A vida é um ciclo, tudo esta em constante transformação e em meio a esta
eterna condição a humanidade está em constante modificação, crescimento,
atualmente se percebe que o intelectual está em destaque.
Mudanças ocorriam antigamente de forma precária e vagarosa, atualmente
com tantos recursos disponíveis as mudanças são constantes e a adaptação é
complicada e retardada por diversos fatores, sejam eles financeiros,
psicológicos, profissionais, entre outros. Mas se observarmos o desenvolvimento
intelectual do ser humano, iremos perceber que o mesmo não ocorre com nossa
moral.
Muito se discute sobre a ética, diversos problemas e toda a sua gama de
variáveis são constantemente discutidos, porem pouca mudança se percebe em
relação aos comportamentos, ou seja, o conhecimento fica nos livros, não passam
de palavras mortas.
Por que é tão difícil fazer o que se discute, acadêmica e
religiosamente, como bom? Por que é tão difícil fazer o bem?
Se analisarmos veremos que a teoria é simples, que oportunidades não
faltam e que o que esta em falta realmente é a força de vontade, pois nem
sempre ser bom é bom. Deixe-me explicar esta frase.
Em muitos momentos fazer o que é certo pode nos prejudicar, em alguns
momentos temos que abdicar de desejos, anseios, fazer sacrifícios. Sim, ser bom
da trabalho! Jesus dizia: “Orai e vigiai”, pois devemos estar em constante
análise do que se passa dentro de nós, batalhando constantemente contra nossas
más tendências.
E por que é tão fácil desenvolver as chamadas falhas morais?
Porque elas têm sua fonte nos instintos naturais. É natural do ser
humano ser egoísta, pensar primeiro no seu bem estar e depois pensar no outro
(quando pensa). É instintivo também atacar quando se sente acuado, é um
reflexo, mas que se não dominado se torna ira. São instintivos também o desejo
de obter o melhor, quem sabe algo que o outro possui e que lhe falte, brota
então a cobiça e a inveja.
É fácil desenvolver as falhas morais quando nos deixamos levar pelos
instintos, pois não precisamos fazer esforços, estamos em nossas zonas de
conforto. Só não podemos nos esquecer de que o instinto é animalesco e a razão
que deve predominar o homem que se deixa dominar a todo instante por seus impulsos,
em nada se difere das bestas selvagens, que não raro fazem “o mal” para
sobreviverem, diferente dos homens que se cobrem de necessidades inúteis para
seus prazeres.
Estando em nossas zonas de conforto, a tentativa de sair dela gera
assombro, espanto e é normal ter medo do desconhecido, em especial, quando
temos que olhar para nosso lado ruim ou para alguém que não seja nós mesmos.
Sair dessa zona de conforto é uma passagem do instinto para a razão, que
conciliada com sentimentos e valores nobres resultam no que chamamos de reforma
intima.
Essa transformação não é fácil e existem diversos impedimentos e
barreiras, como o comodismo, pois como já foi dito é mais fácil ficar como está
do que ter o esforço de mudar, pois exige tempo, energia, dedicação e
disciplina. Tem-se também como barreiras a negação e a racionalização, onde
respectivamente, se nega a real condição de si como ser falho, essa barreira é
erguida pelo nosso orgulho e nossa vaidade e a racionalização que faz com que o
sujeito encontre desculpas/justificativas para seus comportamentos falhos pois
tem a dificuldade de se colocar na condição HUMANA de falibilidade.
Enquanto preso a essas e outras barreiras o indivíduo se mantem, em
geral, em sofrimento, seja ele físico ou moral. O sofrimento físico envolve
qualquer forma material, desde o corpo até o campo financeiro e o moral que
envolve sentimentos, ou seja, é subjetivo (peculiar de cada individuo).
Alguns se dizem felizes, mesmo sendo falhos. Anunciam seres egoístas,
orgulhosos, invejam e cobiçam a céu aberto os tesouros e afetos alheios,
enquanto mantem um sorriso estampado em suas faces. O que dizer dessas pessoas?
Elas podem ostentar sorrisos e se julgarem felizes, mas a serenidade
interna não advém da alienação que os prende e sim da solidária reflexão que
considera o outro como um irmão. Deve-se analisar com muita atenção este fator
que pode, em alguns casos, revoltar corações que perseveram, ao custo de
grandes sacrifícios no bem.
Muitas vezes as máscaras sociais escondem atrás de sorrisos, amargas
lagrimas de um coração adoecido. Mas não me prolongarei neste ponto pois não é
o tema central no momento, podemos apenas perceber que o bem e o mal lutam
constantemente dentro de cada um de nós.
Observando por este espectro, por que algumas pessoas trazem desde a
infância tendências boas, ou seja, tem alguma facilidade de fazerem o bem
enquanto outras trazem ervas daninhas presas no coração? Iluminarei esta
reflexão sob a luz da Doutrina Espírita (proposta do blog) para auxiliar na
explanação.
Para poder compreender esta pergunta, temos que levar em conta a
pluralidade das existências, o objetivo do homem na Terra e as escalas
evolutivas, tanto espiritual quanto dos mundos.
Dentre os diversos mundos existentes, temos a Terra, que é classificada
como mundo de provas e expiações, ou seja, o mal e o sofrimento ainda imperam,
tendo-se já o inicio da ascensão moral.
Nestes mundos temos espíritos realizando suas provas e expiações, onde
em geral aprendem através do sofrimento, mas vemos também Espíritos realizando
suas missões, onde deixam diversos exemplos de luz e que mesmo em possível
sofrimento, deixam pegadas que servem de caminho para irmãos que buscam esta
mesma luz.
Pode-se perceber também que na Terra temos uma enorme gama de Espíritos,
das mais diversas escalas evolutivas, Espíritos ainda imperfeitos e os
considerados bons, e dentre eles temos que dar destaque a Jesus de Nazaré, um
Espírito puro que veio deixar seu exemplo e que até hoje é seguido por sua
maravilhosa obra.
Mas por que todos estes Espíritos se encontram por aqui?
Lembremo-nos da razão da vida na Terra, a depuração espiritual, o
crescimento moral e intelectual. Ninguém vem a Terra para “passar férias” ou
fazer o mal, cada um de nós, bons e imperfeitos, temos planos e esperanças de
melhora, porem os imperfeitos ao regressarem ao corpo físico têm muito forte
ainda a raiz da ignorância e do mal e não raro cedem aos impulsos do instinto,
enveredando novamente para as sombras. Seja qual for o caminho que optar, deve
o sujeito se lembrar das leis universais, e neste caso dar atenção especial a
lei de ação e reação.
As leis universais são regras que permeiam a TODOS indistintamente, não
levando em consideração sexo, cor, confissão religiosa ou qualquer atributo
escolhido/ inventado pelo homem, que ao classificar didaticamente mais criou
barreiras do que conhecimento, pois se lembrem que cada individuo esta sujeito
à reencarnação e estes títulos e diferenciações de nada tem para com os
Espíritos, pois além da reencarnação modificar esses padrões, na pátria
espiritual somos todos iguais sendo levado em conta apenas os méritos e as
virtudes conquistadas.
E dentre as diversas leis existente, devemos refletir nossos atos e
pensamentos sob a lei de ação e reação, que fará com que recebamos em troca
exatamente aquilo que realizamos. Cada atitude, seja ela boa ou má, feita
publica ou intimamente, é uma emanação que foi feita para o universo e que irá
ecoar e retornar para nós, nesta ou em outra vida, sejam as ações boas ou ruins,
seja um mérito por uma boa ação que é recebida com bem aventurança ou como uma
expiação pelo prejuízo causo a si e à outrem, que se manifesta geralmente como
sofrimento.
Sendo a Terra um mundo de provas e expiações, não raro realizamos más
escolhas, pois no nosso grau evolutivo ainda guardamos as más tendências em nós
e recebemos o sofrimento como moeda de pagamento.
É comum mal dizermos o sofrimento, mas se observarmos estamos na maioria
das vezes recebendo as consequências de um ato que realizamos em algum momento.
E quando não realizamos, podemos volver nossos olhos ao passado e tomar esse
suplicio como uma prova de perseverança no bem e como aprendizado de paciência
e tolerância, pois essa é a função do sofrimento, nos fazer refletir, analizar
nossos atos e nossas vidas em um sentido mais amplo e então tomarmos escolhas
melhores e ascendermos na escala evolutiva, buscando a felicidade dos espíritos
bons e puros.
Seria tão fácil se aprendêssemos somente por amor, mas é raro nos
momentos de alegria não nos tomarmos de orgulho, vaidade e nos acomodarmos e
nos esquecermos de Deus, então vem a dor para nos lembrar que devemos
constantemente entrar em um estado de observação interiores e entrar em contato
com a divindade.
Observando os momentos de maior mudança na vida de alguém, geralmente
ocorrem após um grande choque emocional, bom ou ruim, sendo comum quando o
sofrimento é levado ao extremo.
Quando o sofrimento nos assola podemos nos acomodar e deixa-lo preso a
nós, podemos nutri-lo e deixa-lo tomar nossa paz interior, nos revoltarmos e/ou
buscar vingança ou o mais difícil, mas mais meritório de todos, lutar pela
melhora intima, buscar reflexões edificantes, encontrar motivos para a
resignação e paciência, iniciando assim a jornada da transformação.
Quando se inicia a jornada da mudança, o mais difícil é juntar força
para dar o primeiro passo, pois quando sofremos estamos, no geral, em um estado
de esgotamento. Podemos juntar essas forças para o primeiro passo de diversas
formas, através de exercícios de meditação e respiração, da oração que é para
os espíritas a forma mais recomendada, até mesmo através de medicamentos,
lembrando que estes apenas mascaram um sintoma e são relativamente inúteis em
relação à causa do problema se não estiverem em conjunto de praticas
psicoterapêuticas, porque a função do medicamento é dar condições para o
individuo lidar com o problema e não faze-lo desaparecer e temos a opção da
busca de crescimento e edificação interior, que pode ser feita através de
leituras renovadoras e até mesmo no atendimento fraterno nos Centros Espíritas.
Quando se da os primeiros passos, nem sempre é fácil, tanto pelo cansaço
das batalhas travadas como pelo medo da mudança, mas algo que devemos ter em
mente é que a vida é cíclica e nem a felicidade, nem o sofrimento são eternos,
e que logo estaremos renovados e com maiores condições de gerir a própria vida
com paz interior, que é na Terra, uma das maiores conquistas. Por quê?
Porque quem tem a paz interior não se deixa atribular, e quando
eventualmente perde o equilíbrio logo o recupera, retornando ao sentimento de
bem estar para encarar a existência terrena.
Quando se tem a paz interior é fácil de contenta-se com o que se tem e
aceitar mais facilmente as intempéries da vida, o que não podemos mudar ou
obter. Neste processo começamos a aceitar a vida como ela é e então nos
percebemos já trilhando o caminho da renovação.
Em conjunto deste processo de aceitar a vida como ela é, começamos a
aceitar o que temos de bom e mal em nossos próprios corações. Mas sem sentirmos
vergonha por nossas falhas e sim entendendo que estamos na condição humana e
que a transformação, a mudança depende apenas de cada um de nós, a evolução é
algo pessoal e não podemos fazê-la pelo nosso próximo.
Ao aceitarmos a nós mesmos, começamos a nos humanizar e quando isso
ocorre o outro também é visto como alguém que possui sentimentos, anseios,
virtudes e falhas, vê o outro como humano, como irmão, neste estágio diversas
virtudes estão encontrando campo fértil para se desenvolverem, entre elas a
humildade pois vemos que somos todos iguais, independente de qualquer coisa,
nos tornamos mais compassivos porque reconhecemos no outro o nosso sofrimento e
como desejamos que nosso sofrimento desapareça, desejaremos o mesmo ao nosso
irmão, desenvolvendo a indulgencia e a solidariedade, aqui já conquistamos uma
grande mudança positiva em nossas vidas.
Nem sempre é fácil se manter neste proposito, as vezes precisamos
abdicar de certos “prazeres” mas após ter sido feita a escolha de perseverar, é
comum nas inundarmos de serenidade e bem estar.
Mas eu faço tudo e continuo sofrendo, por quê?
A dificuldade de aceitar as intempéries e os sacrifícios que devem ser
feitos para se tornar uma pessoa melhor está intimamente ligado com uma mudança
interna. Lembra as falhas que todos carregamos e que têm raízes profundas em
nosso ser? Pois então, remove-las nem sempre acontece sem dor e muitas vezes
queremos mudar mas queremos deixar a erva daninha no jardim, insistindo em
manter os vícios e falhas da alma, isso se da pelo nosso orgulho, nossa vaidade
e egoísmo.
Ai está o mérito da mudança, quando conseguimos agir corretamente e isso
nos traz alegria e não mais tristezas e sofrimentos é o sinal que a batalha
interna está começando a pender para o lado virtuoso, ou seja, estamos nos
tornando pessoas de bem.
Ao nos tornarmos pessoas de bem, não caiamos na ilusão que jamais
sofreremos e que a vida se tornará um mar de rosas, pois o objetivo da vida na
Terra, como já foi dito, é o aprendizado e na categoria em que nos encontramos
podemos sofrer no processo. Mas a maior recompensa, que faz o homem de bem manter
o sorriso é a consciência da transitoriedade dos acontecimentos da vida, bons e
ruins, ele se mantem firme nos momentos de dor, perseverando no bem e se
preenche de gratidão nos momentos de alegria.
Essa consciência, junto à paz que vem dos bons atos, da harmonia que
brota no interior gera a renovação, que nos faz, pouco a pouco, vitoriosos em
nossos aprendizados. Se nos momentos de batalha interna cairmos na duvida,
lembremo-nos das palavras do mestre: “Amai a Deus acima de tudo e o teu próximo
como a ti mesmo, fazei ao teu irmão o que desejaria que ele o fizesse”. Com
esta frase sairemos de qualquer duvida que possa impedir as escolhas corretas,
que nos levam a nossa reforma intima.
Biografia consultada
KARDEC, Allan - O Livro dos Espíritos - FEB, Rio de Janeiro, 1994.
KARDEC, Allan - O Evangelho segundo o Espiritismo - FEB, Rio de Janeiro, 1995.
KARDEC, Allan - O Livro dos Espíritos - FEB, Rio de Janeiro, 1994.
KARDEC, Allan - O Evangelho segundo o Espiritismo - FEB, Rio de Janeiro, 1995.
Em http://sutilsentimento.blogspot.com.br/2014/01/reforma-intima.html
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