As Quatro Nobres Verdades
Indíce
I - Apresentação e Agradecimentos
Acredito
sinceramente que a melhor maneira de evitar o fanatismo e o fundamentalismo
religioso ou filosófico é o estudo de outras formas de pensar e de crer. A
verdade última, realidade a que todos os caminhos espirituais buscam, só pode
ser uma, nossa capacidade de compreensão é que é limitada e portanto só pode
apreendê-la de forma parcial. Cada uma dessas verdades parciais, modelos
criados pelo entendimento humano, aborda um ângulo especifico, traduz dentro de
um contexto cultural definido, dentro das características psicológicas de um
povo ou de uma época, a verdade maior.
Indo ao encontro de outras
crenças, percebemos que o critério da concordância universal [ 1 ], proposto por Allan Kardec, tem também
seu aspecto externo. Como em todas as épocas da humanidade o espírito humano
buscou transcender suas limitações e compreender o problema do ser, do destino
e da dor - como sempre os mundos espiritual e material estiveram em contato -
as verdades parcias de cada um, são mais confiaveis, quando podem ser validadas
com as descobertas, ou revelações, vindas de diversas fontes, de diferentes
povos, em diversas épocas, dentro de tradições diferentes. E, naturalmente, as
diferenças que encontramos, são os diferentes enfoques, mais ou menos precisos,
que cada um deu ao mesmo problema.
Entendendo o enfoque dado por outros,
compreendemos melhor o nosso, suas virtudes e suas limitações, e estamos aptos
a vivencia-lo mais fielmente ou buscar novos rumos. O Espiritismo, como
doutrina aberta a razão, ao estudo e a critíca, nos permite tal liberdade de
consciência e nela está sua maior força.
Portanto não poderia deixar de
começar este artigo sem agradecer ao educador emérito, Allan Kardec, que
construiu sobre alicerces tão firmes e duradouros, na elucidação dos fenômenos
mediúnicos e na análise dos ensinamentos dos espíritos, uma nova forma de
pensar sobre o ser humano e o mundo que o rodeia.
Também gostaria de agradecer aos
amigos do GEAE, que no exercício da razão, através do estudo fraterno e da
troca salutar de idéias, trilham este caminho. Agradeço particularmente ao
amigo Elzio Ferreira de Souza, por ter me feito rever minhas idéias sobre o
pensamento oriental, mostrando-me onde meus estudos anteriores, por sua pouca
profundidade, estavam incompletos e onde deveriam ser corrigidos. Inclusive
trechos inteiros deste artigo foram revisados sob sua orientação.
Obrigatório agradecer também ao
extraordinário pensador e lider religioso do povo Tibetano, sua Santidade o XIV
Dalai Lama, pelos excelentes livros[ 2] em que aborda as mais intricadas questões
do Budismo de forma tão espontânea e sincera, com tanta simplicidade de
expressão, que praticamente se tornam compreensiveis a nós que não crescemos
entre as tradições milenares do Oriente.
Muita Paz para todos,
Carlos Alberto Iglesia Bernardo
Carlos Alberto Iglesia Bernardo
1 - vide artigo "Verdade e Controversias em torno do ensinamento dos Espíritos" no Boletim GEAE número 3672 - O sucesso editorial dos livros do Dalai Lama entre o público brasileiro foi tema de artigos na revista "Super Interessante" da editora Abril - "A vida segundo o Dalai Lama", na edição de agosto de 2001 - e na revista "Meditação" da editora Três - "O Sucesso Editorial do Dalai Lama", edição número 30.
O fascínio do extremo Oriente sobre o Ocidente é velho de milênios, pois, já na grécia antiga, aventureiros, viajantes e comerciantes traziam notícias das riquezas e dos estranhos sábios que existiam para lá das fronteiras da Persia. Com a expedição de Alexandre, o Grande, que chegou ao vale do Indus por volta de 326 ac, os dois mundos foram colocados em contato próximo. Os historiadores contam que esta expedição trouxe, ao retornar, um asceta jaina[1 ] que grande admiração causou entre os gregos [ 2 ]. Durante os séculos seguintes, o ouro e a prata do Ocidente fluiram através das rotas comerciais asiáticas, trazendo de volta seda - daí a famosa "Rota da Seda" - especiarias e conhecimentos. Junto a estes bens materiais vinham também informações sobre reencarnação, karma, ascetismo, ligeiras notícias sobre Buda e Brahman.
Foi somente a longa noite
medieval que interrempou o fluxo, que desviou-se para o Oriente próximo,
alimentando espiritualmente a civilização Árabe Medieval no seu apogeu. Bagdá,
Damasco, Córdoba e outras capitais do Islã medieval, receberam por suas
caravanas e navegadores, os conhecimentos sobre o "zero", a
"bússola" e a filosofia que se incorporou ao Islã em sua forma mais
mistíca - o Sufismo[ 3 ].
O antigo "Mare
Nostrum" dos Romanos, ficou fechado para a navegação do Ocidente e até bem
depois do ano 1000 não circulavam mais especiarias, nem ciência do
espírito, mal e mal algum tráfego marginal e lendas fabulosas. O Ocidente
ficou fechado em sí mesmo, com seus monges e a igreja de Roma tentando a todo
custo evitar a submersão total na barbaríe.
Novo período se inicia pela
época das Cruzadas, que apesar do desastre militar e moral que representaram,
abriram caminho novamente para as rotas do Oriente. Por esses caminhos,
comerciantes italianos, como Marco Pólo, começaram novamente os contatos com o
extremo Oriente, que aos poucos levariam as grandes navegações do século XV e
ao início da era moderna.
Ricas e populosas, as cidades do
Oriente distante, naturalmente passaram a atrair os navegadores ocidentais . No
início estes causaram apenas incomodos marginais, os grandes impérios da
Espanha e de Portugal mal se estabeleceram as margens da India e da China. Más
aos poucos, novas levas, reforçadas pelos progressos da ciência material,
permitiram o estabelecimento de protetorados e finalmente submeteram os
principais centros culturais. A nova ciência da matéria e a cobiça levaram
paises europeus pequenos a dominar territórios imensos, com civilizações muitas
vezes mais velhas e sofisticadas. De todo o Oriente, somente o Sião e o Japão
escaparam relativamente incólumes a este período.
O século XIX marcou o auge do
Imperialismo Europeu, a revolução industrial se espalhou pelo velho continente,
fabricando mais e mais bens de consumo, para os quais os paises necessitavam
tanto de mercados, como de fornecedores de matéria prima. Mesmo o velho império
do meio, a China, sofreu golpes e humilhações tão profundas que o jogariam nos
braços do materialismo comunista do século XX [ 4 ].
Durante este processo de
conquista, no sentido inverso, o Oriente fascinou os Iluministas europeus do
século XVIII, povou a imaginação das cortes européias - que multiplicaram em
seus jardins os pavilhões chineses e em seus pálacios as salas chinesas, com
porcelanas e pinturas orientais - e, século XIX adentro, alimentou o esoterismo
ocidental. No final do século XIX, Madame Blavaski e a Sociedade Teosófica,
popularizaram a filosofia hindu na Europa e nos Estados Unidos.
Este período histórico, o do
auge do colonialismo ocidental no século XIX, marca também a transformação dos
Estados Unidos em uma potência continental. A vitória contra o México,
trazendo-lhe as riquezas da Califórnia e do Texas, consolidaram o esforço
iniciado com os peregrinos do Mayflower. Foi nesta jovem democracia, única em
sua época por sua organização social e política, que em 1848 começaram a
ocorrer os fenômenos que dariam nascimento ao Modern Spiritualism e, ao atravessar
o Atlântico, ao Espiritismo.
Em 1857, o educador frânces,
Hypollite Leon Denizard Rivail, mais conhecido pelo pseudônimo Allan Kardec,
publica o "Livro dos Espíritos", dando por primeira vez uma
verdadeira ciência do espírito ao Ocidente. Ciência dentro de todos os rigores
metodológicos do racionalismo frânces, continuando de onde a filosofia
iluminista não tinha conseguido passar.
Século XX, século de
conflagrações mundiais e de paradoxos. Se por um lado o Oriente se ocidentaliza
para conseguir se libertar do jugo colonial, por outro o Ocidente se descobre
carente de espiritualidade e olha para o Oriente. Nos anos 40, diante da
não-violência e do amor a verdade de Mohandas Karamchand Gandhi, o Mahatama
Gandhi, a grande alma, o império britânico recua.
A partir dos anos 50, o Ocidente
se vê fascinado pelo Budismo. Primeiro pelo Budismo Zen, vindo do Japão através
das tropas de ocupação americanas, depois pelo Budismo Tibetando, trazido por
monges que fogem da ocupação chinesa no Tibete. Se o Budismo perde o Tibete,
ganha adeptos por todos os lados e simpatizantes sem fim.
Seu lider espiritual, Tenzin
Gyatso - Sua Santidade o XIV Dalai Lama - pela sua luta pacífica em defesa de
seu povo e pela sobrevivência de sua cultura, hoje é uma das figuras mais
populares entre os lideres religiosos mundiais e pode se dizer que divide com o
Mahatama Gandhi o privilégio de ser um dos Orientais contemporâneos de maior
influência entre os pensadores Ocidentais.
Depois da turbulência ao final
do século XX, com o desaparecimento da União Soviética e o pipocar de pequenas
guerras nacionais, começamos o século XXI em um mundo globalizado. Ocidente e o
Oriente estão de tal modo próximos, que é impossivel ignorarem-se
mutuamente [ 5 ] ou deixarem de reconhecer que cada
um tem seus méritos e deméritos.
Há muito que se aprender
mutuamente e não será por "conversões" ou por "conquistas"
que esta compreensão virá. Nunca, desde que Alexandre chegou as margens do
Indus, ouve tantas oportunidades de aprendizado em comum. Não é mais o
super-civilizado Oriente olhando com desdém os rusticos bárbaros ocidentais,
nem mesmo os orgulhosos senhores do mundo querendo impor seu cristianismo aos
pagãos do Oriente - são povos iguais, sofridos e cansados, que mutuamente podem
se apoiar na busca da libertação do sofrimento e de uma melhor compreensão do
Universo[ 6 ].
Assim é dentro deste escopo, de
compreensão mutua, que pretendo desenvolver esta série de artigos. Analisando
as diferenças e afinidades entre a sabedoria do Oriente - aqui representada
pelo Budismo Tibetano[ 7 ]- e o Espiritismo, doutrina a que somos
ligados.
2 - Sua estada
entre os gregos continuou sendo motivo de muita curiosidade mesmo após sua
morte. Esta inclusive deixou-os completamente aturdidos, pois ele se queimou
voluntariamente em um pira:
"With Alexander there had also gone one 'Calanus', a figure
worth remembering in that he seens to be the first Indian expatriate to whom a
name and a date can confidently be given. One of a group of ascetics encamped
near Taxila, Calanus had accepted Alexander's invitation to join him in that
city and subsequently acompanied him back to the west. There, in Persia shortly
before his patron's death, his own death would cause a sensation.
Calanus' doctrinal persuasion is uncertain. As one of his conpanions at Taxila
had put it, trying to explain one's philosophy through a wall of interpreters
was like 'asking pure water to flow through mud'. In that Calanus and his
friends went naked, a condition in which no Greek could be persuaded to join
them, they may have been 'nigrantha' or Jains. Jains nudity was dictated by
that sect's meticulous respect for life in all its forms. Clothes were taboo
because the wearer might inadvertently crush any insect concealed in them;
similarly death had to be so managed that only the dying would actually die.
Jains bent on ending their life, therefore, usually starved themselves to
death. Yet Calanus, a man of advanced years, chose to immolate himself on his
own funeral pyre. Though an extraordinarly stoical sacrifice in Greek eyes,
this was a decidedly careless move for one dedicated to avoiding casual
insecticide. Evidently the Persian winter had induced a chill, if not
pneumonia, and Calanus had decided it was better to die than be an encumbrance.
No one, not even Alexander, could dissuade him from his purpose. He strode to
his cremation at the head of an enormous procession and reclined upon the pyre
with complete indifference. This composure he mantained even as the flames
frazzled his flesh.
Visibly shaken by such an exhibition, the Greeks held a festival in his honour
and drowned their sorrows in a Bacchanalian debauch. Calanus, though he had
made no converts, had won many friends. He also left a profound impression well
worthy of India's first cultural emissary. 'Gymnosophists', or 'naked philosophers',
henceforth became stock figures in the Western image of India. As
'Pythagoreans', they were also identified with Greek traditions of abstinence
and the conjectures of Pythagoras about rebirth and the transmigration of the
soul.Lucian, Cicero and Ambrose of Milan all wrote of Calanus and his naked
companions. " John
Keay, India - A History.
3 - Os Sufis, procurando
extrair dos ensinamentos de Maomé o seu significado profundo - além de cumprir
as observações exteriores exigidas de todo muçulmano - incorporaram ao
Islamismo conhecimentos sobre o espírito e o Universo, de nitída influencia
indiana. Veja-se, por exemplo, os versos de um poeta persa do século XI:
"Como vela en la llama, en su fuego me derreti
y el resplandor oscilante,
sólo a Dios vi.Com mis proprios ojos, a mí mismo me vi,
pero al mirar con los ojos de Dios,
sólo a Dios vi.
y el resplandor oscilante,
sólo a Dios vi.Com mis proprios ojos, a mí mismo me vi,
pero al mirar con los ojos de Dios,
sólo a Dios vi.
Desvanecido
en la nada, me diluí.
Yo era la vida, el Universo ... y,
sólo a Dios vi."
Yo era la vida, el Universo ... y,
sólo a Dios vi."
Outro exemplo são as obras de
Ibn Arabi, sufi nascido em Murcia em 1164 e falecido em Damasco em 1240,
considerado pelos árabes como o "maior dos mestres" e
"vivificador da Religião":
"Lo
que quiero decir es que tú no eres, o posees tal o tal cualidad, que no existes
y que no existirás jamás, ni por ti mismo, ni por El, en El o con El. Tú no
puedes cesar de ser, porque no eres. Tú eres El y El es tú, sin ninguna
dependencia o casualidad. Si alcanzas a reconocer en tu existencia esta
cualidad de la nada, entonces conoces a Alá. En otro caso, no.".
Estes dois
trechos são da tradução espanhola, por Roberto Pla (Editorial Sirio S.A. -
Málaga, España), do livro "Tratado de La Unidad", escrito por Ibn
Arabi. Jalal ud-Din Rumi, poeta persa do séc XIII, assim se
expressou sobre o mundo:
"Este
mundo que é nada
e encobre a beleza de Deus
é também sinal e prova de sua presença.
Nossa existência - mero favor
de Shams de Tabriz, obséquio da alma -
encobre sua essência e diante dela se envergonha. " Poemas Místicos, Divan de Shams de Tabriz Jalal ud-Din Rumi Trad. José Jorge de Carvalho, Attar Editorial
e encobre a beleza de Deus
é também sinal e prova de sua presença.
Nossa existência - mero favor
de Shams de Tabriz, obséquio da alma -
encobre sua essência e diante dela se envergonha. " Poemas Místicos, Divan de Shams de Tabriz Jalal ud-Din Rumi Trad. José Jorge de Carvalho, Attar Editorial
4 - Um dos
capítulos mais tristes da história ocidental, que compete com as cruzadas no
tocante ao distanciamento a justiça e a verdade, foi a guerra do Ópio
(1839-1842). Por esta guerra, as potencias ocidentais garantiram a abertura dos
portos chineses ao comércio da nefanda droga: "O ópio
era o único produto estrangeiro, controlado por fornecedores estrangeiros, que
os consumidores chineses desejavam, ou aprenderam a desejar, em grandes
quantidades. Como ocorria com a droga mais suave exportada em troca - o chá,
que se dizia ter sido descoberto por Buda para se livrar do sono -, sua demanda
parece ter sido determinada pela oferta. Quando, em 1729, a China proibiu pela
primeira vez este comércio, calculou-se que as importações eram de cerca de
duzentas caixas anuais; em 1767, registraram-se mil caixas; no final da década
de 1830, quando este comércio assumiu proporções que ameaçavam com a guerra,
mais de dez mil caixas entravam anualmente na China. Para o governo chinês, sua
exclusão era, ao mesmo tempo, uma questão de interesse econômico e de retidão
moral; para a Inglaterra, a possibilidade de acesso ao mercado chinês era não
só um imperativo material, mas também um símbolo da liberdade de comércio.
Quando a China procurou energicamente impedir as importações, a Grã-Bretanha a
invadiu. " Milênio - Uma história de nossos últimos mil anos,
Felipe Fernández-Armesto, ed. Record.
5 - O leitor que
duvide desta afirmação, que faça uma visita a São Paulo e dê uma caminhada pela
região central da cidade, pelo bairro da Liberdade e suas imediações. Vai
reparar que muito próximos encontrará igrejas católicas, templos budistas,
lojas maçônicas, grupos espíritas, tendas de umbanda, igrejas protestantes,
modernas faculdades e - simbolo máximo talvez da cultura americana -
lanchonetes de "fast food" como o Mac Donalds.
6 - Vide o
trecho transcrito abaixo, do livro "La Espiritualidad Hinduista", de
Swami Vivekananda (1863-1902), discipulo de Sri Ramakrishna. Ambos foram
grandes reformadores do Hinduísmo na India Moderna e naturalmente depararam-se
com a questão das relações entre ocidente e oriente:
"Para um oriental, o
mundo do Espírito é tão real quanto o mundo dos sentidos para um ocidental. No
mundo espiritual, o oriental encontra o que deseja e espera, nele descobre tudo
o que torna real sua vida. Do ponto de vista de um ocidental, o oriental é um
sonhador; enquanto que do ponto de vista de um oriental, o sonhador é o
ocidental, que lida com coisas efêmeras (que juega con juguetes efemeros) ...
Cada um chama de sonhador ao outro.
Porem o ideal oriental é tão
necessário ao progresso da humanidade como é o ocidental. As maquinas não tem
feito, nem farão jamais, feliz a humanidade .... Estas coisas não os farão
felizes, a não ser que vocês levem dentro de sí a força da felicidade (estas
cosas no os harán felices, salvo que llevéis dentro la fuerza de la felicidad);
a não ser que vocês tenham conquistado a sí próprios.
É verdade que o homem nasceu
para conquistar a Natureza, porem, por "Natureza", o ocidental
entende somente a natureza física e externa. A natureza externa com suas
montanhas, seus mares e seus rios, com suas forças e sua infinita diversidade,
é, sem duvida alguma, majestosa; contúdo, existe também a natureza interior do homem,
que é mais majestosa ainda ... e nos brinda com outro campo de estudos. Neste
sobresai o oriental, da mesma forma que o ocidental sobresai no outro.
Portanto, é justo que, quando seja necesário um reajuste espiritual, este venha
do Oriente. Também é justo que, quando o oriental queira aprender a construir
maquinas, se coloque aos pés do ocidental e aprenda dele; porém, quando o
ocidental queira saber coisas do espírito, de Deus e da alma, e do significado
e mistério deste universo, há de colocar-se aos pés do oriental para
aprender". (cap. El Neo-hinduismo, Espiritualidad Hinduista,
Daniel Acharuparambil)
7 - "Iglesia,
eu vou colocar algumas sugestões, mas há uma de ordem geral que lhe peço
permissão para fazer. Acho que você deveria colocar as posições budistas e
espíritas de um modo bem estrito, e depois fazer um comentário, demonstrando a
identidade ou semelhança das doutrinas, embora a aparente diferença do
discurso, nos casos em que couber, ou demonstrando as diferenças reais. Acho
que deve haver uma advertência, esclarecendo que a comparação está sendo feita
com o budismo tibetano, porque as doutrinas têm nuanças e é importante
respeitá-las. Vivekananda, por exemplo, discorda da interpretação que muitos
discípulos de Buda deram a suas lições. Em realidade, o que conhecemos, hoje,
do Budismo passa pelos olhos dos discípulos, desde que Buda como Jesus nada
escreveu, e são passados 2500 anos de formulações doutrinárias na busca de um
melhor entendimento e prática." Elzio Ferreira de Souza (sobre o
primeiro esboço do artigo que lhe enviei para análise)
- Budismo
O Budismo tem por princípio os
ensinamentos de Sidarta Gautama, o Buda, entre eles, como base principal as
"quatro nobres verdades". Ele não pode ser definido exatamente
como uma "religião" no sentido ocidental, é mais uma filosofia, um
caminho (método prático) de libertação do sofrimento. Naturalmente associada a
este caminho, surge uma visão de mundo que influencia a ciência e a vida
cotidiana das sociedades budistas. Assim conforme nos explica Matthieu Ricard,
monge budista, no livro "O Monge e o Filósofo" (cápitulo Religião ou
Filosofia):
"Em essência, eu diria
que o budismo é uma tradição metáfisica da qual emana uma sabedoria aplicável a
todos os instantes da existência e em todas as circunstâncias.
O budismo não é uma religião, se
por religião entendermos a adesão a um dogma que deve ser aceito por um ato de
fé cega, sem que seja necessário redescobrir por si mesmo a verdade desse
dogma. Mas se considerarmos uma das etimologias da palavra religião, que é
'aquilo que liga', o budismo sem dúvida está ligado as mais altas verdades
metáfisicas. Ele tampouco exclui a fé, se entendermos por fé uma convicção
íntima e inabalável que nasce da descoberta de uma verdade interior. A fé é
também um maravilhamento diante dessa transformação interior. Por outro lado, o
fato do budismo não ser uma tradição teísta leva muitos cristãos, por exemplo,
a não o considerar como uma 'religião' no sentido corrente da palavra. O
budismo, enfim, não é um 'dogma', pois o Buda sempre disse que a pessoa devia
examinar os ensinamentos dele, meditá-los, mas não aceita-los simplesmente por
respeito a ele. É preciso descobrir a verdade desses ensinamentos percorrendo
as sucessivas etapas que levam à realização espiritual. Convém examina-los,
disse o Buda, como se examina uma barra de ouro. Para saber se o metal é puro,
a pessoa o fricciona sobre uma pedra lisa, martela-o, derrete-o no fogo. Os
ensinamentos de Buda são como diários de bordo na estrada do Despertar, do
conhecimento último sobre a natureza do espírito e sobre o mundo dos
fenômenos."
- Espiritismo
O Espiritismo, ou Doutrina
Espírita, tem por princípio as relações do mundo material com os Espíritos.
Através do estudo dos fenômenos mediunicos investiga as leis que regem essas
relações e suas conseqüências. Também pelo estudo da situação dos Espíritos no
mundo espiritual, investiga as leis morais que regem o destino do ser. Do fato
do homem ser apenas um espírito encarnado, o estudo do espírito se extende ao
estudo do ser humano, de sua psicologia, de suas capacidades mediunicas e
animicas, e de suas relações com o mundo com o cerca.
Assim o Espiritismo também não
pode ser definido exatamente como uma "religião" no sentido usado
normalmente no ocidente. É uma visão de mundo, englobando não só filosofia,
ciência, moral, como também um caminho (método prático) de progresso do espírito.
Como nos explica Allan Kardec:
"O laço estabelecido por
uma religião, seja qual fôr o seu objetivo, é, pois, um laço essencialmente
moral, que liga corações, que identifica os pensamentos, as aspirações, e não
somente o fato de compromissos materiais, que se rompem à vontade, ou de
realização de fórmulas que falam mais aos olhos do que ao espírito. O efeito
desse laço moral é o de estabelecer entre os que ele une, como conseqüência da
comunidade de vistas e de sentimentos, a fraternidade e
a solidariedade, a indulgência e a benevolência mútuas. É nesse
sentido que também se diz: a religião da amizade, a religião da família.
Se assim é, perguntarão, então o
Espiritismo é uma religião ? Ora, sim, sem dúvida, senhores. No sentido
filosófico, o Espiritismo é uma religião, e nós nos glorificamos por isto,
porque é a doutrina que funda os elos da fraternidade e da comunhão de
pensamentos, não sobre uma simples convenção, mas sobre bases mais sólidas: as
mesmas leis da natureza.
Por que, então, declaramos que o
Espiritismo não é uma religião ? Porque não há uma palavra para exprimir duas
idéias diferentes, e que, na opinião geral, a palavra religião é inseparável da
de culto; desperta exclusivamente uma idéia de forma, que o Espiritismo não
tem. Se o Espiritismo se dissesse uma religião, o público não veria aí senão
uma nova edição, uma variante, se se quiser, dos princípios absolutos em
matéria de fé; uma casta sacerdotal com seu cortêjo de hierarquias, de
cerimônias e de privilégios; não o separaria das idéias de misticismo e dos
abusos contra os quais tantas vezes de levantou a opinião pública.
Não tendo o Espiritismo nenhum
dos caracteres de uma religião, na acepção usual do vocábulo, não podia em
devia enfeitar-se com um título sobre cujo valor inevitavelmente se teria
equivocado. Eis porque simplesmente se diz: doutrina filosófica e moral".[ 1 ]
Como doutrina filosófica e
moral, o Espiritismo pertence a tradição monoteista cristã. Tradição iniciada
com a revelação mosaica no Velho Testamento, profundamente reformada por Jesus
no Evangelho, e complementada pelos conhecimentos adquiridos no estudo das
comunicações com os espíritos. Por este motivo os espíritas também se referem a
Doutrina como a "Terceira Revelação" ou, fazendo referência a uma
promessa de Jesus, como o "Consolador Prometido".
- Análise
"As
palavras nos importam pouco. A linguagem deve ser formulada de maneira a se
tornar compreensível. As dissensões humanas surgem porque sempre há
desentendimentos sobre as palavras, pois a linguagem é incompleta para as
coisas que não lhes ferem os sentidos" O Livro
dos Espíritos, resposta a questão 28.
Nosso uso cotidiano da palavra
"religião" se prende a um sentido muito limitado, entendemos
normalmente por esta palavra um culto organizado, com crenças estabelecidas
através de "dogmas" e uma hierarquia destinada a sua manutenção.
Embora este sentido se enquadre bem na comunicação cotidiana, deixa a desejar
quando aplicado a problemas filosóficos mais profundos. Por limitações do nosso
vocabulário, "religião" também designa a crença individual em uma
realidade maior que transcende o mundo material. Por "religiosidade"
se entende também o sentimento que liga o homem ao restante do
Universo. Neste sentido filosófico da palavra, o Espiritismo
e o Budismo tem aspectos religiosos. São "religião" no tocante ao
modo que mudam as crenças do homem sobre si mesmo e sobre a realidade que o
rodeia. Mas igualmente não são apenas "religião", nem se enquadram
corretamente no uso comum da palavra. O que em sí mesmo gera os mais acalorados
debates, quando sua "natureza" é discutida.
No tocante ao Budismo, entre os
povos que o praticam, o problema praticamente não se apresenta, é no mundo
Ocidental, onde ainda nos apegamos tanto aos "nomes" e as
"categorias" - valorizando mais a letra que o espírito - que há
longas discussões a respeito e as mais diversas opiniões. Já houve, entre os
estudiosos ocidentais, quem negasse ao Budismo a designação de
"religião" e quem o chamasse de uma "religião sem Deus",
por motivos que discutiremos na sequência dos artigos.
Quanto ao Espiritismo, não é segredo
que as discussões em torno a sua "natureza" - ao emprego ou não, da
palavra "religião" para descrevê-lo - tem algumas vezes degenerado em
polêmicas inúteis e em amargas disputas entre grupos com diferentes visões da
questão[ 2 ].
1 - Discurso de
abertura da sessão anual comemorativa do dia dos mortos, em 1º de novembro de
1868. O discurso foi publicado na Revista Espírita de Dezembro de 1868 e seu
texto pode ser consultado na integra no Boletim GEAE
número 277 .
2 - Pessoalmente
adotamos a orientação dada pelos Espíritos a Kardec, de que as palavras pouco
importam, o que vale é definir precisamente do que se está falando, para não
cair em polêmicas inúteis. Também respeitamos os sábios conselhos, transmitidos
pela tradição Budista, de que a verdade raramente está nos extremos. Para nós,
o Espiritismo "é" Religião no sentido filosófico da
palavra e " não é" Religião no sentido comum ,
de culto organizado.
História
- Budismo
Surgiu na India, em torno do V
século A.C., a partir dos ensinamentos de Sidarta Gautama, o Buda. Sidarta
deixou sua vida de principe, comovido pela descoberta do sofrimento, para
dedicar-se a encontrar suas causas e como elimina-lo. Não deixou nada escrito,
seus ensinamentos foram compilados por seus seguidores imediatos e transmitidos
oralmente durante séculos. Passaram para a forma escrita, somente no inicio da
nossa era. A longo do tempo surgiram algumas escolas de pensamento ligeiramente
diferentes. Basicamente estas escolas se agrupam em duas linhas:
- Escola Theravada (Escola dos
Anciãos);
- Escola Mahayana (Grande Veículo);
- Escola Mahayana (Grande Veículo);
A diferença principal entre elas
é a enfâse dada aos objetivos da salvação ou libertação do sofrimento. Enquanto
na escola Theravada, mais próxima ao Budismo primitivo, a libertação é
procurada como objetivo máximo e em bases individuais, a escola Mahayana coloca
grande ênfase na compaixão e no esforço para a salvação de todos. Esta escola
enfatiza o ideal do "Bodhisattva", que é o nome dado ao indivíduo que
atingiu todos as condições necessárias para a libertação individual, mas que a
retarda, para ajudar aos demais a encontrar o caminho da salvação. Ou seja, o
Bodhisattava renuncia ao Nirvana por compaixão aos demais seres.
Em muitos escritos Mahayana, a
escola Theravada é chamada de "Hinayana" ou "Pequeno
Veículo" - veículo no sentido de meio de condução do ser para a salvação -
com conotações pejorativas (por apresentar um objetivo mais restrito, de
salvação individual, em comparação com o objetivo de auxiliar na salvação de
outros). Desta maneira, apesar do tempo ter mitigado o sentido original, é
aconselhável evitar esta designação.
Em certos aspectos, o Budismo
constituiu uma resposta a problemas enfrentados pelo pensamento filosófico
hindu da época de Sidarta Gautama. Principalmente a divisão da sociedade em
castas e as polêmicas em torno da criação do Universo, de que papel tiveram as
divindades nela ou quais as que eram as principais. De qualquer maneira, seu
surgimento e desenvolvimento dentro da sociedade hindu se deu mantendo o mesmo
espírito de tolerância característico da india védica.
No auge da influência Budista na
India, pelo segundo século antes de Cristo, o mundo viu algo inédito e
extraordinário, o governo do Rei Asoka, que se norteou pela justiça e pelo
respeito a todos os seres vivos. Este rei manteve um país próspero e seguro,
inclusive enviou missionários para a divulgação o Dharma em terras distantes.
A partir do continente indiano,
o Budismo se expandiu pelo extremo oriente: Burma, China, Coréia, Japão, Java,
Sri Lanka, Sumatra, Tailândia, Tibete, Vietnã, etc ... Com a expansão do Islã
(a partir do século VIII da nossa era) e, posteriormente, com as destruições
massivas pelas mongóis nas regiões que lhe constituiam o berço (século XII) , o
Budismo deixou de ser representativo na India. Ele também sofreu algum recuo em
regiões fortemente influenciadas pelo comércio com o Islã.
Foi por volta do ano 700 dc, que
vários monges budistas chegaram ao Tibet e difundiram a escola Mahayana. O
Budismo se desenvolveu consideravelmente a partir dos diversos mosteiros fundados,
tornando-se o centro da vida Tibetana. Traduções dos textos antigos foram
feitas para o Tibetano, desenvolveram-se novas concepções, tendo grande avanço
uma terceira escola - ou "terceiro veículo" - o Veículo Adamantino,
Vajrayana, que acrescenta técnicas espirituais para se atingir o
desenvolvimento espiritual. A religião local, o "Bon" - uma espécie
de Xamanismo, com metafisíca complexa - continuou a existir em paralelo ao
Budismo e, inclusive, muitos de seus costumes se incorporaram ao Budismo Tibetano.
Com a integração do poder
temporal com a estrutura de mosteiros, o seu lider espiritual, o Dalai Lama, -
"mar de sabedoria" - também tornou-se o centro político do país. O
atual Dalai é o XIV de uma linha - pelas crenças tibetanas é a reencarnação de
seu antecessor - que já vem de alguns séculos.
O Budismo encontrou também
grande progresso na China, tendo se incorporado a sua civilização, lado a lado
com o Taoísmo e o Confucionismo. Foi apenas na segunda metade do século XX, nas
grandes turbulências que se seguiram ao final da segunda guerra mundial, que o
Budismo Chinês passou a ser marginalizado, com a implantação do comunismo por
Mao Tse Tung. O estado materialista, que vê a religião como o "ópio do
povo", também chegou ao Tibet com sua anexação pela China a partir de
1949.
Em seu auge, o Budismo Chinês
influenciou profundamente o Japão. Em terras japonesas o Budismo Zen foi o que
mais se difundiu e passou a conviver pacificamente com a religião nativa do
país, o "Xintoismo". No século passado, a partir de 1930, pelo
trabalho do prof. Masaharu Taniguchi, surgiu dentro do Budismo japonês um
movimento, denominado "Seicho-no-ie" (Lar do Progredir Infinito), que
é hoje bastante divulgado, inclusive no Brasil.
O Budismo passou a ser mais conhecido
nos países ocidentais após a II Guerra Mundial, quando as tropas aliadas
passaram a ter contato direto com o Budismo Zen. Posteriormente, em 1959, a
ocupação chinesa no Tibete forçou a fuga de monges tibetanos para outros
países. O Dalai Lama e muitos dos que o acompanharam, encontraram refugio no
norte da India, dando de novo a este país um papel importante na preservação e
difusão do Budismo. Desde então, Sua Santidade, o XIV Dalai Lama, tem viajado
frequentemente a muitos países, dando conferências e publicando livros sobre o
"Dharma". Ao mesmo tempo, tem sido fundados mosteiros Budistas e cada
vez mais ocidentais tem se dedicado ao estudo da doutrina.
A divulgação do Budismo no
Ocidente também foi beneficiada pela crise espiritual que se tornou evidente a
partir dos anos 60. Como resultado do período da "guerra fria", do
medo de uma guerra nuclear, das guerras verdadeiras - tendo a do Vietnã sido a
primeira amplamente coberta pela midía moderna - a juventude do mundo ocidental
passou a questionar as respotas tradicionais aos problemas existênciais e a
buscar novos caminhos. Foi um período histórico de transformação acelerada, não
só de costumes mas da própria visão do homem dentro da sociedade, com muitos
erros e acertos, cujas conseqüências ainda estamos vivendo e cuja análise
mereceria um estudo bem mais profundo do que seria possivel neste artigo.
- Espiritismo
Historicamente o Espiritismo surge na
França, na segunda metade do século XIX, na sequência do
"Espiritualismo Moderno". Como todo movimento importante de
transformação espiritual, suas raizes são bem mais antigas, podendo-se
percebê-las nas especulações filosóficas do Iluminismo europeu do século XVIII
e nos grandes espiritualistas do período, como o vidente suéco Swedenborg.
Outro precursor desta fase histórica foi o médico vienense Mesmer, que com seu
"magnetismo animal", abriu campo para o estudo de fenômenos que
escapavam ao objeto costumeiro da ciência newtoniana.
A data oficial para o nascimento
do novo movimento espiritualista, conhecido como "Espiritualismo
Moderno" (Modern Spiritualism), é 31 de março de 1848. Nesta data
aconteceu um evento extraordinário por suas implicações futuras, mas que por si
só é de uma simplicidade inacreditavel: Uma menina de onze anos - Katherine Fox
- teve a idéia de solicitar a um espírito, que "assombrava" a casa em
que viviam, em Hydesville (EUA), que repetisse o número de batidas que ela
desse. Estava inaugurada a comunicação aberta entre os dois planos da vida.
Doravante a comunicação com o plano espiritual não estaria mais restrita aos
iniciados em doutrinas secretas, nem aos grandes ascetas ou a mistícos
extraordinários. Homens e mulheres comuns, muitas vezes jovens, como no caso de
Katherine, seriam os "medianeiros" - médiuns - entre nós encarnados e
os entes queridos no outro lado da vida.
As ocorrências na casa da
familia Fox chamaram rapidamente a atenção da vizinhança e logo da midía da
jovem democracia americana. Religiosos, cientistas e estudiosos das mais
variadas especialidades se interessaram pelos fenômenos, que não conseguiam
explicar pelas respostas costumeiras de mistificação ou ilusão, mais que isso,
esses fenômenos começaram a se reproduzir por outros médiuns e, desde as
primeiras mensagens, seus autores se identificavam como sendo os mesmos seres
humanos, apenas despojados das vestes físicas - do corpo material - pelo
fenômeno da morte.
As batidas nas paredes foram
substituidas pelas "mesas dançantes" - mesas em que as pessoas se
sentavam ao redor e que sob controle dos espíritos, levantavam-se e batiam os
pés. Após as mesas dançantes vieram os lápis amarrados a cestos e a pranchetas
e finalmente a comunicação direta através dos médiuns. A mediunidade passou a
se revelar uma sensibilidade normal do ser humano, que pode se manifestar de
diversas maneiras diferentes - pela comunicação falada (psicofônia), pela
comunicação escrita (psicografia), pela vidência ou mesmo pelos eventos
físicos, dos quais o mais espetacular e raro é a "materialização"
completa dos espíritos.
O enorme interesse despertado
pelos fenômenos mediunicos, a partir de 1848 até praticamente o final do
século, contribuiu para que fossem divulgados amplamente no outro lado do
Atlântico. Em todas as capitais européias se formaram grupos de estudos e
surgiram médiuns cuja fama perdura até nossos dias. Entre eles se destaca
Daniel Dunglas Homes, médium de efeitos fisícos, cujas demonstrações foram
feitas diante das personalidades mais ilustres da época e em circunstâncias que
as tornavam acima de qualquer suspeita.
Naturalmente estes fenômenos
chamaram a atenção dos estudiosos e, entre eles, o educador francês Hyppolite
Leon Denizard Rivail. Em suas obras, que publicou usando o pseudônimo Allan
Kardec, reuniu os resultados de suas pesquisas sobre os fenômenos
mediúnicos e uma acurada análise das mensagens transmitidas pelos espíritos.
Elas vieram a constituir o que se convencionou chamar de "Codificação
Espírita", sendo 18 de abril de 1857, data em que foi publicado em Paris o
"O Livro dos Espíritos" , considerada como a de surgimento do
"Espiritismo".
A "Sociedade Pariense de
Estudos Espíritas", formada por Allan Kardec se tornou o modelo a partir
do qual se estabeleceriam outros grupos espíritas na França e no exterior. A
"Revue Spirite" - a Revista Espírita - dirigida por Kardec entre 1858
e 1869 foi, junto com os livros de Kardec, o veículo de comunicação das idéias
espíritas em seus primeiros tempos.
O Espiritismo rapidamente se
estendeu a outros paises europeus e a américa latina. No inicio do século XX,
pioneiros já haviam criado grupos espíritas do México a Argentina, incluindo
Porto Rico e Cuba. Na Europa se sobressaiam França e Espanha, onde se
realizariam grandes congressos até as vesperas da Guerra Civil. No mundo de
lingua inglesa, prevaleceu inicialmente a variante americana - Modern
Spiritualism - caracterizada principalmente pela rejeição a idéia da
reencarnação. No Brasil, o Espiritismo foi introduzido já na época de Kardec.
Com o período das grandes
guerras mundiais e dos regimes autoritários[ 1 ], o Espiritismo praticamente desapareceu
da Europa. Seus adeptos foram perseguidos e presos, os grupos fechados e os
poucos remanescentes jogados para a clandestinidade. Durante este período, se
desenvolveu consideravelmente no Brasil, tendo entre seus grandes nomes
personalidades como o médico Adolfo Bezerra de Menezes e o médium Francisco
Cândido Xavier. Não se pode deixar de mencionar também o excepcional médium de
curas José Arigó, que através de sua abnegação - atendendo gratuitamente todos
os que o procuravam - e capacidade de trabalho, atendeu milhares de doentes e
tornou-se prova viva do Espiritismo para muitos dos que o procuraram. Durante
fase dificil de sua vida, em que as perseguições - sob o pretexto de
curandeirismo - o levaram a prisão, foi através de indulto do próprio
presidente da Republica, Juscelino Kubischek, que foi libertado.
Nos últimos anos, com o final da
guerra fria e o retorno a normalidade democrática em todos os paises da Europa,
o Espiritismo tem retornado gradualmente a este continente. Grupos espíritas se
formaram imediatamente em Portugal e na Espanha após o fim das proibições e, no
resto do continente, aos poucos, superando a cultura materialista imperante
após o período das guerras. Merece menção, neste grande trabalho de
renascimento do Espiritismo, o esforço abnegado dos imigrantes brasileiros, que
passaram não só a criar nucleos espíritas em seus países de adoção, como a
apoiar os movimentos espíritas locais. Como médiuns, tradutores de obras
espíritas do português para as linguas nativas, interpretes de conferêncistas e
de médiuns em viagens, contribuiram significativamente suprindo as deficiências
causadas nestes paises pelas turbulências do século XX. Conferêncistas
brasileiros também tiveram e estão tendo papel importante nesta fase histórica.
Podemos citar rapidamente, como exemplo - pois uma análise detalhada desse
trabalho de divulgação, fazendo juz a todos os que participaram dele,
demandaria uma série de artigos - nomes como Divaldo Pereira Franco, Miguel de
Jesus Sardano e Reinaldo Leite.
Nos demais paises da América
Latina, o Espiritismo vai relativamente bem, tendo enfrentado dificuldades com
as revoluções e guerras civis, mas sobreviveu até mesmo em Cuba. A america
latina também tem dado grande grande contribuição ao movimento espírita
internacional e, da mesma forma que o Brasil, tem contribuido com médiuns,
tradutores, trabalhadores e conferencistas como, por exemplo, Juan A. Durante.
Nos Estados Unidos vem se
instalando gradativamente, ressentindo-se talvez mais que na Europa, do
materialismo e do consumismo vigentes. Os grupos espiritualistas americanos,
sucessores do "Modern Spiritualism", ainda existem, mas são bastante
dispersos e cada qual seguindo seu caminho próprio, o que dificulta muito uma
colaboração mais efetiva. O lado positivo é que em sua maioria já aceitam a
reencarnação sem maiores restrições [2 ].
Pelo próprio escopo do artigo, é
natural que se fique devendo aos leitores um panorama mais amplo das biografias
dos grandes vultos da Doutrina Espírita. Incontáveis seriam os nomes que
deveriam figurar em uma história detalhada, começando pela própria esposa de
Kardec, Amélie Gabrielle Boudet, educadora como ele e sua colaboradora de todas
as horas:
Léon Denis, Cammille Flammarion,
Gabriel Dellane, Eusapia Palladino, Amalia Domingo Soler, Miguel Vives y Vives,
Cosme Mariño, Euripides Barsanaulfo, Batuíra, Bittencourt Sampaio, Analia
Franco, Caibar Schutel, Teles de Menezes, Ivone A. Pereira, Francisco Valdomiro
Lorenz, Vinicius, Herculano Pires, José Gonçalves Pereira ....
1 - Em geral
pode se considerar que este período histórico começa com a primeira guerra
mundial em 1914, se estende entre guerras com o estabelecimento do comunismo,
do facismo e do nazismo, prossegue com a guerra civil espanhola de 1936, a
grande guerra de 1945, as guerras na ásia e a guerra fria até o fim dos anos
80. Pode-se dizer que entre a primeira guerra mundial e o fim da união
soviética na década de 90 o mundo viveu um período contínuo de tensão, com o
consequente apego ao imediatismo materialista, mesmo porque grande parte da
Europa ficou, por longo tempo, sob regimes ditatoriais e violentos.
2 - É
interessante notar que a diferenciação entre "Modern Spiritualism" -
Espiritualismo Moderno - é bastante sutil e na maior parte das vezes sem muita
importância. Na realidade o que ocorreu foi uma lentidão na difusão das obras
de Kardec nos meios espiritualistas de lingua inglesa. Essa demora foi em parte
provocada pela rejeição que americanos e ingleses tinham quanto a idéia da
reencarnação, em parte pela diferente visão quanto ao papel das comunicações
dadas pelos espíritos. Enquanto Kardec - e os Espíritas - consideram as
comunicações como meio de estudo, objeto de análises critícas e sujeitas ao
critério da concordância, os espiritualistas de lingua inglesa as viam como
revelações de um plano superior e os espíritos que as transmitiam, acima de
suspeita por serem guias iluminados. Não só pioneiros do Espiritismo,
como Léon Denis continuaram utilizando o termo "Espiritualismo
Moderno", junto com "Espiritismo", como em tempos recentes Júlio
Abreu Filho traduziu a obra de Connan Doyle - History of Modern Spiritualism -
para o português com o titúlo de "História do Espiritismo" (Editora
Pensamento). O resultado desta opção de tradução é que o leitor espírita
se surpreenderá ao notar, em uma história do "Espiritismo" o pequeno
espaço reservado ao trabalho de Kardec e o posicionamento do autor contrário a
reencarnação, principalmente se não prestar atenção no prefácio, onde Herculano
Pires alerta sobre a questão.
A propósito, o motivo que levou
Kardec a criar uma nova palavra - Espiritismo - foi para evitar
mal-entendidos. A designação "Moderno Espiritualismo" não é
muito precisa, uma vez que espiritualista é todo aquele que crê em algo além da
matéria e não necessariamente em espíritos e na sua possibilidade de
comunicação conosco.
- Budismo
1.a Verdade: Da
existência do sofrimento (Impermanência, Insatisfatoriedade, Impessoalidade);
As quatro nobres verdades
constituem a base do Budismo, tendo a constatação da existência do sofrimento e
de que todos os seres viventes estão sujeitos a ele como o ponto inicial de sua
estrutura lógica.
Desde o instante em que nascemos neste
mundo, estamos sujeitos ao sofrimento. Se crianças necessitamos do amparo dos
adultos para nossas minimas necessidades, se adultos temos que lutar por nossa
sobrevivência e daqueles que nos são caros, se atingimos avançada idade,
sentimos o declinio das forças fisicas e a aproximação da morte. Durante a
vida, passamos pelas mais diversas situações, pela perda dos entes queridos,
pelas doenças e estamos sujeitos a sermos vitimas de acidentes e violências
diversas.
2.a Verdade: Da origem
do sofrimento
Para Buda, a origem do
sofrimento está relacionada a ignorância, sofremos porque tomamos o mundo
material a nosso redor como realidade última e objeto de nossas ambições.
Sofremos porque, em nosso egoísmo, nos apegamos aos objetos exteriores e
queremos eternizar o que é transitório. Tanto quanto o sofrimento, o mal é
resultado da ignorância do ser. Mal é tudo que causa sofrimento ao próximo e
próximo no sentido mais amplo possível, abrangendo todos os seres viventes.
3.a Verdade: Da cessação
do sofrimento
O sofrimento pode ser extinto,
extinguindo-se o motivo que o gera, a ignorância e a ilusão de um
"eu". Com o fim do "eu" termina o egoísmo e o apego aos
objetos passageiros. Em lugar do egoismo, surgem a Sabedoria e a Compaixão. Não
haverá mais sofrimento para o ser iluminado, e um mundo composto de uma maioria
de seres iluminados, será um mundo feliz.
4.a Verdade: O caminho
que conduz a extinção do sofrimento
De nada vale conhecer uma
verdade se não for vivenciada. E as regras práticas do Budismo, expressas no
Caminho Óctuplo, levam diretamente a vivenciar o desapego ao eu e ao egoismo.
Não são dogmas, mas regras de vida que se bem aplicadas tornarão o ser, um ser
compassivo e sábio:
- Palavra
Correta (ser verdadeiro e justo no falar)
- Ação
Correta (agir sempre de acordo com o bem de todos, ser compassivo)
- Meio de
Vida Correto (viver corretamente, sem prejudicar a ninguém e fazendo
o bem sempre que possivel)
- Esforço
Correto (procurar sempre melhorar-se a si mesmo e buscar a verdade)
- Plena
atenção Correta (prestar atenção em tudo o que se faz, para ter a visão
correta do que se faz e se passa)
- Concentração
Correta (aprender a concentrar-se, para chegar ao conhecimento de si mesmo
e da essência das coisas)
- Pensamento
Correto (saber pensar e pensar de maneira correta de maneira a controlar a
si mesmo)
- Correta
Compreensão (procurar compreender verdadeiramente, procurar ser sábio)
Em resumo, a vivência pessoal
que pode ser resumida em:
-
Conduta Ética (palavra correta, ação correta e meio de vida correto);
- Disciplina mental (Esforço Correto, Plena Atenção e Concentração);
- Sabedoria (Pensamento correto e correta compreensão);
- Disciplina mental (Esforço Correto, Plena Atenção e Concentração);
- Sabedoria (Pensamento correto e correta compreensão);
- Espiritismo Apesar da
questão do sofrimento não ser o ponto inicial da Doutrina dos Espíritos - cujas
bases são a constatação da sobrevivência do espírito após a morte e da sua
possibilidade de comunicação conosco - ela também reconhece sua
existência e classifica nosso mundo como de "provas e expiação".
Para o Espiritismo, o
sofrimento é causado pela ignorância. Ignorância de que o mundo material é
transitório, de que acima de tudo o ser humano e todos os seres viventes, são
espíritos em evolução. O sofrimento cessa com o progresso espiritual, com o fim
do egoismo e com a clara compreensão de que os acontecimentos da vida material
são, em última análise, secundários frente a realidade maior do espírito.
Provas e expiações, do ponto de vista do espírito liberto da matéria, são
rápidas lições na sua longa jornada evolutiva. Para o espírito adiantado,
nada mais pode lhe afetar a serenidade espiritual, sendo que nele, a
"caridade" - o amor ao próximo - e a "sabedoria", lhe
conduzem os atos.
As regras morais espíritas podem
ser deduzidas das leis naturais - ou Divinas - que são apresentadas no
"Livro dos Espíritos", no livro terceiro. Estas regras são
aprofundadas no "Evangelho Segundo o Espiritismo", onde se mostra que
a moral espírita é a mesma moral contida nos ensinamentos de Jesus. No livro
"Céu e Inferno", se aprofunda a questão da lei de Causa e Efeito, se
veem os resultados da vivências destas regras.
As leis morais, apresentadas no
Livro dos Espíritos são:
- Lei de
Adoração:
"É a elevação do pensamento em direção a Deis. Pela adoração, o
ser humano aproxima de Deus a sua alma". (questão 649). " A
verdadeira adoração á do coração. Em todas as suas ações, lembrem sempre
que o Senhor os observa" (questão 653) "Deus prefere
aqueles que o adoram do fundo do coração, sinceramente, praticando o bem e
evitando o mal, àqueles que acreditam honrá-lo por meio de cerimônias que
não os tornam melhores para os seus semelhantes. (...)"(questão
654).
- Lei do
Trabalho:
"O trabalho é uma lei da Natureza e por isso mesmo é uma
necessidade (...)" (questão 674) "O Espírito também
trabalha, como o corpo. Toda ocupação útil é um trabalho" (questão
675) "O forte deve trabalhar para o fraco; na ausência de uma
família, a sociedade deve ampará-lo: é a lei de caridade". (questão
685a).
- Lei de
Reprodução:
"(...) Sem a reprodução, o mundo corporal
desapareceria" (questão 686) O casamento, ou seja, a união
permanente de dois seres "é um progresso na marcha da
humanidade" (questão 695). O efeito da abolição do casamento
sobre a sociedade humana seria "o retorno à vida
animal" (questão 696).
- Lei de
Conservação: O
instinto de conservação é uma lei da Natureza "(...) todos os
seres vivos o possuem, seja qual for o grau de sua inteligência
(...)" (questão 702) "Porque todos devem
colaborar nos desígnios da Providência.. Foi por isso que Deus lhes deu a
necessidade de viver. A vida é necessária ao aperfeiçoamento dos seres
(...)" (questão 703) "O instinto de conservação foi
dado a todos os seres contra os perigos e os sofrimentos. Fustiguem seu
Espírito e não o seu corpo, mortifiquem o seu orgulho, sufoquem o seu
egoísmo, que se assemelha a uma serpente que lhes devora o coração e farão
mais por seu adiantamento do que pelos rigores que não pertencem mais a
este século" (tratando dos sofrimentos
"voluntários" - questão 727).
- Lei da
Destruição: Todos
os seres vivos, no mundo material, nascem e morrem. A morte, na natureza,
é uma necessidade, pois é um instrumento de transformação. A vida material
em sí mesma é um instrumento para o progresso do espírito, e a morte é o
término de um ciclo, que não destrói o principio inteligente - o espírito
- que continua a existir em outros planos da vida e que volta a renascer.
Em nosso mundo, na natureza, a lei de destruição é um instrumento para
manter o equilíbrio das espécies e garantir seu contínuo aperfeiçoamento.
O homem, ser com inteligência desenvolvida, no trato com os animais, deve
comportar-se sem crueldade e não destruir vidas sem necessidade - como por
exemplo no caso dos animais daninhos, cujas populações devem ser
controladas - toda destruição, pelo prazer de destruir indica "predominância
da bestialidade sobre a natureza espiritual. Toda destruição que
ultrapassa os limites da necessidade é uma violação da lei de Deus. Os
animais destroem apenas para sua necessidade; o homem, que tem o
livre-arbítrio, destrói sem finalidade. Prestará contas do abuso da
liberdade que lhe foi conferida, pois nestes casos, ele cede aos maus
instintos" (questão 735). A matança de outros seres humanos,
é um crime aos olhos de Deus, pois "aquele que tira a vida de seu
semelhante, interrompe uma vida de expiação ou de missão e nisso está o
mal " (o espírito é imortal, assim o
criminoso atinge o corpo físico, sem destruir o ser em sí
mesmo). Mesmo na guerra a destruição de outros seres é condenável pois a
guerra significa "predominância da natureza animal sobre a
espiritual e satisfação das paixões. Nesse estado de barbárie, os povos
conhecem apenas o direito do mais forte (...)" (questão 742)
e ela desaparecerá da face da Terra "quando os homens
compreenderem a justiça e praticarem a lei de Deus. Então todos os povos
serão irmãos". (questão 743).
- Lei de
Sociedade:
"Deus fez o homem para viver em sociedade. Deus não deu em vão ao
homem a palavra, bem como todas as outras faculdades necessárias à vida de
relação" (questão 766). "Nenhum homem possui
todos os conhecimentos; e é pela união social que eles se complementam uns
aos outros, a fim de assegurarem o bem-estar mútuo e progredirem. Eis
porque, tendo necessidade uns dos outros, são feitos para viver em
sociedade e não isolados" (comentário de Kardec a questao
768).
- Lei do
Progresso:
"A humanidade progride por meio da melhora gradativa dos
indivíduos que se esclarecem (...) Pela pluralidade das existências, o
direito à felicidade é o mesmo para todos, pois ninguém é deserdado pelo
progresso (...)" (comentários de Kardec a questão 789). Uma
civilização completa se reconhecerá "pelo desenvolvimento moral
(...) somente terão o direito de dizerem-se verdadeiramente civilizados,
quando tiverem banido de sua sociedade os vícios que a desonram e que
vivam como irmãos, praticando a caridade cristã (...)" (questão
793)
- Lei de
Igualdade:
"Todos os homens são submetidos às mesmas leis naturais; todos
nascem com a mesma fragilidade, estão sujeitos às mesmas dores; o corpo do
rico passa pelo mesmo processo de destruição que o do pobre. Deus não
concedeu, portanto, superioridade natural a nenhum homem, nem pelo
nascimento, nem pela morte: são todos iguais diante dele" (comentário
de Kardec à questão 803) "Deus criou todos os espíritos
iguais, mas cada um individualmente viveu mais ou menos tempo e por
conseguinte granjeou maior ou menor número de aquisições. A diferença está
no grau de experiência e na vontade, que é o livre-arbítrio (...) (questão
804) "Assim, a diversidade de aptidões do homem não se relaciona
com a natureza íntima de sua criação, mas com o grau de aperfeiçoamento
que tenha chegado como espírito (...)" ( comentário de
Kardec à questão 805).
- Lei de
Liberdade: O homem
é dotado de um livre-arbitrio relativo a seu grau de evolução e ao
resultado de suas ações. A fatalidade com se entende vulgarmente, não
existe. Somos hoje o que fizemos de nós mesmos ontem e seremos amanhã o
que construirmos hoje. Desta maneira se pode dizer que fatalidade existe,
quando entendida no sentido da "posição que o homem ocupa na Terra
e as funções à ela inerentes, como conseqüência do genêro de existência
que o Espírito escolheu, como prova, expiação ou missão. Sofre ele,
fatalmente, todas as vicissitudes dessa existência, e todas as tendências,
boas ou más, que lhe são próprias; mas a isto se reduz a fatalidade,
porque depende de sua vontade ceder ou não a estas tendências. Os detalhes
dos acontecimentos estão sujeitos às circunstâncias que ele mesmo
provoque, por seus atos, e sobre os quais podem influir os Espíritos,
pelos pensamentos que lhe sugerem" (comentários de Kardec -
872)
- Lei de
Justiça, Amor e Caridade: "A justiça consiste no respeito aos direitos de cada
um" (questão 875). O verdadeiro sentido da caridade,
como a entende Jesus é "Benevolência para com todos,
indulgência para com as imperfeições alheias, perdão as
ofensas" (questão 886). "A lei de amor e de justiça
proíbe fazer ao outro o que não queremos que nos seja feito; condena, por
esse mesmo princípio, todo meio de ganho que seja contrário a essa
lei". (comentário de Kardec à questão 884).
A máxima por excelência que
define a moral espírita, e resume todas as leis morais, é "Fora da
Caridade não há salvação", entendendo-se por caridade o amor ativo aos
semelhantes e não simplesmente a "esmola" material. É equivalente ao
"Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo com a si mesmo".-
Análise
"O
verdadeiro Espírita não é o que crê as comunicações, mas o que procura aproveitar
os ensinamentos dos Espíritos. De nada adianta crer, se sua crença não o faz
dar sequer um passo na senda do progresso, e não o torna melhor para o próximo"
- Máximas extraídas do ensinamento dos espíritos, Allan Kardec, O Espiritismo
em sua mais simples expressão.
Tanto o Espiritismo como o
Budismo enfatizam a necessidade da vivência de seus ensinamentos. Conhecimento
sem prática é inútil. As quatro nobres verdades, constatando que o sofrimento é
resultado de nossa ignorância e nos mostrando os meios para supera-lo, são
perfeitamente concordantes com os ensinamentos espíritas. A vivência delas se
enquadra dentro das leis morais reconhecidas pelos Espíritas e são maneiras
diferentes de expressar as mesmas regras morais ensinadas por Jesus.
A diferença na enfâse dada ao sofrimento, que no Budismo é o ponto de partida e
para o Espiritismo uma conseqüência da inferioridade de nosso mundo, não chega
a ser motivo de divergência. É interessante porém o leitor ter em mente essa
pequena sutileza.
Para o Espiritismo o objetivo do
progresso espiritual é a felicidade do ser, consequentemente também a
libertação do sofrimento, porém o próprio sofrimento pode ser um instrumento
benéfico para o espírito atingir a felicidade - mostrando-lhe as conseqüências
de seus erros, incentivando-o ao esforço para progredir, forçando-o a avançar
quando estagnado. Como o Espiritismo considera a lei do progresso uma lei
natural, a qual todos os seres estão sujeitos, além das situações decorrentes
da lei da Causa e Efeito há outras escolhidas pelo próprio espírito. Vidas
entre grandes dificuldades, situações bem suportadas pelo espírito, servem-lhe
de oportunidades de testar seu valor e de adquirir conhecimentos e virtudes que
o auxiliarão no seu progresso espiritual.
- Budismo
"Segundo
o Budismo, é o homem que traça a rota do seu próprio destino. Assim, Gautama
Buda, exortava seus discípulos a que eles mesmos fossem seus próprios refúgios,
ou ajudas. Estimulava em cada um o autodesenvolver-se, porque, mediante seu
próprio esforço e dedicação, o homem tem em suas mãos o poder de libertar-se da
escravidão, da ignorância e de todo o sofrimento" (cap. "Budismo
como Ciência, Moral e Filosofia", Budismo, Psicologia do
Autoconhecimento).
O Budismo busca a transformação
do ser através da destruição da ilusão do "eu", superação da
ignorância. Compaixão e sabedoria como resultado da destruição total do
egoismo. Libertação do sofrimento encerrando-se o ciclo de causa e efeito
através do desapego ao resultado das ações, fim do "eu" e do
"meu"(sem que isso signifique exatamente extinção total do
ser); Na escola Mahayana, uma grande ênfase é dada ao
ideal do Bodhisattva. O Bodhisattava é o ser que já atingiu todas as condições
para a libertação final, para o Nirvana, porém prefere manter-se em contato com
este mundo a fim de auxiliar na libertação dos demais seres. O voto do
aspirante ao Bodhisattva, é justamente de buscar o despertar em beneficio de
todos.
- Espiritismo
"O
objetivo essencial do Espiritismo é melhorar os homens, no que concerne ao seu
progresso moral e intelectual" Máximas extraídas do ensinamento
dos espíritos, Allan Kardec, O Espiritismo em sua mais simples expressão."É
assim que, pela prática do Espiritismo e com as instruções dos Espíritos
elevados, pode o homem adquirir essa preciosa ciência da vida: a disciplina das
emoções e das sensações, o domínio de si mesmo, essa arte profunda de se observar
e, depois, de se assenhorear dos secretos impulsos de seu próprio ser".
Léon Denis, Aplicacação Moral e Frutos do Espiritismo, No Invisível - FEB
O Espiritismo busca a
transformação do ser através de sua reforma moral, com a superação do egoismo e
o desenvolvimento de virtudes como a caridade e a sabedoria. Pela palavra
"caridade" entende-se, na Doutrina Espírita, o amor ao próximo em sua
expressão mais sublime, já a palavra "sabedoria" significa o uso
ético dos conhecimentos adquiridos, inclusive das leis universais, como a de
causa e efeito. Como conseqüência do progresso espiritual resultante, há a
libertação do sofrimento e o fim da necessidade do espírito reencarnar-se, por
não necessitar mais do aprendizado proporcionado pelo ciclo de reencarnações.
Assim descreve Kardec as caracteristícas dos espíritos que atingiram esse
estágio de progresso:
Espíritos Puros: "Percorreram
todos os graus da escala e se despojaram de todas as impurezas da matéria.
Havendo atingido a soma de perfeições a que a criatura é suscetível, não têm
mais a sofrer nem provas, nem expiações. Não estando mais sujeitos à
reencarnação nos corpos perecíveis, vivem a vida eterna que desfrutam no seio
de Deus" (cap. Dos Espíritos, O Livro dos Espíritos, Allan
Kardec).
- Análise
O resultado da correta prática
do Budismo leva aos mesmos resultados da prática da Doutrina Espírita. Os dois
caminhos espirituais resultam na libertação do sofrimento, pelo fim do apego ao
mundo material e ao "eu" egoísta. O "Iluminado" Budista corresponde
ao conceito de "Espírito Puro" dos Espíritas.
É muito importante notar que as
palavras "compaixão" para os Budistas e "caridade" para os
espíritas, tem sentido mais amplo que o empregado na conversação cotidiana. A
compaixão budista, longe de ser um sentimento de piedade, é o interesse
profundo e amoroso pelo destino de todos os seres e se reflete na ação de
ajuda-los a encontrar seu caminho de iluminação. A caridade espírita, também
está longe de ser a esmola ou simplesmente a ajuda material, é o amor fraterno
em ação, representando tanto o interesse pelo bem-estar do próximo, como o
desejo mais profundo de auxilia-lo na busca da verdadeira felicidade.
Ambos, compaixão e caridade,
nascem no ser a partir da compreensão de que somos mais do que um corpo
material, de que estamos ligados a todos os seres e compartilhamos o mesmo
destino. A felicidade, a libertação do sofrimento, é o objetivo de todas as
criaturas e trabalhar em prol deste objetivo, auxiliando a todos, a meta mais
nobre a que o ser pode almejar.
- Budismo
"Certa vez, na floresta Simsapa do Kosambi
(perto de Allahabad), pegando algumas folhas na mão, perguntou aos discípulos:
- Que pensais, bhikkhus ? Quais as mais numerosas ? Essas poucas folhas na
minha mão, ou as que estão na floresta ?
- Senhor, certamente as folhas da floresta são muito mais numerosas !
- Da mesma forma, bhikkus, do que sei não disse tudo e o que não divulguei é muito mais. E por que eu não lhes disse ? E por que eu não lhes disse ? Porque isto não é util e não conduz ao Nirvana" (Samyutta-Nikaya).(...) Buda explicou a Malunkyaputra que a vida espiritual não depende de opiniões metafísicas. Qualquer que seja a opinião sobre estes problemas, existe sempre o nascimento, a velhice, a decrepitude, a morte, a desgraça, as lamentações, a dor, a angústia - "logo, declaro: a cessação de tudo isto é o Nirvana ainda nesta vida".
- Senhor, certamente as folhas da floresta são muito mais numerosas !
- Da mesma forma, bhikkus, do que sei não disse tudo e o que não divulguei é muito mais. E por que eu não lhes disse ? E por que eu não lhes disse ? Porque isto não é util e não conduz ao Nirvana" (Samyutta-Nikaya).(...) Buda explicou a Malunkyaputra que a vida espiritual não depende de opiniões metafísicas. Qualquer que seja a opinião sobre estes problemas, existe sempre o nascimento, a velhice, a decrepitude, a morte, a desgraça, as lamentações, a dor, a angústia - "logo, declaro: a cessação de tudo isto é o Nirvana ainda nesta vida".
-
Por conseguinte, Malunkyaputra, considere explicado o que expliquei, e o que
não expliquei, como não-explicado. Não esclareci se o universo é eterno, ou não
é, etc., etc., porque não é útil e não está fundamentalmente relacionado com a
vida espiritual, não conduzindo ao desapego, à cessação, à tranqüilidade, à
penetração profunda, à realização, ao Nirvana. Estes são os motivos pelos quais
não falei. Que foi que expliquei ? Expliquei a existência do sofrimento, o
aparecimento ou a origem do sofrimento, a cessação do sofrimento e o caminho que
conduz à cessação do sofrimento.E por que expliquei isto ? Porque é útil e está
fundamentalmente relacionado à vida espiritual que conduz ao desapego, à
cessação, à tranquilidade, à penetração profunda, à libertação, ao
Nirvana". Trechos do cap. "Contra Especulações
Metafísicas", Budismo, Psicologia do Autoconhecimento
O Budismo não vê objetivos
práticos nas questões envolvendo a origem do Universo e sua Causa Primeira.
Considera que a essência do ser é eterna e que a questão se há uma "Causa
Primeira" ou um criador não são importantes para seu destino. Assim, não
acredita em um "Deus Pessoal" e afirma que o destino do ser depende
unica e exclusivamente de seus atos e da lei de causa e
efeito. O problema de como o ser entrou no circulo de causa e
efeito não lhe interessa, mas sim como libertar-se dele. Todos os seres
(animais, vegetais, homens, "deuses", etc...), tem a mesma
"essência", todos com a mesma capacidade de iluminar-se e o mesmo
desejo de libertar-se do sofrimento.
- Espiritismo
" Que é Deus ? Deus é a inteligência
suprema, causa primária de todas as coisas" Questão nº 1, O Livro
dos Espíritos "A ordem universal reinante na Natureza, a
inteligência revelada na construção dos seres, a sabedoria espalhada em todo o
conjunto, qual uma aurora luminosa e, sobretudo, a universidade do plano geral
regida pela harmoniosa lei da perfectabilidade constante, apresenta-nos, já
agora, a onipotência divina como sustentáculo invisível da Natureza, lei
organizadora, força essencial, da qual derivam todas as forças físicas, como
outras tantas manifestações particulares suas.
Podemos,
assim, encarar Deus, como um pensamento imanente, residente inatacável na
essência mesma das coisas, sustentando e organizando, ele mesmo, as mais
humildes criaturas, tanto quanto os mais vastos sistemas solares, de vez que as
leis da Natureza não mais seriam concebíveis fora desse pensamento, antes são
dele eterna expressão". cap. Deus, Deus na Natureza, Camille
Flammarion.
A concepção espírita sobre o
Universo, sua metafísica, tem raizes cristãs, sua base é Deus, "Causa
Primeira" de todas as coisas e de todas as leis morais e físicas que regem
a criação. A lei de Causa e Efeito faz parte do ordenamento moral do Universo,
cujo objetivo é o progresso do ser. O espírito, individualização do princípio
inteligente, começa da forma mais simples e, conduzido por ela, evolui até a
perfeição relativa[1 ] .- Análise
Curiosamente a posição de Buda
em não incentivar a especulação sobre as origens do universo e a natureza de
uma causa primária, não é muito diferente da apresentada pelos Espíritos que
orientaram a Codificação Espírita. Quanto Kardec procurou aprofundar as
questões sobre a natureza de Deus, estes lhe responderam que há coisas que
escapam a nossa compreensão atual e que não nos faria melhores o fato de
especularmos a respeito, pelo contrário, poderia nos induzir ao orgulho,
levando-nos a tomar nossas hipóteses por conhecimentos que efetivamente não
temos:
"(...) Deus existe,
não se pode duvidar, isto é essencial. Creiam-me, pois ir mais além seria
lançar-se num labirinto de onde não se poderia sair. Este conhecimento não os
tornaria melhores, mais porventura mais orgulhosos, porque acreditariam saber o
que na realidade não sabem. Deixem, portanto, de lado todos esses sistemas e
teorias; há muitas coisas que cabe aos homens desembaraçar-se. Isto lhes será
mais útil do que pretender penetrar no que é impenetrável".
Resposta a questão 14 do Livro dos Espíritos (da tradução de Sandra R. Keppler
para a editora Mundo Maior).
A principal diferença entre o
Budismo e o Espiritismo está na importância que dão a questão sobre a
existência de Deus, ou, em outras palavras, ao reconhecimento de uma
"Causa Primeira" de todas as coisas.
Para o Espiritismo o
"problema do ser, do destino e da dor" - o "pôrque da vida"
- está intrinsicamente ligado a resposta para esta questão. Na filosofia
espírita o ciclo de encarnações - o samsara dos Budistas - nada mais é que um
recurso didático na longa jornada evolutiva do espírito.
É a existência da inteligência
suprema, da Causa Primeira, que explica porque há uma direcionalidade nas leis
morais universais, sempre no sentido de progresso - da brutalidade para a
angelitude, da ignorância para a sabedoria, do mal para o bem. As próprias leis
materiais são parte disto também, criando o cenário onde o espírito exercita
suas faculdades e progride rumo a libertação da ignorância e do sofrimento.
Deus, sábio e justo, atua no
Universo através de leis universais. Sua essência nos é desconhecida, mas
sabemos que é em última análise a realidade suprema, que tudo mantém. A
concepção espírita, que pode ser classificada como de um "Deus
Pessoal"[ 2 ], defende que somos nós mesmos que
construimos nosso destino, através dos nossos atos, mas também postula que Deus,
por ser "amor", sempre nos abre caminhos para o progresso. Somos
livres para trilha-los, assim não nos isenta da responsabilidade de nossas
escolhas.
1 - Me parece
que é correto dizer que Deus é o "limite" desta evolução, no sentido
matemático, por ser infinito em perfeição. O ser sempre tenderá a ele, mas
jamais o igualará.
2 - "Quanto
à visão do Deus Pessoal e Impessoal, é preciso não esquecer que são posições
humanas relativas à capacidade que temos hoje de entender a Divindade, mas que,
em realidade, nada dizem sobre ela realmente. Acho que a Impessoalidade e a
Pessoalidade são aspectos derivados da posição que adotamos. Em realidade, à
Impessoalidade somos conduzido pela transcendência divina, e à Pessoalidade
somos induzido pela imanência. Se oramos, nos relacionamos pessoalmente com o
Divino, mas quando dizemos quando erguemos os olhos para o infinito, a
Impessoalidade nos acorre. Como voce pode verificar mesmo considerando a
Impessoalidade há um poder de criação. Se há criação, há momentos criativos." Elzio
Ferreira de Souza, comentando um esboço deste artigo e me explicando o que
realmente significa o conceito de "Deus Pessoal". Foi justamente
nesta questão conceitual, do que significa a crença em "Deus
Pessoal", em contraposição a concepção Budista, de não aceitar um
"Deus Pessoal", que encontrei os maiores obstáculos.
- Budismo
A percepção que o homem tem de
sí mesmo, como de um individuo distinto dos demais e com uma individualidade
permanente, é uma ilusão. O que entendemos como nosso "eu" é na
realidade um conjunto de circunstâncias e de agregados temporários que, na
ignorância, tomamos por um todo único. Estes componentes, conhecidos
tecnicamente no Budismo como "skandas", são cinco:
- O corpo;
- Os sentimentos;
- As percepções;
- Os impulsos e emoções;
- Os atos de consciência;
- Os sentimentos;
- As percepções;
- Os impulsos e emoções;
- Os atos de consciência;
A combinação destes fatores se
dá através das leis de causa e efeito e eles ocorrem não só no mundo material,
como também nos mundos espirituais. O corpo sutil, espiritual, também é
temporário e, do mesmo modo que o fisico, um elemento sujeito as vissitudes da
lei de causa e efeito. O individuo, portanto, em sua essência, não corresponde
a uma entidade isolada, eterna, mas pode-se falar de uma consciência individual
- sem uma base física, como a entendemos - que é o sujeito da lei de causa e
efeito e, este sim, eterno. Matthieu Ricard - no livro "O Monge e o
Filósofo" - se refere a esta consciência individual como um "fluxo de
consciência". A este fluxo de consciência, como resultado de suas ações se
agregam os cinco "skandas", resultando no ser material ou espiritual.
A libertação espiritual é descrita por Matthieu como a purificação deste fluxo
até o ponto de sua pureza máxima.
O ser que atinge a iluminação no
Budismo, pelo menos no Tibetano, não deixa de existir, mas sua existência não
está mais sujeita ao ciclo de reencarnações ou presa as leis de causa e efeito [1 ]. Completamente livre de todos os fatores que o
prendem a um corpo perecivel, seja nos mundos materiais, seja nos mundos sutis
- pois o Budismo também reconhece diferentes niveis de existência - ele goza de
uma paz absoluta e da compreensão total do Universo. Sua
"consciência" continua a existir - consciente de si mesma - mas sem a
ilusão de que é algo independente de todas as outras consciências ou do
Universo.
"O espírito junta-se
então ao próprio espírito do Buda, essa substância chamada espírito sutil, sem
começo nem fim, independente do corpo e do cérebro, e sem duvida a verdadeira
causa da consciência. Esse espírito sutil que se manifesta, finalmente livre de
todo apego, eliminou totalmente os obstáculos que se opunham à visão 'da última
natureza de toda a existência' (...) "
"- Aliás - diz o Dalai
Lama - Buda jamais falou do nirvana. Sim, ele indicou uma libertação dos
renascimentos (o que só torna a noção compreensível para um ocidental se
ele admitir como fato o encadeamento das transmigrações, o samsara), mas suas
indicações param por aí. Daí uma multiplicidade de interpretações. Você me
pergunta o que é o nirvana. Eu lhe respondo; uma certa qualidade do espírito ".
(trechos do cap. "Para uma ciência do Espírito", A Força do Budismo).
- Espiritismo
O homem é composto do corpo
material, de um corpo sutil ou fluídico denominado pelo Espiritismo de
"perispírito" e do principio inteligente, denominado espírito. A
essência do espírito é desconhecida para nós, por nos faltarem conceitos e
percepções suficientes para entende-lo.
O Espírito é criado por Deus
simples e ignorante[2 ], ao longo de sua evolução se utiliza do
"perispírito", para poder atuar nos mundos materiais, que lhe servem
de estágio para o aprendizado e exercicío de suas capacidades. O perispírito se
modifica conforme o nivel de evolução do ser e do mundo em que se encontra. O
perispirito desempenha papel importante como intermediário entre o espírito e a
matéria, sendo determinante na formação do corpo fisico quando do processo de
reencarnação (interferindo, selecionando, dirigindo, complementando o código
genético).
- Análise
"O
fluxo de consciência é uma sorte de metáfora não distante daquela outra: o
Espírito é uma centelha" Elzio Ferreira de Souza, trecho de
e-mail sobre a questão da essência do ser.
A questão do ser humano em sua
essência é bastante dificil de ser analizada, o Budismo procura desvincular a
essência do ser de um ente individual e chega a imagens bastante abstratas. A
melhor comparação que vi, foi a de considerar o ser como uma "onda de
consciência" no infinito. Tal qual as ondas de luz, que sem um suporte
material individual, assim mesmo se propagam por seus caminhos próprios no
imenso oceano eletromagnético que é o espaço. Esta "onda
de consciência" - elo não material que liga todas as existências do ser,
dando consistência a uma lei de causa de efeito - é que serve de
"guia" a combinação dos componentes que formam o ser, resultando em
um corpo sutil e, quando necessário, um corpo material. Ela é a base dos
sentimentos, das emoções e até do pensamento. Dificil dizer exatamente quais
são seus atributos, principalmente depois de atingido o Nirvana, mas me parece
que se poderia dizer que é a inteligência pura, o espírto em seu estado mais
abstrato.
Vale lembrar que para os
espíritas, a palavra "espírito" significa o "elemento
inteligente" do ser, ou seja, a essência mesma , a qual se agregam, para
sua jornada evolutiva, o corpo espiritual - o perispiríto - e o corpo físico.
No Livro dos Epíritos, o espírito é descrito como a individualização do principío
inteligente e portanto é o que retém, em última instância, a individualidade do
ser. Um espírito puro é esta individualidade em seu grau de perfeição e pureza
máximos.
Do mesmo modo que não é
possivel descrever-se exatamente o que é o ser após ter atingido sua
Iluminação, também não há como descrever o que é o espírito:
" O Espírito não é
fácil de analisar em sua linguagem. Para os homens não é nada, porque o
Espírito não é algo palpável; mas para nós, é alguma coisa. Saibam-no bem,
nenhuma coisa é o nada, e o nada não existe ". (resposta a
questão 23a, O Livro dos Espíritos)
1 - "(...)
Os seguidores do Vaibhashika, entendem, portanto o nirvana final em
termos da total cessação do indivíduo. Deduz-se que, quando o Nirvana final é
atingido, o ser individual deixa de existir.
Essa
opinião não é aceita por muitas outras escolas budistas. Há, por exemplo, uma
objeção muito conhecida, de autoria de Nagarjuna, que sustenta ser a
conseqüência lógica da doutrina Vaibhashika a de que ninguém atinge o Nirvana,
porque o indivíduo deixa de existir quando alcança o Nirvana. Portanto, esse
posicionamento é absurdo. (...)" (cap.
"A Transformação através do altruísmo", Transformando a Mente, XIV
Dalai Lama)
2 - "Simples
e ignorante, o que seria isto? A mim, parece-me que é o ponto inicial da
carreira do Espirito no reino hominal, ou seja o estágio do ser no momento em
que atinge o processo de hominização. Poderíamos também dizer que é o momento
em que ele alcança o livre-arbítrio e descobre-se responsável: na linguagem
bíblica, descobre a própria nudez. (...) Outras questões, entre as quais a 540,
dá outra noção do Espírito do ponto de vista da substância. O simples e
ignorância é referência ética." Elzio Ferreira de Souza, comentando em
e-mail o uso desta expressão no artigo.
Na atualidade, os espíritas
admitem que o princípio inteligente evolui a partir das formas mais simples de
existência. Nestas formas rudimentares ele começa a aprender a se relacionar
com a matéria e aos poucos vai assenhorando-se da capacidade de organizar
corpos mas complexos, começa talvez pelas bactérias e seres unicelulares; de
seres unicelulares progride aos vegetais; dos vegetais aos primeiros animais;
destes animais simples aos animais superiores, dotados de instintos
desenvolvidos e rudimentos de inteligência; dos animais mais inteligentes aos
primatas ancestrais do homem; dos primatas ao homem moderno. Milênios
infindáveis de evolução, nos dois planos de existência - material e espiritual
- e em quantos mundos forem necessários.
Durante esta evolução o
desenvolvimento do perispírito acompanha a complexidade dos organismos,
influenciando o processo de reencarnação e sendo por ele influenciado. É um dos
mecanismos por detrás do processo de seleção natural e de evolução das
espécies, estudado pelo seu lado puramente material por Charles Darwin.
O livro "The Origin of the
Species", de Darwin, que consagrou cientificamente a teoria da evolução
biológica das espécies, foi publicado em novembro de 1859, depois do "O
Livro dos Espíritos" e provocou um grande abalo na opinião publica. A
resistência enfretada pelas novas teorias, principalmente no tocante a
descendência biológica do homem a partir dos primatas, permite entender a
cautela com que os Espíritos trataram a questão da evolução espiritual na época
de Kardec. Assim restringiram-se a detalhar o progresso do Espírito a
partir do momento em que, atingido o estágio humano, ele sem maiores
conhecimentos do bem e do mal - simples e ignorante - começa a exercer escolhas
que determinaram seu passo rumo ao futuro.
Desta maneira, a expressão
"simples e ignorante" pode assim ser entendida, como comentou o
Elzio, como uma descrição qualitativa do estado do espírito no início do seu
processo de desenvolvimento humano, quando cruzou a fronteira entre o animal e
o homem. Também pode ser entendido, e neste sentido utilizei no texto,
como o "simples" das formas primitivas de vida e o
"ignorante" da ausência completa de qualquer sofisticação da inteligência
- seja na forma de controle da organização biológica, seja instintos seja a
"inteligência" humana propriamente dita.
É um grande mistério o início
desta escala de evolução, pois como os espíritos disseram ao final da resposta
para a questão 450, citada pelo Elzio, "é assim que tudo serve, tudo se
encadeia na Natureza, desde o átomo primitivo até o arcanjo, pois ele mesmo
começou pelo átomo. Admirável lei de harmonia, de que seus Espíritos limitados
não podem abranger o conjunto". Tal resposta deixa entrever a
possibilidade de que por detrás da organização da matéria, da energia tão bem
estruturada em particulas elementares sob as leis da natureza, possa já estar
atuando o principío inteligente em seus primórdios. Na mesma linha de
raciocinio, Ernesto Bozanno, cita em seu livro "Os Animais tem Alma",
um pequeno trecho de uma obra mediunica:
O
gás se mineraliza,
O mineral se vegetaliza,
O vegetal se humaniza,
O homem se diviniza.
(Old Truth in New Light, Lady Cathness)
O mineral se vegetaliza,
O vegetal se humaniza,
O homem se diviniza.
(Old Truth in New Light, Lady Cathness)
Por toda a linha de evolução, o
processo é progressivo. Um espírito que atingiu o nivel evolutivo suficiente
para nascer no reino animal, não tem mais necessidade ou possibilidade de
nascer em um vegetal. Da mesma maneira, o espírito que atingiu o nivel dos
primeiros primatas não volta ao animal. Finalmente, o homem moderno não teria
como reencarnar no Australopitéco. A própria sofisticação do perispírito -
definido por Hernani Guimarães Andrade como um modelo organizador biológico
(vide seu livro Espírito, Perispírito e Alma), por conduzir os processos reencarnatórios,
selecionando a bagagem genética e integrando-a as necessidades karmicas do
espírito - tornaria impossivel tal reencarnação. O "homo sapiens" de
nossos dias, só pode reencarnar como "homo sapiens", ou, caso tenha a
necessidade de reencarnar em outros mundos, em um ser com uma organização
nervosa equivalente em sofisticação. Mesmo em um desterro a mundo mais
atrasado, o ser até nasceria em um hominídio primitivo culturalmente, mais
ainda assim, que reunisse as condições nervosas necessárias.
Esta posição filosófica - distinta da adotada pela metempsicose grega e pelo
Budismo - de que o ser humano sempre reencarna como ser
humano, justifica as respostas dos Espíritos as questões 592 a 610
(Os animais e o homem), em que apresentam os animais como seres distintos dos
homens. Estas questões, que levaram muitos espíritas a negar a continuidade
espiritual entre os reinos da natureza, podem ser entendidas perfeitamente se
considerada também a resposta a questão 611:
"Duas coisas podem ter
uma mesma origem e absolutamente não se assemelharem mais tarde. Quem
reconheceria a árvore, suas folhas, suas flores e seus frutos no germe informe
contido na semente de onde saíram ? No momento em que o princípio inteligente
atinge o grau necessário para ser Espírito e entrar no período de humanidade,
não há mais relação com seu estado primitivo e não é mais a alma dos animais,
como a árvore não é a semente. No homem, há somente de animal o corpo, as
paixões que nascem da influência do corpo e o instinto de conservação inerente
à matéria. Não se pode dizer, portanto, que tal homem é a encarnação do
Espírito de tal animal; logo a metempsicose, tal como a entendem, não é
exata."
Apesar da clareza desta
resposta, foram necessários muitos anos para que se formasse o consenso em
torno da questão. Pouco depois da época de Kardec, eminentes pesquisadores como
Ernesto Bozzano (vide seu livro "Os Animais tem alma ?") e Gabriel
Delanne, (vide seu livro "A reencarnação") apresentaram provas
inquestionaveis de que os animais tinham alma (espírito encarnado), que
sobrevive a desencarnação tal qual a alma humana. Mais ainda, da mesma maneira,
reencarnam e evoluem segundo as mesmas leis do progresso e de ação e reação.
Nas últimas décadas,
principalmente com a obra mediunica de Francisco Cândido Xavier - veja-se, por
exemplo, o livro "Evolução em Dois Mundos" do espírito André Luiz - a
resistência a idéia praticamente desapareceu e hoje já é amplamente aceito que
não há seres privilegiados na criação.
"Evolução no Tempo:
É assim que dos organismos monocelulares aos organismos complexos, em que a
inteligência disciplina as células, colocando-as a seu serviço, o ser viaja no
rumo da elevada destinação que lhe foi traçada do Plano Superior, tecendo com
os fios da experiência a túnica da própria exteriorização, segundo o molde
mental que traz consigo, dentro das leis de ação, reação e renovação em que
mecaniza as próprias aquisições, desde o estímulo nervoso à defensiva
imunológica, construindo o centro coronário, no próprio cérebro, através da
reflexão automática de sensações e impressões, em milhões e milhões de anos,
pelo qual, com o Auxílio das Potências Sublimes que lhe orientam a marcha,
configura os demais centros energéticos do mundo íntimo, fizando-os na
tessitura da própria alma.
Contudo, para alcanzar a
idade da razão, com o título de homem, dotado de raciocínio e discernimento, o
ser, automatizado em seus impulsos, a romagem para o reino angélico, despendeu
para chegar aos primórdios da época quaternária, em que a civilização elementar
do silex denuncia algum primor de técnica, nada menos de um bilhão e meio de
anos. Isso é perfeitamente verificável na desintegração natural de certos
elementos radioativos na massa geológica do Globo. E entendendo-se que a Civilização
aludida floresceu há mais ou menos duzentos mil anos, preparando o homem, com a
benção do Cristo, para a responsabilidade, somos induzidos a reconhecer o
caráter recente dos conhecimentos psicológicos, destinados a automatizar na
constituição fisiopsicossomática do espírito humano as aquisições morais que
lhe habilitarão a consciência terrestre a mais amplo degrau de ascensão à
Consciência Cósmica" André Luiz, no livro Evolução em Dois Mundos.
- Budismo
"(...)
convém esclarecer que a verdade do sofrimento, enunciada pelo Buda em seu
primeiro sermão, pertence à verdade relativa e não descreve a natureza última
das coisas, pois aquele que atinge a realização espiritual goza de uma
felicidade inalterável e percebe a pureza infinita dos fenômenos: nele, todas
as causas de sofrimento desapareceram. Então, por que destacar tanto o
sofrimento ? Para tomar consciência, em um primeiro momento, das imperfeições
do mundo condicionado. Neste mundo da ignorância, os sofrimentos se acrescentam
uns aos outros: um de nossos pais morre, o outro o segue algumas semanas
depois. As alegrias efêmeras se transformam em tormentos: parte-se para um
alegre piquinique em família e nosso filho é picado por uma cobra. A reflexão
sobre a dor, portanto, deve nos incitar a tomar o caminho do conhecimento.
(...) " Matthieu Ricard, Ação sobre o mundo e ação sobre sí
mesmo, O Monge e o Filósofo, Ed. Mandarim
A ilusão de um "eu"
individual leva ao egoismo e a considerar as coisas deste mundo como
permanentes. Este apego leva ao sofrimento. O homem deve libertar-se dessa
ignorância, compreender que tudo é impermanente (transitório) e aí terá
atingido a felicidade. O ser que age para se libertar da
ignorância, seguindo as regras do caminho óctuplo, vive longe dos extremos -
nem o ascetismo exagerado, muito menos o apego desmesurado aos bens materiais -
daí a expressão "caminho do meio". Pelo ideal do Bodhisattva,
há a valorização do esforço para melhorar o mundo e trazer a felicidade para
todos. O Budista deve sempre agir para diminuir o sofrimento, onde e da maneira
que lhe for possível.
- Espiritismo
"172
- Todas as nossas diferentes existências realizam-se na Terra ? Não, vivemo-las
nos diferentes mundos: as da Terra não são as primeiras nem as últimas, porém
das mais materializadas e distantes da perfeição.173 - A cada nova existência
corporal a alma passa de um mundo a outro ou lhe é possivel viver muitas vidas
no mesmo planeta ? Pode reviver várias vezes no mesmo planeta, se não estiver
suficientemente avançada para passar a um mundo superior." O Livro dos
Espíritos
O mundo material
é transitório, temos uma percepção limitada da realidade devido as nossas
limitações de entendimento e de percepção. Como o mundo fisico é uma escola na
jornada evolutiva do ser, e as vissitudes da vida material desafios para o
espírto, o verdadeiro espírita deve sempre procurar melhorar a sí mesmo e,
consequentemente, melhorar também seu modo de agir no mundo. Assim, pela
lei de caridade e pela prática da sabedoria, o espírita deve sempre procurar
melhorar a situação de seu próximo e da sociedade em que vive. O Espiritismo
não aprova os extremos, nem o ascetismo exagerado nem o apego aos bens materias.
Somos depositários temporários dos bens deste mundo e devemos emprega-los do
melhor modo possível para o bem de todos.- Análise
A primeira vista, em um estudo
superficial, o Budismo parece ter uma visão pessimista deste mundo, por sua
aguda percepção do sofrimento e de suas causas. Isso porém não corresponde a
realidade, pois faz parte das bases doutrinarias do Budismo a conscientização
de que é possivel superar-se o sofrimento e agir de tal modo que se possa ter
um razoavel grau de felicidade já nesta vida. Desta maneira, a concepção do
mundo - e consequentemente da ação do homem no mundo - valoriza o esforço no
sentido do bem e do progresso.
O Espiritismo por outro lado,
valoriza imensamente as oportunidades de aprendizado oferecidas por este mundo
material, enfatizando que o correto agir, conforme as leis morais, resulta não
só no progresso individual como no coletivo. Para o Espiritismo ainda estamos a
caminho da verdadeira civilização, onde as leis de amor e de justiça serão
aplicadas em sua verdadeira extensão. Para que esta civilização seja atingida,
precisamos nós todos nos empenharmos no esforço de reforma interior e
consquente mudança de comportamento.
Uma vez que se compreenda que
somos espíritos, temporariamente reencarnados em um corpo material com
finalidades educativas e que tudo neste mundo é transitório, se tem uma nova
visão do mundo e pode se atingir a felicidade relativa que nosso nivel de
progresso permite. A verdadeira felicidade só é atingida com o progresso do
espírito e sua depuração de todas suas imperfeições.
O fim do egoismo, almejado tanto
pelo Budismo, como pelo Espiritismo, transformam o individuo e o mundo ao seu
redor. Não há o apelo para o abandono da ação no mundo, mas o redirecionamento
desta ação. O melhor exemplo dentro do Budismo é o próprio Dalai Lama, em seu
trabalho incansável - e pacifico, conforme as diretrizes de Buda - em
prol de seu povo.
- Budismo
Os
fenômenos mentais têm como precursora a mente,
fundam-se na mente, são feitas da mente;
Se um homem fala ou age com mente corrupta,
Em conseqüência sofrimento o segue, como a roda
nos passos do boi (que puxa a carroça).Os fenômenos mentais têm como precursora a mente,
fundam-se na mente, são feitas da mente;
Se um homem fala ou age com mente pura,
Em conseqüência felicidade o segue, como a sombra,
que não vai embora. Os versos gêmeos, Dhammapada
fundam-se na mente, são feitas da mente;
Se um homem fala ou age com mente corrupta,
Em conseqüência sofrimento o segue, como a roda
nos passos do boi (que puxa a carroça).Os fenômenos mentais têm como precursora a mente,
fundam-se na mente, são feitas da mente;
Se um homem fala ou age com mente pura,
Em conseqüência felicidade o segue, como a sombra,
que não vai embora. Os versos gêmeos, Dhammapada
O homem é totalmente responsável
por seu destino. Tudo o que lhe ocorre é devido a lei de causa e efeito e ele
tem o livre arbitrio relativo (condicionado por seu carma passado, que o coloca
em uma situação mais ou menos dificil no presente) para agir e mudar seu
futuro. Não há graça divina ou intervenção de um criador no destino individual
de cada um. Grupos sociais - por serem formados de individuos
com atuação em comum, portanto com compromissos similares com a lei de causa e
efeito - também tem o seu "karma" coletivo. Da mesma maneira que com
o individuo, um grupo social é totalmente responsável por seu destino, pois o
que lhe ocorre é conseqüência dos atos de seus menbros.
Importante notar que o ser - no
ciclo de reencarnações - pode nascer como qualquer criatura sensciente.
Não há nada que impeça que um homem renasça em um animal e vice-versa, se os
seus atos o levarem a tal condição.
- Espiritismo
"O
nosso estado psíquico é obra nossa. O grau de percepção, de compreensão, que
possuimos, é o fruto de nossos esforços prolongados. Fomos nós que o fizemos ao
percorrer o ciclo imenso de sucessivas existências. O nosso invólucro fluídico,
sutil ou grosseiro, radiante ou obscuro, representa o nosso valor exato e a
soma de nossas aquisições. Os nossos atos e pensamentos pertinazes, a tensão de
nossa vontade em determinado sentido, todas as volições do nosso ser mental,
repercutem no perispírito e, conforme sua natureza, inferior ou elevada,
generosa ou vil, assim dilatam, purificam ou tornam grosseira a sua substância.
Daí resulta que, pela constante orientação de nossas idéias e aspirações, de
nossos apetites e procedimentos em um sentido ou noutro, pouco a pouco
fabricamos um envoltório sutil, recamado de belas e nobres imagens, acessível
às mais delicadas sensações, ou um sombrio domicílio, uma lôbrega prisão, em
que, depois da morte, a alma restringida em suas percepções, se encontra
sepultada como num túmulo. Assim cria o homem para si mesmo o bem ou o mal, a
alegria ou o sofrimento. Dia a dia, lentamente, edifica ele seu destino. Em si
mesmo está gravada sua obra, visível para todos no Além. É por esse admirável
mecanismo das coisas, simples e grandioso ao mesmo tempo, que se executa, nos
seres e no mundo, a lei da casualidade ou de conseqüência dos atos, que outra
não é senão o cumprimento da justiça" Léon Denis, O Espírito e sua
forma, No Invisível - FEB
O homem é totalmente responsável
por seu destino. Além da lei de causa e efeito, há outras leis morais, entre
elas a do progresso. Assim nosso livre arbitrio é relativo, limitado por nosso
carma passado, pelo nosso "estágio" de desenvolvimento e pelas nossas
necessidades educativas. Durante o período em que o ser
necessita do ciclo de reencarnações, para sua evolução, há uma linha crescente
de sofisticação dos corpos físicos utilizados para sua manifestação no mundo
material, através dos renascimentos. O Espírito sempre evoluiu dos seres mais
simples para os mais complexos e, embora possa estacionar temporariamente em um
dos estágios, jamais regride. Assim, ao longo dos milênios, o vegetal se
tornará animal, o animal evoluirá até atingir o estágio de ser humano, e o ser
humano evoluirá até conseguir se tornar espírito puro, livre da necessidade da
reencarnação. A evolução do espírito, significa também a evolução do seu perispírito,
cada vez mais sutíl e apto a servir de intermediário na ligação com corpos
fisicos mais sofisticados. A reencarnação de um espírito que já atingiu o
estágio da humanidade em um animal seria impossivel devido a própria
incompatibilidade do períspirito.
O ser humano compartilha a mesma
natureza espiritual dos demais seres sencientes, é diferente destes apenas por
ser "mais velho" na jornada evolutiva. Seu espírito aprendeu as
primeiras lições de vida - desenvolvendo os automatismos - nos vegetais, depois
aprendeu as sensações e os instintos no mundo animal e, agora, na condição
humana, tem como desafio aprender a usar a inteligência, a emoção e a intuição.
A caminhada evolutiva, apesar de
conquista individual de cada ser, pode ser feita em grupos afins (tal qual nas
escolas há grupos de alunos que seguem juntos por diversas classes), com o
amparo mutuo. Familias, nações e mundos são grupos de individuos afins.
Estes grupos sociais estão sujeitos a compromissos comuns com a lei de causa e
efeito. Compromissos que são conseqüência da atuação coletiva de seus membros
ou das necessidades de aprendizado compartilhadas por eles.
- Análise
Tanto o Budismo
como o Espiritismo postulam a responsabilidade do homem, individualmente ou
como membro de um grupo social, perante seu destino.
Deve-se notar que há uma
interessante diferença na amplitude aceita para os efeitos dos atos realizados
pelo ser em sua existência. Para o Budismo, em conseqüência de seus atos, o ser
pode renascer entre os reinos inferiores da natureza, mesmo depois de ter
atingido a condição de ser humano. Para o Espiritismo, por seus atos o espírito
pode estacionar, mas nunca regredir na escala evolutiva.
Para a filosofia espírita, a
evolução tem componentes morais e intelectuais. Nem sempre os dois são
desenvolvidos pelo espírito no mesmo ritmo e isso pode resultar em ações que
parecem incompatíveis com a situação aparente em que ele se encontra, mas que
na realidade são manifestações de imperfeições ainda não superadas.
- Budismo
"Exatamente
como as pessoas verificam a pureza do ouro queimando-o no fogo, cortando-o e o
examinando numa pedra de toque, da mesma forma, ó monges, deveis aceitar minhas
palavras depois de submetê-las a um exame crítico e não por reverência a mim"
Buda, citado pelo Dalai Lama no livro "Transformando a Mente"."Sua
fé deve ser racional, baseada na inteligência, para que quando as pessoas
questionarem e tentarem refutar sua crença e prática você esteja apto a
sustentar seus argumentos; não pode cultivar uma fé cega. Por isso, deve basear
sua crença em um alicerce firme. Com inteligência, você estará invulnerável a
questionamentos. Do contrário, como dizem os mestres Kadampa, "a fé
isoladamente é como um cego, que pode ser levado por outra pessoa a qualquer
lugar se lhe faltar sabedoria". Assim, a fé sustentada pelo conhecimento é
indispensável à prática budista, enquanto que crença e compaixão exercidas isoladamente
são características comuns a todas as principais religiões. Por isso,
cultivando fé com base no alicerce correto, você será racional e firme".
Dalai Lama, cap. Principais meditações Lamrim, O Caminho da Felicidade.
A doutrina Budista fundamenta-se
em constatações feitas por Buda, que podem ser verificadas por qualquer pessoa.
Naturalmente o esforço de verificação exige longo trabalho de preparação
interior - pois o campo de pesquisas é a própria mente humana e tem por
ferramenta a meditação. Com uso da meditação, o homem pode estudar a si mesmo e
os seus processos mentais, desfazendo os enganos que o prendem a ignorância e
ao mesmo tempo transformando-se para atingir a iluminação. Do
ponto de vista Budista, a meditação é uma disciplina espiritual que permite
controle sobre nossos pensamentos e emoções. Sob controle eles podem ser
analisados e selecionados. Podem ser focados em objetivos determinados, levando
a uma observação mais cuidadosa e profunda. Basicamente há a meditação
"shamatha" - permanência serena - que mantém a concentração da
atenção em um só objeto e a meditação "vipasyana" - discernimento
penetrante - em que além da simples concentração da atenção, há o esforço do
racioncínio em compreender o objeto da meditação.
A importância da meditação e da
transformação mental é tão grande no Budismo que este desenvolveu uma
psicologia bastante interessante, com profundos conhecimentos sobre os
processos mentais, sua relação com as leis de causa e efeito e com a situação
do ser no mundo espiritual.
Além da verificação direta e da
dedução, o Budismo também reconhece como critério de verdade o testemunho - ou
os ensinamentos - de pessoas fidedignas. Neste caso, o que torna estas pessoas
fidedignas não é o seu conhecimento ou suas palavras, mas sim sua vivência da
doutrina. Mestres espirituais que através de anos de estudo e de prática dos
ensinamentos de Buda atingiram as experiências de que dão testemunho.
O Budismo não desconhece os
fenômenos mediunicos, que até acabam ocorrendo como conseqüência das práticas
de meditação, mas devido a seu enfoque na iluminação pelo fim da ilusão do
"eu", na auto-análise, nos fenômenos interiores, não os faz objeto de
seu estudo.
- Espiritismo
"Fé
inabalável é somente aquela que pode encarar a razão, face a face, em todas as
pocas da humanidade", Allan Kardec, Evangelho Segundo o
Espiritismo"Na dúvida, abstém-te, diz um de vossos antigos provérbios.
Não admitais, pois, o que não for para vós de evidência inegável. Ao aparecer
uma nova opinião, por menos que vos pareça duvidosa, passai-a pelo crivo da
razão e da lógica. O que a razão e o bom senso reprovam, rejetai
corajosamente. Mais vale rejeitar dez verdades do que admitir uma única
mentira, uma única teoria falsa. Com efeito, sobre essa teoria poderíeis
edificar todo um sistema que desmoronaria ao primeiro sopro da verdade, como um
monumento construído sobre a areia movediça. Entretanto, se rejeitai hoje
certas verdades, porque não estão para vós clara e logicamente demonstradas,
logo um fato chocante ou uma demonstração irrefutável virá vos afirmar a sua
autenticidade". Erasto, Influência moral do médium, O Livro dos
Médiuns.
A ciência espírita se baseia
necessariamente na existência dos espíritos e sua intervenção no mundo
material. A verificação destas bases é feita pelo estudo das manifestações dos
espíritos através dos fenômenos mediunicos. Estas manifestações podem ser
espontâneas ou provocadas. O que caracteriza a manifestação dos espíritos,
frente a grande quantidade de fenômenos fisicos existentes, é a vontade
independente e a inteligência que demonstram. O estudo das
manifestações dos espíritos, longe de ser um campo fácil de investigação, exige
grande observação e estudo, pois se lida com seres independentes e não forças
cegas da natureza. Como os fenômenos normalmente não são reprodutiveis a
vontade em um laboratório, há que se dedicar a anlisâ-los quando ocorrem e
considerar sempre seu conjunto.
Como, em essência, o homem é um
espírito encarnado, existem também fenômenos provocados pelo próprio
"médium", classificados sob a denominação de animismo, e que devem
receber uma grande atenção para não serem confundidos com as comunicações dos
espíritos e levarem a caminhos errados. O inconsciente, e suas manifestações na
personalidade, são também fenômenos animicos e nesta categoria são estudados
pelo Espiritismo desde o seu surgimento.
O estudo das manifestações dos
Espíritos, além do objetivo de comprovação cientifica das bases da Doutrina,
também tem o escopo de aprofundar os conhecimentos sobre o Espírito, sua
situação no mundo espiritual, as leis que regem seu destino e as que regem a
comunicação entre o mundo material e o espiritual. Este estudo também acompanha
o avanço das ciências, de modo que o Espiritismo esteja sempre a par dos
progressos realizados nos demais campos do conhecimento humano.
Partindo da base fornecida pelas
manifestações dos espíritos, o Espiritismo também estuda as comunicações
obtidas através delas. Assim pode se dizer que a "Ciência Espírita compreende
duas partes: uma experimental, sobre as manifestações em geral; a outra,
filosófica, sobre as manifestações inteligentes. Quem quer que tenha observado
somente pelo ângulo da primeira, está na posição daquele que conheceria a
Física apenas pelas experiências recreativas, sem haver penetrado no fundamento
da Ciência. A verdadeira Doutrina Espírita está no ensinamento dado pelos
Espíritos e os conhecimentos que esse ensinamento comporta são muito sérios
para poderem ser assimilados de outro modo que não seja por um estudo profundo
e contínuo, feito no silêncio e no recolhimento; porque só nestas condições se
pode observar um número infinito de fatos e de nuanças que escapam ao
observador superficial e permitem firmar uma opinião" (Allan
Kardec, Introdução ao "Livro dos Espíritos).
Um aspecto a ser comentado, é
que o avanço de algumas disciplinas cientificas acadêmicas rumo as realidades
espirituais as tem colocado em relação próxima com o Espiritismo. Assim é
comum encontrarem-se Espíritas contribibuindo diretamente nas áreas de
psicologia, com a Psicologia Transpessoal e a Terapia de Vidas Passadas,
e de medicina, com a psicossomática e a homeopatia.
- Análise
Me parece que o
Budismo e o Espiritismo avançam para resultados muito semelhantes tendo dois
pontos diferentes de partida. Enquanto o Budismo - dentro de um contexto
cultural oriental - parte dos fenômenos internos ao individuo em direção a
realidade que lhe transcende, o Espiritismo parte das manifestações dos
espíritos, do mesmo individuo liberto da matéria, em direção a mesma realidade.
As duas Doutrinas rejeitam a fé cega e enfatizam a necessidade do estudo
prolongado e sério. Não basta só procurar, há que se saber como ...
- Budismo
"Que eu seja motivo de prazer
De acordo com a vontade de todos os seres sencientes
E sem interferência, como são a terra
a água, o fogo, o vento, as ervas medicinais e florestas.Que eu seja caro aos seres sencientes
Como sua própria vida, e que eles me sejam caros.
Que seus pecados frutifiquem para mim
E todas as minhas virtudes para eles.
De acordo com a vontade de todos os seres sencientes
E sem interferência, como são a terra
a água, o fogo, o vento, as ervas medicinais e florestas.Que eu seja caro aos seres sencientes
Como sua própria vida, e que eles me sejam caros.
Que seus pecados frutifiquem para mim
E todas as minhas virtudes para eles.
(...)
Enquanto
perdurar o espaço,
Enquanto persistirem os seres sencientes,
Que eu também possa permanecer
Para dissipar as desgraças do mundo." Estrofes de textos budistas citadas pelo Dalai Lama para explicar os ideais de um Bodhisattva Do livro Transformando a Mente.
Enquanto persistirem os seres sencientes,
Que eu também possa permanecer
Para dissipar as desgraças do mundo." Estrofes de textos budistas citadas pelo Dalai Lama para explicar os ideais de um Bodhisattva Do livro Transformando a Mente.
O Budismo considera que a fonte
dos problemas economicos e sociais é o apego ao "eu", o
"egoismo". Sua influência visa diminuir o egoismo nos individuos e
através da melhora do individuo, melhorar a sociedade. Considera que todos os
seres senscientes (que buscam a libertação do sofrimento) tem direitos e que
devem ser tratados com compaixão.- Espiritismo
"O homem que se ilumina conquista a ordem e
a harmonia para si mesmo. E para que a coletividade realize semelhante
aquisição, para o organismo social, faz-se imprescindível que todos os seus
elementos compreendam os sagrados deveres de auto-iluminação"
Emmanuel, médium Francisco Cândido Xavier, da resposta a questão 234, O
Consolador - FEB."Na hora atual da humanidade terrestre, em que todas
as conquistas da civilização se subvertem nos extremismos. o Espiritismo é o
grande iniciador da Sociologia, por significar o Evangelho redivivo que as
religiões literalistas tentaram inumar nos interesses econômicos e na convenção
exterior de seus prosélitos.
Restaurando
os ensinos de Jesus para o homem e esclarecendo que os valores legitimos da
criatura são os que procedem da consciência e do coração, a doutrina
consoladora dos Espíritos reafirma a verdade de que a cada homem será dado de
acordo com seus méritos, no esforço individual, dentro da aplicação da lei do
trabalho e do bem; razão pela qual representa o melhor antidoto dos venenos
sociais atualmente espalhados no mundo pelas filosofias politicas do absurdo e
da ambição desmedida, restabelecendo a verdade e a concordia para os corações" Emmanuel,
médium Francisco Cândido Xavier, da resposta a questão 59, O Consolador - FEB.
O Espiritismo considera que a
fonte dos problemas economicos e sociais é o egoismo, fruto da ignorancia e do
pouco progresso moral dos individuos que formam as sociedades. Sua influência
visa diminuir o egoismo e através da melhora do individuo, melhorar a
sociedade. Considera que todos os seres vivos são solidários (o progresso
do espírito se dá através de uma longa cadeia evolutiva
dos seres mais simples aos mais complexos) e portanto tem direitos, todos devem ser tratados com caridade.- Análise
dos seres mais simples aos mais complexos) e portanto tem direitos, todos devem ser tratados com caridade.- Análise
A reforma de uma
sociedade não pode ser feita apenas através de leis externas, sem alterações
fundamentais nos individuos que a compõe. Liberdade, igualdade e fraternidade
são, em essência, conquistas que só poderão ser verdadeiramente estabelecidas
quando o egoismo tiver sido combatido eficazmente. O combate ao egoismo exige
uma transformação mental ou moral, decorrente de uma salutar disciplina
espiritual. Não de trata de almejar uma sociedade regida por normas religiosas,
ou dogmas, pois tanto o Budismo como o Espiritismo, não os tem, mas de uma
sociedade em que a prática da compaixão, da caridade e do amor ao próximo são
normas livremente escolhidas por seus cidadões. A escolha, por sua vez, não
decorre da adesão cega a uma fé, mas a certeza adquirida no estudo próprio, de
que a realidade última transcende a matéria - que somente o desapego ao eu e a
adesão a normas morais universais trazem a verdadeira felicidade.
- Budismo
"Ele cujo prazer é o Darma, que se deleita
no Darma,
que medita no Darma.
Que evoca o Darma -, este bikshu não renega o
verdadeiro Darma".
Verso 364 - Dhammapada, trad. Nissim Cohen, ed. Palas Athena"O homem que desejar ser meu discípulo deverá abandonar todas as relações diretas com a família, a vida social mundana e toda a dependência a riqueza. O homem que tiver abandonado tais relações em prol do Dharma e não tiver abrigo para o corpo e a mente tornar-se-á meu discípulo e será chamado de irmão sem lar."
Os Irmãos sem Lar, A Doutrina de Buda, Siddharta Gautama, ed. Martin Claret.
que medita no Darma.
Que evoca o Darma -, este bikshu não renega o
verdadeiro Darma".
Verso 364 - Dhammapada, trad. Nissim Cohen, ed. Palas Athena"O homem que desejar ser meu discípulo deverá abandonar todas as relações diretas com a família, a vida social mundana e toda a dependência a riqueza. O homem que tiver abandonado tais relações em prol do Dharma e não tiver abrigo para o corpo e a mente tornar-se-á meu discípulo e será chamado de irmão sem lar."
Os Irmãos sem Lar, A Doutrina de Buda, Siddharta Gautama, ed. Martin Claret.
Para
se tornar um irmão leigo, deve-se ter uma inabalável fé em Buda, deve-se
acreditar em Seus ensinamentos, estudar e pôr em prática os preceitos, e
deve-se apreciar a Fraternidade."
Os Irmãos Leigos, A Doutrina de Buda, Siddharta Gautama, ed. Martin Claret.
Os Irmãos Leigos, A Doutrina de Buda, Siddharta Gautama, ed. Martin Claret.
Desde o início das pregações de
Buda, a prática de seus ensinamentos em todos os seus desdobramentos - com seus
altos níveis de realização espiritual em busca da iluminação - levou algumas
pessoas a se desligarem completamente das atividades mundanas e a se dedicarem
a uma vida de renuncias e de meditações. Estas pessoas, chamadas de bikshus
(inicialmente com o sentido de monges mendicantes), formam a
"Sangha", a comunidade de monges budistas. A continuidade desta
comunidade, com variações de forma e organização pelos vários países pelos
quais o Budismo se propagou, tem sido o principal fator de preservação e
divulgação do Dharma. Os ensinamentos de Buda também podem
ser seguidos e praticados sem que o discípulo se desligue completamente de seus
laços com a familia e a sociedade. Naturalmente ele não poderá se dedicar tão
intensamente as práticas de meditação. O resultado deste fato é que, ao lado da
Sangha, existem os budistas leigos.
Assim a diferença entre os
monges e os outros budistas está na intensidade com que podem se dedicar ao
Dharma. Os monges dedicam-lhe todo o seu tempo.
- Espiritismo
"O médium é um companheiro.
É um trabalhador.
É um amigo.
E é sobretudo nosso irmão, com dificuldades e problemas análogos àqueles que assediam a mente de qualquer espírito encarnado".
VI-Médiuns, Mediunidade e Sintonia, Emmanuel, médium Francisco Cândido Xavier, ed. CEU"Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que faz para dominar suas más inclinações".
"Os Bons Espíritas", no cap. XVII (Sêde Perfeitos) do "O Evangelho Segundo o Espiritismo", Allan Kardec, EDICEL
É um trabalhador.
É um amigo.
E é sobretudo nosso irmão, com dificuldades e problemas análogos àqueles que assediam a mente de qualquer espírito encarnado".
VI-Médiuns, Mediunidade e Sintonia, Emmanuel, médium Francisco Cândido Xavier, ed. CEU"Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que faz para dominar suas más inclinações".
"Os Bons Espíritas", no cap. XVII (Sêde Perfeitos) do "O Evangelho Segundo o Espiritismo", Allan Kardec, EDICEL
"Embora
este regulamento tenha resultado da experiência, não o damos como um modelo
obrigatório, mas unicamente para facilitar às sociedades em formação, que
poderão tomar por normas as disposições que considerem úteis e aplicáveis às
circunstâncias que lhes sejam próprias. Não obstante já se apresente
simplificada, a sua estrutura poderá ser ainda mais reduzida quando se trate,
não de sociedade regularmente constituída, mas de pequenos grupos particulares
que só necessitem de estabelecer medidas de ordem interna, de preservação e de
regularidade de seus trabalhos"
Cap. XXX - Regulamento da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, o "Evangelho Segundo o Espiritismo", Allan Kardec, EDICEL
Cap. XXX - Regulamento da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, o "Evangelho Segundo o Espiritismo", Allan Kardec, EDICEL
Não há um "acestismo"
espírita, no sentido de uma classe de monges dedicados ao eu estudo e
divulgação. Muito menos uma hierarquia, pois a Doutrina Espírita não impõe uma
forma de organização. A forma de organização proposta por Allan Kardec
foi a adotada pela "Sociedade Parisiense de Estudos
Espíritas" [1] que serviu de modelo para os
grupos espíritas posteriores, do mesmo modo que a "Revue Spirite" foi
o modelo para o jornalismo espírita. Assim. ao longo da
história do Espiritismo, se formou um "movimento espírita" organizado
em torno de grupos espíritas. Surgiram grupos com diversas finalidades -
estudo, atividades filantrópricas, reuniões religiosas, etc... Também surgiram
entidades maiores como federações e associações nacionais.
Importante notar que se pode
perfeitamente ser espírita sem pertencer a nenhum grupo espírita. Do mesmo
modo, não há nenhuma obrigação de que um grupo se filie a uma associação ou
outra. A organização do movimento espírita é totalmente voluntária e visa
apenas juntar esforços no estudo, na prática e na divulgação da Doutrina. Não
há privilégios ou prerrogativas doutrinárias associadas a qualquer posição
dentro do movimento espírita[2].
Uma forma muito comum de grupo
espírita é o familiar. Amigos e parentes que se reunem periodicamente para o
estudo das obras básicas, principalmente do estudo do evangelho. Muitos
dos grupos maiores nasceram em reuniões familiares, pelo aumento do número dos
participantes e principalmente em torno de personalidades marcantes do
movimento espírita. Pelas próprias características da Doutrina, os médiuns
acabam desempenhando o papel de núcleo dos diversos grupos e ponto de
referência para os demais individuos.
A mediunidade, como faculdade
natural no ser humano, efetivamente não dá a ninguém privilégios especiais
dentro do Espiritismo. Apenas capacita o médium a ser um trabalhador em
benefício de todos.
- Análise
A forma de organização difere
entre o Budismo e o Espiritismo. A diferença está na existência entre os
budistas, da "Sangha", a comunidade de monges dedicados ao estudo e
divulgação do Dharma. No Espiritismo, tanto o estudo como a divulgação, podem
ser feitos individualmente ou por grupos formados voluntariamente por seus
adeptos, sem votos especiais.
[1] - Vide "O Livro dos Médiuns" (cap.
XXIX - Reuniões e Sociedades e XXX - Regulamento da Sociedade Parisiense de
Estudos Espíritas) ou "Obras Póstumas" ("Constituição do
Espiritismo").
[2] - As estruturas existentes dentro dos grupos
espíritas são puramente administrativas e operacionais.
- Budismo
"O
ritual - que consiste em molhar o ombro esquerdo, o direito e depois as costas
da imagem - simboliza a purificação da mente" (Uma breve
explicação do ritual de despejar agua em uma imagem de Buda menino. Este ritual
fez parte de uma celebração budista que teve lugar no parque Ibirapuera,
comemorando o nascimento, a iluminação e a morte de Buda. "Celebração faz
o Ibirapuera virar templo budista", Mauro Mug, Jornal O Estado de
São Paulo, 27 de maio de 2002)
"Pense
em todos os milhões de homens e mulheres que inclinaram suas cabeças em
oração enquanto acendiam velas. Será que alguém acredita que Buda, ou
qualquer outra imagem do absoluto, precisa de uma vela para enxergar ou se
aquecer ? Acender uma vela é um ato simbólico, uma forma ritualizada de
oferecer luz a escuridão. A vela simboliza a luz interna e a sabedoria luminosa
que nos guia através da escuridão da ignorância e da confusão. A chama
brilhante da vela é um lembrete externo da luminosidade interna e da clareza - a
chama viva espiritual que brilha no templo do coração e da alma". O
Despertar do Buda Interior, cap. "Hoje, agora mesmo", Lama Surya Das,
trad. Anna Lobo, ed. Rocco.
No Budismo, os rituais tem um
papel importante de auxiliares nas práticas de meditação e de formas simbólicas
de expressão dos seus ensinamentos.
O papel do simbolismo pode ser avaliado em sua correta dimensão quando se considera que a Doutrina foi ensinada oralmente por Buda e só posteriormente transcrita. Mesmo após seu registro na forma escrita, a forma mais valorizada da passagem do Dharma foi, e continua sendo, a transmissão viva de um mestre para seus discipulos. Assim, simbolos e rituais correspondem a uma forma muito eficaz de fixar idéias e memorizar ensinamentos complexos.
Também o contato do Budismo com outros povos, e sua grande tolerância religiosa, o levou a absorver práticas de diversas origens e transformá-las conforme sua mensagem. Assim, por exemplo, encontramos no Budismo Tibetano rituais que remontam as práticas ancestrais do Tibet.
Em essência seria possível conceber o Budismo sem rituais. É perfeitamente possivel seguir o caminho óctuplo sem eles e nada nas "Quatro Nobres Verdades" está amarrado a suas práticas. Mas seria uma visão muito parcial e despojaria o Dharma de toda sua riqueza simbólica acumulada em mais de 2.500 anos de história.
- Espiritismo
O papel do simbolismo pode ser avaliado em sua correta dimensão quando se considera que a Doutrina foi ensinada oralmente por Buda e só posteriormente transcrita. Mesmo após seu registro na forma escrita, a forma mais valorizada da passagem do Dharma foi, e continua sendo, a transmissão viva de um mestre para seus discipulos. Assim, simbolos e rituais correspondem a uma forma muito eficaz de fixar idéias e memorizar ensinamentos complexos.
Também o contato do Budismo com outros povos, e sua grande tolerância religiosa, o levou a absorver práticas de diversas origens e transformá-las conforme sua mensagem. Assim, por exemplo, encontramos no Budismo Tibetano rituais que remontam as práticas ancestrais do Tibet.
Em essência seria possível conceber o Budismo sem rituais. É perfeitamente possivel seguir o caminho óctuplo sem eles e nada nas "Quatro Nobres Verdades" está amarrado a suas práticas. Mas seria uma visão muito parcial e despojaria o Dharma de toda sua riqueza simbólica acumulada em mais de 2.500 anos de história.
- Espiritismo
"653
- A adoração tem necessidade de manifestar-se exteriormente ? - A verdadeira
adoração é a do coração. Em todas suas ações, lembrem sempre que o senhor os
observa". O Livro dos Espíritos
"653a - A adoração exterior é útil ? Sim, se ela não representar um vão simulacro. É sempre útil dar um bom exemplo, mas os que o fazem apenas por afetação e por amor-próprio, e cuja conduta desmente a sua aparente piedade, dão um exemplo antes mau do que bom, fazem mais mal do que supõem". O Livro dos Espíritos.
"653a - A adoração exterior é útil ? Sim, se ela não representar um vão simulacro. É sempre útil dar um bom exemplo, mas os que o fazem apenas por afetação e por amor-próprio, e cuja conduta desmente a sua aparente piedade, dão um exemplo antes mau do que bom, fazem mais mal do que supõem". O Livro dos Espíritos.
O Espiritismo não tem rituais,
principalmente por considerá-los desnecessários frente a prática sincera do
amor ao próximo. Importante observar que ele respeita todas crenças sinceras e
suas formas de manifestação.
Normalmente as reuniões espíritas são organizadas conforme a finalidade do grupo, há reuniões de estudo de obras espíritas, reuniões com palestras doutrinárias, reuniões de auxilío espiritual, onde se aplicam passes e reuniões mediunicas dos mais diversos tipos. As manifestações mediunicas variam grandemente, desde reuniões dedicadas a psicografia ou a pintura mediúnica, até o atendimento a espíritos sofredores desencarnados.
As aplicações de passe também tomam formas diferentes conforme as caracteriticas dos grupos e o tipo especifíco de ação curativa que se almeja alcançar. Embora em alguns grupos as aplicações de passe possam parecer gestos ritualistícos, são na realidade técnicas desenvolvidas ao longo do tempo para dar maior eficiência a transmissão dos fluidos magnéticos aos pacientes.
Sem fugir ao escopo deste artigo, gostaria de observar que os passes são aplicados com o intuito de assistência ao próximo e essencialmente não são exclusividade da doutrina espírita. Embora sua origem remonte a antiguidade - o próprio Jesus o aplicava aos doentes - seu estudo moderno foi retomado a partir de Mesmer no século XVIII e reconhecido pela doutrina espírita como uma das consequências da existência do espírito humano e do perispírito. Os termos "fluido" e "magnetismo" devem portanto ser entendidos dentro de um contexto próprio, evitando-se confusão com a nomenclatura atual da física.
O conjunto de conhecimentos que forma a Doutrina Espírita tem como uma de suas formas principais de transmissão a palavra escrita. Desde as obras básicas de Allan Kardec até as obras espíritas da atualidade, os espíritos e os espíritas tem preferido a forma direta de exposição. Também, por seu carácter de ciência experimental, os conhecimentos são resultados de pesquisas e análises, reprodutiveis dentro de regras próprias da comunicação com o plano espiritual (1). Assim o papel do simbolismo religioso dentro da doutrina espírita é bastante limitado ou praticamente inexistente.
- Análise
Normalmente as reuniões espíritas são organizadas conforme a finalidade do grupo, há reuniões de estudo de obras espíritas, reuniões com palestras doutrinárias, reuniões de auxilío espiritual, onde se aplicam passes e reuniões mediunicas dos mais diversos tipos. As manifestações mediunicas variam grandemente, desde reuniões dedicadas a psicografia ou a pintura mediúnica, até o atendimento a espíritos sofredores desencarnados.
As aplicações de passe também tomam formas diferentes conforme as caracteriticas dos grupos e o tipo especifíco de ação curativa que se almeja alcançar. Embora em alguns grupos as aplicações de passe possam parecer gestos ritualistícos, são na realidade técnicas desenvolvidas ao longo do tempo para dar maior eficiência a transmissão dos fluidos magnéticos aos pacientes.
Sem fugir ao escopo deste artigo, gostaria de observar que os passes são aplicados com o intuito de assistência ao próximo e essencialmente não são exclusividade da doutrina espírita. Embora sua origem remonte a antiguidade - o próprio Jesus o aplicava aos doentes - seu estudo moderno foi retomado a partir de Mesmer no século XVIII e reconhecido pela doutrina espírita como uma das consequências da existência do espírito humano e do perispírito. Os termos "fluido" e "magnetismo" devem portanto ser entendidos dentro de um contexto próprio, evitando-se confusão com a nomenclatura atual da física.
O conjunto de conhecimentos que forma a Doutrina Espírita tem como uma de suas formas principais de transmissão a palavra escrita. Desde as obras básicas de Allan Kardec até as obras espíritas da atualidade, os espíritos e os espíritas tem preferido a forma direta de exposição. Também, por seu carácter de ciência experimental, os conhecimentos são resultados de pesquisas e análises, reprodutiveis dentro de regras próprias da comunicação com o plano espiritual (1). Assim o papel do simbolismo religioso dentro da doutrina espírita é bastante limitado ou praticamente inexistente.
- Análise
A distância que separa o Budismo
do Espiritismo na questão dos ritos é exatamente a distância histórica entre o
surgimento de cada um dos dois. O Budismo tento nascido em uma época e cultura
onde a tradição oral era o veículo por excelência da transmissão de uma
filosofia, desenvolveu técnicas apuradas de simbolismo. Seus ritos e simbolos
são a representação viva de seu conteúdo doutrinário. O Espiritismo por outro
lado, tendo nascido imediatamente após o Iluminismo, no período que para a
cultura ocidental ficou conhecido como o Século das Luzes, se empenhou em
transmitir diretamente seus conhecimentos, principalmente através da palavra
escrita. Dentro deste contexto, para o Espiritismo, os rituais e os simbolos
não trariam contribuição efetiva e são considerados dispensáveis.
1 - No estudo do mundo material, ao qual se dedica a Física, é importante para uma ciência que todos os seus fenômenos sejam reprodutiveis por quaisquer experimentadores, dadas as mesmas condições de experimentação. Assim a lei da gravidade de Newton, ou as equações de onda de Maxwell, podem ser verificadas por qualquer cientista que se disponha ao empreendimento.
No caso da Ciência Espírita, onde se estudam fenômenos ligados ao espírito humano, que tem um grau de liberdade muito maior que as grandezas fisicas, a reprodução dos experimentos exige muito maior preparação do experimentador e principalmente muito maior compreensão das condições de contorno que podem afetar o experimento. Assim, para reproduzir os trabalhos de Sir William Crookes com as materializações de Kate King o experimentador teria não somente de obter uma médium com possibilidades mediunicas equivalentes as de Miss Florence Cook, como também teria de ter a mesma seriedade nos propósitos. Na ciência do espírito, o estado de espírito do experimentador influência decisivamente os resultados - alguém dedicado a experiências frivolas ou sem maiores propósitos de edificação espiritual encontraria somente espíritos do mesmo gabarito a auxiliá-lo. Provavelmente não passaria de resultados mediocres e de fraudes vergonhosas.
(...)
nós reconhecemos a existência de seres superiores, pelo menos de um certo
estado superior do ser, nós acreditamos nos oráculos, nos presságios, nas
interpretações dos sonhos, na reencarnação. Mas essas crenças, que para nós são
uma certeza, não tentamos, de maneira alguma, impô-las às pessoas. Repito: não
queremos converter. O Budismo se atém acima de tudo aos fatos. Ele é uma
experiência, e até mesmo uma experiência pessoal. Lembre-se das tão famosas
palavras de Shakyamuni: "Espere tudo de você mesmo". XIV Dalai Lama
(A Força do Budismo)
Deixando-se de lado as questões
metafisicas, que para o Budismo não são essenciais, as duas doutrinas - os dois
caminhos espirituais - são extraordinariamente afins. Um
Budista e um Espírita trocando idéias perceberiam rapidamente que concordam no
essencial, nos meios para tornar o homem livre de sofrimentos, e que as
discordâncias de detalhes tem mais a ver com visões culturais diferentes do que
propriamente com a "essência" dos ensinamentos.
Para o Espírita a psicologia
budista traz ensinamentos valiosos e para o Budista os conhecimentos
cientificos espíritas lhe permitiriam estender sua compreensão de como o fluxo
de consciência "não-material" atua sobre o mundo material. Por
exemplo, no estudo da lei de Causa e Efeito, juntar os enfoques diferentes - a ciência
Espírita com a atuação do perispírito e o Budismo com o funcionamento da mente
- abriria novas perspectivas.
Um exemplo de um trabalho
bastante interessante, unindo os enfoques Budista e Espírita, é o livro
"Plenitude", do espírito Joanna de Ângelis, psicografado pelo médium
Divaldo Pereira Franco. Neste livro, a autora aborda o problema do sofrimento,
sua existência, suas causas e forma de eliminação. É um estudo bastante
criterioso e consistente, onde conceitos milenares do Budismo integrados aos
conhecimentos Espíritas fornecem o ferramental adequado para aprofundar o tema
e dar-lhe solução.
Tanto o Espiritismo como o
Budismo dão pouco valor ao proselitismo (a busca de conversões) e enfatizam o
respeito a todas as tradições religiosas, assim não há fontes de conflito ou
empecilhos maiores a troca de idéias e ao dialogo.
"Não
acredite em nada apenas por ter ouvido.
Não acredite nas tradições apenas por terem sido transmitidas através de inúmeras gerações.
Não acredite em nada apenas porque é dito e pregado por muitos.
Não acredite em nada apenas porque está escrito em livros religiosos.
Não acredite em nada apenas baseado na autoridade de um mestre ou sábio.
Mas depois de muita observação e análise, quando chegar à conclusão de que algo é razoável, e que conduz à felicidade e ao benefício seu e de todos, então aceite, e viva à altura do ensinamento." - Buda, citação no livro "O Despertar do Buda Interior" do Lama Surya Das (ed. Rocco).
Não acredite nas tradições apenas por terem sido transmitidas através de inúmeras gerações.
Não acredite em nada apenas porque é dito e pregado por muitos.
Não acredite em nada apenas porque está escrito em livros religiosos.
Não acredite em nada apenas baseado na autoridade de um mestre ou sábio.
Mas depois de muita observação e análise, quando chegar à conclusão de que algo é razoável, e que conduz à felicidade e ao benefício seu e de todos, então aceite, e viva à altura do ensinamento." - Buda, citação no livro "O Despertar do Buda Interior" do Lama Surya Das (ed. Rocco).
- Budismo
Recomendo, além dos livros de
Tenzin Gyatso, o XIV Dalai Lama, os livros "O Monge e o Filósofo" e
"O Despertar do Buda Interior". O "Dhammapada" por outro
lado é uma leitura obrigatória para se ter uma idéia da essência dos
ensinamentos morais de Buda;
Apenas como curiosidade, os
livros "O Monge e o Filósofo" e "A Força do Budismo" (vide
bibliografia) tiveram participação de autores franceses e uma observação que
salta a vista do leitor espírita é o desconhecimento deles com relação ao
Espiritismo (que teve seu nascimento na França, com as obras de Allan Kardec ).
Também espanta, para o leitor brasileito, perceber o quanto o materialismo está
impregnado no pensamento desses autores. A posição parece refletir uma
realidade bastante diferente do ambiente intelectual brasileiro, onde a
religiosidade natural do povo brasileiro e a crescente influência do
Espiritismo e de outras correntes espiritualistas, tornam o materialismo
militante uma exceção.
Devido ao materialismo destes
autores, a visão que apresentam da espiritualidade ocidental, nos diálogos com
o Dalai Lama e com o Monge Budista, é bastante superficial - praticamente
restrita ao Catolicismo - e assim deixam de abordar questões e aprofundar
comparações que seriam de extrema valia para o pensador Espírita. Por exemplo,
na questão da reencarnação apresentam um desconhecimento tão grande - mesmo das
recentes pesquisas com a terapia de vidas passadas, efetuadas pelos psicólogos
norte-americanos - que é dificil para seus interlocutores explicar com maiores
detalhes a visão Budista.
- Espiritismo
Sem duvida os livros de Allan
Kardec, principalmente "O Livro dos Espíritos", o "Livro dos
Médiuns" e o "Evangelho Segundo o Espiritismo", também recomendo
os livros de Léon Denis, principalmente "No Invisível". A
partir desta base há excelentes obras complementares, entre elas as
psicografadas pelo médium Francisco Cândido Xavier - impossivel deixar de citar
"O Consolador" do espírito Emmanuel e "Nosso Lar" de André
Luiz.
"Sempre que eu
interagir com alguém,
Que eu me veja como o menos importante de todos,
E, das profundezas do meu coração,
Respeitosamente considere os outros superiores."
A segunda das oito estrofes de Geshe Langri Thangpa sobre a transformação da mente.
("Transformando a Mente", Dalai Lama, Ed. Martins Fonte)
Que eu me veja como o menos importante de todos,
E, das profundezas do meu coração,
Respeitosamente considere os outros superiores."
A segunda das oito estrofes de Geshe Langri Thangpa sobre a transformação da mente.
("Transformando a Mente", Dalai Lama, Ed. Martins Fonte)
Pode parecer estranho encerrar uma série de artigos, que comparam as Doutrinas
Budista e Espírita, com uma homenagem a um médium, mesmo que seja um médium tão
extraordinário como Francisco Cândido Xavier. O motivo desta opção foi a de que
Chico Xavier ilustra de forma extremamente clara as afinidades entre o
Espiritismo e o Budismo.
Chico, independentemente de suas faculdades mediunicas, foi um ser humano impressionante. Nele as virtudes cristãs, que são a base moral da Doutrina Espírita, encontraram sua vivência completa. Ele foi um mensageiro do qual se pode dizer que, não só transmitiu fielmente a mensagem espírita, como se transformou na própria mensagem.
Similarmente, se olharmos Francisco Cândido Xavier com os olhos de um Budista, veremos nele a encarnação perfeita das virtudes ensinadas por Sidarta Gautama, na sua compaixão ilimitada para com todos os seres sencientes. Chico Xavier é um Bodhisattva na mais completa acepção deste termo, um espírito de luz, que para libertar-nos do sofrimento, veio nos trazer a verdade libertadora da prática incondicional do bem.
Fica portanto, como fechamento destes artigos, nossa profunda homenagem e gratidão ao "Mineiro do Século":
Chico, independentemente de suas faculdades mediunicas, foi um ser humano impressionante. Nele as virtudes cristãs, que são a base moral da Doutrina Espírita, encontraram sua vivência completa. Ele foi um mensageiro do qual se pode dizer que, não só transmitiu fielmente a mensagem espírita, como se transformou na própria mensagem.
Similarmente, se olharmos Francisco Cândido Xavier com os olhos de um Budista, veremos nele a encarnação perfeita das virtudes ensinadas por Sidarta Gautama, na sua compaixão ilimitada para com todos os seres sencientes. Chico Xavier é um Bodhisattva na mais completa acepção deste termo, um espírito de luz, que para libertar-nos do sofrimento, veio nos trazer a verdade libertadora da prática incondicional do bem.
Fica portanto, como fechamento destes artigos, nossa profunda homenagem e gratidão ao "Mineiro do Século":
Francisco Cândido Xavier
02/04/1910 - 30/06/2002
02/04/1910 - 30/06/2002
O Budismo tem uma história de
2.500 anos, sendo que parte de seu vocabulário vem das filosofias muito mais
antigas da India, cujas origens se perdem na noite dos tempos. Desta maneira é
preciso ter em mente que qualquer tradução para o nosso idioma é sempre
aproximada, que não temos termos exatos para traduzir palavras que acumulam
signficados de milênios de estudos ininterruptos.
Na relação abaixo indicamos se
os termos são usados por apenas uma das duas doutrinas, ou se são comuns as
duas. No texto procuramos indicar as variações de sentido quando
existirem.
Animismo:
Espiritismo
- Como o homem nada mais é do que um espírito encarnado, ele tem as mesmas
capacidades que um espírto liberto, apenas reduzidas pelo efeito do corpo
físico. Desta maneira existem fenômenos, bastante similares aos mediúnicos, que
tem sua origem no próprio "sensitivo" - ele não atua propriamente
como médium, pois não está atuando como intermediário, mas nem por isso estes
fenômenos são menos válidos para o estudo do espírito e do mundo
espiritual.Também pertencem a esta categoria, os fenômenos produzidos pelo
espírito encarnado sob o controle do seu inconsciente.
Bhiksu:
Budismo
- Monge, pessoa que se retirou da vida cotidiana para se dedicar a meditação e
ao estudo. Não é um sacerdote, apenas uma pessoa que dedica sua vida ao ideal
Budista de libertação do sofrimento pela estrita observância dos ensinamentos
de Buda. As práticas religiosas, ou rituais a que se dedica, longe de serem
fins em si mesmos, são métodos para exercicío da concentração. A palavra, pelas
suas origens, também tem o sentido de monge mendicante.
Bodhichitta:
Budismo
- Em seus livros, como por exemplo no "A Arte de Lidar com a Raiva"
(editora Campus) o Dalai Lama define Bodhichita como a aspiração altruísta de
alcançar a iluminação total, em benefício de todos os seres.
Bodhisattva:
Budismo
- No Budismo Mahayana é o ser ideal, aquele que atingiu todas as condições para
pretender o Nirvana, mas que adia sua libertação no objetivo de permanecer em
contato com este mundo sofredor. Ele se coloca a serviço dos seres por um
período de tempo que nada pode determinar, ou mesmo pode não ter fim,
ajudando-os a encontrarem o próprio caminho de libertação do sofrimento. O
aspirante a Bodhisattva busca atingir o despertar em benefício dos outros, e
este conceito é o ponto principal que caracteriza a escola Mahayana em
contraposição a escola Theravada.
Buda:
Budismo
- Iluminado, que atingiu a libertação da ignorância. Titulo respeitoso dado a
Sidarta Gautama, embora não seja exclusivo dele - todos os seres tem a
capacidade de um dia tornarem-se iluminados (Budas). A palavra que designa tal
capacidade do ser é algumas vezes (mal-) traduzida por "Budeidade".
Caminho do Meio:
Budismo
- É uma expressão também usada para designar o Budismo, pois esta doutrina
procura se afastar tanto dos extremos do ascetismo como do apego excessivo as
coisas materiais.
Causa e Efeito:
Budismo
e Espiritismo - Os nossos atos e pensamentos são ações que, dentro das leis
naturais do Universo, trarão uma reação. Dentro do ordenamento moral do
Universo, os atos que trazem sofrimento aos outros seres, tem como reação
natural o sofrimento de quem os praticou e do mesmo modo, os atos que resultam
no bem trazem o bem como retorno;Os Budistas consideram a lei de causa de
efeito como a lei básica do Universo, enquanto que os Espíritas a consideram
como uma das leis através da qual Deus age sobre o Universo. Para os Espíritas
outra lei universal, de igual importância, é a lei que rege o progresso
do espírito.
Codificação Espírita
Espiritismo
- O conjunto da obra de AllanKardec. Se convencionou chamar este conjunto de
"codificação" devido ao fato destas obras, que reunem os trabalhos de
pesquisa e análise desenvolvidos por Allan Kardec no estudo das comunicações
espíritas, formarem a base da Doutrina Espírita.
Dalai Lama:
Budismo
- "... Já disse, na introdução " - do livro que estamos
citando - " as palavras dalai-lama significam diferentes coisas
para diferentes pessoas, e que para mim eles se referem apenas ao cargo que
ocupo. A rigor, dalai é um vocábulo mongol que significa 'oceano', e lama é um
termo tibetano que corresponde à palavra hindu guru, significando 'superior'.
Juntas, as palavras dalai e lama são as vezes traduzidas como 'oceano de
sabedoria'. Mas isso, acho eu, é fruto de um mal-entendido. Originalmente,
Dalai era uma tradução parcial de Sonam Gyatso, nome do terceiro Dalai Lama:
Gyatso significa 'oceano' em tibetano. Outro e infortunado mal-entendido se
deve ao fato de os chineses darem à palavra lama o sentido de 'hou-fou', que
tem a conotação de 'Buda-vivo'. Isso é um erro. O budismo tibetano não
reconhece tal coisa. Apenas admite que determindados seres, dos quais o
Dalai-Lama é um, podem escolher a forma de sua reencarnação. Essas pessoas são
chamadas tulkus (encarnações)." Dalai Lama, "Liberdade no Exílio
- Uma autobiografia do Dalai Lama do Tibet", Ed. Siciliano.
Dharma:
Budismo - Geralmente, nos livros Budistas se refere
a doutrina de Buda. " Mas também pode ser usada com significado
muito mais amplo - ordem universal cósmica; lei eterna; moral; dever; virtude,
retidão; justiça. (Vocabulaire de l'Hindouisme de Herbert et Varenne). Os
autores registram Dharma com outros significados tais como Personificação da
Lei; Deus presidindo ao dharma, etc. No Ramakrishna-Vedanta
Wordbook; a brief Dicitionary of Hinduism, editado por Usha, Brahmacharini,
consta que literalmente significa "aquele que mantém sua verdadeira
natureza" e que a palavra denota mérito, moralidade, justiça, verdade,
dever religioso, ou o caminho da vida que uma natureza do homem lhe impõe
(which a man's nature imposes upon him), etc.
Muitas vezes, a palavra é empregada no sentido do caminho da vida próprio de um
ser, como quando se diz que cada indivíduo deve cumprir seu próprio dharma." (Élzio).
Espírita:
Espiritismo
- Que tem relação com o Espiritismo, partidário do Espiritismo, aquele
que crê nas manifestações dos Espíritos. Allan Kardec, cap. Vocabulário Espírita,
O Livro dos Médiuns.
Espiritismo:
Doutrina
fundada sobre a crença na existência dos Espíritos e das suas
manifestações. Allan Kardec, cap. Vocabulário Espírita, O Livro
dos Médiuns.
Espírito:
Espiritismo
- No sentido especial da Doutrina Espírita: os Espíritos são os
seres inteligentes da criação que povoam o Universo além do mundo material e
consttuem o mundo invisível. Não são seres de uma criação especial,
mas as próprias almas dos que viveram na Terra ou em outras esferas tendo
deixado seu envoltório corporal. Allan Kardec, cap. Vocabulário
Espírita, O Livro dos Médiuns.O mundo invisível está além do material não só
em sentido espacial, mas também qualitativo, interpenetrando-o. Comentário
de Herculano Pires ao verbete "Espírito" na sua tradução do "O
Livro dos Espíritos".
Karma:
Budismo
- A palavra significa ação, mas, por extensão, compreende também ao
resultado da ação. Não há diferença assim de causa e efeito.
(Elzio) As vezes é empregada significando "lei de Causa
e Efeito" (vide tópico correspondente) e outras como o resultado atual das
ações passadas.
Médium
Espiritismo
- (Do latim: medium = meio; intermediario; medianeiro) Pessoa que pode
servir de intemediária entre os espíritos e os homens; aquele que em um grau
qualquer sente a influência dos Espíritos de modo ostensivo. Todas as
variedades de médiuns apresentam uma infinidade de graus em sua
intensidade. Dicionário de Filosofia Espírita, L. Palhano Jr.
Mediunidade
Espiritismo
- É uma faculdade inerente ao homem que permite a ele a percepção, em
um grau qualquer, da influência dos Espíritos. Não constitui um privilégio
exclusivo de uma ou outra pessoa, pois, sendo uma possibilidade orgânica, é
hereditária e depende de um organismo mais ou menos sensitivo. Só se
classificam pessoas como médiuns, se a mediunidade se mostra bem caracterizada
e se traduz por efeitos patentes, de certa intensidade. Essa faculdade não se
revela, da mesma maneira, em todos. Geralmente os médiuns têm uma aptidão
especial para os fenômenos desta, ou daquela ordem, donde resulta que formam
tantans variedades quantas são as espécies de manifestações. Dicionário de
Filosofia Espírita, L. Palhano Jr.
Nirvana:
Budismo
-Literalmente a palavra tanto pode significar "ser extinguido"
(extinção), "cessar por sopro", quanto "resfriar por
sopro". O nirvana constitui a mais elevada e última meta de todas as
aspirações budistas, a extinção do "fogo" de, ou o resfriamento da
"febre" da avidez, ódio e delusão (os três principais males no
pensamento budista); e com estes também a libertação última e absoluta de todo
renascimento futuro, velhice e morte, de todo sofrimento e miséria.
Dhammapada, trad. Nissim Cohen, Ed. Palas Athena.
Perispírito:
Espiritismo
- (do grego, perí, ao redor) - Envoltório semimaterial do Espírito.
Entre os encarnados, serve de liame ou intemediário entre o Espírito e a
matéria. Entre os espíritos errantes, constitui o corpo fluídico do
Espírito. Allan Kardec, cap. Vocabulário Espírita, O Livro dos
Médiuns.
Reencarnação:
Budismo
e Espiritismo - A continuação da existência do ser em um novo corpo material
como consequencia da lei de ação e de reação. Há uma sutil diferença conceitual
entre o Espiritismo e o Budismo neste ponto. Para os Budistas, o ser em sua
essência é apenas um fluxo de consciência, ao qual se agregam diversos
elementos conforme o resultado da lei de causa e efeito. Não há propriamente um
ser individual se reencarnando, mas seu fluxo de consciência (que resulta de
uma existência para outra - e mesmo no mundo espiritual entre as encarnações -
na propagação de uma consciência individual, responsável por seus atos). Para o
Espiritismo, há um espírito imortal que se reencarna conforme suas necessidades
de progresso espiritual. Ao espírito puro - cuja essência nos escapa - se
agregam o perispiríto que é o instrumento através do qual ele atua no mundo
material.
Samsara:
Budismo
- Ciclo ou Roda de Renascimento. A fase da existência do ser em que ele está
preso ao ciclo de renascimentos, de uma vida após a outra. O Espiritismo não
tem uma palavra especifíca para este conceito.
Sangha:
Budismo
- O conjunto dos monges budistas. Não é uma classe sacerdotal, tal qual a
hierarquia da Igreja Católica ou os Brahmanes Hindus. É simplesmente o conjunto
das pessoas que se retirou da vida comum para se dedicar a meditação e aos
estudos da doutrina Budista. Pode-se dizer que corresponde ao ideal Budista de
vida, mas fora isso, não há distinções fundamentais entre leigos e sangha.
Shakyamuni:
Budismo
- O sábio do clã dos Shakya, outro dos nomes dados a Buda;
Sidarta Gautama:
Budismo
- O nome próprio de "Buda". Também se encontram as gráfias
"Sidharta" e "Siddharta";
Sutra :
Budismo
- A palavra "Sutra" era usada na India, na época do surgimento do
Budismo, para indicar um conjunto de palavras ou frases importantes reunidas em
um conjunto único. Como muitos ensinamentos de Buda foram reunidos na
forma de Sutras, o significado da palavra acabou se extendendo ao longo do
tempo, vindo a ser usada para designar genericamente todos os textos que trazem
sermões de Buda. Algumas vezes também é usada para outros textos Budista,
inclusive modernos, que são recitados.
Bibliografia
- Budismo
"A Arte de Lidar com
a Raiva - O Poder da Paciência", Dalai Lama, Editora Campus
É
a transcrição de um seminário dado pelo Dalai Lama sobre a Paciência e como
desenvolvê-la com base nos conhecimentos Budistas. Os comentários do
Dalai Lama se baseam na obra do monge Budista Shantideva (século
VIII)"Guia para o modo de vida de do Bodhisattva". Este livro de
Shantideva é um clássico da escola Mahayana. Para se ter maior proveito
na leitura é interessante ler primeiro outros texto mais genéricos do Dalai
Lama, como, por exemplo, o "Mundo do Budismo Tibetano".
"A Doutrina de
Buda", Siddhart Gautama, Ed. Martin Claret
Compilação
de textos com os ensinamentos de Buda, inclusive sobre as "Quatro Nobres
Verdades". É uma referência valiosa no estudo da Doutrina Budista.
"A Força do Budismo",
Sua Santidade o XIV Dalai Lama e Jean-Claude Carrière, Ed. Mandarim
Entrevista
com o Dalai Lama em que são discutidos diversos aspectos do Budismo,
principalmente com relação a importantes questões do mundo moderno (a
entrevista foi feita em 1994);
"Breve História do
Budismo", Nan Huai-Chin, Ed. Gryphus
História
do Budismo desde seu surgimento até os dias atuais. Excelente trabalho,
principalmente considerando-se a dificuldade existente com a história dos
primeiros séculos. A própria concepção filosófica das escolas de pensamento
hindu as levaram a dar pouco valor a biografias e trabalhos históricos
acurados, como ao gosto de gregos e romanos.
"Budismo: Psicologia do
Autoconhecimento", Dr. Georges da Silva & Rita Homenko
Muito
bom trabalho sobre o Budismo, enfocando principalmente sua psicologia.
"Dhammapada - A Senda da
Virtude", trad. Nissim Cohen, ed. Palas Athena
É
uma antologia de ditos ou máximas, que se referem aos ensinamentos morais de
Buda. Os Budistas o consideram um compêndio do ensinamento essencial deste e o
tem em grande estima. Desta maneira é uma das obras mais populares e conhecidas
da literatura budista. A tradução da editora Palas Athena, do texto em
páli (uma das linguas antigas da India, muito utilizada nos primeiros séculos
do Budismo) é enriquecida por notas explicativas e pela tradução poética, em
estrofes muito próximas da forma original. O Dhammapada é uma leitura
obrigatória para que se interesse pelo estudo do Budismo.
"Liberdade no Exílio: Uma
autobiografia do Dalai Lama", Sua Santidade o XIV Dalai Lama, Ed.
Siciliano
Desnecessário
dizer que é a melhor fonte a respeito da vida do Dalai Lama e de sua visão de
mundo.
"Meditação Andando",
Thich Nhat Hanh, Ed. Vozes
Um
pequeno guia de meditação, especificamente para ser
praticada caminhando. É um trabalho que vale a pena ser lido, pois ilustra a
aplicação prática das técnicas de meditação Budista.
"O Budismo no Brasil",
Frank Usarki (organizador), Editora Lorosae
É
um conjunto de trabalhos acadêmicos que enfocam a história da divulgação do
Budismo no Ocidente e especificamente no Brasil. Descreve as principais seitas
Budistas que tem representantes em nosso país.
"O Caminho da
Felicidade", Sua santidade o XIV Dalai Lama, Ed. Agir
Guia
prático a meditação, como é vista pelo Budismo Tibetano. Como todos os livros
do Dalai Lama, altamente recomendável.
"O Despertar do Buda Interior -
Sabedoria Tibetana para o Ocidente", Lama Surya Das, Ed. Rocco
O
autor, um Lama de origem americana, apresenta de forma bastante clara, e adequada
para um publico ocidental, os conceitos básicos do Budismo Tibetano. É um livro
bastante interessante e agradável de se ler.
"O Livro de Ouro do
Zen", David Scott & Tony Doubleday, Ed. Ediouro
É
um livro que dá uma visão geral do Budismo Zen, tanto de sua história como de
seus ensinamentos.
"O Monge e o
Filósofo, O Budismo Hoje", Jean-François Revel e Matthieu Ricard, Ed.
Mandarim
Este
livro apresenta o diálogo entre um importante filósofo frânces e seu filho, que
se converteu ao Budismo e passou vários anos estudando junto aos monges
Tibetanos, inclusive tendo servido de interprete para o Dalai Lama em suas
visitas a frança. É um livro excelente, pois trata diretamente das principais
questões que se apresentam a um Ocidental quando este estuda o Budismo.
"O Mundo do Budismo
Tibetano - Uma visão geral de sua filosofia e prática", Dalai Lama, Ed.
Nova Fronteira
Como
o título indica, é uma apresentação feita pelo Dalai Lama, sempre no mesmo
padrão de simplicidade e clareza que lhe é característico, dando uma visão
geral do Budismo Tibetano. Desnecessário dizer que é obra obrigatória para quem
se interessar em aprofundar os conhecimentos sobre o Budismo Tibetano.
"Portões da Prática
Budista", Chagdud Tulku Rinpoche, Rigdzin Editora
Um
excelente texto sobre o Budismo, seus conceitos filosóficos e os pensamentos
que são as bases de suas práticas de meditação.
"Transformando a
Mente", Sua santidade o XIV Dalai Lama, Ed. Martins Fontes
Comentários
do Dalai Lama sobre uma importante obra Budista - As oito estrofes sobre a
transformação da mente - ao longo dos quais explica com bastante clareza alguns
pontos muito dificeis do pensamento Budista, como por exemplo a questão da
reencarnação e da lei de Causa e Efeito. Foi onde pela primeira vez consegui
entender o que significava o ser sem um "espírito" eterno (o fluxo de
consciência que sobrevive a morte e não se extingue jamais, pois mesmo depois
de atingir o Nirvana continua a ser alguma coisa - para o Budismo Tibetano o
Nirvana não é a extinção no nada, como erroneamente interpretam os Ocidentais).
-
Espiritismo
"Allan Kardec", Zêus Wantuil e Francisco Thiesen, FEB
Um
dos melhores trabalhos biográficos espíritas. Estudo bastante detalhado da vida
do Codificador e de sua obra.
"A Reencarnação",
Gabriel Delanne, trad. Carlos Imbassahy, FEB
Neste
livro, Gabriel Delanne apresenta um estudo detalhado da reencarnação,
abrangendo seus aspectos históricos, sua comprovação científica e suas
conseqüências filosóficas e morais.
"As vidas de Chico
Xavier", Marcel Souto Maior, Ed. Rocco
Uma
biografica de Chico Xavier preparada por um jornalista. Apresenta os principais
fatos e em termos gerais dá uma boa visão do que significa este grande médium
para o Espiritismo brasileiro.
"Bezerra de Menezes",
Canuto Abreu, Ed. Feesp
Biografia
de Bezerra de Menezes, excelente trabalho escrito com o objetivo de contruir
para a compreensão da história do Espiritismo na virada do século XIX para o
XX.
"Chico Xavier - Mandato
de Amor", União Espírita Mineira
Coletânea
de textos sobre a vida de Francisco Cândido Xavier, principalmente depoimentos
de pessoas que conviveram diretamente com ele. O resultado é uma visão geral de
sua biografia e de sua personalidade. Os textos foram muito bem escolhidos e
organizados. Inegavelmente, Chico Xavier, vivenciou a Doutrina Espírita em toda
sua plenitude. O mensageiro que foi a própria mensagem.
"Considerações sobre
as idéias de verdade e controversias em torno dos ensinos dos Espíritos",
Ademir L. Xavier Junior
Artigo
publicado no Boletim GEAE 367 , de outubro de 1999, discutindo os
diversos aspectos do "Critério de Concordância Universal" proposto
por Allan Kardec, como mecanismo de validação das idéias espíritas e resolução
de controvérsias nos ensinos transmitidos pelos espíritos.
"Cronologia Espírita",
Carlos A. I. Bernardo, GEAE
Uma
compilação, para divulgação na página do GEAE, dos eventos que marcaram a
História do Espiritismo. Seu objetivo é de servir de ponto inicial para
pesquisas mais elaboradas sobre o tema.
"Deus na
Natureza", Camille Flammarion, FEB
"Destina-se
esta obra a representar o estado atual dos nossos conhecimentos precisos, sobre
a Natureza e o homem. A exposição dos últimos resultados a que atingiu a
inteligência humana bo estudo da Criacão é, ao nosso ver, a verdadeira base
sobre a qual se há de fundar doravante toda a convicção filosófica e
religiosa". Camille Flammarion, introdução.Como se vê pelo trecho acima de
Flammarion - um dos grandes pioneiros do Espiritismo - este livro trata
da questão da existência de Deus e do que se pode compreender a seu respeito
pelo estudo da Natureza. Natureza a qual também pertence o ser humano, espírito
imortal temporariamente revestido de um corpo material.
"Dicionário de Filosofia
Espírita", L. Palhano Jr., Edições Celd
Excelente
obra de consulta sobre os termos utilizados pela Doutrina Espírita.
"Espírito, Perispírito e
Alma", Hernani Guimarão Andrade, Ed. Pensamento
Ensaio
sobre as relações entre o corpo espiritual e o material, onde Hernani apresenta
suas idéias sobre o "Modelo Organizador Biológico.
"História do
Espiritismo", Arthur Connan Doyle, Ed. Pensamento
É
ainda hoje um dos melhores documentos sobre o inicio do Moderno Espiritualismo
e do Espiritismo. Naturalmente - devido ao Autor estar diretamente ligado ao
espiritualismo moderno - pouco se estende sobre o Espiritismo propriamente
dito.
"Mediunidade e
Sintonia", Emmanuel, Francisco Cândido Xavier, Ed. Cultura Espírita
União
Um
pequeno livro de Emmanuel que traz observações e anotações em torno da
Mediunidade e da Sintonia. Extraordinário em sua simplicidade e profundidade
das observações.
"No Invisivel",
Léon Denis, FEB
Como
todas as obras de Léon Denis um trabalho magistral de apresentação da Doutrina
Espírita.
"O Consolador",
Emmanuel, médium Francisco Cândido Xavier, FEB
Ampla
discussão de temas doutrinários, por meio de perguntas, ao espírito Emmanuel.
Através das diversas questões, cobre temas científicos, filosóficos e
religiosos, destacando o papel do Espiritismo como Consolador prometido por
Jesus.
"O Espiritismo é uma
religião ?", Allan Kardec, Boletim GEAE
número 277
O texto "O Espiritismo é uma Religião ?"
corresponde ao discurso de abertura da sessão anual comemorativa do
"Dia dos Mortos" na Sociedade de Paris, realizada em 1.o
de Novembro de 1868. O discurso foi transcrito da "Revista
Espírita" de dezembro de 1868, tradução de Julio
Abreu Filho, da coleção das obras completas de Allan
Kardec publicada pela Editora Edicel.Ele nos parece a chave
para a compreensão do que Kardec entendia por "religião",
como encarava o papel desempenhado pelas
"religiões", a sua visão da doutrina
Espirita dentro deste contexto e porque preferia nao
apresentar o Espiritismo como uma religião.
Kardec
nao rejeitava a religião, nem o sentimento religioso - pelo
contrario - nao tibutea em aplicar
essa designação ao Espiritismo, inclusive usando para enfatizar sua
posição a expressão "e nós nos glorificamos por isto",
quando entendida no seu sentido filosofico. É principalmente
para evitar equivocos com o uso vulgar - na sua inseparavel associação a culto e
a forma - que ele não utiliza a palavra e se restringe a
designa-lo como doutrina filosofica e moral.
"O Livro dos
Espíritos", Allan Kardec, tradução de Sandra Keppler, Editora Mundo Maior
Tradução
recente, e bem feita, da obra básica da Doutrina Espírita. Apresenta a vantagem
de atualizar a gramática e o vocabulário usado no texto em português para a
tradução das idéias expressas no original Francês, tornando a leitura mais
agradável e acessivel. A atualização do texto português fugiu da tentação de
modificar termos tornados já clássicos na literatura espírita e onde necessário
acrescentou notas explicativas. Uma única observação, sem maiores implicações,
é que no prefácio da obra, a tradutora optou pela variante "Denisard
Hypolite Leon Rivail" para o nome de Kardec, baseando-se na interpretação
do nome grafado no seu registro civil (certidão de nascimento), enquanto que
"Hippolyte Léon Denizard Rivail" é o que consta da certidão de
casamento e era o que Kardec usava nos seus trabalhos pedagógicos.
"O Problema do Ser, do
Destino, e da Dor", Léon Denis, FEB
Obra
prima de Léon Denis em que a Doutrina Espírita é apresentada e estudada a
fundo.
"Obras completas de Allan
Kardec", Allan Kardec, Ed. Edicel
Nas
obras de Kardec se encontram as bases da Doutrina Espírita. Desde os livros
básicos até a Revista Espírita, que dirigiu durante vários anos, são leitura
obrigatória para quem queira entender realmente o Espiritismo.
"Os Animais tem Alma
?", Ernesto Bozzano, trad. Dr. Francisco Klörs Werneck, Editora Eco
Neste
trabalho, Ernesto Bozzano, análisa os fatos que comprovam a existência da alma
nos animais, sua sobrevivência após a morte e sua relação com a lei de
progresso através da reencarnação.
"Pérolas no Fio",
Yogashririshinam, médium Elzio Ferreira de Souza, Círculo Espírita da Oração
Este
excelente trabalho mediunico é complementado por um valioso conjunto de notas
explicativas. As notas abrangem diversos problemas da filosofia hindu vistos
sob a ótica espírita e são valiosos para o estudioso que deseje compreender
melhor o tema.
"Plenitude",
Joanna de Ângelis, médium Divaldo Pereira Franco, Ed. LEAL
Extensa
análise do problema do sofrimento, sua existência, suas causas e forma de
eliminação, apresentando a proposta Espírita para sua solução. O livro utiliza
a filosofia Budista como ferramenta de apoio na apresentação e discussão do
problema, sendo um excelente exemplo da cooperação que pode ser atingida pelas
duas filosofias.
Série de livros de André Luiz
(médium Francisco Cândido Xavier, alguns em parceria com o médium Waldo Vieira)
editados pela FEB: Nosso Lar, Os Mensageiros, Missionários da Luz,
Obreiros da Vida Eterna, No Mundo Maior, Agenda Cristã, Libertação, Entre a
Terra e o Céu, Nos Domínios da Mediunidade, Ação e Reação, Evolução em Dois
Mundos, Mecanismos da Mediunidade, Conduta Espírita, Sexo e Destino,
Desobsessão, E a Vida Continua .
Sequência
de livros onde André Luiz narra sua experiência como espírito desencarnado e os
estudos que realiza no plano espiritual. É uma série obrigatória para qualquer
estudioso que deseje conhecer a Doutrina Espírita em todos os seus
desdobramentos.
- Outros "Espiritualidad
Hinduista", Daniel Acharuparambil, série "Biblioteca de Autores
Cristianos", La Editorial Catolica
Estudo
bastante detalhado do pensamento Hindu, de sua filosofia aplicada aos problemas
do espírito. O autor trata do Hinduísmo nas suas diversas correntes de
pensamento, do Hinduismo popular e dedica também um capítulo a Gandhi. Não
chega a tratar do Budismo, mas como este tem suas raizes na civilização hindu,
muitas das questões tratadas ajudam a entender melhor o fundo sobre o qual esta
doutrina nasceu e se desenvolveu.
"Filosofias da India",
Heinrich Zimmer, Ed. Palas Athena
Um
dos livros clássicos sobre as filosofias da India. Permite entender o pano de
fundo a partir do qual o Budismo surgiu e o porque de algumas de suas
características.
"India, A History", John Keay, Ed. Harper Collins
Visão
geral da história da India, desde as origens da civilização do vale do Indu aos
nossos dias. Permite ver o panorama geral em que o Budismo nasceu e os impactos
das invasões estrangeiras a partir do Islã.
"La Filosofia de los
hindues", Helmuth von Glasenapp, Ed. Barral
Outro
livro clássico a respeito da filosofia hindu. Da mesma forma que o de Heinrich
Zimmer permite entender qual eram as correntes de pensamento na época de Buda e
nos séculos iniciais do Budismo.
"Maomé e Carlos Magno",
Henri Pirenne, Ed. Asa
Um
dos melhores trabalhos que já li sobre o início da Idade Média. Analisa
detalhadamente como o mundo ocidental passou do período final do Império Romano
ao quase desaparecimento da civilização no começo do período medieval. Das
invasões barbaras a expansão do Islã, mostra claramente que o maior impacto foi
o fechamento do mediterrâneo ao Ocidente - cortanto a comunicação com o Oriente
- e o isolamento dos povos europeus.
"Milênio, uma história de
nossos últimos mil anos", Felipe Fernández-Armesto, Ed. Record
Estudo
histórico sobre o último milênio. Apresenta uma visão global da história e das
transformações por que passou a humanidade nestes últimos mil anos. Bastante
interessante por mostrar a mudança nas relações entre o Ocidente e o Oriente
neste período, principalmente desfazendo alguns enganos que ocorrem quando se
estuda a história de um ponto de vista unilateral (como por exemplo, nas
histórias da expansão do Ocidente na idade moderna e contemporânea). Também dá
uma boa visão do contexto histórico recente das regiões Budistas.
"Mohandas K. Gandhi:
Autobiografia", Mohandas K. Gandhi, Ed. Palas Athena
Nesta
obra Gandhi explica o desenvolvimento de suas idéias a respeito da
não-violência e de sua busca pela verdade. Muito mais que uma autobiografia no
sentido clássico, é uma apresentação de seu pensamento e ideais. É uma obra que
não deve se deixar de ler.
"The Origin of Species", Charles Darwin, The Modern Library
(New York)
Obra
em que Charles Darwin apresenta a teoria da evolução das espécies pela seleção
natural.
- Artigos sobre Filosofias do Oriente publicados no
GEAE - Bhagavad Gita, Carlos
Iglesia, Boletim 103 ;
- Lei de Causa e Efeito segundo o ensino Budista, Claude Huss, Boletim 116 ;
- Sobre Budismo, Claude Huss, Boletim 120 ;
- Sobre Budismo, Claude Huss, Boletim 122 ;
- Sobre Budismo, Claude Huss, Boletim 124 ;
- Sobre o Karma, Claude Huss, Boletim 179 ;
- Papel de Jesus fora do Ocidente, autores diversos, Boletim 355 ;
- Filosofia Indiana e Filsofia Espírita, Elzio Ferreira de Souza, Boletim 394 ;
- A Civilização Hindu e o Espírito de Tolerância, Carlos Iglesia, Boletim 398 ;
- Budismo (site sobre Budismo), Henrique, Boletim 402 ;
- Meditação, uma Disciplina Espiritual, XIV Dalai Lama, Boletim 409
- Lei de Causa e Efeito segundo o ensino Budista, Claude Huss, Boletim 116 ;
- Sobre Budismo, Claude Huss, Boletim 120 ;
- Sobre Budismo, Claude Huss, Boletim 122 ;
- Sobre Budismo, Claude Huss, Boletim 124 ;
- Sobre o Karma, Claude Huss, Boletim 179 ;
- Papel de Jesus fora do Ocidente, autores diversos, Boletim 355 ;
- Filosofia Indiana e Filsofia Espírita, Elzio Ferreira de Souza, Boletim 394 ;
- A Civilização Hindu e o Espírito de Tolerância, Carlos Iglesia, Boletim 398 ;
- Budismo (site sobre Budismo), Henrique, Boletim 402 ;
- Meditação, uma Disciplina Espiritual, XIV Dalai Lama, Boletim 409
(Artigo originalmente publicado nos Boletins GEAE de
428 a 445 e reproduzido com
autorização do autor)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Paz e Alegria! Sua contribuição é muito importante para nosso aprendizado! Compartilhe suas idéias! Sugira novas fontes de pesquisa,filmes, livros,videos sobre o tema!