A DEPRESSÃO
NA VISÃO ESPÍRITA
Dr. Wilson Ayub Lopes
A depressão pode ser conceituada como uma alteração
do estado de humor, uma tristeza intensa, um abatimento profundo, com
desinteresse pelas coisas. Tudo perde a graça, o mundo fica cinza, viver
torna-se tarefa difícil, pesada, com idéias fixas e pessimistas.
Poderíamos considerá-la como uma emoção estragada.
As emoções naturais devem ser passageiras, circularem normalmente, sem
desequilibrar o ser. A tristeza por exemplo, é uma emoção natural, que nos leva
a entrar em contato conosco, à introspecção e à reflexão sobre nossas atitudes.
Agora, uma vez estagnada, prolongada, acompanhada de sentimento de culpa, nos
leva a depressão.
Podemos dividir a "depressão" em três
formas, de acordo com o fator causal:
- Depressão Reativa ou Neurose Depressiva: Esta
depende de um fator externo desencadeante, geralmente perdas ou frustrações,
tais como separação, perda de um ente querido, etc.
- Depressão Secundária a Doenças Orgânicas:
Acidente vascular cerebral ("derrame"), tumor cerebral, doenças da
tireóide, etc.
- Depressão Endógena: Por deficiência de
neurotransmissores. Exemplos: depressão do velho, depressão familiar e psicose
maníaco-depressiva.
Estima-se que a depressão incida em cerca de 14% da
população, ou seja, temos no Brasil cerca de 21 milhões de deprimidos. Ela
afeta todo o ser, acarretando uma série de desequilíbrios orgânicos, sobretudo,
comprometendo a qualidade de vida, tornando a criatura infeliz e com queda do
seu rendimento pessoal.
André Luiz cita nas suas obras que os estados da
mente são projetados sobre o corpo através dos bióforos que são unidades de
força psicossomáticas que se localizam nas mitocôndrias. A mente transmite seus
estados felizes ou infelizes a todas as células do nosso organismo através dos
bióforos. Ela funciona ora como um sol irradiando calor e luz, equilibrando e
harmonizando todas as células do nosso organismo, e ora como tempestades,
gerando raios e faíscas destruidoras que desequilibram o ser.
Segundo Emmanuel, a depressão interfere na mitose
(divisão) celular, contribuindo para o aparecimento do câncer e de outras
doenças imunológicas, sobretudo a deficiência imunitária facilitando às
infecções. Na depressão existe uma perda de energia vital no organismo, num processo
de desvitalização. O indivíduo perde energia por dois mecanismos principais:
1º) Perde sintonia com a Fonte Divina de Energia
Vital: O indivíduo não se amando como deve, com sentimento de auto-estima em
baixa, afasta de si mesmo, da sua natureza divina, elo de ligação com a fonte
inesgotável do Amor Divino. Além do mais, o indivíduo ao se fechar em seus
problemas e suas mágoas, cria um ambiente vibracional negativo que dificulta o
acesso da Espiritualidade Maior em seu benefício.
2º) Gasto Energético Improdutivo: O indivíduo ao
invés de utilizar o seu potencial energético para desenvolver potencialidades
evolutivas, vivendo intensamente as experiências e os desafios que a vida lhe
apresenta, desperdiça energia nos sentimentos de auto-compaixão, tristeza e
lamentações. Sofre e não evolui.
Causas Principais - A depressão está freqüentemente associada a dois sentimentos básicos: a
tristeza e culpa degenerada em remorso. Quando por algum motivo infringimos a
lei natural, ao tomarmos consciência do erro cometido, temos dois caminhos a
seguir:
1 -
Erro>Consciência>Arrependimento>Tristeza>Reparação
2 - Erro>Consciência>Culpa-Remorso
(idéia fixa)>Depressão
O primeiro caminho é meio natural de nosso
aperfeiçoamento. Uma vez tomando consciência de nossas imperfeições e erros
cometidos, empreendemos o processo de regeneração através de lições
reparadoras.
De outra maneira, se ao invés nos motivarmos a nos
recuperarmos, nós nos abatermos, com sentimento de desvalia, de auto-punição, e
permanecermos atrelados ao passado de erros, com idéias fixas e
auto-obsessivas, nós estaremos caminhando para o estado de depressão, que é
improdutivo no sentido de nossa evolução.
Para François Geneve então, a causa inicial é esta
ânsia frustrada de felicidade, liberdade almejada pelo espírito encarnado,
acrescido das atribulações da vida com suas dificuldades de relacionamento
interpessoal, intensificada pelas influências negativas de espíritos encarnados
e desencarnados.
Outro fator que está determinando esta incidência
alarmante de depressão nos nossos dias é o isolamento, a insegurança e o medo
que estão acometendo as pessoas na sociedade contemporânea. Absorvido pelos
valores imperantes como o consumismo, a busca do prazer imediato, a
competitividade, a necessidade de não perder, de ser o melhor, de não falhar, o
homem está de afastando de si e de sua natureza. Adota então uma máscara
(persona), que utiliza para representar um "papel" na sociedade. E,
nesta vivência neurotizante, ele deixa de desenvolver suas potencialidades, não
se abre, nem expõe suas emoções, pois estas demonstram quem de fato ele é.
Enclausurado, fechado nesta carapaça de orgulho e egoísmo, ele se isola e se
sente sozinho. Solidão, não no sentido de estar só, mas de se sentir só. Mais
do que se sentir só é a insatisfação da pessoa com a vida e consigo mesma. O
indivíduo nessa situação precisa se cercar de pessoas e de coisas para ficar
bem, pois, desconhece que ele se basta pelo potencial divino que tem.
A solidão é conseqüência de sua insegurança, de sua
imaturidade psicológica. Nos primeiros anos de vida, a criança enquanto frágil
e insegura, é natural que tenha necessidade de que as pessoas vivam em função
delas, dando-lhes atenção e proteção. É a fase do egocentrismo,
predominantemente receptiva. Com o seu amadurecimento, começa a criar uma boa
imagem de si, tornando-se mais seguro, e a partir de então, passa a se doar, a
se envolver e a participar mais do a mundo. O que acontece é que certas
pessoas, por algum motivo, têm dificuldades neste processo de amadurecimento
afetivo, mantendo-se essencialmente receptivas e não participativas, exigindo
carinho, respeito e atenção, sem se preocuparem da mesma forma com os outros.
Fazem-se de vítimas, pobre coitados, sem as responsabilizarem por si. Conseguem
o seu equilíbrio às custas das conquistas exteriores. A primeira frustração que
se deparam, não toleram, pois expõe suas fraquezas e isto motiva um quadro de
depressão.
Em alguns idiomas, doença e vazio têm a mesma
tradução. A doença seria decorrente de um vazio de sentimentos que gera
depressão e adoece o ser.
A pessoa que tem dificuldade nesta composição de
amar a si e, por conseqüência, amar o próximo, deixa de receber o amor e a
simpatia do outro, e não consegue entrar em sintonia com a fonte sublime
inesgotável do Amor Divino. Nós limitamos aquilo que recebemos de Deus, na
medida do quanto doamos ao próximo. Quem ama muito, muito recebe. Quem pouco
ama, pouco recebe. Esse afastamento de si, e por conseguinte de Deus, gera a
tristeza, o vazio, a depressão e a doença.
Tratamento - A depressão
é um sintoma que nos diz que não estamos nos amando como deveríamos. O caminho
para sairmos dela é preencher este vazio com a recuperação da auto-estima e do
amor em todos os sentidos.
Primeiro, procurando nos conhecer e nos analisar,
com o intuito de nos descobrirmos, sem nos julgarmos, sem nos punirmos ou nos
culparmos. E depois, nos aceitarmos como somos, com todas as nossas limitações,
mas sabendo que temos toda potencialidade divina dentro de nós, esperando para
desabrochar como sementes de luz. Isto nada mais é do que desenvolver a fé em
si e no criador, sentimento este que transforma e que nos liga diretamente a
Deus.
Uma pessoa consciente de sua riqueza interior passa
a ter segurança e fé nas suas potencialidades infinitas, começando a gostar e
acreditar em si, amando-se e a partir de então, sentindo necessidade de
expandir este sentimento a tudo e todos. Começa assim a se despertar para os
verdadeiros valores da vida espiritual, se transformando numa pessoa feliz e
sorridente, pois onde existe seriedade, há algo de errado; a seriedade está
ligada ao ser doente. Sorria e seja feliz amando e servindo sempre.
A terapia contra a depressão se baseia no amar e no
servir, se envolvendo em trabalhos úteis e no serviço do bem. Seja no trabalho
profissional, no trabalho do lazer, ou no trabalho de servir ao próximo, o
indivíduo se ocupa, exercita o amor, e deixa de se envolver com as lamentações,
pois a infelicidade faz seu ninho no escuro dos sentimentos de cada um.
Dificilmente conheceremos um deprimido, entre aqueles que trabalham a serviço
do bem.
Para doarmos este amor, não basta somente fazermos
obras de caridade, temos que nos tornarmos caridosos; antes de fazermos o bem
temos que ser bons. Darmos um pão, um agasalho, mais junto colocarmos uma boa
dose de afeto e carinho. Ser acima de tudo generosos, que é a caridade com
afeto.
As pessoas estão com fome de amor, de calor humano,
um ombro amigo, um abraço, um aconchego e uma palavra de carinho. Às vezes, com
um simples sorriso, um bom dia, um olhar afetuoso, nós estamos doando energia e
transmitindo vida. O homem alcançou um enorme progresso intelectual,
satisfazendo suas necessidades materiais com os avanços tecnológicos. Porém,
ainda se depara com enormes dificuldades na convivência fraterna com o seu
semelhante. Estamos cada vez mais próximos um dos outros através dos meios de
comunicação e, no entanto, mais afastados emocionalmente.
Agora, o homem está sentindo a necessidade premente
de desenvolver a afetividade, de se envolver, amar e sentir o seu semelhante.
Temos que ressuscitar e liberar a criança que está esquecida dentro de nós.
Para resgatarmos esta criança que adormece em nós,
é necessário que vejamos o mundo de forma positiva e otimista. A nossa criança
interior, geralmente se encontra retraída e oprimida, porque a vida nos
apresenta de forma desagradável; ainda não vivemos de forma natural, espontânea
e isto gera ansiedade e sofrimento. Como a criança é movida pelo prazer, ela se
recolhe e não se manifesta. A criança não se julga, não se pune. Ela apenas
vive o hoje, o agora, integrada perfeitamente a Deus e à natureza. "Deixai
vir a mim as criancinhas porque o reino dos céus é de quem vos assemelham"
- com estas palavras quis Jesus dizer que teremos que ser puros, autênticos,
integrados com a nossa natureza divina, sem fugas ou máscaras, para alcançarmos
a nossa evolução espiritual.
Ter atitudes simples, como lidar com animais,
brincar com crianças, atividades criativas como a pintura, tocar um
instrumento, fazer pequenas tarefas domésticas, cozinhar, manter uma conversa
amena, contar um caso, ver um bom filme, escutar uma música, cantar, sorrir,
ouvir com atenção, olhar com ternura, tocar as pessoas, abraçar, fazer um
elogio sincero, curtir a natureza, admirar o por do sol, etc. Estas são tarefas
que muito lhe ajudará a reencontrar o equilíbrio e a harmonia interior. Manter
sempre o bom humor.
Aquele que tem no ideal de servir uma meta de vida,
será sempre uma pessoa feliz. Na vida o que mais importa é o amor e o bem
querer das pessoas, viver suas emoções; não se deixar afetar por coisas
pequenas. Muitas vezes nos deixamos abater por problemas, que se olharmos com
olhos de Espíritos Eternos em passagem pela Terra, não valorizaríamos.
Substituir sentimentos de auto-piedade por vibrações em favor dos que sofrem.
Se olharmos com atenção e interesse ao nosso redor, veremos que existem pessoas
com problemas muito piores, que o nosso a pedir socorro.
Procurar praticar atividades físicas regulares,
como a caminhada, um esporte, um lazer. A mente parada começa a criar
pensamentos negativos, que se assemelham a lixos amontoados dentro de casa.
Com estas atividades, você estará desviando sua mente destes pensamentos
deletérios.
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Tornar-se empreendedor, dinâmico, criando idéias
novas e construtivas em benefício do semelhante, com motivação para
implementá-las, junto ao grupo ou a comunidade que pertence. Não fique
estagnado esperando que a coisas aconteçam em seu favor. Aja em favor do
próximo e não se surpreenda se você for o mais beneficiado.
Leituras edificantes, uma conversa com um amigo, um
terapeuta ou um orientador espiritual, ajuda você a ver o problema por um outro
ângulo. A oração é um recurso indispensável no processo de recuperação. Através
dela estabelecemos sintonia com a Espiritualidade Maior, facilitando o caminho
para que nos inspirem e revigorem nossas energias. Não nascemos para sofrer. A
vontade de Deus é a nossa alegria e a nossa felicidade. Se sofrermos é por
nossa causa. Os nossos problemas e nossas dificuldades devem ser interpretadas
como instrumentos para nossa evolução. Nunca devemos nos deprimir ou nos
revoltar contra eles. O melhor aprendizado, é aquele que tiramos de nossa
própria vida. Vocábulo "crise" em algumas línguas podem ter dois
significados: a oportunidade ou perigo. Oportunidade de crescimento ou perigo
de queda.
O que importa é sabermos que os problemas que
deparamos na vida só surgem quando já temos condições de solucioná-los. Como
disse o Mestre Jesus: "O Pai não coloca fardos pesados em ombros
fracos". Deste modo, ficamos mais fortes ao saber que temos todas as
condições interiores, para enfrentar as dificuldades que a vida nos apresenta.
Ter consciência, que acima de tudo, tem um Deus maior a zelar por nós e que
nunca nos abandona.
Confiar em Jesus e seguir seu exemplo de vida:
"Eu sou o Bom Pastor; tende bom ânimo; não se turbe o vosso coração; vinde
a mim vós que andais fatigados, cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei".
- Textos:
FEIG - Fraternidade Espírita Irmão Glacus
Rua Henrique Gorceix, nº 30 - Padre Eustáquio -
Belo Horizonte - MG, Cep: 30.720-360
Tel./Fax: (31) 3411-9299 / Site: www.feig.org.br
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