Essa série
de postagens é dedicada a todos aqueles que trabalham em reuniões mediúnicas e
procuram, de acordo com as limitações naturais, a essência do ato mediúnico em
nosso atual período evolutivo.
Hermínio
de Miranda começa essa obra espírita com uma informação de extrema importância:
toda obra que trata do caráter experimental do Espiritismo não tem valor se
isolada da Codificação Kardequiana. Esse é o pressuposto básico, a fim de que
possamos estudar a mediunidade com uma correta abordagem espírita.
Allan
Kardec sempre se referiu à mediunidade como fenômeno natural e imanente ao ser
humano e não como fato sobrenatural ou maravilhoso pertencente a uma elite
intelectual ou social, dizia ele: “toda pessoa que sente a influência dos
Espíritos, em qualquer grau de intensidade, é médium” (Kardec, 1998). A
mediunidade é faculdade de compreensão dos objetivos maiores da vida, de
libertação! Por ela ser comum a todos, o seu exercício difere tanto de
manifestação quanto seja o número de indivíduos que a exercem.
Segundo
Hermínio, ela pode ser exercida compulsoriamente ou com relutância; com
espontaneidade; com respeito e amor ou leviandade e indiferença; por isso ele
afirma: “O importante é que, ao iniciarmos o trato com os Espíritos
desencarnados, voluntária ou involuntariamente, estejamos com um mínimo de
preparação, apoiada num mínimo de informação” (Miranda, 1997). Herculano Pires
explana sobre o caráter essencial da mediunidade: “No ato mediúnico a criatura
humana recupera os tempos esquecidos e se revê na tela das experiências mortas.
E mais uma vez a morte lhe parece como pura ilusão sensorial, pois tudo quanto
havia desaparecido numa cova renasce de repente nas águas amargas da provação.
A mediunidade funciona como um radar sensibilíssimo voltado para os caminhos
perdidos” (Pires, 2002).
Devido a
nossa facilidade de afinação com os Espíritos imperfeitos, indagamos: Qual o
papel dos amigos espirituais na segurança de nossas reuniões mediúnicas?
Responde o autor:
“Podemos, evidentemente, contar com a
boa-vontade e a ajuda desses irmãos maiores, e, por conseguinte, com a sua
proteção carinhosa, não à custa de oferendas, de ritos mágicos, de símbolos, de
“trabalhos” encomendados, mas sim, com um procedimento reto, no qual procuremos
desenvolvermos em nós mesmos o esforço moralizador, o aprendizado constante e a
dedicação desinteressada ao semelhante”. (Miranda, 1997)
Ele
compara, de forma singular, o surgimento de um grupo mediúnico ao nascimento e
programação educacional de uma criança, elenca algumas perguntas e questões:
• Estamos
preparados para a tarefa? Porque a tarefa mediúnica é um “filho” que adquirimos
por compromissos assumidos antes da vinda ao corpo físico;
•
Desejamos o filho? Sempre observado o livre-arbítrio de querermos ou não honrar
esses compromissos.
•
Dispomo-nos aos sacrifícios e renúncias que o trabalho impõe? Lidamos, nessas
reuniões, com Espíritos sofredores e rebeldes. Somos capazes de enfrentar os
seus impropérios e personalismos?
• Estamos
conscientes de nossas responsabilidades, dos percalços e das lutas que nos
esperam? Assiduidade, dedicação, paciência, tolerância entre os membros do
grupo e com os Espíritos enfermos e disciplina no trabalho de nosso
personalismo diante da responsabilidade coletiva que o grupo exige;
• Para que
desejamos o filho? Nossos filhos não são criados para serem nossos, ou para ser
a nossa “sombra”, eles são cidadãos do universo, como nós. Um grupo mediúnico
não é nosso, é instância de tratamento espiritual permitida pela Inteligência
Suprema e cuidada pelos amigos espirituais, é patrimônio interexistente de
todos os que trabalham e se utilizam dele para traçar novos caminhos
evolutivos.
• Estamos
prontos a recebermos a nossa tarefa com humildade e a nos doarmos sem condições
ou imposições que exijam recompensas descabidas? Apesar dos frutos, às vezes,
aparentemente demorarem a nascer, eles se tornarão maduros nas horas em que
padecermos de maior fome espiritual.
Hermínio
elenca as duas maiores dificuldades no trabalho mediúnico: a própria
mediunidade e a organização do grupo. Quanto a primeira o instrutor Áulus nos
presenteia com o seguinte conceito: “(...) a mediunidade é um dom inerente a
todos os seres, como a faculdade de respirar, e cada criatura assimila as
forças superiores ou inferiores com as quais sintoniza” (Xavier, 1972).
Portanto, mediunidade é sintonia, capacidade de sintonizarmos com aquilo que
nos é ou está semelhante e o grande desafio do ato mediúnico de transformação
social é conseguirmos sintonizar com pensamentos lúcidos sobre os seres e a
essência da vida. Quanto à organização Hermínio defende a idéia do grupo
pequeno, de preferência familiar, composto de pessoas harmônicas e interessadas
num trabalho sério e contínuo, capazes de não se desencorajar por dificuldades
ou pela aparente insignificância dos primeiros resultados, nem se deixem
fanatizar ou fascinar por pseudoguias. (Miranda, 1997).
Ele afirma
que a mediunidade não será aconselhável, todavia indispensável para a humanidade
futura.
Finalizando,
deixo a seguinte reflexão através das palavras de Hermínio de Miranda:
“Há riscos, sim. De mistificações por
parte de pobres irmãos carecentes de entendimento. De aceitação de inverdades
sutilmente apresentadas sob fascinantes roupagens. De aflições – embora
passageiras – causadas pelo desfile das angústias de irmãos sofredores. Será,
porém, que isso constitui motivo para nos privarmos das recompensas do
aprendizado, das alegrias que experimentamos ao encaminhar às trilhas da paz um
Espírito em crise?” (Miranda, 1997).
Eis a
profundidade e o amplo significado do exercício da mediunidade à luz da
doutrina espírita.
Referências bibliográficas:
KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. 20ª ed. Brasília: LAKE,
1998;
MIRANDA, Hermínio C. Diálogo com as Sombras. 10ª ed. Brasília: FEB,
1997;
PIRES, José Herculano. Mediunidade. 8ª ed. São Paulo: Paidéia, 2002.
PIRES, José Herculano. Mediunidade. 8ª ed. São Paulo: Paidéia, 2002.
XAVIER, Francisco Cândido. Nos Domínios da Mediunidade. 7ª
ed. Rio de Janeiro: FEB, 1972;
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