivem esses instantes de angústia e solidão das experiências evolutivas, que esse é o caminho dos arrependidos. A felicidade vem logo a seguir quando se consegue superar as refregas, sem desistir dos ideais. Sem exageros, digamos que esses estados doridos assemelham-se a uma "loucura controlada".

Especialmente os corações dotados de sensibilidade mediúnica os padecem com larga intensidade de dor.

Só existe uma solução: a oração do alívio seguida da perseverança libertadora.

Sofrem muito as almas arrependidas, eis as razoes dos sofrimentos dos verdadeiros espíritas!

Temos o desejo da melhora, mas o orgulho afeta a imaginação levando-nos a crer que já estamos redimidos com poucos esforços, cria uma sensação de que já somos o que deveremos ser, gerando a auto-suficiência espiritual, ou seja, hábitos milenares de presunção do conhecimento aliado à crença estéril causando-nos agradável sensação de superioridade, uma falsa superioridade...

Se observarmo-nos, com cuidado, veremos que desejamos o bem, mas ainda não o sentimos. Desejamos esclarecer, mas não sentimos alegria em estudar. Desejamos união, mas não nos sentimos bem na presença de qualquer pessoa.

Um ufanismo ronda os nossos passos, e nada de especial temos para apresentar ao Pai na nossa condição de Filhos Pródigos senão o arrependimento.

Não equivoquemos com virtudes e credenciais... o arrependimento, embora se possa contestar filosoficamente, é uma virtude por se tratar de um estado essencial para o progresso de almas que peregrinaram intensamente pelo mal.

Somos apenas espíritos arrependidos; ativos no bem face ao remorso que nos sensibilizou; cansamos do mal; lamentamos os erros cometidos.

Nada mais somos, os espíritas verdadeiros, que almas profundamente desejosas de recomeçar. Porém, entre os ideais novos e o nosso destino de paz interior está a milenar bagagem que organizamos na "maleta das experiências" inferiores, o orgulho.

Por isso, em muitas ocasiões, a despeito de cansados e arrependidos, ainda ensaiamos algumas "peças" no teatro da vida querendo passar por quem ainda não somos, adornando-nos de virtudes que ainda não possuímos e ansiosos de que os outros acreditem nessas ilusórias conquistas.

Em razão do personalismo, confundimos a luz que existe no Espiritismo com a luz que imaginamos deter, ostentando qualidades que começamos a desenvolver primariamente.

Cegos para nossa real condição, mesmos cansados de sofrer, ainda queremos ser quem não somos, razão pela qual somente no espírito da lídima humildade as almas que se arrependeram encontrarão descanso e um pouco de paz interior.

Por isso não permitamos nos enganar com virtudes que ainda não conquistamos, guardando a certeza de que evitar o mal é uma parte do retorno para Deus, porque o que realmente nos conferirá autoridade e paz perante a consciência será o volume e a qualidade do bem que fizermos o quanto antes.

Em Lucas, capítulo 15, v. 7, O Sábio Nazareno enalteceu a conquista do arrependimento dessa forma: "Digo-vos que assim haverá alegria no céu por um pecador que se arrepende, mais do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento".

Ave a humildade! Lembrai-vos disso, todos os que se encontram em luta sob o guante das dores psíquicas.

(Do Livro "Mereça Ser Feliz, Superando as Ilusões do Orgulho" - Wanderley S. de Oliveira/Ermance Dufaux).

Peça "Eta Hospital Arretado"

Cultura e Lazer

Grupo de teatro encena espetáculo com temática espírita


Peça Peça "Eta Hospital Arretado"
Da Redação
Com Assessoria


Descobrir que está morto e assistir ao próprio enterro. É assim que se começa a conhecer a história de Biu do Leite, um nordestino trabalhador que descobre a vida após a morte quando vê sua família e seus amigos velando o seu corpo. Essa é “Eta Hospital Arretado”, peça de Sydney Costa, encenada pelo Grupo de Teatro Espírita EmCena. O espetáculo será apresentado nos dias 4 e 5 de junho de 2011, às 19h30, no teatro Santa Roza, em João Pessoa.

Durante a peça são discutidas temáticas como vida após a morte, reencarnação, vidas passadas. Eta Hospital Arretado é uma obra que retrata sofrimento, seca, falta de condições de vida, mas que tem um tom cômico. São quase sessenta minutos onde o espectador irá se emocionar, rir e refletir sobre os propósitos da vida.

O espetáculo traz, ainda, canções do folclore nordestino, músicas de Antônio Nóbrega, Cabruêra, Mestre Ambrósio e Luiz Gonzaga, além de trechos do poema “Morte e Vida Severina”, de João Cabral de Melo Neto.

“O Nordestino hoje é um exemplo de homem de fé, que apesar de todo sofrimento, não se revolta contra Deus, muito pelo contrário, a fé aumenta cada vez mais. Vem nessa condição de sofrimento para trabalhar o orgulho de uma vida passada”. Essa é a fala de um dos personagens, quando consola o morto, Biu do Leite, que questiona o porquê de tanto sofrimento com a seca.

Toda a renda do espetáculo será revertida para o Centro Espírita Caravana da Fraternidade Cristã, que fica em Jaguaribe e tem mais de meio século de história ajudando e evangelizando pessoas, independente de suas crenças ou religiões. O valor do ingresso antecipado é R$ 20, no entanto, todos que comprarem antecipado poderão pagar apenas R$ 10.