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segunda-feira, 1 de junho de 2015

ANTE OS QUE PARTIRAM


Morrer é mudar continuando em essência o mesmo

O que a morte parece ser
Costuma-se simbolizar a morte por um esqueleto chacoalhante (o que restaria do corpo), armado de foice (com que cortaria o fio da vida), portando uma ampulheta (para contar o tempo de vida das criaturas) e vestindo um manto preto (no qual esconderia para sempre de nós, a pessoa que morreu).
Será a morte feia e terrível assim?
Para os materialistas, que somente acreditam na matéria, a morte é o fim da vida nos seres, a completa e irresistível desorganização dos corpos, o fim de tudo.
Mesmo entre os espiritualistas, grande parte encara a morte com temor. Crêem em algo além do corpo, mas apenas de modo teórico. Como não se utilizam do intercâmbio mediúnico, faltam-lhes a experiência pessoal, as provas quanto à sobrevivência do Espírito. Em conseqüência, a morte lhes parece porta de entrada para o desconhecido. E nada mais assustador do que aquilo que não se conhece.

O que a morte realmente é
A morte é apenas o processo pelo qual o Espírito se desliga do corpo que perdeu a vitalidade e não lhe pode mais servir para a sua manifestação no mundo terreno.
O Espírito não morre quando o corpo morre. Não depende dele para existir. Antes de encamar neste mundo, o Espírito já existia e vai continuar existindo depois que o corpo morrer.
Desligado do corpo que morreu, o Espírito continuará a viver, em condições diferentes de manifestação, em outro plano de atividades: o mundo espiritual, sua pátria de origem.
Para entendermos bem isso, recordemos como é que encarnamos e desencarnamos.

Como encarnamos
A ligação do espírito com a matéria se dá por meio do perispírito (corpo espiritual) e se faz desde a concepção. Ligado ao ovo, o perispírito vai servir de molde para a formação do corpo material, sendo utilizados nessa formação os elementos hereditários fornecidos por pai e mãe. As células se multiplicam em obediência às leis da matéria e em conformidade com a influência que o perispírito do reencarnante exerce.
Quando o corpo apresenta condições de vida independente do organismo materno, se dá o nascimento físico.

A desencarnação
A carga vital, que havíamos haurido ao encarnar, um dia se esgotará, acarretando a morte física. Esse esgotamento ocorre por velhice, por excessos e desregramentos ou porque uma doença ou acidente danifiquem o corpo material de modo irrecuperável.
Morto o corpo, vem o desprendimento perispiritual, que começa a fazer sentir seus efeitos pelas extremidades do organismo. Desatam-se os laços fluídicos nos centros de força, sendo o centro cerebral o último a se desligar.
Às vezes, médiuns vêem o desprendimento dos fluidos perispirituais, que vão formando um outro corpo - o fluídico - acima dos agonizantes.

Por que temos de morrer? Não poderíamos ficar vivendo para sempre na Terra?
O objetivo do Espírito não é permanecer no plano terreno. Seu ambiente natural e definitivo é o plano espiritual.
O Espírito encarna em mundos corpóreos para cumprir desígnios divinos. Deus quer que o Espírito cumpra uma função na vida universal e, ao mesmo tempo, vá se desenvolvendo intelectual e moralmente.
Cada encarnação só deve durar o tempo suficiente para que o Espírito cumpra a tarefa que lhe foi designada e enfrente as provas e expiações que mais sejam necessárias à sua evolução, no momento.
Depois de cada encarnação, o Espírito se desliga da vida terrena e retoma o seu estado natural, que é o de Espírito liberto.
No intervalo entre duas encarnações, o Espírito vive de modo muito mais amplo do que quando encarnado, porque o corpo lhe limitava um tanto as percepções e atividades espirituais.
Então, avalia os resultados da encarnação que findou e prossegue se aperfeiçoando espiritualmente na vida do Além.
Encarnará novamente, quando isso se fizer necessário e oportuno para a continuidade de seu progresso intelectual e moral e para o cumprimento da função que Deus lhe designar na vida universal.

Desencarnar é um processo doloroso?
Não mais do que as dores e dificuldades que muitas vezes experimentamos aqui na Terra. Depende muito de como a pessoa encara os acontecimentos e das condições que ela tenha para os solucionar ou suportar.
É comum o recém-desencarnado sentir, de início, uma certa perturbação.

Por que a perturbação? Não estamos voltando ao nosso verdadeiro mundo?
Tudo deveria ser muito natural
Deveria e assim acontece com os Espíritos mais evoluídos. Mas, geralmente, prendemo-nos demais às sensações físicas durante a vida do corpo, canalizamos muito as sensações em nossos órgãos dos sentidos. Desencarnados, ainda queremos continuar a ver com os olhos, ouvir com os ouvidos, sentidos corpóreos que já não temos. Por isso, de início não percebemos bem o novo plano em que passamos a viver. Temos de habituar-nos às percepções perispirituais em vez das percepções dos sentidos materiais.
É uma readaptação ao plano do espírito. Quando nascemos na Terra, levamos algum tempo adaptando-nos ao novo corpo. Ao desencarnar, também precisamos de uma fase de readaptação ao plano espiritual.

Demora muito essa readaptação ao mundo espiritual?
A duração vai depender da evolução do Espírito. Para alguns, breves instantes bastam. Para outros, demora até o equivalente a muitos dos nossos anos terrenos.
Quem não se preparou para a vida espiritual, sentirá maior dificuldade em se readaptar ao novo plano de vida, razão por que há Espíritos que se comunicam dizendo estarem perturbados, desorientados.
Quem se preparou bem, passa rapidamente pela fase e logo se sente readaptado ao plano espiritual.
O preparo para a vida espiritual vem do cultivo de nossas faculdades de espírito e da busca do equilíbrio com as leis da vida. Para isso, nada melhor do que manter a conduta moral cristã.

O que influi no processo de desencarnação
O processo todo da desencarnação e reintegração à vida espírita dependerá:
1. Das circunstâncias da morte do corpo
Nas mortes por velhice, a carga vital foi se esgotando pouco a pouco e, por isso, o desligamento tende a ser natural e fácil e o Espírito poderá superar logo a fase de perturbação.
Nas mortes por doença prolongada, o processo de desligamento também é feito pouco a pouco, com o esgotamento paulatino da vitalidade orgânica, e o Espírito vai-se preparando psicologicamente para a desencarnação e ambientando-se com o mundo espiritual que, às vezes, até começa a entrever, porque suas percepções estão transcendendo ao corpo.
Nas mortes violentas (acidentes, desastres, assassinatos, suicídio etc.), o rompimento dos laços que ligam o Espírito ao corpo é brusco e o Espírito pode sofrer com isso, e a perturbação tende a ser maior. Em casos excepcionais (como o de alguns suicidas), o Espírito poderá sentir-se temporariamente preso ao corpo que se decompõe, o que lhe causará dolorosas impressões.
2. Do grau de evolução do Espírito desencarnante
De modo geral, quanto mais espiritualizado o desencarnante, mais facilmente consegue desvencilhar-se do corpo físico já sem vida. Quanto mais material e sensual tiver sido sua existência, mais difícil e demorado é o desprendimento.
A perturbação natural por se sentir desencarnado é menos demorada e menos dolorosa para o Espírito evoluído. Quase que imediatamente ele reconhece sua situação, porque, de certa forma, já se vinha libertando da matéria antes mesmo de cessar a vida orgânica (vivia mais pelo e para o espírito). Logo retoma a consciência de si mesmo, percebe o ambiente em que se encontra e vê os Espíritos ao seu redor. Para o Espírito pouco evoluído, apegado à matéria, sem cultivo das suas faculdades espirituais, a perturbação é difícil, demorada, sendo acompanhada de ansiedade, angústia, e podendo durar dias, meses e até anos.

A ajuda espiritual
A bondade divina, que sempre prevê e provê o de que precisamos, também não nos falta na desencarnação.
Por toda parte, há bons Espíritos que, cumprindo os desígnios divinos, se dedicam à tarefa de auxiliar na desencarnação os que retornam à vida espírita.
Alguns amigos e familiares (desencarnados antes) costumam vir receber e ajudar o desencarnante na sua passagem para o outro lado da vida, o que lhe dá muita confiança, calma e, também, alegria pelo reencontro.
Todos receberão essa ajuda, normalmente, se não apresentarem problemas pessoais e comprometimento com Espíritos inferiores. Em caso contrário, o desencarnante às vezes não percebe nem assimila a ajuda, ou é privado dessa assistência, ficando à mercê de Espíritos inimigos e inferiores, até que os limites da lei divina imponham um basta à ação destes e o Espírito rogue e possa receber e perceber a ajuda espiritual.

Depois da morte
Após desligar-se do corpo material, o Espírito conserva sua individualidade, continua sendo ele mesmo, com seus defeitos e virtudes.
Sua situação, feliz ou não, na vida espírita será conseqüência da sua existência terrena e de suas obras. Os bons sentem-se felizes e no convívio de amigos; os maus sofrem a conseqüência de seus atos; os medianos experimentam as situações de seu pouco preparo espiritual.
Através do perispírito, conserva a aparência da última encarnação,já que assim se mentaliza. Mais tarde, se o puder e desejar, a modificará.
Depois da fase de transição, poderá estudar e trabalhar na vida do Além e preparar-se para nova existência terrena, a fim de continuar evoluindo.

O conhecimento espírita garante uma boa situação no Além, ao desencarnarmos?
O conhecimento espírita nos ajuda muito a entender a questão da desencarnação e pode fazer com que o Espírito, ao desencarnar, compreenda rapidamente o que lhe está acontecendo e saiba o que deve fazer para se readaptar melhor ao plano espiritual.
Mas não nos assegura uma boa situação no Além, se a ela não fizermos jus por nossos pensamentos, sentimentos e atos.
Somente a prática do bem assegura ao Espírito um despertar pacífico e sereno na pátria  espiritual.

Os que ficam na Terra não podem ajudar?
Podem, sim. As atitudes e ações de quem fica, em relação ao desencarnado, influem muito sobre ele.
Revolta, desespero, angústia pela partida do desencarnado podem repercutir nele de modo triste, desfavorável, deprimente, desanimador.
É por não entendermos a morte, o seu porquê e os seus efeitos, que agimos assim? Convém, então, estudarmos as informações espirituais quanto à desencarnação, para sabermos como nos comportar ante esse fato inevitável.
Sentir saudade é natural e, por vezes, não há como evitar o pranto. Mas que não resvalemos para o choro excessivo, exigente e inconformado. Ante os que nos antecederam na grande viagem, podemos e devemos:
- orar por eles, com resignação e esperança no futuro espiritual;
- não guardar demais objetos e coisas da pessoa que desencarnou, nem os ficar contemplando e acariciando indefinidamente;
- ocupar-se de seus deveres e da prática de ações boas, do auxílio ao próximo, em vez de ficar remoendo improdutivamente sua dor e saudade;
- procurar fazer o bem que a pessoa desejaria ou deveria ter feito quando estava aqui na Terra.

Podemos ter notícias de quem desencarnou?
Podemos rogar a Deus que nos conceda essa bênção, essa misericórdia.
Se vierem notícias por via mediúnica, analisemos as mensagens e informações recebidas.
Condizem com a realidade espiritual e a boa orientação cristã? Em caso afirmativo, agradeçamos a Deus o consolo recebido. Não correspondem à identidade do nosso querido desencarnado? Com tranqüilidade, sem revolta nem desanimar na fé, ignoremos a mensagem recebida.
Do ponto de vista espiritual, nem sempre é considerado útil e oportuno que tenhamos notícias sobre os desencarnados. Neste caso, é preciso saber aceitar a ausência de notícias, continuando a confiar na sabedoria e no amor de Deus por todos nós, seus filhos.
Por vezes, as notícias vêm por meio de sonhos especiais, porque, ao dormir, desdobramo-nos espiritualmente e, então, podemos nos encontrar com outros Espíritos no plano invisível.

A criança após a morte
Que significado ou valor espiritual pode ter a vida de alguém que desencarnou ainda bebê?
Essa curta vida teve também sua finalidade e proveito, do ponto de vista espiritual. Pode ter sido, por exemplo:
- uma complementação de encarnação anterior não aproveitada integralmente;
- uma tentativa de encarnação que encontrou obstáculos no organismo materno, nas condições ambientes ou no desajuste perispiritual do próprio reencarnante; serviu, então, para alertar quanto às dificuldades e ensejar melhor preparo em nova tentativa de encarnação;
- uma prova para os pais (a fim de darem maior valor à função geradora, testemunharem humildade e resignação), ou para o reencarnante (a fim de valorizar a reencarnação como bênção).

Qual é, no Além, a situação espiritual de quem desencarnou criança?
É a mesma que merecia com a existência anterior ou que já tinha na vida espiritual, porque na curta vida como criança, nada pôde fazer de bom ou de mau que alterasse a evolução, que representasse um desenvolvimento, um progresso.
Mas pode estar melhor na sua conscientização e no seu equilíbrio espiritual e, também, ter reajustado, no processo de ligamento e desligamento com o corpo, algum problema espiritual de que fosse portador.

Como é visto o espírito de quem desencarnam criança?
Uns se apresentam "crescidos" perispiritualmente e até já em forma adulta, pois, como Espíritos, não têm a idade do corpo.
Se desejam se fazer reconhecidos pelas pessoas com quem conviveram, podem se apresentar com a forma infantil que tiveram.
Se vão ter de reencarnar em breve, poderão conservar a forma infantil do seu perispírito, que facilitará o processo de nova ligação à matéria.
E assim como há, para o espírito de adultos, moradas no mundo fluídico, também há ali, para os Espíritos que ainda conservam a forma infantil, as chamadas "colônias", em que são carinhosamente acolhidos e auxiliados por "tios" e "tias" benfeitores e onde permanecerão, enquanto necessitarem.

Cremação de cadáveres e transplante de órgãos
O corpo é uma veste e um instrumento muito valioso e útil para o Espírito, enquanto está encarnado. Depois de morto, nenhuma utilidade tem mais para o Espírito que o animou. Poderá vir a ser cremado ou lhe serem retirados órgãos para transplantar em quem os necessite, sem que nada disso traga nenhum prejuízo real para o Espírito desencarnado.
Pensam alguns que se o corpo for queimado ou lesado haverá prejuízo para a sua ressurreição no mundo espiritual. Entretanto, não é o corpo material que continua a viver além-túmulo nem é ele que irá ressurgir, reaparecer, mas sim o Espírito com o seu corpo fluídico (perispírito), que nada tem que ver com o corpo que ficou na Terra. ?
No caso de cremação, é recomendável um intervalo razoável após a morte (Emmanuel diz 72 horas), a fim de se ter maior segurança de que o desligamento perispiritual já se completou.
No caso de doação de órgãos, basta que as pessoas se acostumem com a idéia de a fazerem de boa vontade e estejam bem esclarecidas a respeito. Encarnados doam órgãos por amor, para ajudar alguém, e não receiam nenhum sofrimento ou inconveniente que isso lhes traga. Por que não doar órgãos depois de estar morto o nosso corpo, quando eles já nem nos servem mais, nem sofreremos quando forem retirados do corpo que houvermos abandonado?

Comemorações fúnebres
Variados são os costumes, idéias e atitudes que a sociedade e a religião adotam, ante os corpos mortos e os Espíritos que os deixaram.
O espírita respeita tais procedimentos mas nem a todos aceita; e, nos que aceita, age sempre em função da realidade espiritual e não das aparências.
Assim, o espírita:
Nos velórios - não se desespera; mantém-se em atitude respeitosa, pois sabe que o Espírito desencarnante está em delicada fase de desprendimento do corpo e de transformação de sua existência. Não usa velas, coroas, flores, pois o Espírito não precisa dessas exterioridades; mas procura oferecer o que o desencarnante realmente precisa, que é o respeito à sua memória, orações, pensamentos carinhosos em favor de sua paz e amparo no mundo espiritual. É fraterno com os familiares e amigos do desencarnante, ajudando-os no que puder.
Nos sepultamentos - não adota luxo nem ostentação nem se preocupa em erigir túmulos; mas lembra sempre com afeto os entes queridos já desencarnados e procura honrá-los com atos bons e carinhosos em sua homenagem.
Nas orações - ora sempre pelo bem-estar e progresso espiritual dos desencarnados, mas sabe que não é indispensável ir aos cemitérios para isso, porque as vibrações alcançam o Espírito, onde quer que ele esteja.

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A VIAGEM


por Eliseu Florentino da Mota Junior

Quando vai realizar uma simples viagem a um país estrangeiro, uma pessoa dotada e um mínimo de ordem e previdência tomará algumas medidas e precauções para evitar contratempos e dissabores. Assim, após providenciar o passaporte e o necessário visto de entrada naquela nação, ela vai procurar saber qual a estação do ano e a temperatura reinante, a língua ali falada, a moeda circulante e outras informações dessa natureza.
De posse desses dados, ela cuidará das passagens, da sua bagagem e de deixar todos os compromissos na pátria de origem devidamente organizados, para que os seus parentes e amigos não sejam perturbados por credores e outras contrariedades.
Tudo isso ela fará sem ter certeza de que concretizará a viagem, porquanto um obstáculo imprevisível poderá impedi-la de viajar.
Entretanto, para a grande viagem, a viagem que todos faremos, ou seja, para a morte, poucas pessoas estão preparadas, raras são as que procuram saber as condições de tempo e de espaço, o clima, a língua, a moeda, os meios de transporte, a alfândega e todos aqueles detalhes necessários para a viagem ao mundo espírita, ou mundo dos Espíritos, de onde viemos e para onde vamos retornar a qualquer momento.
Foi pensando nisso que resolvemos convidar o leitor para uma viagem imaginária ao mundo espírita, fazendo uma analogia com uma viagem aqui no mundo físico. Vamos nessa?

Os preparativos
Antes de mais nada, convém não esquecer que essa viagem terá início sem aviso prévio, de modo que a bagagem deverá estar sempre pronta, porquanto quando nascemos já recebemos a passagem de volta. Assim, é bom deixar todos os nossos papéis, contas e demais compromissos em ordem, para não amolar os que não irão conosco.
A moeda circulante no mundo espiritual é constituída pela inteligência, pelos conhecimentos e pelas qualidades morais, de acordo com o Espírito Pascal ("O Evangelho segundo o Espiritismo", Cap. XVI, Item 9). Serão estes recursos que nos garantirão um alojamento em um hotel de cinco, quatro, três, duas, ou apenas de uma estrela, ou um aposento de péssima categoria, ou, o que é ainda pior, o abandono pelas ruas, debaixo de pontes e entre malfeitores.
Esta será também a nossa única bagagem, pois de nada mais iremos precisar no nosso destino. Desse modo, cada um levará o que possuir daqueles valores.
Como os Espíritos se utilizam do pensamento para a comunicação, será ótimo que desenvolvamos o hábito de pensar muito, não esquecendo que desde já os nossos pensamentos são lidos pelas entidades desencarnadas, que são atraídas de acordo com a qualidade desses pensamentos. Serão estes Espíritos, afinizados conosco, que estarão nos esperando na chegada ao mundo espiritual. Como será ela? Vejamos a seguir.
A chegada
Vamos comparar a nossa chegada no mundo dos Espíritos a uma chegada em um movimentado terminal aqui da Terra, seja ele uma estação rodoviária, ferroviária, do metrô ou ainda um aeroporto; as circunstâncias em todos eles são muito semelhantes. Com efeito, quando vamos embarcar ou quando acabamos de desembarcar em uma grande cidade, na qual estivemos apenas uma vez ainda na infância, se não tivermos alguém à espera e que conheça o local, vamos ter muitas dificuldades com as informações sobre os meios de transportes, hotéis, e se for em um país estranho, teremos ainda as complicações decorrentes da linguagem e da utilização da moeda.
Algo análogo acontece nessa nossa viagem. Neste exato momento (olhe o seu relógio), milhões de pessoas estão desencarnando, isto é, estão desembarcando no mundo dos Espíritos, e ali estamos nós, na nossa viagem imaginária. Olhamos para cá e para lá: ninguém conhecido se aproxima... Espíritos em tudo semelhantes a pessoas encarnadas, usando a roupagem perispiritual, circulam, passam por nós, afastam-se, cada um cuidando de sua própria vida. Ah! Por que não nos preparamos melhor para a viagem? Onde está o balcão de informações? Lá vem agora o oficial da alfândega! Certamente vai nos perguntar quem somos, de onde viemos e o que estamos fazendo aqui! E agora?
Nesse exato momento se aproxima uma pessoa gentil, que se oferece para nos ajudar e se identifica. É o nosso anjo guardião, aquele mesmo de quem tantas vezes ouvimos falar e a quem pouco valor demos. Mas ele não parece importar-se com a nossa ingratidão. Conversa com o oficial alfandegário, que se afasta meio desconfiado. Agora o guardião fica a sós conosco e tenta nos acalmar.
Ele tem enorme dificuldade para nos explicar que já estamos no plano espiritual, que atravessamos a "fronteira de cinzas" e que deveremos nos ambientar na nova vida. Diante da nossa perplexidade, ele nos toma pelo braço, a fim de nos afastarmos do ponto de chegada, onde vários Espíritos já nos olham com curiosidade. Eles sabem que somos recém-chegados! O que vai nos acontecer em seguida?

Como é a vida no mundo espiritual
Os Espíritos dizem que, para nos informarem acerca das condições de vida no mundo em que estão, encontram o obstáculo de um indígena que, tendo realizado uma visita à civilização, tenta, ao retornar à tribo, explicar aos seus parentes e amigos as conquistas que viu, como, por exemplo, a televisão, o telefone, o fax, etc. Ou, ainda, de algo semelhante a descrever a um cego de nascença a luz e as cores.
Não obstante, temos que aguçar a nossa imaginação, porque já estamos, em nossa viagem, no mundo espírita. Aqui as condições ambientais não dependem da atmosfera ou do heliotropismo, mas do fluido cósmico universal. É ele que, por exemplo, serve de veículo ao pensamento, como o ar conduz o som na Terra. As trevas existem apenas para os Espíritos a elas condenados, que pensam inexistir a luz. A poluição reinante decorre dos maus pensamentos, assim como o saneamento depende da sua elevação.
A duração do tempo também é relativa à posição individual, pois para este Espírito um século pode parecer um segundo nosso, enquanto que para aquele o contrário é que se dá.
Existem praças, avenidas, ruas, casas, escolas, hospitais, Prefeitura, Cadeia, Fórum e outras repartições, com profissionais e servidores semelhantes aos nossos. Os meios de transporte são velozes e silenciosos, posto que os Espíritos possam locomover-se usando apenas o pensamento.
Por falar nisso, eis que se aproxima um agente oficial, querendo saber do nosso destino. O guardião já nos alertara de que isso aconteceria a qualquer momento. Esse agente é a nossa consciência, que, a partir de agora, passa a rebobinar o filme de nossa vida. Lances dela que já havíamos esquecido, ou que deixáramos para um exame futuro, chamam-nos para o ajuste de contas tantas vezes adiado, perante uma Justiça cuja balança é mais precisa do que a dos laboratórios científicos. Neste tribunal não adianta ajustar advogado de fora; seremos nós mesmos os nossos próprios juízes, proferindo a sentença relativa ao nosso modo de viver na Terra, e na decisão as circunstâncias atenuantes e agravantes serão consideradas nos mínimos detalhes, a ponto de qualquer delas, ainda que do peso de uma asa de colibri, influir no julgamento.
Quando a sentença transitar em julgado e dela não couber mais nenhum recurso, vamos ser levados para o local que merecermos, em perfeita consonância com aqueles valores já antes mencionados: a inteligência, os nossos conhecimentos e, sobretudo, as nossas qualidades morais. Somos ricos ou pobres deles? Cada um sabe exatamente a sua situação, bastando para isso uma profunda reflexão acerca do modo pelo qual vem rolando a sua vida. Mas, que tal voltamos rapidamente à Terra para essa reflexão?

Era tudo um sonho!
Você acordou! Tudo não passou de imaginação, de um sonho. Mas de um sonho que se tornará realidade a qualquer instante. Com efeito, já compramos realmente o bilhete de volta no avião para o Além, de sorte que convém deixar a viagem preparada.
Eis aqui algumas sugestões para o grande retorno: uma leitura da segunda parte do livro "O Céu e o Inferno''", de Allan Kardec, onde estão 67 depoimentos de Espíritos nas mais diversas condições no mundo espiritual, sendo que uma delas será, sem nenhuma dúvida, a nossa, dependendo da semelhança com o modo de vida que o Espírito em comparação teve aqui na Terra; do Capítulo 3, do livro "Cartas e Crônicas", do Espírito Irmão X, pela psicografia do querido Chico Xavier, intitulada Treino para a morte, que nos dará muita informação sobre a vida de lá; do já mencionado Item 9, do Capítulo XVI, de "O Evangelho segundo o Espiritismo", para conhecermos a verdadeira propriedade, valendo para o mundo físico e para o mundo espiritual. E muita caridade, pois fora dela não há salvação.
Depois, é só apertar o cinto e boa viagem!
Fonte: revista Reformador, da FEB, de dezembro de 1994
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terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Como ocorre o processo de desencarnação, com o desligamento dos laços que unem a alma ao corpo físico

Na hora da morte




Como ocorre o processo de desencarnação, com o desligamento dos laços que unem a alma ao corpo físico

Segundo a conceituação de Allan Kardec, a alma é um espírito encarnado em um corpo. Após a morte deste, ela volta a ser apenas espíritos, ou seja, retorna ao mundo espiritual, que está em constante relação com o mundo físico.
A alma não perde sua individualidade após o desencarne. Continuamos nossa existência, geralmente, com a aparência que tínhamos quando estávamos encarnados. Isso porque temos o nosso perispírito (também conhecido, em outras correntes espiritualistas, como corpo astral, psicossoma, etc.). Ele é o envoltório do espírito, um corpo sutil intermediário entre a alma e o corpo físico.
A antiga crença de que levávamos nossos bens materiais conosco para o mundo dos mortos é falsa - como a maioria da humanidade já percebeu há séculos! De acordo com O Livro dos Espíritos, na questão 150, a alma apenas leva deste mundo "Nada mais do que a lembrança e o desejo de ir para um mundo melhor. Essa lembrança é cheia de doçura ou de amargura, segundo o emprego que fez da vida. Quantos mais pura, mais compreende a futilidade do que deixa sobre a Terra."
Afirma um ditado popular que "ninguém voltou (da morte) para contar". Será? As comunicações mediúnicas - no caso dos médiuns ostensivos - são provas suficientes que demonstram que esse ditado é mais uma crença popular que está errada. Além disso, cientistas e pesquisadores respeitados realizaram, no século XIX, importantes experimentos com as manifestações de efeitos físicos, provando a realidade dos fenômenos. Hoje, temos, além dos médiuns, a Transcomunicação Instrumental. Portanto, a maioria absoluta das pessoas que negam as manifestações dos espíritos nunca se aprofundou na questão. Nega simplesmente porque não acredita!
O espírito se liga ao corpo material, induzindo o desenvolvimento embrionário, por meio do seu envoltório perispiritual. A morte apenas destrói o corpo carnal e não o perispírito. Resumindo: a vida do espírito é eterna, ao contrário do corpo físico, que é transitório e se decompõe com a morte.
Mas, como ocorre, exatamente, o processo da morte? O que acontece nos primeiros instantes? A separação da alma e do corpo é dolorosa?
Cada caso é um caso, de acordo com o grau de equilíbrio, lucidez, conhecimento, apego material, etc., de cada espírito; além disso, também varia de acordo com o tipo de morte. Mas, existe, sim, um processo comum que ocorre durante o desencarne. Esse processo é o rompimento dos laços energéticos que mantinham a alma ligada ao corpo.
A morte pode ocorrer de forma natural, por esgotamento dos órgãos com o avanço da idade, ou de forma brusca, como em um acidente de trânsito ou assassinato. Em ambos os casos, o desligamento energético do corpo é gradativo. "(...) a alma se liberta gradualmente e não escapa como um pássaro cativo que ganha subitamente a liberdade. (...) o Espírito se liberta pouco a pouco de seus laços: os laços se desatam, não se quebram."- O Livro dos Espíritos, questão 155.
Em nota para a questão acima, Kardec explica: "A observação prova que no instante da morte o desligamento do perispírito não se completa subitamente; ele não se opera senão gradualmente e com uma lentidão que varia muito segundo os indivíduos. Para alguns ele é muito rápido, e pode-se dizer que o momento da morte é aquele do desligamento, algumas horas após.
Para outros, aqueles sobretudo, cuja a vida foi toda material e sensual, o desligamento é muito menos rápido e dura, algumas vezes, dias, semanas e mesmo meses, o que não implica existir no corpo a menor vitalidade(...)". Isso ocorre devido à afinidade entre o espírito e o corpo carnal.
Quanto mais nos apegamos e nos identificamos com a matéria, maior será nosso sofrimento ao nos separarmos dela. Pior ainda: em alguns casos, a afinidade entre o espírito e seu corpo carnal é tanta que  ele pode experimentar toda a sensação da decomposição!
Para que haja simples vitalidade, o corpo não precisa de uma alma. Mas, para que seja dotado de inteligência, sentimentos, emoções, enfim, para que possa interagir em nosso mundo é imprescindível a alma. O cérebro, com a vida biológica, é apenas o instrumento, que pode estar funcionando ou não. A inteligência é atributo do espírito, que já existia e continuará existindo após a morte física.
Em casos excepcionais de mortes precedidas por momentos de grande agonia, pode acontecer de a alma deixar o corpo e nele não restar mais do que a vida orgânica. Conforme algumas narrativas de romances mediúnicos, certos mártires que morriam devorados pelos leões, nos circos romanos, durante as perseguições aos primeiros cristãos, eram retirados do corpo por espíritos benfeitores segundos antes das feras o destroçar. A expectativa da morte também pode fazer com que a pessoa perca a consciência antes do suplício.
Frequentemente, a alma sente se desatarem os laços que a ligam ao corpo. Antes mesmo do desligamento, muitas pessoas entram numa fase de transição.
Por exemplo: quantos doentes terminais que, ainda no leito hospitalar, relatam a aparição de parentes que já morreram... Dizem que estes vieram buscá-las, e que não sentem mais temor da morte. Isso acontece porque os laços energético que a ligam ao corpo já começam a se desatar.
Conforme a afeição  entre a pessoa que desencarna e seus parentes desencarnados, "(...) eles o vêm receber em sua volta ao mundo dos Espíritos, e ajudam  a libertá-la das faixas da matéria; reencontra, também, a muitos que havia perdido de vista em sua permanência sobre a Terra. Vê aqueles que estão na erraticidade, aqueles que estão encarnados, e os vai visitar" - OLE, q. 160.
Mas nem todos têm o privilégio do encontro direto com seus parentes falecidos. Há casos em que devido à perturbação espiritual, seja da pessoa que passa pelo desencarnedesencarnado, não há possibilidade do encontro. Além disso, talvez quem você espera reencontrar na hora da morte já esteja reencarnado!
Então, é preciso ficar claro que, geralmente, o instante da morte ocorre de forma simutânea ao da separação da alma. O que ocorre de forma gradativa é o desatamento dos laços energéticos que ligam a alma ao corpo, tanto nos casos de morte abrupta, quando ela não resulta da extinção gradual das forças vitais, assim como nos de espíritos muito apegados à matéria.

Perturbação espírita
A morte não transforma ninguém em um ser "iluminado", em "santo". Ao contrário, ela nos coloca frente a frente com nossa verdade interior, sem máscaras e hipocrisia. Aquilo que realmente somos se revela. Ah! Quantos religiosos se desiludem nesta hora...
A maioria das pessoas, após a morte, passa por um estado de perturbação durante algum tempo. Devido a essa perturbação pós-morte, muitas não conseguem entender o que está acontecendo; outras, não entendem por ignorância ou por simplesmente não aceitarem. A compreensão da realidade do mundo espiritual exerce influência sobre a duração da nossa perturbação após a morte, porém, os espíritos afirmam a Kardec que a prática do bem e a pureza da consciência são os que exercem maior influência.
Vejamos o que o codificador espírita explica:
"No momento da morte tudo, à princípio, é confuso. A alma necessita de algum tempo para se reconhecer. Ela se acha como aturdida e no estado de um homem que despertando de um sono profundo procura orientar-se sobre sua situação. A lucidez das ideias e a memória do passado lhe voltam, à medida que se apaga a influência da matéria da qual se libertou e se dissipe a espécie de neblina que obscurece seus pensamentos."
Esta perturbação pode durar desde horas, dias... até muitos anos. Existem espíritos que julgam ainda viver como encarnados e não aceitam que "morreram". Outros, observam o corpo físico ao lado, mas não entendem como podem estar separado dele. Tentam se comunicar com as pessoas, sem obter resposta, o que aumenta cada vez mais seu estado de perturbação. Kardec explica que isso ocorre até o momento da inteira libertação do perispírito. Mas essa dificuldade toda também surge devido às ideias arraigadas que muitos têm sobre a vida após a morte.
Muitos espíritos, que acreditavam que a morte era sinônimo de extinção da vida, não entendem como podem estar " mortos" se ainda falam, ouvem, vêem...
Nunca ouviram falar de perispírito, e acham que o corpo que possuem ainda é o corpo carnal, que muitas vezes nem existe mais, já se decompôs.
É comum, também, os espíritos assistirem ao próprio funeral. Muitos imaginam que se trata do enterro de outra pessoa, e não do seu próprio corpo. É uma confusão!

Mortes coletivas
A destruição é necessária no mundo em que vivemos - destruir o velho para construir o novo.
A mudança pode impulsionar o espírito na jornada evolutiva.
Neste sentido, entendemos que a destruição é necessária para a regeneração moral do indivíduo.
O Livro dos Espíritos explica que nos flagelos coletivos um povo pode alcançar mais depressa " uma ordem melhor de coisas".
Mas o que acontece com os espíritos que desencarnam nessa situação? Depende. Cada caso é um caso. A regra geral do desenlace energético continua valendo em casos de morte coletiva e cada espírito reage de acordo com seus interesses. A maioria não entende o que ocorreu e nem sempre é possível o reencontro imediato com os entes queridos que os antecederam no desencarne.

No mundo espiritual
Algumas vezes, podemos reencarnar quase que imediatamente após o desencarne. Mas o comum é que passemos um período, que pode variar bastante - anos, séculos, milênios -, no mundo espiritual. Nos mundos superiores, onde o corpo é cada vez mais sutil, o reencarne é quase sempre imediato. Mas enquanto ainda houver a necessidade para determinado espírito, ele irá reencarnar, seja em corpos materialmente densos - como no nosso caso - seja em planos superiores, em um corpo bastante sutil. Somente os espíritos que atingiram um alto grau de pureza não precisam mais reencarnar.
O estado de " espírito errante", ou seja, na erraticidade, é para alguns uma fuga da realidade terrena, que cedo ou tarde terão de enfrentar; para certos espíritos é uma punição, enquanto que para outros é uma oportunidade de estudo e aprendizado. Na erraticidade o espírito pode aproveitar para se melhorar muito, tanto no aspecto intelectual quanto moral, mas isso não o livra de uma nova encarnação caso ainda seja necessário a ele.
A morte não acaba com nossos vícios e paixões. Enquanto alguns lutam, no Além, para se libertarem da influência material, muitos preferem permanecer vinculados ao nosso plano, desequilibrados, compartilhando dos nossos hábitos infelizes. Aí entra a lei da afinidade, que abre a porta tanto para os simples assédios espirituais quanto para os processos de obsessão mais complexos. Não deixe de ler nossa matéria de capa da edição 90 para entender isso melhor.
Por que ao desencarnarmos, não abandonamos, também, nossas " más paixões" ? Os espíritos respodem: " Tens nesse mundo pessoas que são excessivamente invejosas; acreditas que, mal o deixem, perdem os seus defeitos? Depois de sua partida da Terra, sobretudo para aqueles que têm paixões bem acentuadas, resta uma espécie de atmosfera que os envolve e conserva todas a suas coisas más, porque o Espírito não está inteiramente desprendido; só por momentos vê a verdade, como para lhe mostrar o bom caminho. " - OLE, q. 229.
Um espírito desencarnado não possui mais o corpo físico, porém, manifesta-se através do perispírito, que é seu corpo mais sutil.

Dores e doenças
A lembrança de uma doença que o espírito tinha quando estava encarnado é um dos fatores responsáveis pela impressão de dor que muitos espíritos sentem mesmo após a morte do corpo. Por isso é comum encontrarmos espíritos apresentando as mesmas doenças que tinham quando estavam encarnados, pois o perispíritos, por seu muito sutil, é facilmente influenciado pela mente. Outro fator que colabora para a manifestação de doenças no perispírito é a ligação energética com o corpo físico, que ainda não se desfez completamente.
Essa ligação também é responsável por dar a sensação, em certos espíritos, de que estão sendo roídos pelos vermes. Na verdade, se o corpo está se decompondo e o espírito possui fortes laços energéticos com ele, provavelmente passará a ter várias sensações desagradáveis. Veja mais sobre isso no texto Ensaio teórico sobre a sensação nos espíritos, questão 157 de O Livro dos Espíritos.
O corpo físico e o perispírito se influenciam mutuamente. Da mesma forma que o corpo energético transmite tudo o que vem do espírito para o corpo físico, este também acaba causando impressões no perispírito, pois ambos estão intimamente ligados, o que explica a existência de espíritos com doenças e deformidades.
Para encerrar este pequeno artigo, que visa explicar de forma resumida o que ocorre no processo de desencarnação, reproduzo as palavras de Allan Kardec no final do capítulo 3, livro II, que ressaltam a importância do trabalho de autoconhecimento e da reforma íntima, ainda enquanto estamos reencarnados: " A perturbação que se segue à morte nada tem penosa para o homem de bem; é calma e em tudo semelhante à que acompanha um despertar tranquilo. Para os que não tem a consciência pura, ela é cheia de ansiedade e de angústias, que aumentam à medida que ela se reconhece."

*Morte natural
Neste exemplo, temos um caso de morte de um doente terminal. O fluido vital que dá a vida orgânica ao corpo vai se  esgotando e a ligação entre perispírito e corpo físico, como consequência, também se enfraquece gradativamente.
A alma começa a se separar do corpo físico e, neste momento, pode receber a visita de espíritos familiares.
Ocorre, também, de espíritos benfeitores (amparadores) aparecerem para auxiliarem no processo de desenlace energético.

*Morte Violenta
Nos casos de morte abrupta, seja por assassinato, acidente de trânsito... enfim, nas mortes repentinas em que o corpo físico ainda está cheio de vitalidade, os laços que o unem ao perispírito ainda são muito fortes, apesar de não ser mais possível a continuação da vida.
Neste exemplo, vemos um homem que foi assassinado na rua.
Ao se separar do corpo, ele vê a faca cravada em seu peito e recria, inconscientemente, a imagem em seu perispírito.
Um outro homem, reencarnado, em projeção astral, auxilia o processo de desenlace da vítima, pois o padrão de densidade energética entre ambos é mais compatível.
Já as energias do espírito protetor são mais sutis. Ele acompanha todo o processo, zeloso, aguardando a hora de se aproximar de seu protegido.

A sensação nos espíritos
"257. O corpo é o instrumento da dor. Se não é a causa primária desta é, pelo menos, a causa imediata. A alma tem a percepção da dor: essa percepção é o efeito. A lembrança que da dor a alma conserva pode ser muito penosa, mas não pode ter ação física. De fato, nem o frio, nem o calor são capazes de desorganizar os tecidos da alma, que não é suscetível de congelar-se, nem de queimar-se. Não vemos todos os dias a recordação ou a apreensão de um mal físico produzirem o efeito desse mal, como se real fora? Não as vemos até causar a morte? Toda gente sabe que aqueles a quem se amputou um membro costumam sentir dor no membro que lhes falta. Certo que aí não está a sede, ou, sequer, o ponto de partida da dor. O que há, apenas, é que o cérebro guardou desta a impressão.
Não se confundam, porém, as sensações do perispírito, que se tornou independente, com as do corpo. Estas últimas só por termo de comparação as podemos tomar e não por analogia.
Liberto do corpo, o Espírito pode sofrer, mas esse sofrimento não é corporal, embora não seja exclusivamente moral, como o remorso, pois que ele se queixa de frio e calor. Também não sofre mais no inverno do que no verão: temo-los visto atravessar chamas, sem experimentarem qualquer dor. Nenhuma impressão lhes causa, consequentemente, a temperatura. A dor que sentem não é, pois, uma dor física propriamente dita: é um vago sentimento íntimo, que o próprio Espírito nem sempre compreende bem, precisamente porque a dor não se acha localizada e porque não a produzem agentes exteriores; é mais uma reminiscência do que uma realidade, reminiscência, porém, igualmente penosa.
Algumas vezes, entretanto, há mais do que isso, como vamos ver.
(...)" - O Livro dos Espíritos.