1 – Um dos temas preferidos de
Jesus é o perdão. Em inúmeras passagensevangélicas o
recomenda. Onde fica a justiça?
A justiça é assunto de Deus.
O perdão é necessidade nossa. Não fazemos nenhumfavor ao perdoar o ofensor.
A mágoa, o ressentimento, o rancor, o ódio, corroem nossas entranhas.
Se perdoamos, ficamos livres.
2 – Deus perdoa?
Está superado o Jeová, o Deus implacável da tradição mosaica, disposto a
vingar-se até a quarta geração daqueles que o
aborreciam. Jesus nos mostra o Deus Pai, de infinito amor e misericórdia, sempre pronto a relevar nossas impertinências.
Ocorre que o Senhor nos programou para o Bem,
de tal forma que quando nos comprometemos com o mal é como se nos agredíssemos,
colhendo desajustes e dores que reajustam nossas emoções e
corrigem nossos rumos.
3 – Por isso Jesus
diz, na cruz, que seus ofensores não sabiam o que estavam
fazendo?
O envolvimento com o mal, quando levamos prejuízos ao semelhante,
tem consequências danosas para nós. Se as pudéssemos avaliar em toda sua extensão haveríamos
de cortar a própria mão antes de agredir alguém, ou a própria língua,antes de nos comprometermos
na injúria.
4 – Considerando que o ofendido é
uma vítima, não tem o direito de sentir-se magoado e
ressentido?
Sem dúvida, mas não é conveniente. Mágoas, rancores,
ressentimentos, são desajustantes. Perturbam os mecanismos imunológicos
e favorecem a evolução de doenças graves, como o câncer.
5 – E quando a pessoa diz:
“perdoo, mas nunca mais lhe dirigirei
a palavra?”
Não perdoou. Apenas emitiu uma sentença condenatória.
O desafeto pode até gostar, mas não é conveniente, principalmente quando essa situação surge
no relacionamento familiar. Quando pais e filhos, marido e mulher,
castigam-se mutuamente com o mutismo, a afetividade, a alegria e
o bem-estar vão embora.
6 – Perdoar talvez não seja difícil;
o problema é esquecer… esquecer, apenas cultiva
a volúpia da mágoa. E cada vez que lembra o mal que lhe fizeram,
exercitando a vocação para vítima, sofre tudo outra vez. É como jogar ácido num ferimento,
ao invés de curá-lo com cicatrizante.
7 – Isso significa que esquecer os prejuízos que nos causaram é
o mínimo que podemos fazer em favor de nossa própria estabilidade?
Exatamente. Se os ofensores não sabem o que fazem, algo semelhante ocorre com os que não perdoam. Não têm idéia dos desajustes e
sofrimentos a que se submetem, não pelo mal que lhes fizeram, mas pelo mal que estão
fazendo a si mesmos.
8 – Qual a atitude mais razoável, diante das ofensas?
Não ter que perdoar. Basta que cultivemos
a compreensão. Quem compreende jamais se sente ofendido. Com ela aprendemos que cada pessoa está
numa faixa de evolução, de entendimento. Não podemos exigir que dê mais do que tem.
E ninguém é intrinsecamente mau. Somos todos filhos de Deus
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