:: Elisabeth Cavalcante ::
Amar a
si mesmo é um requisito fundamental para que o ser humano possa vivenciar a
felicidade. Embora tenhamos aprendido que a autoestima é individualista e egoísta,
ela é essencial para que possamos nos expor ao mundo com coragem e confiança. Aquele
que não ama a si próprio, não reconhece em si qualidades e talentos e se acha
inferior ao resto do mundo, dificilmente conseguirá amar verdadeiramente o
outro, pois seu amor será sempre revestido de medo.
Quando
não nos amamos, tememos que o outro descubra que não somos bons o suficiente
para merecer seu amor e nos empenhamos desesperadamente em satisfazer os seus
desejos, como forma de garantir a afeição que ele sente por nós.
Esta
consciência só nasce a partir de uma profunda reflexão acerca de nossas
qualidades e defeitos e do entendimento de que somos únicos e especiais, não
importa o quanto tenhamos errado ou nos desviado da Verdade.
Sempre
é tempo de recuperamos a nossa autoestima se reconhecermos que os erros são
fundamentais em nosso processo evolutivo. Se formos capazes de nos amar apesar
de nossos fracassos, certamente estaremos nos dando a oportunidade de trilhar
novos caminhos e descobrir em nós poderes até então desconhecidos.
AME A
SI MESMO E OBSERVE
Osho,
você pode falar alguma coisa sobre essas belas palavras de Buda:
Ame a
si mesmo e observe – hoje, amanhã, sempre?
"Ame
a si mesmo"...
O amor
é o alimento da alma. Assim como a comida é para o corpo, o amor é para a alma.
Sem comida o corpo enfraquece, sem amor a alma enfraquece.
....O
amor lhe faz rebelde, revolucionário. O amor lhe dá asas para voar alto. O amor
lhe dá insight nas coisas, assim ninguém pode lhe enganar, lhe explorar, lhe
oprimir.
.... O
amor nada sabe de dever. Dever é um fardo, uma formalidade. Amor é uma alegria,
um compartilhar; o amor é informal. O amante nunca sente que ele fez o bastante;
o amante sempre acha que mais é possível. O amante nunca sente, ‘Eu favoreci o
outro’. Pelo contrário, ele sente, ’Devido a que meu amor foi recebido, estou agradecido.
O outro me favoreceu por receber meu presente, não o rejeitando’..
...Um
homem que ama a si mesmo respeita a si mesmo e um homem que ama e respeita a si
próprio respeita os outros também, porque ele sabe, ‘Assim como eu sou, os
outros também são. Assim como gosto do amor,respeito, dignidade, os outros também
gostam’. Ele se torna cônscio de que não somos diferentes, no que diz respeito
ao essencial, nós somos um. Estamos debaixo da mesma lei: Es dhammo
sanantano
O
homem que ama a si mesmo desfruta tanto
do amor, se torna tão contente, que o amor começa a transbordar, começa a alcançar
os outros. Tem que alcançar! Se você vive o amor, você começa a compartilhá-lo.
Você não
pode continuar a amar a si mesmo para sempre porque uma coisa ficará absolutamente clara para você: que se amando
uma pessoa, você mesmo, é um êxtase tão tremendo e tão belo, tanto mais êxtase
está esperando por você se você começar a compartilhar seu amor com muitas
pessoas!
Lentamente
as ondulações começam a se expandir cada vez mais longe. Você ama outras
pessoas; então você começa a amar os animais, os pássaros, as árvores, as
pedras. Você pode preencher todo o universo com o seu amor. Um simples indivíduo
é suficiente para encher todo o universo com amor, assim como um simples seixo pode
encher todo o lago de ondulações – um pequeno seixo.
...
Digo que esse é um dos mais profundos sutras de Buda, e só uma pessoa desperta
pode lhe dar um tal insight. A pessoa que ama a si própria pode facilmente se
tornar meditativa, porque meditação significa estar consigo mesmo.
Se você
odeia a si mesmo – como você faz, como foi dito a você para fazer, e você tem
seguido isso religiosamente – se você odeia a si próprio, como é que você pode
ficar consigo mesmo? A meditação não é outra coisa senão desfrutar de sua bela
solitude e celebrar a si próprio. Eis o que é toda a meditação.
A
meditação não é um relacionamento. O outro não é absolutamente necessário;
somos suficientes para nós mesmos. Somos banhados em nossa própria glória,
banhados em nossa própria luz. Estamos simplesmente alegres porque estamos
vivos, porque somos.
O
maior milagre do mundo é que você é e que eu sou. Ser é o maior milagre e a
meditação abre as portas desse grande milagre. Mas só o homem que ama a si próprio
pode meditar; do contrário você está sempre fugindo de si mesmo, evitando a si
mesmo. Quem quer olhar para um rosto feio e quem quer penetrar num ser feio?
Quem
quer se aprofundar na própria lama, na própria escuridão? Quem vai querer
entrar no inferno que pensam que estão? Você quer manter essa coisa toda
coberta com lindas flores e você vai querer sempre fugir de si mesmo.
Desse
modo as pessoas estão continuamente procurando companhia. Elas não podem ficar
consigo mesmas; elas querem estar com os outros. As pessoas estão buscando
qualquer tipo de companhia; se eles puderem evitar a companhia de si próprios
qualquer coisa servirá ... O amor começa com você mesmo, assim ele pode se
espalhar. Ele vai se espalhando a sua própria maneira;
você não
precisa fazer nada para espalhá-lo.
Ame a
si mesmo... Diz Buda. E então imediatamente ele acrescenta:... e observe. Isso é
Meditação, esse é o nome de Buda para a meditação. Mas a primeira condição é
amar a si mesmo, e então observe.
... Sócrates
diz: Conhece a ti mesmo, Buda diz: Ame a si mesmo. E Buda é muito mais
verdadeiro porque a menos que você ame a si próprio você nunca conhecerá a si
mesmo – conhecer só vem mais tarde, o amor prepara o terreno. Amar é a possibilidade
de conhecer a si mesmo. O amor é a maneira certa de conhecer a si mesmo.
Ame a
si mesmo e observe... hoje amanhã, sempre.
Crie
energia ao redor de si mesmo. Ame seu corpo e ame sua mente. Ame todo seu
mecanismo, todo seu organismo. Por amar significa: aceitar isso como isso é, não
tente reprimir. Nós reprimimos somente quando odiamos alguma coisa, reprimimos
somente quando somos contra alguma coisa. Não reprima porque se você reprimir
como é que você vai observar?
...Se
você não for um amante de si mesmo você não será capaz de olhar nos seus próprios
olhos, na sua própria face, na sua própria realidade.
Observar
é meditação, o nome de Buda para a meditação. Observe, diz Buda. Ele diz:
Esteja cônscio, alerta, não fique inconsciente. Não se comporte como que
dormindo. Não continue funcionando como uma máquina, como um robô. É assim que
as pessoas estão vivendo.Observe – apenas observe. Buda não diz o que deve ser
observado – tudo! Caminhando, observe o seu caminhar. Comendo, observe o seu
comer. Tomando banho, observe a água, a água fria caindo sobre você, o toque da
água, a frieza, o arrepio que dá na sua espinha – observe tudo, “hoje, amanhã,
sempre”.
...
Quando você se torna mais alerta você começa a criar asas – então todo o céu
lhe pertence. O homem é um encontro da terra com o céu, do corpo e da alma.
Osho, Extraído de: The Way of the
Buddha: The Dhammapada
http://somostodosum.ig.com.br/conteudo/c.asp?id=06124
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