Citando o
Dicionário Aurélio, prematuro significa que se manifesta ou sucede antes do
tempo; precoce.
Uma
criança, por exemplo, ao desencarnar, pode parecer morte prematura para os
encarnados e não ser prematura do ponto de vista espiritual, por ser exatamente
o período necessário para aquela etapa evolutiva. Já alguém que desencarna com
mais idade, após uma enfermidade, como foi o caso de André Luiz, pode não ser
considerada prematura do ponto de vista material, mas ser prematura do ponto de
vista espiritual, pois foi abreviado o tempo de vida programado, neste caso,
por mau uso das possibilidades orgânicas, ou seja, um suicídio indireto.
Desta
forma, a morte pode ser considerada prematura sob dois pontos de vista:
Do plano
material – quando há a desencarnação daqueles ainda em tenra idade ou de jovens
e adultos com perspectiva de muitos anos ainda de vida;
Do plano
espiritual – quando a desencarnação é prematura em relação ao tempo programado
da encarnação. A abreviação do período encarnatório pode ocorrer:
• Por mau
uso das possibilidades orgânicas, em suicídio direto ou indireto;
• Por uso
excessivo das possibilidades orgânicas, para o bem dos outros – não é considerado
suicídio;
• Por
misericórdia divina, no caso de comportamento inadequado que levasse a maiores
prejuízos.
André
Luiz, no livro “Evolução em Dois Mundos”, respondendo à questão “Podemos
considerar a desencarnação da alma, em plena infância, como sendo uma punição
das Leis Divinas, na maioria das vezes?”, esclarece: “Muitas existências são
frustradas no berço, não por simples punição externa da Lei Divina, mas porque
a própria Lei Divina funciona em todos nós, desde que todos existimos no hausto
do Criador. Frequentemente, através do suicídio, integralmente deliberado, ou
do próprio desregramento, operamos em nossa alma desequilíbrios, quais
tempestades ocultas, que desencadeamos, por teimosia, no campo da natureza
íntima. (...) Segundo observamos, portanto, as existências interrompidas, no
alvorecer do corpo denso, raramente constituem balizas terminais de prova
indispensável na senda humana, porque, na maioria dos sucessos em que se
evidenciam, representam cursos rápidos de socorro ou tratamento do corpo
espiritual desequilibrado por nossos próprios excessos e inconsequências,
compelindo-nos a reconhecer, com o Apóstolo Paulo (“Acaso não sabeis que o
vosso corpo é santuário do Espírito Santo que habita em vós, o qual vos foi
dado por Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por preço,
portanto glorificai a Deus no vosso corpo.” [I Coríntios, 6:19-20]), que o
nosso instrumento de manifestação, seja onde for, é templo da Força Divina, por
intermédio do qual, associando corpo e alma, nos cabe a obrigação de
aperfeiçoar-nos, aprimorando a vida, na exaltação constante a Deus.”
Na obra
“Nosso Lar”, André Luiz, melindrado por ser tachado de suicida, recebe a
seguinte orientação: “Os órgãos do corpo somático possuem incalculáveis
reservas, segundo os desígnios do Senhor. O meu amigo, no entanto, iludiu
excelentes oportunidades, esperdiçando patrimônios preciosos da experiência
física. A longa tarefa, que lhe foi confiada pelos Maiores da Espiritualidade
Superior, foi reduzida a meras tentativas de trabalho que não se consumou. Todo
o aparelho gástrico foi destruído à custa de excessos de alimentação e bebidas
alcoólicas, aparentemente sem importância. Devorou-lhe a sífilis energias
essenciais. Como vê, o suicídio é incontestável.”
Encontramos,
no livro “Obreiros da Vida Eterna”, um caso em que a personagem Dimas não
chegou a aproveitar todo o tempo a ele destinado, por sobrecarga física e
emocional em tarefas voltadas para o Bem. André Luiz é orientado, a respeito do
tema, conforme segue: “Dimas não conseguiu preencher toda a cota de tempo que
lhe era lícito utilizar, em virtude do ambiente de sacrifício que lhe dominou
os dias, na existência a termo. Acostumado, desde a infância, à luta sem mimos,
desenvolveu o corpo, entre deveres e abnegações incessantes. (...) É verdade
que não podemos louvar o trabalhador que perde qualquer órgão fundamental da
vida física em atrito com as perturbações que companheiros encarnados criam e
incentivam para si mesmos; no entanto, faz-se preciso considerar as circunstâncias
em jogo. Dimas poderia receber, com naturalidade, semelhantes emissões
destrutivas, mantendo-se na serenidade intangível do legítimo apóstolo do
Evangelho. Todavia, não se organiza de um dia para outro o anteparo psíquico
contra o bombardeio dos raios perturbadores da mente alheia, como não é fácil
improvisar cais seguro ante o oceano em ressaca. (...) Segundo observamos, há
existências que perdem pela extensão, ganhando, porém, pela intensidade. A
visão imperfeita dos homens encarnados reclama o exame acurado dos efeitos, mas
a visão divina jamais despreza minuciosas investigações sobre as causas...”
Na obra
“Trilhas da Libertação”, o Espírito Manoel Philomeno de Miranda conta o caso do
médium Davi, que desencarnou por um fulminante ataque do coração quando
intentava assassinar um oponente. “No momento da prece, em rogativa de socorro,
o irmão Ernesto, sabendo da deficiência cardíaca de seu pupilo, exortou, sem
palavras, a interferência do Pai para evitar uma tragédia mais grave, no que
foi atendido.”
Em todos
esses casos, não há injustiça de Deus e sim a Sua misericórdia e justiça. A
vida verdadeira não é a vida física e sim a vida espiritual. O Espírito Sanson,
na obra “O Evangelho Segundo o Espiritismo”; assevera: “Frequentemente, a morte
prematura é um grande benefício que Deus concede àquele que se vai e que assim
se preserva das misérias da vida, ou das seduções que talvez lhe acarretassem a
perda. Não é vítima da fatalidade aquele que morre na flor dos anos; é que Deus
julga não convir que ele permaneça por mais tempo na Terra.”
Bons
estudos!
Carla e
Hendrio
XAVIER,
Francisco Cândido e VIEIRA, Waldo. “Evolução em Dois Mundos”. Pelo Espírito
André Luiz. 14ª ed. Rio de Janeiro: RJ, FEB, 1995. 2ª parte, item 17.
XAVIER,
Francisco Cândido. “Nosso Lar”. Pelo Espírito André Luiz. 23ª ed. Rio de
Janeiro: RJ, FEB, 1981. Capítulo 04.
XAVIER,
Francisco Cândido. “Obreiros da Vida Eterna”. Pelo Espírito André Luiz. 23ª ed.
Rio de Janeiro: RJ, FEB, 1998. Capítulo 13.
FRANCO,
Divaldo P. “Trilhas da Libertação”. Pelo Espírito Manoel P. de Miranda. Rio de
Janeiro, RJ: FEB, 1996. Capítulo “Novos Rumos”.
KARDEC,
Allan. “O Evangelho Segundo o Espiritismo”. 2ª ed. de bolso. Rio de Janeiro:
RJ, FEB: 1999. Capítulo V, item 21.
Leia mais no endereço: http://licoesdosespiritos.blogspot.com/2009/08/mortes-prematuras.html#ixzz2dvuehUvt
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