A LUZ DO SOL QUE É DEUS!!

A LUZ DO SOL QUE É DEUS!!
PAZ E ALEGRIA!!!

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Para chegar a ti mesmo

Para chegar a ti mesmo
São apenas dois caminhos que tens pela frente.
São apenas duas escolhas que podes fazer:
ou estás em paz ou estás em guerra contigo mesmo.
Não há mistério.
Aprende que toda vez que a paz não é presente, a causa reside na escolha que fizeste, e toda escolha acarreta alterações.
Toda escolha cria realidade e esta realidade é o que será experimentado por ti.
Pergunta a ti mesmo se a tua escolha proporcionará bons frutos ao teu percurso.
E lembra: toda escolha pode ser mudada no momento em que desejares.
Esta é uma realidade que não podes modificar, para que assim tenhas outras oportunidades de encontrar o que teu coração tanto aspira.
Ensina somente o que desejas aprender, doa somente o que desejas receber,
pelo contrário, sentir-te-ás confuso em tuas metas e não saberás quais os passos necessários para chegar a ti mesmo.
A confusão é sinônimo de escolhas equivocadas, apenas isso.
Todo sofrimento reside na falta de atenção para contigo mesmo.
Sê atento, o tempo é precioso e é através dele que realizas o teu propósito.
Quando estás atento, o cuidado para contigo é presente, daí a alegria, a paz de espírito, a ausência de erros.
Dá o melhor de ti para o teu caminho e se não souberes fazê-lo, pede visão, pede luz e chegar-te-á ajuda no mesmo instante.
A bênção é dada a todos que desejam estar inseridos na realidade de Deus, não que esta esteja disponível a poucos, mas, quando o pedido é feito, o coração dá a direção e, assim, passas a ver o que antes parecia não existir.
E no entanto, tudo sempre esteve disponível...
Era só querer, sentir e viver.
(Estação Paz)

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Arrependimento, expiação e reparação

Arrependimento, expiação e reparação

ORSON PETER CARRARA
de Matão, SP
WELLINGTON BALBO
de Bauru, SP em  http://artigosespritas.blogspot.com/2008/12/arrependimento-expiao-e-reparao.html



Solicito a atenção carinhosa do leitor para a crônica de Wellington – o parceiro desta série sobre o livro "O Céu e o Inferno", publicada exclusivamente neste mensário –, para em seguida vincularmos o assunto àquela obra da Codificação Espírita:
João enriquecera ilicitamente. Desde a adolescência se envolvera com as drogas e seu tráfico. Seu verbo inflamado e sua grande liderança lhe possibilitaram uma rápida ascensão naquele submundo. Na comunidade em que morava não foram poucas as mães que fez chorar, não foram poucos os jovens que conduziu ao caminho tortuoso das drogas. Muitas vidas foram ceifadas precocemente graças a sua terrível influência.
Ardiloso, não titubeava em eliminar quem lhe contrariasse, seu único interesse era fazer proliferar seus negócios escusos. Porém, com 65 janeiros, começava a colher as conseqüências de sua delinqüência, uma inquietação indescritível dominava sua alma, eram vozes que o atormentavam dia e noite, fantasmas que lhe apareciam em forma de gritos estrondosos em sua culpada consciência. Gastou fortunas em tratamentos, fez viagens espetaculares, Oslo, Roma, Londres, Paris, mas nada amenizava aquele sofrimento que parecia eterno. Todos os locais em que ele estava se resumiam em um só – O Inferno.
A culpa que sentia era tamanha que não havia palavras no dicionário que pudessem descrever sua amargura. Contudo, a dor, essa abençoada professora, começava a humanizar seu gélido coração. Uma ponta de arrependimento brotou em sua alma. E esse arrependimento lhe incutiu um pouco de esperança.
Por que semeara tanta dor? Por que plantara tanta desolação? Porém, apenas arrepender-se não lhe trazia paz de espírito, precisava fazer algo mais, necessitava reparar com o bem todo o mal que havia praticado. Se fazia mister enriquecer moralmente e intelectualmente a comunidade que ele mesmo auxiliara a empobrecer. Mas como? Como faria isso?
A vida em sua sabedoria veio ao seu socorro, e por ironia, o anjo em forma de mulher que cruzou seu caminho fora uma das muitas mães que tivera o filho abatido pelo poder nefasto das drogas que João ajudara a propagar. Aquela mulher se dispunha do fundo da alma a colaborar com João para seu soerguimento, preferira ao invés de acusá-lo, auxiliá-lo.
Uniram forças e construíram naquela pobre comunidade um Centro de Reabilitação para Dependentes de Drogas. Juntos, trabalharam como nunca pela bandeira do amor ao próximo. A fortuna que fora constituída a custa de tristeza, começava a enxugar algumas lágrimas. As trevas começavam dar lugar a luz!
O trabalho de ambos frutificava, eram oficinas culturais, cursos profissionalizantes, incentivo ao esporte e a leitura, João agora usava seu verbo inflamado para propagar uma vida sadia, sua liderança era utilizada para agregar nobres valores a comunidade. Quanto mais se dedicava a reabilitação aos que fez sofrer, mais edificava a própria vida, era como se aos poucos fosse quitando um débito com o próximo e consigo mesmo.
Após uma década de intensa labuta na Seara do Amor, João cerrava os olhos para a vida física, deixando um legado de belas realizações a comunidade que aprendeu a amar.
Contudo, o tempo não pára e do outro lado da vida sentiu necessidade de dar continuidade a seu trabalho, apoiado por benfeitor, dirigiu sincera prece ao Pai Celeste para que lhe concedesse a benção do recomeço na mesma comunidade que nascera há 75 anos…
Bela reflexão, não é mesmo? Pois bem, ela embasa nossos estudos sobre os itens 14 a 17 da citada obra, em seu capítulo VII no subtítulo Código Penal da Vida Futura, que está comemorando seus 140 anos de publicação (foi publicada em agosto de 1865). Allan Kardec aborda exatamente o tema que usamos como título desta matéria. A questão toda pode ser resumida na frase que consta do 17.° item: "A reparação consiste em fazer o bem àqueles a quem se havia feito o mal.". Antes, Kardec aborda sobre arrependimento e expiação. Mas somente a reparação devolve a paz de consciência, detalhe significativo no processo evolutivo. Indispensável que, vez por outra, voltemos a estudar este item, para nosso uso e reflexão pessoal, mas igualmente como embasamento em nossos estudos coletivos e mesmo em abordagens verbais ou textuais. A lucidez do Codificador e a clareza do Espiritismo não deixam dúvidas: sempre teremos que reparar os prejuízos causados a terceiros, ainda que de forma indireta, pois todo prejuízo causado ao próximo cria reclamos da consciência. E tais reclamos nos impedem de avançar… E como conclui Kardec no item 17: "E desse modo progride o Espírito, aproveitando-se do próprio passado". Sim, são as experiências que nos fazem mais atentos e vigilantes…
Agosto de 2005, edição n°. 235
 
Jornal Eletrônico Verdade e Luz
USE de Ribeirão Preto
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Arrependimento e Perdão - estudos Espíritas

Estudos Espíritas
http://www.lardefreiluiz.org.br/reunioes/24a_reuniao.html
24ª Unidade:

  1. Evangelho em Seqüência
  1. Estudos Espíritas
  • Arrependimento e o perdão
IDÉIAS PRINCIPAIS:
"Há, porém, duas maneiras bem diferentes de perdoar: uma, grande, nobre, verdadeiramente generosa, sem pensamento oculto, que evita, com delicadeza, ferir o amor-próprio e a suscetibilidade do adversário, ainda quando este último nenhuma justificativa possa ter; a segunda é a em que o ofendido, ou aquele que tal se julga, impõe ao outro condições humilhantes e lhe faz sentir o peso de um perdão que irrita, em vez de acalmar. (...)"
"(...) Arrependimento, expiação e reparação constituem, portanto, as três condições necessárias para apagar os traços de uma falta e suas consequências. O arrependimento suaviza os travos da expiação, abrindo pela esperança o caminho da reabilitação; só a reparação, contudo, pode anular o efeito destruindo-lhe a causa. Do contrário, o perdão seria uma graça, não uma anulação. (...]"
Arrependimento e Perdão
"(...) Muito frequentemente interpretamos o perdão como sendo simples ato de virtude e generosidade, em auxílio do ofensor, que passaria a contar com absoluta magnanimidade da vítima (...).
Urge perceber, no entanto, que, quando conseguimos desculpar o erro ou provocação de alguém contra nós, exoneramos o mal de qualquer compromisso para conosco, ao mesmo tempo que nos desvencilhamos de todos os laços suscetíveis de apresar-nos a ele. (...)"
A mágoa retida é doença para o Espírito, que lhe corrói as forças físicas e envenena a alma. É necessário, para a própria paz, ante quaisquer ofensas, perdoar sempre.
Evidentemente, não aquele perdão proveniente apenas dos lábios, a se traduzir por mera fórmula social. O ato de perdoar deve ser um ato carregado de sentimento; deve ser puro, pois que proveniente do coração. É, sobretudo, uma forma de reconciliação. É necessário perdoar incessantemente, por isto Jesus disse a Pedro (Mateus, 18:15,21,22) que não se deveria perdoar apenas sete vezes, mas setenta vezes sete vezes.
"(...) Há, porém, duas maneiras bem diferentes de perdoar: uma, grande, nobre, verdadeiramente generosa, sem pensamento oculto, que evita, com delicadeza, ferir o amor próprio e a suscetibilidade do adversário, ainda quando este último nenhuma justificativa possa ter; a segunda, é a em que o ofendido, ao aquele que tal se julga, impõe ao outro condições humilhantes e lhe faz sentir o peso de um perdão que irrita, em vez de acalmar; se estende a mão ao ofensor, não o faz com benevolência, mas com ostentação, a fim de poder dizer a toda gente; vêde como sou generoso! Nessas circunstâncias, é impossível uma reconciliação sincera de parte a parte. Não, não há aí generosidade; há apenas uma forma de satisfazer ao orgulho. (...)"
No convívio familiar somos, constantemente, chamados a perdoar. Isto porque estamos diante de antigos desafetos de outras experiências reencanatórias, a se apresentarem, hoje, sob a forma de cônjuges, filhos ou familiares próximos. "(...) Precisamos muito mais de perdão, dentro de casa, que na arena social, e muito mais de apoio recíproco no ambiente em que somos chamados a servir, que nas avenidas rumorosas do mundo.
Em auxílio a nós mesmos, todos necessitamos cultivar compreensão e apoio construtivo, no amparo sistemático a familiares e vizinhos, chefes e subalternos, clientes e associados, respeito constante à vida particular dos amigos íntimos, tolerância para os entes amados, com paciência e olvido diante de quaisquer ofensas que assaltem os corações. (...)"
Assim agindo, teremos condições de entender o perdão de Deus para com todos nós. "(...) Ele perdoa concedendo ao devedor ou culpado prazo ilimitado, e facultando-lhe meio e possibilidades de resgatar o débito.
Ora, que mais pode desejar um devedor honesto e probo?
Seria, acaso, preferível que Deus dispensasse os devedores do pagamento de suas dívidas?
Certamente que não, por dois motivos ponderáveis.
Primeiro, porque é muito mais digno e nobre, para o devedor, pagar o seu débito, do que eximir-se desse dever por complacência, misericórdia ou compaixão do credor. (...) Outra razão não menos digna de nota é a seguinte: na luta empregada para preparar a culpa cometida, o Espírito desenvolve seus poderes de maneira que, no fim da refrega, se sente com suas faculdades aumentadas e, não raro, desdobradas em novas capacidades. (...)"
Deus está sempre disposto e nos perdoar e, "(...) a sua maneira de perdoar consiste em conceder prazo largo, e ao mesmo tempo, proporcionar ao devedor todas as possibilidades e meios de pagamento. (...)"
Devemos, porém, compreender que o perdão não é uma graça concedida por Deus. Há necessidade de uma atitude sincera e efetiva de arrependimento com a consequente rogativa do perdão.
O arrependimento é o reconhecimento verdadeiro pelo próprio infrator do mal ou erro cometido. É a confissão íntima e constrita da violação das leis morais, revelando-se não só pela insatisfação do ato, como o empenho de repará-lo e não mais incidir no mesmo cometimento.
"O arrependimento sempre se manifesta na consciência em débito para com a vida.
A princípio, ei-lo como lembrança da falta cometida de que já se não supunha existir qualquer sinal; posteriormente, a recordação do momento infeliz que se estabelece, mais tarde, a idéia rediviva dominante e por fim a obsessão do remorso, avassaladora".
"(...) O arrependimento, conquanto seja o primeiro passo para a regeneração, não basta por si só; são precisas a expiação e a reparação.
Arrependimento, expiação e reparação constituem, portanto, as três condições necessárias para apagar os traços de uma falta e suas consequências. O arrependimento suaviza os travos da expiação, abrindo pela esperança o caminho da reabilitação: só a reparação, contudo, pode anular o efeito destruindo-lhe a causa. Do contrário, o perdão seria uma graça, não uma anulação.
O arrependimento pode dar-se por toda parte e em qualquer tempo: se for tarde, porém, o culpado sofre por mais tempo. (...)"
Respondem os Espíritos a Kardec (questão 991 de O Livro dos Espíritos) que o efeito do arrependimento é o de "(...) desejar o arrependido uma nova encarnação para se purificar. O Espírito compreende as imperfeições que o privam de ser feliz e por isso aspira a uma nova existência em que possa expiar suas faltas."
A concessão renovadora para o infrator, traduzindo o perdão divino, somente se efetiva com a aceitação da programação cármica, pelo perdoado.
"(...) A expiação se cumpre durante a existência corporal, mediante as provas a que o Espírito se acha submetido e, na vida espiritual, pelos sofrimentos morais, inerentes ao estado de inferioridade do Espírito".
Após a expiação dos erros passados, vem, finalmente, o resgate. "A reparação consiste em fazer o bem àqueles a quem se havia feito o mal. Quem não repara os seus erros numa existência, por fraqueza ou má-vontade, achar-se-á numa existência ulterior em contacto com as mesmas pessoas que de si tiverem queixas, e em condições voluntariamente escolhidas, de modo a demonstrar-lhes reconhecimento e fazer-lhes tanto bem quanto mal lhes tenha feito. (...) Praticando o bem em compensação ao mal praticado, isto é, tornando-se humilde se se tem sido orgulhoso, amável se se foi austero, caridoso se se tem sido egoísta, benigno se se tem sido perverso, laborioso se se tem sido ocioso, útil se se tem sido inútil, frugal se se tem sido intemperante, trocando em suma, por bons os maus exemplos perpretados. E desse modo progride o Espírito, aproveitando-se do próprio passado".

Envie suas dúvidas para: duvidas@lardefreiluiz.org.br

ARREPENDIMENTO

TRAÇOS DO ARREPENDIMENTO

"Que conseqüência produz o arrependimento no estado corporal?

"Fazer que, já na vida atual, o Espírito progrida, se tiver tempo de reparar suas faltas. Quando a consciência o exprobra e lhe mostra um imperfeição, o homem pode sempre melhorar-se".

O Livro dos Espíritos - Questão 992.

Que adjetivo definiria melhor a nossa condição de Espíritos perante o mundo? Virtuosos, trabalhadores, esclarecidos, caridosos?...

A qualidade comum que estimula os passos da grande maioria das criaturas que agasalham a convicção nos princípios espíritas é o arrependimento. Almas arrependidas. essa é condição espiritual que fielmente nos define perante a vida.

Para muitos arrependimento seria apenas um estado emocional, todavia, é também um estado mental consolidada, que funciona como uma âncora de segurança e um impulso para a caminhada evolutiva das almas submissas aos grilhões da culpa, adquirida no mau uso da liberdade.

Muita vez, para alcançar semelhante estágio, a criatura precisa padecer longamente até saturar-se no "cansaço espiritual", passando a nutrir algum desejo de melhora e progresso em novas linhas de crescimento para Deus.

Três são os traços que caracterizam o arrependimento: desejo de melhora, sentimento de culpa e esforço de superação. Se tirarmos o esforço de superação dessa seqüência teremos o cruel episódio mental do remorso, ou seja, os arrependidos que nada fazem para se melhorar. As tendências mais marcantes dessas experiências interiores podem ser percebidas em algumas manifestações de "dor psíquica corretiva" que se diferencia da "dor psíquica expiatória". O arrependimento impulsiona, o remorso estagna. Esses três traços psicológicos e emocionais que determinam o ato de arrepender-se passam por metamorfoses infinitas, conforme a personalidade que o vivencia. Destaquemos alguns caminhos mais comuns dessa sua transmutação íntima para facilitar o entendimento de suas manifestações.

O DESEJO DE MELHORA no estágio em que nos encontramos está, quase sempre, sob o jugo da vaidade e pode expressar-se por mecanismos psicológicos variados. Desejar melhora é ter que reconhecer a própria penúria moral, assumi-la livremente em razão do idealismo nobre. É doloroso o encontro com as sombras interiores, mesmo quando queremos sinceramente nos ver libertos delas.

O impulso para crescer espiritualmente para nós é um desafio de proporções sacrificiais. Chamemos de "neurose de perfeição" ou perfeccionismo a necessidade obsessiva de fazer o bem com exatidão, uma profunda inaceitaçao de suas falhas e as dos outros, gerando melindre e intolerância, face ao nível de exigência e cobrança para consigo e para com o mundo à sua volta. A angústia decorrente do contato com o ego, o homem velho que queremos transformar, leva a ativar mecanismos de defesa para "acobertar" essa inferioridade que detectamos em nós; então entra em ação o orgulho, criando uma falsa imagem, uma imagem idealizada com a qual procuramos nos forrar de ter que olhar e admitir a pequenez da qual somos portadores. Essa luta nos recessos dos sentimentos e do pensamento traz à baila o conflito, a insatisfação e todo o tipo de incômodo interior, deixando a vida íntima em estado de intensas comoções e mudanças. Damos o nome de sentimento de culpa a todo esse conjunto de reações emocionais, quase sempre "indefiníveis" para quem os sofre.

O SENTIMENTO DE CULPA tem camuflagens e nuanças muito versáteis. Deixemos claro que em osso estágio e aperfeiçoamento podemos tomá-lo como um fator de impulsão para a melhora. Se a criatura arrependida não sentisse culpa, não garantiria a continuidade do seu progresso e desistiria, optando pela loucura ou pela queda moral. Digamos que a culpa é uma energia intrusa, porém necessária na sustentação do desejo de melhora. Jamais tomemo-la no entanto, como essencial, porque é um sentimento aprendido, um resultado de vivências anteriores e não uma virtude com a qual tenhamos sido criados. Suas manifestações podem ser percebidas na autopunição, no sentimento de desmerecimento e desvalor, nas fantasias de carma e dor, nas posturas de vítimas da vida, na inconformaçao, no azedume sistemático, nas crises de autopiedade ou ainda nos hábitos da lamúria e da queixa. É só estudar com atenção e perceberemos as relações entre esses processos de culpa e o orgulho que gerencia os mecanismos de defesa como, por exemplo, a "projeção", que se constitui de transferir para fora aquilo que não estamos suportando em nós mesmos, constatando nos outros o que não queremos ver em nossa intimidade.

O ESFORÇO é a ação que promove o equilíbrio o processo do arrependimento. Não existe arrependimento real sem reparação. Querer melhorar, sentir-se culpado e nada fazer é muito doloroso. Eis aqui a importância dos serviços de amor ao próximo que alivia e consola alguém, mas que também estabiliza os níveis energéticos de quem o realiza. É comum verificarmos companheiros de ideal doutrinário orando compungidamente e indagando o que falta para sentirem-se melhor e mais felizes, considerando que estão no esforço educativo e no trabalho do bem.

Oram sofregamente e com certa dose de desespero, sem saber as razoes de seus sentimentos de culpa, insatisfeitos com a sua realidade inferior diante de tanta luz que possuem no cérebro com os conhecimentos espíritas.

Todavia, assinalemos, a quantos vivem esses instantes de angústia e solidão das experiências evolutivas, que esse é o caminho dos arrependidos. A felicidade vem logo a seguir quando se consegue superar as refregas, sem desistir dos ideais. Sem exageros, digamos que esses estados doridos assemelham-se a uma "loucura controlada".

Especialmente os corações dotados de sensibilidade mediúnica os padecem com larga intensidade de dor.

Só existe uma solução: a oração do alívio seguida da perseverança libertadora.

Sofrem muito as almas arrependidas, eis as razoes dos sofrimentos dos verdadeiros espíritas!

Temos o desejo da melhora, mas o orgulho afeta a imaginação levando-nos a crer que já estamos redimidos com poucos esforços, cria uma sensação de que já somos o que deveremos ser, gerando a auto-suficiência espiritual, ou seja, hábitos milenares de presunção do conhecimento aliado à crença estéril causando-nos agradável sensação de superioridade, uma falsa superioridade...

Se observarmo-nos, com cuidado, veremos que desejamos o bem, mas ainda não o sentimos. Desejamos esclarecer, mas não sentimos alegria em estudar. Desejamos união, mas não nos sentimos bem na presença de qualquer pessoa.

Um ufanismo ronda os nossos passos, e nada de especial temos para apresentar ao Pai na nossa condição de Filhos Pródigos senão o arrependimento.

Não equivoquemos com virtudes e credenciais... o arrependimento, embora se possa contestar filosoficamente, é uma virtude por se tratar de um estado essencial para o progresso de almas que peregrinaram intensamente pelo mal.

Somos apenas espíritos arrependidos; ativos no bem face ao remorso que nos sensibilizou; cansamos do mal; lamentamos os erros cometidos.

Nada mais somos, os espíritas verdadeiros, que almas profundamente desejosas de recomeçar. Porém, entre os ideais novos e o nosso destino de paz interior está a milenar bagagem que organizamos na "maleta das experiências" inferiores, o orgulho.

Por isso, em muitas ocasiões, a despeito de cansados e arrependidos, ainda ensaiamos algumas "peças" no teatro da vida querendo passar por quem ainda não somos, adornando-nos de virtudes que ainda não possuímos e ansiosos de que os outros acreditem nessas ilusórias conquistas.

Em razão do personalismo, confundimos a luz que existe no Espiritismo com a luz que imaginamos deter, ostentando qualidades que começamos a desenvolver primariamente.

Cegos para nossa real condição, mesmos cansados de sofrer, ainda queremos ser quem não somos, razão pela qual somente no espírito da lídima humildade as almas que se arrependeram encontrarão descanso e um pouco de paz interior.

Por isso não permitamos nos enganar com virtudes que ainda não conquistamos, guardando a certeza de que evitar o mal é uma parte do retorno para Deus, porque o que realmente nos conferirá autoridade e paz perante a consciência será o volume e a qualidade do bem que fizermos o quanto antes.

Em Lucas, capítulo 15, v. 7, O Sábio Nazareno enalteceu a conquista do arrependimento dessa forma: "Digo-vos que assim haverá alegria no céu por um pecador que se arrepende, mais do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento".

Ave a humildade! Lembrai-vos disso, todos os que se encontram em luta sob o guante das dores psíquicas.

(Do Livro "Mereça Ser Feliz, Superando as Ilusões do Orgulho" - Wanderley S. de Oliveira/Ermance Dufaux).

Peça "Eta Hospital Arretado"

Cultura e Lazer

Grupo de teatro encena espetáculo com temática espírita


Peça Peça "Eta Hospital Arretado"
Da Redação
Com Assessoria


Descobrir que está morto e assistir ao próprio enterro. É assim que se começa a conhecer a história de Biu do Leite, um nordestino trabalhador que descobre a vida após a morte quando vê sua família e seus amigos velando o seu corpo. Essa é “Eta Hospital Arretado”, peça de Sydney Costa, encenada pelo Grupo de Teatro Espírita EmCena. O espetáculo será apresentado nos dias 4 e 5 de junho de 2011, às 19h30, no teatro Santa Roza, em João Pessoa.

Durante a peça são discutidas temáticas como vida após a morte, reencarnação, vidas passadas. Eta Hospital Arretado é uma obra que retrata sofrimento, seca, falta de condições de vida, mas que tem um tom cômico. São quase sessenta minutos onde o espectador irá se emocionar, rir e refletir sobre os propósitos da vida.

O espetáculo traz, ainda, canções do folclore nordestino, músicas de Antônio Nóbrega, Cabruêra, Mestre Ambrósio e Luiz Gonzaga, além de trechos do poema “Morte e Vida Severina”, de João Cabral de Melo Neto.

“O Nordestino hoje é um exemplo de homem de fé, que apesar de todo sofrimento, não se revolta contra Deus, muito pelo contrário, a fé aumenta cada vez mais. Vem nessa condição de sofrimento para trabalhar o orgulho de uma vida passada”. Essa é a fala de um dos personagens, quando consola o morto, Biu do Leite, que questiona o porquê de tanto sofrimento com a seca.

Toda a renda do espetáculo será revertida para o Centro Espírita Caravana da Fraternidade Cristã, que fica em Jaguaribe e tem mais de meio século de história ajudando e evangelizando pessoas, independente de suas crenças ou religiões. O valor do ingresso antecipado é R$ 20, no entanto, todos que comprarem antecipado poderão pagar apenas R$ 10.

terça-feira, 17 de maio de 2011

O SONO E O SONHO

O sono e os sonhos
Nós encontramos em O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, as seguintes questões:
Durante o sono, a alma repousa como o corpo?
Não, o espírito jamais fica inativo. Durante o sono, os liames que o unem ao corpo se afrouxam e o corpo não necessita do Espírito. Então, ele percorre o espaço e entra em relação mais direta com os outros Espíritos.
Como podemos julgar da liberdade do Espírito durante o sono?
Pelos sonhos. Sabei que, quando o corpo repousa, o Espírito dispõe de mais faculdades que no estado de vigília. Tem a lembrança do passado e às vezes a previsão do futuro; adquire mais poder e pode entrar em comunicação com os outros espíritos, seja deste mundo, seja do outro. Frequentemente dizes: “Tive um sonho bizarro, um sonho horrível, mas que não tem nenhuma verossimilhança”. Enganas-te. É quase sempre uma lembrança de lugares e de coisas que viste ou que verás numa outra existencia ou em outra ocasião. O corpo estando adormecido, o Espírito trata de quebrar as suas cadeias para investigar no passado ou no futuro.
O sono liberta parcialmente a alma do corpo. Quando o homem dorme, momentaneamente se encontra no estado em que estará de maneira permanente após a morte. Os Espíritos que logo se desprendem da matéria ao morrerem, tiveram sonhos inteligentes. Esses Espíritos, quando dormem, procuram a sociedade dos que lhes são superiores: viajam, conversam e se instruem com eles; trabalham mesmo em obras que encontram concluídas, ao morrer. Destes fatos deveis aprender, uma vez mais, a não ter medo da morte, pois morreis todos os dias, segundo a expressão de um santo.
Isto para os Espíritos elevados; pois a massa dos homens que, com a morte, devem permanecer longas horas nessa perturbação, nessa incerteza de que vos têm falado, vão, seja a mundos inferiores à Terra, onde antigas afeições os chamam, seja à procura de prazeres talvez ainda mais baixos do que possuíam aqui; vão beber doutrinas ainda mais vis, mais ignóbeis mais nocivas do que as que professavam entre vós. E o que engendra a simpatia na Terra não é outra coisa senão o fato de nos sentirmos, ao acordar, ligados pelo coração àqueles com quem acabamos de passar oito ou nove horas de felicidade ou de prazer. O que explica também as antipatias invencíves é que sentimos, no fundo do coração, que essas pessoas têm uma consciência diversa da nossa, porque as conhecemos sem jamais as ter visto. É ainda o que explica a indiferença, pois não procuramos fazer novos amigos, quando sabemos ter os que nos amam e nos querem. Numa palavra: o sono influi mais do que pensais, sobre a nossa vida.
Por efeito do sono os Espíritos encarnados estão sempre em relação com o mundo dos Espíritos, e é isso o que faz que os Espíritos superiores consintam, sem muita repulsa, em encarnar-se entre vós. Deus quis que durante o seu contato com o vício pudessem eles retemperar-se na fonte do bem, para não falirem, eles que vinham instruir os outros. O sono é a porta que Deus lhes abriu para o contato com os seus amigos do céu; é recreio após o trabalho, enquanto esperam o grande livramento, a libertação final que deve restituí-los ao seu verdadeiro meio.
O sonho é a lembrança do que o vosso Espírito viu durante o sono; mas observai que nem sempre sonhais, porque nem sempre vos lembrais daquilo que vistes ou de tudo o que vistes. Isso porque não tendes a vossa alma em todo o seu desenvolvimento; freqüentemente não vos resta mais do que a lembrança da perturbação que acompanha a vossa partida e a vossa volta, a que se junta a lembrança do que fizeste ou do que vos preocupa no estado de vigília. Sem isto, como explicaríeis esses sonhos absurdos, a que estão sujeitos tanto os mais sábios quanto os mais simples? Os maus Espíritos também se servem dos sonhos, para atormentar as almas fracas e pusilânimes.
De resto, vereis dentro em pouco desenvolver-se uma outra espécie de sonhos; uma espécie tão antiga como a que conheceis, mas que ignorais. O sonho de Joana, o sonho de Jacó, o sonho dos profetas judeus e de alguns indivíduos indianos: esse sonho é a lembrança da alma inteiramente liberta do corpo, a recordação dessa segunda vida de que há pouco eu vos falava.
Procurai distinguir bem essas duas espécies de sonhos, entre aqueles de que vos lembrardes; sem isso, cairíeis em contradições e em elos que seriam funestos para a vossa fé.
Os sonhos são o produto da emancipação da alma, que se torna mais independente pela suspensão da vida ativa e de relação. Daí uma espécie de clarividência indefinida, que se estende aos lugares os mais distantes ou que jamais se viu, e algumas vezes mesmo a outros mundos. Daí também a lembrança que retraça na memória os acontecimentos verificados na existência presente ou nas existências anteriores. A extravagância das imagens referentes ao que se passa ou se passou em mundos desconhecidos entremeadas de coisas do mundo atual, formam esses conjuntos bizarros e confusos que parecem não ter senso nem nexo.
A incoerência dos sonhos ainda se explica pelas lacunas decorrentes da lembrança incompleta do que nos apareceu no sonho. Tal como um relato ao qual se tivessem truncado frases ou partes de frases ao acaso: os fragmentos restantes, sendo reunidos, perderiam toda significação racional.
Por que não nos recordamos sempre dos sonhos?
- Nisso que chamais sono só tens o repouso do corpo, porque o Espírito está em movimento. No sono, ele recobra um pouco de sua liberdade e se comunica com os que lhe são caros, seja neste ou em outros mundos. Mas como o corpo é de matéria pesada e grosseira, dificilmente conserva as impressões recebidas pelo Espírito, mesmo porque o Espírito não as percebeu pelos órgãos do corpo.
Que pensar da significação atribuída aos sonhos?
- Os sonhos não são verdadeiros, como entendem os ledores da sorte, pelo que é absurdo admitir que sonhar com uma coisa anuncia outra. Eles são verdadeiros no sentido de apresentarem imagens reais para o Espírito, mas que, freqüentemente, não têm relação com o que se passa na vida corpórea. Muitas vezes, ainda, como já dissemos, são uma recordação. Podem ser, enfim, algumas vezes, um pressentimento do futuro, se Deus o permite, ou a visão do que se passa no momento em outro lugar a que a alma se transporta. Não tendes numerosos exemplos de pessoas que aparecem em sonhos para advertir parentes e amigos do que lhes está acontecendo? O que são essas aparições senão a alma ou o Espírito dessas pessoas que se comunicam com a vossa? Quando adquiris a certeza de que aquilo que vistes realmente aconteceu, não é isso uma prova de que a imaginação nada tem com o fato, sobretudo se o ocorrido absolutamente não estava no vosso pensamento durante a vigília?
Freqüentemente se vêem em sonhos coisas que parecem pressentimentos e que não se cumprem; de onde vêm elas?
- Podem cumprir-se para o Espírito, se não se cumprem para o corpo. Quer dizer que o Espírito vê aquilo que deseja, porque vai procurá-lo. Não se deve esquecer que, durante o sono, a alma está sempre mais ou menos sob a influência da matéria e por conseguinte não se afasta jamais completamente das idéias terrenas. Disso resulta que as preocupações da vigília podem dar, àquilo que se vê, a aparência do que se deseja ou do que se teme. A isso é que realmente se pode chamar um efeito da imaginação. Quando se está fortemente preocupado com uma idéia liga-se a ela tudo o que se vê.
Quando vemos em sonho pessoas vivas, que conhecemos perfeitamente, praticarem atos em que absolutamente não pensam, não é isso um efeito de pura imaginação?
Em que absolutamente não pensam? Como o sabes? Seus Espíritos podem vir visitar o teu, como o teu pode visitar os deles, e nem sempre sabes o que pensam. Além disso, freqüentemente aplicais, a pessoas que conheceis, e segundo os vossos desejos, aquilo que se passou ou se passa em outras existências.
É necessário o sono completo, para a emancipação do Espírito?
- Não. O Espírito recobra a sua liberdade quando os sentidos se entorpecem, ele aproveita para se emancipar, todos os instantes de descanso que o corpo lhe oferece. Desde que haja prostração das forças vitais o Espírito se desprende, e quanto mais fraco estiver o corpo, mais o Espírito estará livre.
É assim que o cochilar, ou um simples entorpecimento dos sentidos, apresenta muitas vezes as mesmas imagens do sonho.
Muitas vezes, num estado que ainda não é o cochilo, quando temos os olhos fechados, vemos imagens distintas, figuras das quais apanhamos os pormenores mais minuciosos. É um efeito de visão ou de imaginação?
-Entorpecido o corpo, o Espírito trata de quebrar a sua cadeia: ele se transporta e vê, e se o sono fosse completo, isso seria um sonho.
Têm-se às vezes, durante o sono ou o cochilo, idéias que parecem muito boas e que, apesar dos esforços que se fazem para recordá-las, se apagam da memória. De onde vêm essas idéias?
- São o resultado da liberdade do Espírito, que se emancipa e goza, nesse momento, de mais amplas faculdades. Frequentemente, também, são conselhos dados por outros Espíritos.
De que servem essas idéias ou esses conselhos, se a sua recordação se perde e não se pode aproveitá-los?
-Essas idéias pertencem algumas vezes, mais ao mundo dos Espíritos que ao mundo corpóreo, mas o mais freqüente é que se o corpo as esquece o Espírito as lembra, e a idéia volta no momento necessário, como uma inspiração do momento.
O Espírito encarnado, nos momentos em que se desprende da matéria e age como Espírito, conhece a época de sua morte?
- Multas vezes a pressente, e às vezes tem dela uma consciência bastante clara, o que lhe dá, no estado de vigília, a sua intuição. É por isso que algumas pessoas prevêem às vezes a própria morte com grande exatidão.
A atividade do Espírito, durante o repouso ou o sono do corpo, pode fatigar a este?
- Sim, porque o Espírito está ligado ao corpo, como o balao cativo ao poste. Ora, da mesma maneira que as sacudidas do balao abalam o poste, a atividade do Espírito reage sobre o corpo, e pode produzir-lhe fadiga.
Referências bibliográficas:
O livro dos Espíritos - Allan Kardec

DA EMANCIPAÇÃO DA ALMA

O Livro dos Espíritos

em http://www.spiritismo.de/Osono.htm

Parte Segunda – Capítulo 8

Da emancipação da alma

O sono e os sonhos – Visitas espíritas entre pessoas vivas – Transmissão oculta do pensamento – Letargia, catalepsia, mortes aparentes – Sonambulismo – Êxtase – Dupla vista – Resumo teórico do sonambulismo, do êxtase e da dupla vista

O sono e os sonhos

400 O Espírito encarnado permanece espontaneamente no corpo?
– É como perguntar se o prisioneiro se alegra com a prisão. O Espírito encarnado aspira sem cessar à libertação, e quanto mais o corpo for grosseiro, mais deseja desembaraçar-se dele.
401 Durante o sono, a alma repousa como o corpo?
– Não, o Espírito nunca fica inativo. Durante o sono, os laços que o prendem ao corpo se relaxam e, como o corpo não precisa do Espírito, ele percorre o espaço e entra em relação mais direta com outros Espíritos.
402 Como avaliar a liberdade do Espírito durante o sono?
– Pelos sonhos. Quando o corpo repousa, o Espírito tem mais condições de exercer seus dons, faculdades do que em vigília; tem a lembrança do passado e algumas vezes a previsão do futuro; adquire mais poder e pode entrar em comunicação com outros Espíritos, neste mundo ou em outro. Quando dizeis: tive um sonho esquisito, horrível, mas que não tem nada de real, enganais-vos; é, muitas vezes, a lembrança dos lugares e das coisas que vistes ou que vereis numa outra existência, ou num outro momento. O corpo, estando entorpecido, faz com que o Espírito se empenhe em superar suas amarras e investigar o passado ou o futuro.
Pobres homens, que pouco conheceis dos mais simples fenômenos da vida! Julgai-vos sábios e, entretanto, vos embaraçais com as coisas mais simples; ficais perturbados com a pergunta de todas as crianças: o que fazemos quando dormimos? Que são os sonhos?
O sono liberta, em parte, a alma do corpo. Quando dormimos, estamos momentaneamente no estado em que o homem se encontra após a morte. Os Espíritos que logo se desligam da matéria, quando desencarnam, têm um sono consciente. Durante o sono, reúnem-se à sociedade de outros seres superiores e com eles viajam, conversam e se instruem; trabalham até mesmo em obras que depois encontram prontas, quando, pelo desencarne, retornam ao mundo espiritual. Isso deve vos ensinar uma vez mais a não temer a morte, uma vez que morreis todos os dias, segundo a palavra de um santo. Isso para os Espíritos elevados; mas para o grande número de homens que, ao desencarnar, devem permanecer longas horas nessa perturbação, nessa incerteza da qual já vos falaram, esses vão, enquanto dormem, a mundos inferiores à Terra, onde antigas afeições os evocam, ou vão procurar prazeres talvez ainda mais baixos que os que têm aí; vão se envolver com doutrinas ainda mais desprezíveis, ordinárias e nocivas que as que professam em vosso meio. O que gera a simpatia na Terra não é outra coisa senão o fato de os homens, ao despertar, se sentirem ligados pelo coração àqueles com quem acabaram de passar de oito a nove horas de prazer. Isso também explica as antipatias invencíveis que sentimos intimamente, porque sabemos que essas pessoas com quem antipatizamos têm uma consciência diferente da nossa e as conhecemos sem nunca tê-las visto com os olhos. Explica ainda a nossa indiferença, pois não desejamos fazer novos amigos quando sabemos que há outras pessoas que nos amam e nos querem bem. Em uma palavra, o sono influi mais na vossa vida do que pensais. Durante o sono, os Espíritos encarnados estão sempre se relacionando com o mundo dos Espíritos e é isso que faz com os Espíritos Superiores consintam, sem muita repulsa, em encarnar entre vós. Deus quis que em contato com o vício eles pudessem se renovar na fonte do bem, para não mais falharem, eles, que vêm instruir os outros. O sono é a porta que Deus lhes abriu para entrarem em contato com seus amigos do céu; é o recreio após o trabalho, enquanto esperam a grande libertação, a libertação final que deve devolvê-los a seu verdadeiro meio.
O sonho é a lembrança do que o Espírito viu durante o sono; mas notai que nem sempre sonhais, porque nem sempre vos lembrais do que vistes, ou de tudo o que vistes. É que vossa alma não está em pleno desdobramento. Muitas vezes, apenas fica a lembrança da perturbação que acompanha vossa partida ou vossa volta, à qual se acrescenta a do que fizestes ou do que vos preocupa no estado de vigília; sem isso, como explicaríeis esses sonhos absurdos que têm tanto os mais sábios quanto os mais simples? Os maus Espíritos se servem também dos sonhos para atormentar as almas fracas e medrosas.
Além disso, vereis dentro em pouco se desenvolver uma outra espécie de sonhos1; ela é tão antiga quanto a que já conheceis, mas a ignorais. O sonho de Joana D’arc2, o sonho de Jacó3, o sonho dos profetas judeus e de alguns adivinhos indianos; esse sonho é a lembrança da alma quase inteiramente desligada do corpo, a lembrança dessa segunda vida de que falamos.
Procurai distinguir bem essas duas espécies de sonho dentre os que vos lembrais; sem isso, caireis em contradições e erros que serão funestos à vossa fé.
Os sonhos são o produto da emancipação da alma, que se torna mais independente pela suspensão da vida ativa e de convivência. Daí uma espécie de clarividência indefinida, que se estende aos lugares mais afastados ou jamais vistos e algumas vezes até a outros mundos; daí ainda a lembrança que traz à memória acontecimentos realizados na existência atual ou em existências anteriores; a estranheza das imagens do que se passa ou do que se passou em mundos desconhecidos, misturadas com coisas do mundo atual, formam esses conjuntos estranhos e confusos que parecem não ter sentido nem ligação entre si.
A incoerência dos sonhos se explica ainda por lacunas que a lembrança incompleta do que nos apareceu em sonho produz. Isso seria como numa narração a qual se tenham truncado frases ao acaso, ou parte de frases; os fragmentos restantes reunidos perderiam toda a significação.
403 Por que nem sempre nos lembramos dos sonhos?
– O que chamais de sono é apenas o repouso do corpo, mas o Espírito está sempre ativo e durante o sono recobra um pouco de sua liberdade e se corresponde com os que lhe são caros, neste mundo ou em outros. Sendo o corpo uma matéria pesada e grosseira, dificilmente conserva as impressões que o Espírito recebeu, visto que o Espírito não as percebeu pelos órgãos do corpo.
404 O que pensar da significação atribuída aos sonhos?
– Os sonhos não têm o significado que certos adivinhos lhes atribuem. É um absurdo acreditar que sonhar com isso significa aquilo. São verdadeiros no sentido de que apresentam imagens reais ao Espírito, mas muitas vezes não têm relação com o que se passa na vida corporal; são também, como dissemos, uma lembrança. Algumas vezes, podem ser um pressentimento do futuro, se Deus o permite, ou a visão do que se passa nesse momento em um outro lugar para onde a alma se transporta. Não tendes numerosos exemplos de pessoas que aparecem em sonho e vêm advertir seus parentes ou amigos do que lhes está acontecendo? O que são essas aparições, senão a alma ou o Espírito dessas pessoas que vêm se comunicar com o vosso? Quando estais certos de que o que vistes realmente aconteceu, não é uma prova de que a imaginação não tomou parte em nada, principalmente se as ocorrências do sonho não estavam de modo algum em vosso pensamento enquanto acordados?
405 Vêem-se freqüentemente em sonho coisas que parecem pressentimentos e que não se realizam; de onde vem isso?
– Elas podem se realizar apenas para o Espírito, ou seja, o Espírito vê a coisa que deseja porque vai procurá-la. Não deveis esquecer que, durante o sono, a alma está constantemente sob influência da matéria, às vezes mais, às vezes menos, e, conseqüentemente, nunca se liberta completamente das idéias terrenas. Disso resulta que as preocupações enquanto acordados podem dar àquilo que se vê a aparência do que se deseja ou do que se teme. A isso verdadeiramente é o que se pode chamar de efeito da imaginação. Quando se está fortemente preocupado com uma idéia, liga-se a essa idéia tudo o que se vê.
406 Quando vemos em sonho pessoas vivas, que conhecemos perfeitamente, praticarem atos de que absolutamente não cogitam, não é efeito de pura imaginação?
– Em relação a praticar atos de que não cogitam, como dizeis, o que sabeis disso? O Espírito dessa pessoa pode visitar o vosso, como o vosso pode visitar o dela e nem sempre sabeis no que ele pensa. E então, freqüentemente, atribuís às pessoas que conheceis, e de acordo com vossos desejos, o que se passou ou se passa em outras existências.
407 O sono completo é necessário para a emancipação do Espírito?
– Não; o Espírito recobra sua liberdade quando os sentidos se entorpecem. Ele se aproveita, para se emancipar, de todos os momentos de repouso que o corpo lhe concede. Desde que haja debilidade das forças vitais, o Espírito se desprende, e quanto mais fraco estiver o corpo, mais livre ele estará.
É assim que a sonolência, ou um simples entorpecimento dos sentidos, apresenta muitas vezes as mesmas imagens do sono.
408 Parece-nos ouvir, algumas vezes em nós, palavras pronunciadas distintamente e que não têm nenhuma relação com o que nos preocupa; de onde vem isso?
– Sim, pode acontecer até mesmo ouvirdes frases inteiras, principalmente quando os sentidos começam a se entorpecer. É algumas vezes um eco fraco de um Espírito que deseja se comunicar.
409 Muitas vezes, num estado que ainda não é a sonolência, quando temos os olhos fechados, vemos imagens distintas, figuras das quais observamos os mais minuciosos detalhes; é um efeito de visão ou de imaginação?
– O corpo, estando entorpecido, faz com que o Espírito procure libertar-se de suas amarras. Ele se transporta e vê. Se o sono fosse completo, seria um sonho.
410 Têm-se, algumas vezes durante o sono ou a sonolência, idéias que parecem ser muito boas e, apesar dos esforços para se lembrar delas, apagam-se da memória: de onde vêm essas idéias?
– São o resultado da liberdade do Espírito que se emancipa e desfruta de maneira completa de todas as suas faculdades durante esse momento. São freqüentemente também conselhos que outros Espíritos dão.
410 a Para que servem essas idéias e conselhos, já que se perdem na lembrança e não se podem aproveitar?
– Essas idéias pertencem, algumas vezes, mais ao mundo dos Espíritos do que ao corporal; mas, com mais freqüência, se o corpo esquece, o Espírito lembra, e a idéia revive na ocasião oportuna como uma inspiração de momento.
411 O Espírito encarnado, nos momentos em que está desligado da matéria e age como Espírito, sabe a época de sua morte?
– Muitas vezes a pressente; pode, também, ter uma consciência muito clara dela. É o que, acordado, lhe dá a intuição disso. Eis por que certas pessoas, algumas vezes, prevêem sua morte com grande exatidão.
412 A atividade do Espírito durante o repouso ou o sono do corpo pode fazer com que o corpo sinta cansaço?
– Sim, pode. O Espírito está preso ao corpo, assim como um balão cativo a um poste. Da mesma forma que as agitações do balão abalam o poste, a atividade do Espírito reage sobre o corpo e pode fazer com que se sinta cansado.

Visitas espíritas entre pessoas vivas

413 Como a alma pode libertar-se do corpo durante o sono, teremos então uma dupla existência simultânea: a do corpo, que nos dá a vida de relação exterior, e a da alma, que nos dá a vida de relação oculta; isso é exato?
– No estado de liberdade, a vida do corpo cede lugar à vida da alma. Porém, não são, propriamente falando, duas existências; são, antes, duas fases da mesma existência, uma vez que o homem não vive duplamente.
414 Duas pessoas que se conhecem podem se visitar durante o sono?
– Sim, e muitas outras que acreditam não se conhecerem também se reúnem e conversam. Podeis ter, sem dúvida, amigos num outro país. O fato de ir se encontrar, durante o sono, com amigos, parentes, conhecidos, pessoas que podem ser úteis, é tão freqüente que o fazeis todas as noites.
415 Qual a utilidade dessas visitas noturnas, uma vez que não fica lembrança de nada?
– É muito comum disso ficar uma intuição, ao despertar, e é freqüentemente a origem de certas idéias que surgem espontaneamente, sem explicação clara. São exatamente as adquiridas nessas conversas.
416 O homem pode provocar essas visitas espirituais por sua vontade? Pode, por exemplo, dizer ao dormir: esta noite quero me encontrar em Espírito com tal pessoa, falar com ela e dizer-lhe alguma coisa?
– Eis o que se passa: o homem dorme, o Espírito se liberta e o que o homem tinha programado o Espírito está bem longe de seguir, porque os desejos e vontades do homem nem sempre são as mesmas do Espírito, quando desligado da matéria. Isso acontece com os homens espiritualmente bastante elevados. Há os que passam de outra forma essa sua existência espiritual: entregam-se às suas paixões ou permanecem na inatividade. Pode acontecer que, considerando a razão da visita, o Espírito vá mesmo visitar as pessoas que deseja; mas a simples vontade do homem, acordado, não é razão para que o faça.
417 Um certo número de Espíritos encarnados podem se reunir e formar assembléias?
– Sem dúvida nenhuma. Os laços de amizade, antigos ou novos, fazem com que se reúnam freqüentemente diversos Espíritos, felizes de estarem juntos.
Pela palavra antigo é preciso entender os laços de amizade feitos em existências anteriores. Trazemos, ao despertar, uma intuição das idéias que adquirimos nessas conversas ocultas, mas ignoramos a sua fonte.
418 Uma pessoa que acreditasse ter um de seus amigos mortos, embora estivesse vivo, poderia se encontrar com ele em Espírito e saber que está vivo? Ela poderia, nesse caso, ter uma intuição disso ao despertar?
– Como Espírito, pode certamente vê-lo e saber de sua situação. Se não lhe foi imposto como uma prova acreditar na morte de seu amigo, terá um pressentimento de sua existência, como poderá ter de sua morte.

Transmissão oculta do pensamento

419 Por que a mesma idéia, a de uma descoberta, por exemplo, pode surgir em diversos lugares ao mesmo tempo?
– Já dissemos que durante o sono os Espíritos se comunicam entre si. Pois bem, quando o corpo desperta, o Espírito se recorda do que aprendeu e o homem acredita ser o autor da invenção. Assim, muitos podem descobrir a mesma coisa ao mesmo tempo. Quando dizeis: uma idéia está no ar, usais de uma figura de linguagem mais justa do que acreditais; cada um, sem saber, contribui para propagá-la.
Nosso próprio Espírito revela, assim, muitas vezes a outros Espíritos e sem nosso conhecimento o que se faz objeto de nossas preocupações quando acordados.
420 Os Espíritos podem se comunicar se o corpo está completamente acordado?
– O Espírito não está fechado no corpo como numa caixa; irradia por todos os lados. Eis por que pode se comunicar com outros Espíritos, até mesmo acordados, embora o faça mais dificilmente.
421 Por que duas pessoas perfeitamente acordadas têm muitas vezes, instantaneamente, a mesma idéia?
– São dois Espíritos simpáticos que se comunicam e vêem reciprocamente seus respectivos pensamentos, até mesmo quando o corpo não dorme.
Existe, entre os Espíritos que se encontram, uma comunicação de pensamentos que faz com que duas pessoas se vejam e se compreendam, sem ter necessidade dos sinais exteriores da linguagem. Pode-se dizer que falam a linguagem dos Espíritos.

Letargia4, catalepsia5, mortes aparentes

422 Os letárgicos e os catalépticos vêem e ouvem geralmente o que se passa ao redor deles, mas não podem se manifestar; é pelos olhos e ouvidos do corpo que vêem e ouvem?
– Não. É pelo Espírito; o Espírito tem conhecimento dos fatos, mas não pode se comunicar.
422 a Por que não pode se comunicar?
– O estado do corpo se opõe a isso; esse estado peculiar dos órgãos vos dá a prova de que existe no homem outra coisa além do corpo, uma vez que o corpo não funciona mais, mas o Espírito ainda age.
423 Na letargia, o Espírito pode se separar inteiramente do corpo, de maneira a dar-lhe todas as aparências da morte e voltar em seguida?
– Na letargia, o corpo não está morto, uma vez que há funções vitais que permanecem. A vitalidade se encontra em estado latente, como na crisálida, mas não está aniquilada. Portanto, o Espírito está unido ao corpo enquanto este vive. Mas quando os laços são rompidos pela morte real há a desagregação dos órgãos, a separação é completa e o Espírito não retorna mais. Quando um homem aparentemente morto retorna à vida, é que o processo da morte não estava consumado.
424 Pode-se, por meio de cuidados dados a tempo, reatar os laços prestes a se romper e tornar à vida um ser que, por falta de socorro, estaria definitivamente morto?
– Sim, sem dúvida, e tendes a prova disso todos os dias. O magnetismo é freqüentemente, nesse caso, um poderoso meio, porque restitui ao corpo o fluido vital que lhe falta e que era insuficiente para manter o funcionamento dos órgãos.
A letargia e a catalepsia têm o mesmo princípio, que é a perda momentânea da sensibilidade e do movimento por uma causa fisiológica. Diferem em que, na letargia, a suspensão das forças vitais é geral e dá ao corpo todas as aparências da morte. Na catalepsia, é localizada e pode afetar uma parte mais ou menos extensa do corpo, de maneira a deixar a inteligência livre para se manifestar, o que não permite confundi-la com a morte. A letargia é sempre natural; a catalepsia é algumas vezes espontânea, mas pode ser provocada ou desfeita artificialmente pela ação magnética.

Sonambulismo

425 O sonambulismo natural tem relação com os sonhos? Como se pode explicá-lo?
– É uma situação de independência do Espírito mais completa do que no sonho, porque então suas faculdades abrangem maior amplidão e passa a ter percepções que não tem no sonho, que é um estado de sonambulismo imperfeito. No sonambulismo, o Espírito atinge a plena posse de si, é inteiramente ele mesmo; os órgãos materiais, estando de alguma forma em catalepsia, não recebem mais as impressões exteriores. Esse estado se manifesta principalmente durante o sono. É o momento em que o Espírito pode deixar provisoriamente o corpo, estando este entregue ao indispensável repouso da matéria. Quando os fatos do sonambulismo se produzem, é que o Espírito, preocupado com uma coisa ou outra, se entrega a uma ação qualquer que necessita da utilização de seu corpo, do qual se serve, então, de uma maneira semelhante ao que se faz com uma mesa ou com qualquer outro material no fenômeno das manifestações físicas, ou até mesmo de vossa mão, no caso das comunicações escritas. Nos sonhos de que se tem consciência, os órgãos, incluindo o da memória, começam a despertar e recebem imperfeitamente as impressões produzidas pelos objetos ou as causas exteriores e as comunicam ao Espírito, que, em repouso, não se apercebe a não ser de sensações confusas e freqüentemente sem nexo e sem nenhuma razão de ser aparente, misturadas que estão com vagas lembranças, seja desta ou de existências anteriores. Fica então fácil compreender por que os sonâmbulos, enquanto no estado sonambúlico, não têm nenhuma lembrança do que ocorreu, e por que os sonhos, dos quais se conserva a memória, não têm muitas vezes o menor sentido. Digo muitas vezes porque pode acontecer que sejam a conseqüência de uma lembrança precisa de acontecimentos de uma vida anterior e, algumas vezes, até mesmo uma espécie de intuição do futuro.
426 O sonambulismo chamado magnético tem relação com o sonambulismo natural?
– É a mesma coisa; a diferença é que ele é provocado.
427 Qual é a natureza do agente chamado fluido magnético?
– Fluido vital, eletricidade animalizada, que são modificações do fluido universal.
428 Qual é a causa da clarividência sonambúlica?
– Já dissemos: é a alma que vê.
429 Como o sonâmbulo pode ver através de corpos opacos?
– Não há corpos opacos a não ser para vossos órgãos grosseiros; já dissemos que, para o Espírito, a matéria não é obstáculo, uma vez que a atravessa livremente. Freqüentemente, o sonâmbulo diz que vê pela fronte, pelo joelho, etc., porque vós, inteiramente presos à matéria, não compreendeis que se possa ver sem o auxílio dos órgãos da visão. Ele mesmo, pelo desejo que tendes, acredita ter necessidade desses órgãos, mas se o deixásseis livre compreenderia que vê por todas as partes de seu corpo ou, melhor dizendo, vê de fora de seu corpo.
430 Uma vez que a clarividência do sonâmbulo é de sua alma ou seu Espírito, por que não vê tudo e por que se engana freqüentemente?
– Inicialmente, não é dado aos Espíritos imperfeitos tudo ver e conhecer; sabeis que eles ainda participam de vossos erros e preconceitos. Além disso, quando estão ligados à matéria, não usufruem de todos os dons ou faculdades do Espírito. Deus deu ao homem a faculdade do sonambulismo com um objetivo útil e sério e não para o que não deve saber; eis por que os sonâmbulos não podem dizer tudo.
431 Qual a origem das idéias inatas do sonâmbulo e como ele pode falar com exatidão de coisas que ignora quando acordado, que estão acima até mesmo de sua capacidade intelectual?
– Acontece que o sonâmbulo possui mais conhecimentos do que supondes e apenas se acham adormecidos, porque seu corpo é um entrave para que possa se lembrar das coisas. Mas, afinal, o que é ele? Como nós, é um Espírito encarnado na matéria para cumprir sua missão e o estado em que entra o desperta dessa letargia. Nós vos dissemos, repetidamente, que vivemos muitas vezes; é essa mudança que faz o sonâmbulo e qualquer outro Espírito perder materialmente o que pôde aprender em uma existência anterior. Ao entrar no estado que chamais de transe, ele se recorda, mas nem sempre de uma maneira completa; sabe, mas não poderia dizer de onde lhe vem o que sabe nem como possui esses conhecimentos. Passado o transe, toda lembrança se apaga e ele volta à obscuridade.
A experiência mostra que os sonâmbulos também recebem comunicações de outros Espíritos que lhes transmitem o que devem dizer e suprem sua insuficiência. Isso se vê especialmente nas prescrições médicas: o Espírito do sonâmbulo vê o mal, um outro lhe indica o remédio. Essa dupla ação é algumas vezes evidente e se revela, de forma clara, por essas expressões bastante freqüentes: dizem-me para dizer, proíbem-me de dizer tal coisa. Nesse último caso, há sempre perigo em insistir para obter uma revelação recusada, visto que então são apanhados por Espíritos levianos que falam de tudo sem escrúpulo e sem se preocuparem com a verdade.
432 Como explicar a visão à distância em alguns sonâmbulos?
– A alma não se transporta durante o sono? O mesmo acontece no sonambulismo.
433 O desenvolvimento maior ou menor da clarividência sonambúlica prende-se à organização física ou à natureza do Espírito encarnado?
– A ambas. Existem disposições físicas que permitem ao Espírito se desprender mais ou menos da matéria.
434 As faculdades, os dons dos quais desfruta o sonâmbulo, são as mesmas que o Espírito tem após a morte?
– Até certo ponto, porque é preciso levar em conta a influência da matéria à qual ainda está ligado.
435 O sonâmbulo pode ver os outros Espíritos?
– A maioria os vê muito bem, isso depende do grau e da natureza de sua lucidez, mas algumas vezes não se dá conta disso de início e os toma por seres corpóreos. Isso acontece principalmente com aqueles que não possuem nenhum conhecimento do Espiritismo. Ainda não compreendem a essência dos Espíritos. Isso os espanta e eis por que acreditam estar vendo pessoas vivas.
O mesmo efeito se produz no momento da morte naqueles que acreditam ainda estarem vivos. Nada a seu redor parece mudado, os Espíritos lhe parecem ter corpo semelhante ao nosso e tomam a aparência do próprio corpo como um corpo real.
436 O sonâmbulo que vê à distância vê do ponto em que está seu corpo ou daquele em que está sua alma?
– Por que perguntais, uma vez que sabeis que é a alma que vê e não o corpo?
437 Uma vez que é a alma que se transporta, como pode o sonâmbulo experimentar em seu corpo as sensações de calor e frio do lugar onde se encontra sua alma, e que está, muitas vezes, bem longe de seu corpo?
– A alma não deixou inteiramente o corpo; está sempre ligada a ele por um laço que é o condutor das sensações. Quando duas pessoas se correspondem de uma cidade a outra por meio da eletricidade6, é a eletricidade o laço entre seus pensamentos. Por esse laço se comunicam como se estivessem ao lado uma da outra.
438 O uso que um sonâmbulo faz de sua faculdade influi sobre o estado de seu Espírito após sua morte?
– Muito, como o bom ou o mau uso de todas as faculdades que Deus deu ao homem.

Êxtase

439 Que diferença existe entre o êxtase e o sonambulismo?
– O êxtase é um sonambulismo mais depurado; a alma do extático é ainda mais independente.
440 O Espírito do extático penetra realmente nos mundos superiores?
– Sim, ele os vê e compreende a felicidade daqueles que os habitam. Deseja, por isso, lá permanecer. Mas existem mundos inacessíveis aos Espíritos que não são suficientemente depurados.
441 Quando o extático exprime o desejo de deixar a Terra, fala sinceramente e não sente atuar nele o instinto de conservação?
– Isso depende do grau de pureza do Espírito; se vê sua posição futura melhor do que sua vida presente, faz esforços para romper os laços que o prendem à Terra.
442 Se o extático ficasse abandonado a si mesmo, sua alma poderia definitivamente deixar seu corpo?
– Sim, poderia morrer. Por isso é preciso fazê-lo voltar apelando para tudo o que pode prendê-lo à vida na Terra e, principalmente, fazendo-o compreender que, se romper a cadeia que o retém aqui, será a maneira certa de não permanecer onde ele vê que seria feliz.
443 Existem coisas que o extático pretende ver e que são evidentemente fruto de uma imaginação impressionada pelas crenças e preconceitos terrenos. Tudo o que vê não é, então, real?
– O que vê é real para ele, mas como seu Espírito está sempre sob a influência das idéias terrenas pode vê-lo à sua maneira ou, melhor dizendo, pode se exprimir numa linguagem apropriada a seus preconceitos ou às idéias em que foi educado, ou aos vossos, a fim de melhor se fazer compreender. É, principalmente, nesse sentido que ele pode errar.
444 Que grau de confiança se pode depositar nas revelações dos extáticos?
– O extático pode, muito freqüentemente, se enganar, principalmente quando pretende penetrar naquilo que deve permanecer em mistério para o homem, porque então revelará suas próprias idéias ou se tornará joguete de Espíritos enganadores que se aproveitam de seu entusiasmo para fasciná-lo.
445 Que conseqüências se pode tirar dos fenômenos do sonambulismo e do êxtase? Não seriam uma espécie de iniciação à vida futura?
– É, verdadeiramente, a vida passada e a vida futura que o homem entrevê. Se estudar esses fenômenos, aí encontrará a solução de mais de um mistério que sua razão procura inutilmente penetrar.
446 Os fenômenos do sonambulismo e do êxtase poderiam se conciliar com o materialismo?
– Aquele que os estuda de boa-fé, sem prevenções, não pode ser nem materialista nem ateu.

Dupla vista

447 O fenômeno conhecido como dupla vista ou segunda vista tem relação com o sonho e o sonambulismo?
– Tudo isso é a mesma coisa. O que chamais de dupla vista é ainda o Espírito que está mais livre, embora o corpo não esteja adormecido. A dupla vista é a vista da alma.
448 A dupla vista é permanente?
– A faculdade, sim; o exercício, não. Nos mundos menos materiais, os Espíritos se desprendem mais facilmente e se comunicam apenas por meio do pensamento, sem excluir, entretanto, a linguagem articulada. A dupla vista é também, para a maioria dos que lá habitam, uma faculdade permanente. Seu estado normal pode ser comparado ao dos vossos sonâmbulos lúcidos e é também por essa razão que eles se manifestam mais facilmente do que aqueles que estão encarnados nos corpos mais grosseiros.
449 A dupla vista se desenvolve espontaneamente ou pela vontade de quem a possui?
– Mais freqüentemente é espontânea, mas muitas vezes a vontade aí exerce um grande papel. Assim, por exemplo, em certas pessoas que se chamam adivinhos, algumas das quais têm essa faculdade, vereis que é exercitando a vontade que chegam a ter dupla vista, o que chamais de visão ou visões.
450 Há a possibilidade de se desenvolver a dupla vista pelo exercício?
– Sim, o trabalho sempre traz o progresso e faz desaparecer o véu que cobre as coisas.
450 a Essa faculdade tem alguma ligação com a organização física?
– Certamente, o organismo desempenha aí um papel; existem, porém, organismos que lhe são refratários.
451 Por que a dupla vista parece ser hereditária em certas famílias?
– Semelhança dos organismos que se transmite como as outras qualidades físicas. Além disso, a faculdade se desenvolve por uma espécie de educação que também se transmite de um para outro.
452 É certo que algumas circunstâncias provocam o desenvolvimento da dupla vista?
– Sim. A doença, a expectativa de um perigo, uma grande comoção podem desenvolvê-la. O corpo está algumas vezes num estado incomum, especial, que permite ao Espírito ver o que não podeis ver com os olhos do corpo.
Em tempos de crise e de calamidades, as grandes emoções, todas as causas que superexcitam o moral7 provocam, algumas vezes, o desenvolvimento da dupla vista. Parece que a Providência, em presença do perigo, nos dá o meio de afastá-lo. Todas as seitas e facções políticas perseguidas nos oferecem numerosos exemplos disso.
453 As pessoas dotadas da dupla vista têm sempre consciência disso?
– Nem sempre. Para elas é uma coisa totalmente natural, e muitos acreditam que, se todas as pessoas observassem o que se passa consigo mesmas, deveriam ser como eles.
454 Poderíamos atribuir a uma espécie de dupla vista a perspicácia de certas pessoas que, sem nada terem de extraordinário, julgam as coisas com mais precisão do que as outras?
– É sempre a alma que irradia mais livremente e julga melhor que sob o véu da matéria.
454 a Essa faculdade pode, em certos casos, dar a previsão das coisas?
– Sim, e também os pressentimentos, porque existem vários graus nessa faculdade, e a mesma pessoa pode ter todos os graus ou apenas alguns.

Resumo teórico do sonambulismo, do êxtase e da dupla vista

455 Os fenômenos do sonambulismo natural se produzem espontaneamente e são independentes de toda causa exterior conhecida. Contudo, o organismo físico de algumas pessoas pode ser especialmente dotado para isso e os fenômenos podem, então, ser provocados artificialmente, por um magnetizador.
O estado designado sob o nome de sonambulismo magnético só difere do sonambulismo natural porque é provocado, enquanto o outro é espontâneo.
O sonambulismo natural é um fato notório que ninguém mais põe em dúvida, apesar do aspecto maravilhoso dos seus fenômenos. O que tem, então, de mais extraordinário ou de mais irracional o sonambulismo magnético? Apenas por ser produzido artificialmente, como tantas outras coisas? Os charlatães, dizem, o têm explorado. Eis uma razão a mais para não o deixar nas mãos deles. Quando a ciência o tomar para si, admitindo-o, o charlatanismo terá bem menos crédito sobre as massas. Contudo, enquanto isso não acontece, o sonambulismo natural ou artificial é um fato, e como contra fatos não há argumentos, se propaga, apesar da má vontade de alguns, e isso até mesmo na ciência, onde penetra por uma infinidade de pequenas portas em vez de ser aceito pela porta da frente. Quando estiver plenamente firmado lá, será preciso conceder-lhe direito de cidadania.
Para o Espiritismo, o sonambulismo é mais que um fenômeno fisiológico, é uma luz lançada sobre a psicologia; é aí que se pode estudar a alma, porque ela se mostra descoberta. Ora, um dos fenômenos pelos quais a alma ou Espírito se caracteriza é a clarividência, independentemente dos órgãos ordinários da vista. Os que contestam esse fato se apóiam no argumento de que o sonâmbulo nem sempre vê como se vê pelos olhos e nem sempre vê conforme a vontade do experimentador. É natural. E devemos nos surpreender que, sendo os meios diferentes, os efeitos não sejam os mesmos? É racional querer efeitos idênticos quando o instrumento não existe mais? A alma tem suas propriedades assim como o olho tem as suas; é preciso julgá-las em si mesmas e não por comparação.
A causa da clarividência tanto no sonambulismo magnético quanto no natural é a mesma: é um atributo da alma, uma faculdade inerente a todas as partes do ser incorpóreo que está em nós e cujos limites são os mesmos da própria alma. O sonâmbulo vê todos os lugares aonde sua alma possa se transportar, seja qual fora distância.
Na visão à distância, o sonâmbulo não vê as coisas do lugar em que está seu corpo e sim como por um efeito telescópico8. Ele as vê presentes e como se estivesse no lugar onde elas existem, visto que sua alma lá está em realidade. É por isso que seu corpo fica como se estivesse aniquilado e parece privado de sensações até o momento em que a alma vem retomá-lo.
Essa separação parcial da alma e do corpo é um estado anormal que pode ter uma duração mais ou menos longa, mas não indefinida; é a causa do cansaço que o corpo sente após um certo tempo, principalmente quando a alma se entrega a um trabalho ativo.
O órgão da visão na alma ou Espírito não é circunscrito e não tem um lugar determinado, como no corpo físico, o que explica por que os sonâmbulos não podem lhe assinalar um órgão especial. Eles vêem porque vêem, sem saber como ou por que, pois para eles, como Espíritos, a vista não tem sede própria. Ao se reportarem ao seu corpo, essa sede lhes parece estar nos centros onde a atividade vital é maior, principalmente no cérebro, na região epigástrica9, ou no órgão que, para eles, é o ponto de ligação mais intenso entre o Espírito e o corpo.
O poder da lucidez sonambúlica não é ilimitado. O Espírito, mesmo completamente liberto do corpo, está limitado em suas faculdades e conhecimentos de acordo com o grau de perfeição que atingiu, e mais ainda por estar ligado à matéria da qual sofre influência. Por causa disso é que a clarividência sonambúlica não é comum, nem infalível. Muito menos se pode contar com sua infalibilidade quanto mais se desviado objetivo proposto pela natureza e quanto mais se faz dela objeto de curiosidade e experimentação.
No estado de desprendimento em que se encontra, o Espírito do sonâmbulo entra em comunicação mais fácil com outros Espíritos encarnados ou não encarnados; essa comunicação se estabelece pelo contato dos fluidos que compõem os perispíritos e servem de transmissão para o pensamento, como o fio na eletricidade.
O sonâmbulo não tem, portanto, necessidade de que o pensamento seja articulado pela fala: ele o sente e adivinha, é o que o torna extremamente impressionável às influências da atmosfera moral em que está. É também por isso que uma assistência numerosa de espectadores, e principalmente de curiosos mal-intencionados, prejudica o desenvolvimento dessas faculdades, que se recolhem, por assim dizer, em si mesmas, e não se desdobram com toda a liberdade como numa reunião íntima e num meio simpático. A presença de pessoas mal-intencionadas ou antipáticas produz sobre o sonâmbulo o efeito do contato da mão sobre a planta sensitiva10.
O sonâmbulo vê às vezes seu próprio Espírito e seu próprio corpo; são, por assim dizer, dois seres que lhe representam a dupla existência, espiritual e corporal, e entretanto se confundem pelos laços que os unem. Nem sempre o sonâmbulo se dá conta dessa situação e essa dualidade faz com que muitas vezes fale de si como se falasse de outra pessoa; é que, às vezes, é o ser corporal que fala ao espiritual e, outras, é o ser espiritual que fala ao corporal.
O Espírito adquire um acréscimo de conhecimento e experiência a cada uma de suas existências corporais. Ele os esquece em parte, durante sua encarnação numa matéria muito grosseira, mas sempre se lembra disso como Espírito.
É por isso que certos sonâmbulos revelam conhecimentos além da instrução que possuem e até mesmo superiores às suas aparentes capacidades intelectuais. A inferioridade intelectual e científica do sonâmbulo quando acordado não interfere, portanto, em nada nos conhecimentos que pode revelar. De acordo com as circunstâncias e o objetivo a que se proponha, pode tirá-las de sua própria experiência, na clarividência das coisas presentes ou do conselho que recebe de outros Espíritos, ou ainda do seu próprio Espírito, que, podendo ser mais ou menos avançado, pode então dizer coisas mais ou menos certas.
Pelos fenômenos do sonambulismo, tanto o natural quanto o magnético, a Providência nos dá a prova irrecusável da existência e independência da alma e nos faz assistir ao espetáculo sublime da liberdade que ela tem; assim, nos abre o livro de nossa destinação. Quando o sonâmbulo descreve o que se passa à distância, é evidente que ele vê, mas não pelos olhos do corpo; vê a si mesmo e sente-se transportado para lá; há, portanto, naquele lugar algo dele, e esse algo, não sendo seu corpo, só pode ser sua alma ou Espírito.
Enquanto o homem se perde nas sutilezas de uma metafísica abstrata e incompreensível para pesquisar as causas de nossa existência moral, Deus coloca diariamente ao alcance de nossos olhos e nossas mãos os meios mais simples e evidentes para o estudo da psicologia experimental.
O êxtase é o estado em que a independência da alma e do corpo se manifesta de maneira mais sensível e torna-se de certo modo palpável.
No sonho e no sonambulismo, a alma percorre os mundos terrestres. No êxtase, penetra num mundo desconhecido, dos Espíritos etéreos, com os quais entra em comunicação, sem, entretanto, ultrapassar certos limites que não teria como transpor sem romper totalmente os laços que a ligam ao corpo. Sente-se num estado resplandecente completamente novo que a circunda, harmonias desconhecidas na Terra a arrebatam, um bem-estar indefinível a envolve. A alma desfruta por antecipação da beatitude celeste e pode-se dizer que põe um pé sobre o limiar da eternidade.
No estado de êxtase o aniquilamento do corpo é quase completo; tem apenas, por assim dizer, a vida orgânica e sente que a alma está a ele ligado apenas por um fio que um pequeno esforço extra faria romper para sempre.
Nesse estado, todos os pensamentos terrestres desaparecem para dar lugar ao sentimento puro, que é a própria essência de nosso ser imaterial. Inteiramente envolto nessa contemplação sublime, o extático encara a vida apenas como uma paragem momentânea. Para ele tanto o bem quanto o mal, as alegrias grosseiras e misérias aqui da Terra são apenas incidentes fúteis de uma viagem cujo término que avista o deixa feliz.
Os extáticos são como os sonâmbulos: sua lucidez pode ser mais ou menos perfeita e seu próprio Espírito, conforme for mais ou menos elevado, estará também igualmente apto a conhecer e compreender as coisas. Há neles, algumas vezes, mais exaltação do que verdadeira lucidez ou, melhor dizendo, sua exaltação prejudica sua lucidez. É por isso que suas revelações são freqüentemente uma mistura de verdades e erros, de coisas sublimes e absurdas ou até mesmo ridículas. Os Espíritos inferiores se aproveitam, freqüentemente, dessa exaltação, que é sempre uma causa de fraqueza quando não se sabe reprimi-la, para dominar o extático, e se fazem passar aos seus olhos com aparências que o prendem às idéias e preconceitos que têm quando acordado. Isso representa uma dificuldade e um perigo, mas nem todos são assim; cabe a nós julgar friamente e pesar suas revelações na balança da razão.
A emancipação da alma se manifesta às vezes no estado de vigília e produz o fenômeno conhecido como dupla vista ou segunda vista, que dá àqueles que dela são dotados a faculdade de ver, ouvir e sentir além dos limites de nossos sentidos. Eles percebem coisas distantes em todas as partes onde a alma estenda sua ação; eles as vêem, por assim dizer, pela visão ordinária e por uma espécie de miragem.
No momento em que se produz o fenômeno da dupla vista, o estado físico do indivíduo é sensivelmente modificado; o olhar tem algo de vago: olha sem ver; a fisionomia toda reflete um ar de exaltação. Constata-se que os órgãos da vista ficam alheios ao processo porque a visão persiste, apesar dos olhos fechados.
Essa faculdade parece, para aqueles que dela desfrutam, tão natural como a de ver; é para eles uma propriedade normal do seu ser e não lhes parece excepcional. O esquecimento se segue em geral a essa lucidez passageira da qual a lembrança, cada vez mais vaga, acaba por desaparecer como a de um sonho.
O poder da dupla vista varia desde a sensação confusa até a percepção clara e nítida das coisas presentes ou ausentes. No estado rudimentar, dá a certas pessoas o tato, a perspicácia, uma espécie de certeza em seus atos que se pode chamar de precisão do golpe de vista moral.
Um pouco mais desenvolvida, desperta os pressentimentos; ainda mais desenvolvida, mostra os acontecimentos ocorridos ou em via de ocorrer.
O sonambulismo natural ou artificial, o êxtase e a dupla vista são apenas variedades ou modificações de uma mesma causa. Esses fenômenos, assim como os sonhos, estão na lei da natureza; eis por que existiram desde todos os tempos. A história nos mostra que foram conhecidos e até mesmo explorados desde a mais alta Antigüidade e neles está a explicação de diversos fatos que os preconceitos fizeram considerar sobrenaturais.

  1. Outra espécie de sonhos: ele se referia à mediunidade (N. E.).
  2. Joana D’Arc: heroína francesa. Comandou os exércitos da França à vitória sobre os ingleses, orientada por seus sonhos e suas visões (N. E.).
  3. Jacó: patriarca hebreu do Antigo Testamento que viu em sonho uma escada que levava da Terra ao céu (N. E.).
  4. Letargia: estado caracterizado por sono profundo e demorado, causado por distúrbios cerebrais ou por perda momentânea do controle cerebral. (N. E.).
  5. Catalepsia: estado caracterizado pela rigidez dos músculos e imobilidade; pode ser provocado por afecções nervosas ou induzidas, como, por exemplo, pelo hipnotismo (N. E.).
  6. Eletricidade: o telégrafo, o telefone, etc. A resposta se refere ao telégrafo, mas se aplica hoje ao telefone e às telecomunicações em geral (N. E.).
  7. O moral: ânimo (N. E.).
  8. Efeito telescópico: capacidade de discernir objetos distantes (N. E.).
  9. Epigástrica: referente à parte superior e central do abdome (N. E.).
  10. Sensitiva: planta também conhecida como dormideira, que se fecha ao contato com a mão (N. E.).

VIDA DURANTE O SONO


Apostila 47  em http://vivenciasespiritualismo.net/mediunidade2/apostila47/apostila47.htm

MEDIUNIDADE - TEORIA E PRÁTICA

37ª Parte
"Sono é um desdobramento, mais ou menos inconsciente, é uma porta que libera o espírito algumas horas, (...) Se quereis ter sonhos mais lúcidos, lembranças mais vivas do encontro com entidades elevadas no mundo espiritual, começai a reformar a vossa mente."
(Miramez - Livro: Horizontes da Mente, páginas 194 e 195)

A apostila anterior tratou das questões relacionadas ao desgaste físico do médium, dando ensejo a que se falasse sobre o repouso que, na oportunidade comentamos apenas ligeiramente. Para definir os aproveitamentos possíveis nas horas de sono veremos nesta sobre 

VIDA DURANTE O  SONO
O ser encarnado vive uma vida onde dois ciclos se alternam. Um ciclo de consciência, quando está acordado, e um outro de inconsciência, quando está a dormir. Naturalmente que as duas classificações usadas acima, consciência e inconsciência, são apenas forma de expressão. Definem o estado de observação em que se encontra o indivíduo, e não uma realidade total, pois, na verdade, o Ser nunca está inconsciente. O que muda entre o estado de vigília e o estado de sono é a dimensão perceptiva. Sobre isso é nosso estudo desta apostila.
Iniciamos dizendo que as horas consumidas a dormir são tão importantes quanto o são os alimentos. Essa observação quer dizer que, assim como cuidadosamente selecionamos os alimentos de cada dia, também igualmente devemos nos preparar para dormir, pois, nessas horas coisas inacreditáveis poderão vir a acontecer. Tanto obteremos delas um repouso reparador como um distúrbio organo-emocional, tudo dependendo de como passamos as horas da noite.






A explicação para esse fato pode ser assim comentada: A figura 47A está dividida em duas partes. Acompanhemos.
Quadro 1 - Um indivíduo em atividade durante as horas do dia. Devido às restrições que o corpo Físico impõe à percepção da consciência, esta, ou o Eu, simbolicamente na figura, se mostra pouco radiante.
Quadro 2 - O mesmo indivíduo, à noite, dormindo. Nesta faixa o Eu, sempre situado em seu plano natural, o Monádico, se mostra bem radiante, simbolizando que as percepções através de corpos sutis se tornam mais abrangentes. Observar que nesta faixa 2 da figura, se mostra desdobrado o Cordão de Prata em virtude do desacoplamento do corpo Astral do corpo Físico, o que não acontece na ilustração da faixa 1.
Mas seguindo em nossa exposição, e ainda com foco na figura 47A, como ficou visto na apostila 11, o indivíduo possui vários corpos, situados, cada um num plano específico. Durante o dia seus diversos corpos se acham acoplados ao corpo Físico. Por isso, todas as atenções, ou estado de consciência, se voltam exclusivamente para as atividades da vida humana.
À noite, cansado, busca o repouso. Ao relaxar os músculos e o sistema nervoso central, afrouxam-se, também os laços energéticos que prendem os demais corpos ao corpo físico. Daí vem o sono. Durante este os sentidos físicos ficam inativos. A consciência que depende deles, principalmente do corpo Físico, para o contato com o mundo, não os tendo, volta sua atenção para o plano imediatamente seguinte. Isto é, para o corpo Astral no plano Astral. Ali, desprendido do Físico, desperta o corpo Astral a oferecer à consciência condição de percepção em outra dimensão.
Nessa alternância e interação ocorre o repouso necessário ao corpo Físico, enquanto que ao mesmo tempo a consciência participa de ações no plano Astral.
Em síntese, esta é a visão que temos na ilustração da figura 47A. Atividade humana, quadro 1, e atividade extra-humana, quadro 2.
Essa nova visão relacionada ao sono veio da constatação de que a fase do sono, conquanto semelhante a uma preparação para a morte está, todavia, cheia de vida. Recordem os sonhos e observem como eles são cada vez mais vívidos, nos quais se vê em múltiplas atividades.
Essas recordações mostram, comparativamente, que as aptidões e dinamismo na vida Física também aumentam, numa clara relação com as experiências oníricas. Logo, constata-se, o sonho não é apenas a imaginação fantasiosa num dormir, é um reflexo "censurado", ou velado, de atos reais desse momento do dormir. Venham de onde viver, ocorram onde tenha ocorrido, são acontecimentos reais.
Assim entendido, passa o indivíduo a observar melhor seu sono, descobrindo que poderá aproveitar aquelas horas de descanso físico usando-as em atividades reais no plano Astral, ou em outros. Portanto, convicto de que não são meros sonhos, conforme a acepção da palavra, durante o sono.
Essa resolução faz com que o sono deixe de ser considerado apenas uma peça de afastamento das atividades, e se transforme numa mudança de cenário onde as mesmas atividades, do período de vigília, possam continuar a ser executadas.
Dessa constatação, como dissemos, temos a seguinte escala de aproveitamento das horas de sono, cuja gradação indica claramente o nível evolutivo do indivíduo.
HOMEM, PSIQUICAMENTE, POUCO DESENVOLVIDO
Tendo o corpo Astral toscamente desenvolvido, o que significa sm recursos para mais liberdade no plano Astral, permanece a consciência quase inativa. O corpo Astral permanece a flutuar ligeiramente sobre o Físico, enquanto este dorme. Interligados pelo cordão de prata, assim ficam os dois corpos durante o tempo em que durar o sono. E´ isso que nos demonstra a figura 47B.
O indivíduo dessa categoria, mesmo que deseje se afastar do corpo físico não conseguirá porque ainda não aprendeu a usar o corpo Astral como veículo independente para a consciência, como também ainda não descobriu proveitos naquele plano.
HOMEM, PSIQUICA E, MEDIANAMENTE DESENVOLVIDO
Na figura 47C vemos o indivíduo que possui o corpo Astral um pouco mais trabalhado. Agora não permanece inativo enquanto seu corpo Físico dorme. Sente que uma corrente invisível o atrai para algum ponto específico. Ainda não sabe identificá-la, mas é a sua própria corrente mental que arrasta seu corpo Astral para aqueles pontos de interesse.
Esses pontos de interesse que mais lhe chamam a atenção geralmente são aqueles mesmos que durante o dia lhe prenderam a vontade. Isso significa que a Consciência, usando o corpo Astral, se dirige, durante as horas de sono, para os mesmos pontos dos interesses que a atraíram durante o dia. Desta forma, embora livre do corpo Físico, continua, contudo, ligada à problemática da vida Física, o que não lhe permite ver, e ou participar, da intensa vida no plano Astral.
Numa pessoa assim, embora o desejo seja ir além, o corpo Astral quase nunca consegue sair do quarto onde o corpo Físico repousa.
HOMEM, PSIQUICAMENTE, BEM DESENVOLVIDO
Agora, nesta nova cena, figura 47D, temos o indivíduo que consegue realizar proezas no mundo Astral. Não fica apenas restrito ao interior de seu quarto, como antes. Tornou-se co-participante de atividades, boas ou más, no plano Astral. Não esqueçam que psiquismo desenvolvido não é sinal de pureza espiritual.
No que concerne aos momentos úteis, ele encontra com amigos e com eles troca idéias. Encontrando seres mais evoluídos recebe deles avisos e instruções, como, também, participa de serviços em benefício dos menos evoluídos. Poderá fazer amizade com pessoas encarnadas de outras partes do mundo e que, igualmente a ele, estão adormecidas fisicamente naquele momento.
Dessas amizades desfrutar da ampliação de seus conhecimentos, como, por exemplo, um médico que durante o sono vá visitar hospitais em outras partes do mundo e se ambientar com a solução de algum caso que está sob sua responsabilidade, como pessoa física, onde trabalhe. Ao voltar ao corpo Físico terá na forma de intuição a referida solução.
Todavia, não podemos nos iludir e nos maravilhar com o aspecto do sono de uma pessoa assim. Naturalmente irá, também, travar contatos com todas as espécies de influências existentes no plano Astral. Não só as benéficas, mas também aquelas que intentam prejudicar. Indiscutivelmente, porém, são oportunidades que se pode usar para vencer muitas dúvidas que nos atormentam, tais como as de superstição, que impedem a liberdade da alma.
HOMEM, PSIQUICA E ALTAMENTE DESENVOLVIDO
Nesta categoria, como a figura 47E, sem exagero, ilustra, pelo grau de liberdade do corpo Astral, poderá percorrer distâncias astronômicas durante suas horas de sono físico. Não só isso, mas por ser o plano Astral o verdadeiro mundo das sensações, tal pessoa sentirá toda a intensidade de sua força interior, sem a interferência cerceadora das distorções provocadas pelo corpo Físico.
Nessas condições irá sentir com mais vivacidade a afeição, a devoção, quanto, também, o sofrimento, o pavor e a luxúria, se estas forem as situações do momento. Nesta categoria exemplificada pela figura 47E, a pessoa já tem sob inteiro controle a sua força de vontade, mesmo que não a use para atos benéficos, mas sabe que sua mente poderá ter domínio sobre os acontecimentos com que se deparará, bastando usar seu pensamento para mudar as situações.
Pode-se dizer que para uma pessoa nessas condições, já não existe o intervalo entre a consciência física e a consciência astral. A todo momento sua vida tem uma só e mesma continuidade. E´ o estado de consciência contínua, como assim denominou dr. Waldo Vieira, que será melhor visto no tópico Projeção da Consciência, apostila 48.
SITUAÇÃO DA HUMANIDADE ATUAL
A maioria das pessoas de nossa atual sociedade já tem consciência integral quando no corpo Astral. Entretanto, em muitos casos, não sabem usá-lo como veículo independente para seu Eu maior. A dificuldade em usá-lo como veículo independente no plano Astral, não é pelo fato de não saber como fazê-lo, mas porque, durante milhares de anos, o Ser se acostumou a movimentá-lo apenas sugestionado pelas impressões recebidas através do corpo Físico. Isto é, não sabe controlar suas vontades transpondo-as aos interesses Astrais enquanto dorme, deixando prevalecer aquelas que lhe motivaram as ações durante o dia.
Para superar esse atravancamento os Mentores instruem alertando-nos para aprendermos a mudar nosso padrão vibratório, e o centro de nossos interesses, desviando-os dos dominós constrangedores do plano Físico. Inicialmente é tão suficiente interessar-se pelos assuntos transcendentes como forma de nos deixar atrair pelos demais planos de existência. Fazendo-o, principalmente, nos momentos que antecedem a hora do repouso.
A partir disso, estarão à espera, daqueles que o desejarem, as cidades repletas de vida, de trabalho de evolução e ordem, existentes nos planos além do Físico. Comunitariamente, elas são compostas com escolas, centros de pesquisas, núcleos hospitalares, unidades industriais, zonas de produção agrícola, residências familiares e parques de lazer. Isso evidencia que a vida é um continuar, ininterrupto.


Portanto, num entrelaçamento também ininterrupto, as atividades das horas do dia, quando conscientemente voltadas ao Todo existencial, nos direcionarão às atividades nas horas da noite, no Astral. E uma vez nelas, quando aproveitadas para o bem comum, o indivíduo se sentirá possuidor de novas têmperas, mais fortes, que o ajudarão a melhor suportar as horas do novo dia que despertará.
Entretanto, para que assim aconteça, depende da capacidade de, quando for dormir, saber afrouxar seu corpo Físico, concedendo-lhe um sono profundo e reparador. Deixando-se prender, excessivamente, pelas preocupações do dia, estas aumentam a tensão mental causando insônia ou inquietação. Observem que as crianças e os animais caem instantaneamente no estado de sono porque não têm, sobre si, as tensões sociais que sobrecarregam os adultos.
As tensões, quanto mais crescentes, se tornam idéias fixas, impedindo o indivíduo de ter acesso aos planos espirituais durante o sono. Nestes casos, se não houver o esforço de relaxamento, o sono, quando sobrevier, será agitado e fragmentado, pois tanto o corpo Astral como o Mental, continuarão ressoando na mesma freqüência de quando o corpo Físico está acordado.
O processo mais indicado para iniciar o relaxamento do corpo Físico, visando a liberdade dos demais corpos, distanciando-o das preocupações do dia é: uma leitura edificante antes de se preparar para deitar, e idealizar o propósito de, durante o sono, manter contato com os seus orientadores espirituais. (Ver apostila 50).


Bibliografia
Allan Kardec - O Livro dos Médiuns - capítulo 7 - Livraria Allan Kardec Editora
Allan Kardec - O Livro dos Espíritos - Questões 400 a 418 - Livraria Allan Kardec Editora
Waldo Vieira - Projeciologia - capítulo 72 - 73 - 75 - 131 - 132 - 188 - Edição do autor
Waldo Vieira - Projeção da Consciência - Livraria Allan Kardec Editora
Leon Denis - No Invisível - capítulo 12 - Federação Espírita Brasileira
Leon Denis - Depois da Morte - capítulo 22 - Federação Espírita Brasileira
Leon Denis - O problema do Ser, do Destino e da Dor - capítulos 4, 5 e 6 - Federação Espírita Brasileira
Gabriel Dellanne - A Reencarnação - capítulo 9 - Federação Espírita Brasileira
Hernani Guimarães Andrade - Espírito, Perispírito e Alma - capítulo 7 - Editora Pensamento
Lancellin/João Nunes Maia - Iniciação-Viagem Astral - Editora Espírita Cristã Fonte Viva
Miramez/João Nunes Maia - Segurança Mediúnica - página 54 - Editora Espírita Cristã Fonte Viva
Miramez/João Nunes Maia - Médium - página 191 - Editora Espírita Cristã Fonte Viva
Miramez/Juão Nunes Maia - Horizontes da Mente - páginas 194 e 195 - Editora Espírita Cristã Fonte Viva
André Luiz/Francisco Cândido Xavier - Nosso Lar - capítulo 33 e pág. 182 - Federação Espírita Brasileira
André Luiz/Francisco Cândido Xavier - Evolução em Dois Mundos - págs. 131, 132 e 134 - Federação Espírita Brasileira
André Luiz/Francisco Cândido Xavier - Nos Domínios da Mediunidade - capítulos 11 e 14 - Federação Espírita Brasileira
André Luiz/Francisco Cândido Xavier - Obreiros da Vida Eterna - página 82 - Federação Espírita Brasileira
André Luiz/Francisco Cândido Xavier - No Mundo Maior - página 65 - Federação Espírita Brasileira
André Luiz/Francisco Cândido Xavier - Libertação - página 86 - Federação Espírita Brasileira
André Luiz/Francisco Cândido Xavier - Missionários da Luz - páginas 04 e 81 - Federação Espírita Brasileira
André Luiz/Francisco Cândido Xavier - Os Mensageiros - capítulo 3 - Federação Espírita Brasileira
André Luiz/Francisco Cândido Xavier - Conduta Espírita - capítulo 30 - Federação Espírita Brasileira
Arthur Powell - O Corpo Astral - páginas 75, 76, 77 e 81 - Editora Pensamento
Lawrence e Phoebe Bendit - O Corpo Etérico do Homem - página 88 - Editora Pensamento
Charles W. Leadbeater - Auxiliares Invisíveis - Editora Pensamento
Victor Bott - Medicina Antroposófica - volume 1 capítulo 5 - Associação Beneficente Raphael
Shirlley Maclaine - Minhas Vidas - Capítulo 24 -


Apostila escrita por
LUIZ ANTONIO BRASIL

Fevereiro de 1997
Revisão em Abril de 2007