Dentro
do tema da mobilidade religiosa que abordei no texto abaixo,
verifica-se a intensa transmigração entre os frequentadores das chamadas
igrejas neopentecostais. Cerca de 40% dos fiéis migram "internamente"
entre as várias denominações do rebanho. E são as migrações que mais
falam de uma característica que não pertence apenas a este seguimento :
a crença para satisfazer à si mesmo, para serem beneficiados,
sobretudo, em coisas materiais. Esse é um problema de várias
denominações, que propagam a fé cristã como elemento de salvação pessoal
e não como uma construção de uma consciencia ético - moral, capaz de
tornar o fiel um agente de transformação da civilização, pelas atitudes
de solidariedade humana, edificando a felicidae pelo que oferta aos
outros e à vida e não pelo que pode receber dos céus.
E
me parece que aí está a grande distonia entre a cristandade de bilhões
de pessoas nos dias presentes e o cristianismo nascente, caracterizado
pela consciencia do servir, doar-se em benefício dos outros, auxiliando o
próximo para que ele encontre a paz e a feicidade. O altruísmo era o
sentimento predominante na justa compreensão da mensagem do Evangelho.
Hoje, desejamos ser atendidos em tudo, sem o devido entendimento que é
necessário plantar para colher, sobretudo, sem intenção de colheita.
Buscamos as religiões para superar desemprego, ficar bom de uma doença,
apaziguar o "inferno " que viceja no lar, saber se um relacionamento vai
dar certo e por aí vai. Não é de se estranhar tanta gente infeliz nos
meios cristãos (e em outras religiões ) exatamente por que fica-se
completamente afastado do que ele, o cristianismo, em sua essencia,
propaga.
A
vida vai trabalhando para que os homens acordem para a religiosidade,
elemento fundamental para a saúde integral do ser. E sua prática é o
alimento superior à concretização do ser humano feliz e emancipado,
caminho apontado pela Boa Nova, nos anos do sopro renovador do
cristianismo nascente, hoje abordado pelo espiritismo.
&&&
Pesquisas
recentes realizadas por sociólogos e teólogos e que a revista Istoé
publicou em sua edição de 24 de agosto expressam um fenômeno que já há
lgum tempo vem ocorrendo mas que intensificou-se nos últimos cinco anos:
a mobilidade religiosa, ou seja,cada vez um maior número de pessoas
migra para outras denominações religiosas. Alem da já conhecida
transferencia de fé de católicos para o ambiente evangélico, dois novos
fluxos tem chamado a atenção dos estudiosos. Esses dois fluxos
migratórios refletem uma realidade do interior das pessoas que merecem
mais acurada observação. Aumenta o número de evangelicos que não
frequentam nenhuma das igrejas, semelhantes à muitos católicos que se
afirmam como tal mas não frequentam a missa. Nasceram em berço
evangélico, se denominam como tal, mas não possuem uma afinidade com
qualquer de seus cultos. Há alguns anos isso equivalia à cerca de 0, 25%
nas estatísticas e hoje representa algo em torno de 2, 50%, cerca de
quatro milhões de fiéis evangélicos sem igreja. O outro fluxo, embora
muito incipiente mas consistente, ainda conforme a pesquisa publicada, é
a adesão de antigos evangélicos à seguimentos dos cultos afro
brasileiros. Segundo ainda o mesmo levantamento, cerca de 35% dos
seguidores desse culto já teve experiencia de anos no evangelismo.
Bom,
o que poderia ser visto como algo preocupante, na verdade, em meu
entender, representa as transformações que hora vivenciamos. É como se o
ser humano estivesse insatisfeito com suas buscas espirituais e os
depoimentos dos que migraram para outra forma de crença espelham e
reforçam este raciocínio. Cada vez mais aumenta o número dos que
parecem desejar um caminho de "desinstitucionalização" da própria
crença. Ou seja, muitos creem em Deus, sabem que algo existe de
transcendente, ainda não encontraram exatamente a resposta, não se veem
contemplados com as formas de crença tradicionais e preferem seguir sem
religião "formal". Claro que essa é uma fatia dos que tem participado
dessa mobilidade. A outra parte tem varioss motivos de migração, como
não estar satisfeito na denominação, vazio interior, experiencias
pessoais na área da espiritualidade ou questionamento intelectual.
O
terreno está aberto. A inquietação interior e a busca de respostas
consistentes para os dramas da vida elaboram um caldo de cultura
altamente efervescente, provocando novos desafios às várias denominações
religiosas que anseiam não só não perder fiéis como desejam conquistar
novos adeptos. E onde se insere o espiritismo ?
Primeiro,
por não ser uma religião institucionalizada e sim religiosidade acima
de formalidades, ainda deverá permanecer com minoria natural nesse
processo. Segundo, por voltar seu olhar para a qualidade da fé e ao
aperfeiçoamento espiritual dos seres humanos, oferta uma filosofia
aberta, abrangente e uma fatia desse fluxo ( mínima ) tem propensão
natural a mergulhar em suas águas. É possível que um número talvez
triplicado de pessoas passem pelos centros espiritistas, no entanto,
como sempre, um número reduzido permanecerá ali, o que não quer dizer
que aqueles que se afastam para outros seguimentos não levem a semente
do esclarecimento espiritual consigo.
Na verdade, é importante que, com serenidade, as casas espiritas e os vários seguimentos religiosos, se preparem para responder as indagações e inquietações de milhões de almas nos tempos de hoje. O ser humano está em busca de sua identidade, de sua natureza espiritual e a forma de vida puramente material não lhe satisfaz como antes. Pressentem que algo mais deve formar o sentido da vida. Pressentem que o que é sutil faz cada vez mais pressão sobre suas existencias. As religiões serão levadas a depurar-se , a desmaterializar-se, sob risco de de não atender a ânsia da alma. O Espiritismo sabe perfeitamente o que é isso.
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